Conquista da América

Vamos explicar o que foi a conquista da América, quais países participaram deste acontecimento e como foi o processo de colonização. Além disso, as civilizações pré-colombianas.

Durante o século XVI, os espanhóis derrotaram os exércitos dos principais Estados americanos.

O que foi a conquista da América?

É conhecida como a conquista da América o processo através do qual diferentes reinos europeus, especialmente a Espanha, se apoderaram de grandes partes do território americano e submeteram seus habitantes nativos. Este processo começou em 1492 com a chegada dos primeiros navegantes espanhóis ao continente e sua conquista das Antilhas; feito comumente conhecido como a “descoberta da América”.

Durante o século XVI, a Coroa espanhola financiou centenas de expedições e conseguiu impor-se sobre os diferentes Estados e culturas americanas. As duas conquistas fundamentais neste processo foram a do México ao derrotar o Império Asteca em 1519, e a do Peru ao impor-se sobre o Império Inca em 1531. Os espanhóis conseguiram submeter os dois impérios mais poderosos e isso permitiu-lhes consolidar o seu poder no continente.

Após a conquista, a Espanha realizou um processo de colonização da América. O objetivo era incorporar os territórios conquistados ao Império Espanhol. Para isso, fundaram cidades, instalaram população permanente nelas e criaram um sistema complexo de autoridades de governo.

Isto foi possível pela queda demográfica da população indígena, causada principalmente pelas doenças trazidas pelos europeus e pela submissão ao domínio espanhol com a consequente desintegração de suas estruturas políticas, sociais e econômicas.

Paralelamente e nos séculos seguintes, outros reinos expansionistas europeus apropriaram-se de partes do continente americano. Entre eles, Portugal, que ocupou o território do Brasil atualmente, e o Reino Unido, a França, a Holanda, a Dinamarca e a Rússia, que disputaram territórios no norte da América.

Populações americanas anteriores à conquista

Quando os expedicionários europeus chegaram à América no final do século XV, o continente era habitado por centenas de culturas. Algumas delas eram sedentárias e tinham uma organização política estatal centralizada, com estratificação social e economias complexas. Entre as sociedades sedentárias mais destacadas estão as culturas asteca, anasazi, tolteca, teotihuacana, zapoteca, olmeca, tairona, maia, chimu, nazca, moche e inca.

Outras sociedades habitavam o espaço de maneira nômade ou seminômade, aproveitando os recursos naturais existentes e vivendo de maneira autônoma nas diversas regiões do continente. Entre elas, pode-se destacar as culturas apache, moicana, esquimal, sioux, kalinago e taína, no norte e centro da América, ou as culturas tupi, araucana, guarani e pampa no sul do continente.

A atitude das populações nativas em relação aos europeus

Desde a chegada dos espanhóis ao continente, as populações americanas tiveram diferentes atitudes frente aos estrangeiros europeus. Os grandes impérios, como o inca e o asteca, opuseram-se à conquista de seus territórios e lutaram em diferentes batalhas contra os espanhóis.

Outras populações sedentárias, como os tlaxcaltecas, associaram-se aos espanhóis contra os grandes impérios ou contra sociedades inimigas, sob a promessa de obter privilégios ou se beneficiar de derrotar um inimigo comum.

Por outro lado, as populações nômades ou seminômades conseguiram resistir durante mais tempo e manter-se livres do assédio europeu. Entre estas, estão os mapuches, os comanches ou os qom, entre outros.

Conquista espanhola da América

Durante o século XVI, os espanhóis conseguiram conquistar grande parte do continente americano. No entanto, teve diferentes características nas diferentes regiões.

Nas zonas controladas pelos grandes impérios, como o Império Inca e o Império Asteca, os espanhóis conseguiram se impor rapidamente ao eliminar a máxima autoridade imperial e aproveitar a estrutura política e administrativa imperial para exercer o controle sobre o território e submeter as populações locais.

Por sua vez, para conseguir a conquista destes impérios, os espanhóis buscaram a ajuda de alguns povos indígenas submetidos pelos impérios americanos. Estas sociedades, chamadas “índios amigos” pelos espanhóis, foram um fator essencial no sucesso das expedições espanholas.

Além de se tornarem aliados para as batalhas, serviram como guias de território, como fontes de conhecimento sobre a realidade local e como intérpretes para a comunicação entre os espanhóis e os habitantes nativos.

