Cultura maia

Vamos explicar tudo sobre a cultura maia e os períodos da sua história. Além disso, suas principais características, organização política e mais.

civilización maya
Os maias foram a civilização mais duradoura da Mesoamérica.

A cultura maia era uma das mais importantes civilizações mesoamericanas. Habitou a península de Iucatã desde 2000 a.C. até a conquista espanhola em 1527 d.C.

Os povos maias desenvolveram múltiplos estados independentes, organizados em torno de centros urbanos com edifícios imponentes, templos piramidais, observatórios astronômicos e grandes palácios. Eram guerreiros temíveis que influenciaram as culturas em toda a Mesoamérica.

Eles aprofundaram seu conhecimento sobre as estrelas e criaram um sistema de escrita complexo, um sistema próprio numérico e novas técnicas de cultivo para aperfeiçoar a produção de alimentos.

Características dos maias

  • Habitaram a península de Iucatã desde 2000 a.C. até a conquista espanhola em 1527 d.C.
  • Organizaram-se em cidades-Estado independentes, cada um com suas próprias autoridades.
  • O governo era teocrático: o poder político e religioso estavam unidos.
  • Tomavam prisioneiros de guerra como escravos que eram forçados a trabalhar na construção de prédios públicos e templos.
  • Eram bons guerreiros e lutavam contra os povos vizinhos pelo controle do território ou pela supremacia política.
  • Os templos maias mais importantes eram feitos de pedra em forma de pirâmide escalonada, com paredes pintadas com cores vivas.
  • A cultura maia é conhecida pelo seu desenvolvimento na tecnologia e na engenharia agrícola aplicada à produção de alimentos em territórios com climas diversos.

A localização geográfica dos maias

Ao longo da sua história, os maias ocuparam um extenso território, compreendendo três regiões geograficamente diferenciadas:

  • As terras altas. Nos países atuais da Guatemala, Honduras e El Salvador, era uma área montanhosa com grande atividade vulcânica.
  • As terras baixas de Petén. Na Guatemala, Belize e no sul da península de Iucatã, era uma área de matas e florestas.
  • As terras baixas do norte. Ao norte da península de Iucatã, havia um território de florestas, montanhas e uma planície com poucos rios.

A história da cultura maia

Cultura maya
Seibal era uma das mais antigas cidades maias, habitada entre 400 a.C. e 200 d.C.

A história da Civilização maia abrange mais de 3500 anos e está dividida nos seguintes períodos:

  • Pré-Clássico (2000 a. C.-250 d.C.). Neste período, os maias desenvolveram sua cultura agrícola e adotaram estilos de vida sedentários. Por volta de 320 d.C. e durante o último tempo deste período (chamado de Pré-clássico final), apareceram os primeiros centros urbanos.
  • Clássico (250-900 d.C.). Este período abrange o desenvolvimento do chamado “Antigo Império”, com o apogeu de importantes cidades como Tikal, Palenque, Bonampak e Copán. No final do século IX d.C., a população maia abandonou as cidades e migrou para o norte, para a península de Iucatã. Os estudiosos acreditam que as causas dessas migrações estavam ligadas ao esgotamento da fertilidade do solo, aos problemas políticos entre cidades e às invasões de outros povos Mesoamericanos.
  • Pós-Clássico (950-1527 d.C.). Nestes séculos ocorreu o desenvolvimento do “Novo Império”, marcado pela aliança das cidades de Chichén Itzá, Mayapán e Uxmal. Durante o século XV d.C., as disputas entre estes centros urbanos levaram à dissolução de sua unidade política. Finalmente, durante a primeira metade do século XVI, os espanhóis conquistaram o território.

A conquista espanhola

civilización maya - Martín de Urzúa
Martín de Urzúa tomou a última cidade maia independente, Nojpetén do reino de Itzá.

Entre 1511 e 1521, os maias resistiram às tentativas de conquista dos espanhóis. Após a queda de Tenochtitlán, vários exércitos foram enviados para a península de Iucatã. Os espanhóis aproveitaram as disputas e inimizades entre as cidades maias, e conseguiram completar a conquista do norte da península até 1546.

Entretanto, algumas cidades maias na planície de Petén permaneceram independentes. Foi somente em 1697 que a última das cidades maias, Nojpetén do reino de Itzá, caiu para Martín de Urzúa.

A organização política dos maias

Os maias organizaram um sistema político de cidades-Estado. Cada cidade era independente, controlava uma porção do território circundante e tinha suas próprias autoridades políticas e religiosas. Havia fortes laços comerciais e culturais entre as cidades maias.

Na cultura maia, os governos eram teocráticos: o poder político e religioso estavam ligados. Cada cidade era governada por um chefe supremo chamado halach huinic, que, além de ter poderes civis e militares, tinha importantes funções religiosas. Acreditava-se que o halach huinic era um mediador entre os deuses e os homens. Este governante era assessorado por um sumo sacerdote (a mais alta autoridade religiosa) e um conselho formado por nobres e clérigos.

A organização social dos maias

Cultura maya
O rei, o sacerdote e o guerreiro representavam a classe dominante maia.