Por outro lado, nas zonas onde não existiam grandes Estados com poder centralizado e sociedades hierarquizadas, os espanhóis encontraram maiores dificuldades para conquistar e controlar os territórios. As sociedades americanas nômades ou seminômades não estavam previamente submetidas por um poder central e conseguiram resistir à dominação espanhola por mais tempo.

Algumas regiões do continente americano conseguiram se manter livres durante séculos. Por exemplo, os araucanos no atual território chileno ou os pampas no atual território argentino.

A chegada dos europeus à América

Uma expedição comandada por Cristóvão Colombo chegou às Antilhas em 12 de outubro de 1492. Em 5 de dezembro de 1492, Colombo chegou à ilha de La Española (atualmente, os países do Haiti e da República Dominicana) e estabeleceu ali a primeira colônia europeia no novo mundo.

Foi sobre a construção de um forte, chamado Natal. No entanto, o forte foi destruído pelos índios taínos como resistência à usurpação espanhola de suas terras.

Depois, em diversas viagens, os espanhóis foram explorando e estabelecendo pequenas colônias. Entre 1499 e 1519, conseguiram ocupar todo o arquipélago das Antilhas (as ilhas do mar do Caribe). A ilha de Cuba constituiu-se como o centro de organização das expedições de conquista. Dali, partiram as expedições de conquista que se dirigiram à “terra firme”, ou seja, ao resto do continente americano.

Conquista espanhola da Mesoamérica

Em 1517, uma expedição que partiu de Cuba explorou a península de Iucatã, onde encontrou a civilização maia, com suas cidades e suas riquezas. Dois anos mais tarde, Hernán Cortés foi enviado ao comando de uma expedição à região e soube, através de um náufrago que havia aprendido a língua maia, sobre a existência do Império Asteca.

Dali, a expedição de Cortés foi conquistando aldeias pelo território mesoamericano. Em seu avanço, os espanhóis observaram que muitos povos pagavam tributo ao Império Asteca e estavam descontentes com sua dominação. Assim, os espanhóis conseguiram aliados entre os povos nativos para enfrentar os astecas.

O imperador asteca, chamado Montezuma, procurou negociar com Cortés. Para isso, enviou embaixadores com presentes valiosos de ouro e prata, e com o pedido de que não avançassem para Tenochtitlán, sua cidade principal. No entanto, os espanhóis recusaram a oferta e tomaram a cidade. Após uma vitória inicial, os astecas se rebelaram e conseguiram expulsar os espanhóis.

Cortés conseguiu reforços, reorganizou suas tropas e iniciou um segundo ataque sobre Tenochtitlán. Os astecas resistiram e enfrentaram os espanhóis em várias batalhas até que, em 1522, a cidade de Tenochtitlán foi sitiada e, sem água e nem alimentos, os astecas foram definitivamente derrotados. Desde então, os espanhóis chamaram o território mesoamericano de “Nova Espanha”, e Cortés se tornou seu governador e capitão geral.

Conquista espanhola da região andina

Depois da conquista do México, na Espanha se espalhou a história da rapidez da derrota do grande império asteca e apareceram lendas sobre a riqueza do continente. Isto levou a que muitos outros quisessem empreender na conquista de outras regiões americanas.

Em 1523, Francisco Pizarro e Diego de Almagro se associaram em uma expedição que partiu sua exploração do Panamá para o sul. Ao chegar ao norte do Peru, souberam da existência do Império Inca. Pizarro decidiu voltar à Espanha e assinar uma capitulação (ou seja, um tratado especial) com a Coroa espanhola. Finalmente, em 1531, pode empreender sua expedição de conquista sobre o Império Inca.

Ao entrar em contato com a sociedade incaica, os espanhóis descobriram que o império estava atravessando uma guerra civil pela sucessão do trono. Os dois herdeiros em disputa eram os irmãos Atahualpa e Huascar. Logo após a chegada dos espanhóis à região, Atahualpa conseguiu se impor sobre seu irmão e enviou um mensageiro com presentes em vestimentas e ornamentos de ouro, com o objetivo de conhecer as intenções dos desconhecidos europeus.

Em resposta, Pizarro sugeriu se encontrar com o imperador Atahualpa na cidade de Cajamarca. Lá, os espanhóis emboscaram os incas e aprisionaram o imperador. Embora os incas tenham enviado um resgate em dinheiro para libertá-lo, Pizarro decidiu matar o imperador por medo de represálias.

O assassinato de Atahualpa teve um efeito desestabilizador na estrutura política do império e paralisou a população. Isto permitiu que os espanhóis tomassem a cidade de Cusco e se sujeitassem definitivamente à sociedade inca.

Razões do sucesso espanhol

O triunfo das campanhas de conquista espanhola em grande parte do território americano tem várias razões:

  • Superioridade bélica. Os conquistadores carregavam armas de fogo e espadas de aço, tinham armaduras de metal e usavam cavalos nas batalhas. Em vez disso, os povos nativos estavam armados com flechas e lanças com ponta de pedra e, como defesa, usavam protetores de couro e tecido.
  • Epidemias e doenças. A chegada dos espanhóis introduziu micróbios desconhecidos no continente americano, que produziam doenças e infecções para as quais as populações americanas não tinham defesas. Entre as doenças mais mortíferas que sofreram os americanos estavam a varíola, a tuberculose e a peste bubônica.
  • Estratégias ofensivas. Os espanhóis aproveitaram as rivalidades que existiam entre as diferentes populações americanas e se associaram com diferentes populações com o objetivo de derrotar os seus inimigos locais. Em troca de apoio bélico e conhecimentos importantes, os espanhóis prometeram privilégios aos chefes e líderes indígenas.

Conquista portuguesa do atual Brasil

Durante o século XV, o reino de Portugal havia se consolidado como um dos mais importantes impérios coloniais expansionistas da Europa, ao controlar importantes regiões da África e da Ásia. Com o Tratado de Tordesilhas, conseguiram controlar uma parte do continente americano.

Os primeiros portugueses a chegar à América fizeram-no no ano 1500. Tratou-se de uma expedição sob o comando de Pedro Álvares Cabral que se dirigia à África, mas que foi desviada por uma tempestade e chegou ao litoral brasileiro, na altura de Porto Seguro. Desde então, Portugal tomou posse do território, submeteu os indígenas nômades nativos e obrigou-os a trabalhar como escravos na exploração do pau-brasil (uma árvore cuja casca era utilizada para a tintura de tecidos).

O acordo entre a Espanha e Portugal pelo controle do continente

Logo que se teve notícias do continente inexplorado, surgiu a competição entre a Espanha e Portugal, que eram as grandes potências expansionistas do período, sobre o direito de cada Coroa expandir-se para o ocidente.

Após a intervenção arbitral do Papa (Bula Inter Coetera de 1493), ambas as coroas chegaram finalmente a um acordo em 1494, o chamado Tratado de Tordesilhas.

Todas as terras situadas a trezentas e setenta léguas ao oeste do arquipélago de Cabo Verde seriam exploradas pela Espanha, e todos os territórios ao leste desta linha poderiam ser colonizados por Portugal. Este acordo legitimou a colonização portuguesa no Brasil. Desta forma, a Espanha e Portugal repartiram o mundo a explorar, sem levar em consideração as pessoas que ali viviam.

Conquista da América do Norte

A conquista do território norte-americano corresponde a um período posterior à do resto do continente. A França e a Inglaterra enviaram expedições durante o século XVI, com o objetivo de competir pela posse de terras americanas. No entanto, as expedições se concentraram em encontrar uma via que ligasse a América ao Oriente pelo extremo norte do continente.

Embora não tenham encontrado esta passagem interoceânica, desenvolveram vínculos comerciais com os grupos indígenas. Trocavam produtos da Europa por peles e outros produtos locais. A concorrência entre a França e a Inglaterra, à qual a Holanda aderiu, centrou-se inicialmente no controle do comércio. A ocupação de terras ocorreu tardiamente, apenas nos séculos XVII e XVIII.

Durante o século XVII, em território do atual Canadá, os franceses fundaram Montreal e Quebec, e tomaram posse da região que chegava até o rio Mississippi, a que chamaram Luisiana e que se encontra atualmente nos Estados Unidos. Os holandeses fundaram o povoado de Nova Amsterdã, que depois foi ocupado pelos ingleses e renomeado como Nova York.

Referências

  • Bennassar, B., Blayau, N., Denis, M., y Jacquart, J. (2005). “El hallazgo de otros mundos”. Historia Moderna. Akal.
  • Friederici, G. (1973). El carácter del descubrimiento y la conquista de América. Fondo de Cultura Económica.
  • Raiter, B., Rizzi, A., Grau-Dieckmann, P. (2008). Una historia para pensar. Moderna y Contemporánea. Kapelusz Norma.

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Kiss, Teresa. Conquista da América. Enciclopédia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/conquista-da-america/. Acesso em: 19 de outubro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Teresa Kiss

Professora de História do ensino médio e superior.

Traduzido por: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ)

Data da última edição: 23 de abril de 2024
Data de publicação: 2 de dezembro de 2023

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