A sociedade maia dividia-se em grupos diferenciados pela sua origem, suas atividades e pela sua importância dentro da comunidade:

  • A nobreza. Entre eles estavam sacerdotes, funcionários do governo, grandes mercadores e líderes militares. Eles controlavam o governo, a religião e o exército.
  • Os camponeses e artesãos. Eram responsáveis pela produção de todos os bens necessários para a sobrevivência da comunidade. Além de produzir alimentos e artesanato, construíam os templos e prédios públicos e prestavam serviço militar quando necessário.
  • Os escravos. Eram prisioneiros de guerra e eram obrigados a trabalhar na construção de edifícios e templos públicos, bem como a carregar cargas para os comerciantes.

A organização econômica

A cultura maia é conhecida pelo seu desenvolvimento na tecnologia e na engenharia agrícola, que aplicaram à produção de alimentos em territórios com climas diversos. Para o cultivo em áreas florestais, usavam o método milpa: cortavam as árvores e o mato na área a ser cultivada, e depois queimavam os restos para limpar o terreno e ao mesmo tempo fertilizá-lo com as cinzas.

Por outro lado, utilizavam nas terras altas um sistema de cultivo em terraços: construíram degraus nas encostas das montanhas, com vários metros de profundidade e centenas de metros de largura, apoiados por pedras que lhes permitiram manter o solo fértil.

Os maias cultivavam milho, abóbora, feijão, mandioca, batata-doce, pimenta, tomate e cacau. Eles também colhiam frutas silvestres como goiaba, abacate e mamão, e caçavam veados, macacos e aves. Usavam a planta de agave devido às fibras que tinha para fazer cordas e sacos.

A cultura militar

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Os guerreiros faziam parte da nobreza da sociedade maia.

Os maias foram guerreiros assíduos e tiveram numerosos conflitos político-militares ao longo de sua história. Os reinos maias competiam entre si por vários motivos: controle de territórios e rotas comerciais ou pela supremacia política. A organização militar interna de seus exércitos não é conhecida com certeza. Entretanto, os estudiosos dizem que os altos postos militares eram ocupados pela nobreza e que, em muitos casos, os camponeses eram chamados a usar as armas como soldados quando necessário.

As suas armas preferidas eram zarabatanas, lanças de obsidiana e, acima de tudo, o atlatl, uma lança longa. A arte maia, especialmente no período Clássico, é abundante em cenas de guerra, assim como em algumas inscrições. As histórias são contadas e, em alguns casos, o sacrifício do governante derrubado.

Características culturais dos maias

A arquitetura maia

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Os templos eram fundamentais para o projeto das cidades maias.

Cada cidade maia diferenciava-se no estilo de sua arquitetura, que dependia dos materiais disponíveis, da topografia específica e dos gostos da elite.

Todas as cidades construíam palácios governamentais e diferentes tipos de edifícios religiosos. Os principais templos eram feitos de pedra em forma de pirâmide escalonada, com paredes exteriores e interiores pintadas com cores vivas.

Além disso, algumas cidades construíram observatórios astronômicos. Neles estudavam a passagem das estrelas e registravam os tempos. O observatório da cidade de Chichén Itzá é conhecido pela sua beleza e pelos detalhes de sua arquitetura. As aberturas do edifício estão alinhadas com o sol nos equinócios da primavera e do outono.

Muitas cidades maias tinham quadras de bola. Este era um jogo sagrado, no qual o objetivo era passar uma bola de borracha através de um aro de pedra colocado no alto da parede. Embora a dinâmica do jogo não seja conhecida em detalhes, os estudiosos acreditam que os jogadores só poderiam tocar a bola com as costas, joelhos, cotovelos ou quadris.

A escrita maia

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Acredita-se que os maias herdaram alguns elementos da antiga escrita olmeca.

Os maias desenvolveram um sistema de escrita logossilábica. Através dos glifos, simbolizavam ideias, palavras e sílabas. A escrita era utilizada principalmente pelos sacerdotes, que escreviam em códices feitos de tiras de papel que obtinham da casca das árvores. Além disso, a escrita era feita nas paredes dos templos e em alguns edifícios públicos, em estelas de pedra e em pratos para designar o conteúdo ou para acompanhar sua decoração.

Os maias também criaram um sistema de numeração vigesimal (baseado em 20 dígitos) que combinava três símbolos e incluía a noção do zero (que, na Europa, foi introduzida pelos árabes apenas 900 anos depois).

As línguas maias

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A maioria dos textos maias do período Clássico que foram encontrados estão em cholti clássico.

Arqueólogos e linguistas descobriram que não havia apenas uma língua falada na cultura maia. Acredita-se que durante a história desta civilização, havia mais de trinta línguas diferentes, derivadas do protomaia (a língua ancestral original, que os linguistas assumem ter sido falada no início do período Pré-clássico).

A maioria dos textos e inscrições do período Clássico foram escritos em cholti clássico. Entretanto, os estudiosos acreditam que era uma língua litúrgica usada pela nobreza e pelos sacerdotes, e que outras línguas eram faladas pelo resto da população.

A religião maia

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Algumas cerimônias religiosas incluíam sacrifícios humanos para apaziguar a ira dos deuses.

A visão do mundo dos maias está registrada no Popol Vuh, seu livro sagrado. Nele descrevem como os deuses criaram e destruíram o universo várias vezes até que, na última criação, eles fizeram o “homem do milho” e lhe deram sabedoria.

As práticas religiosas maias se baseavam em agradecer eternamente aos deuses por sua existência através de oferendas e cerimônias para evitar sua ira. As oferendas poderiam variar desde flores, alimentos e outros elementos da natureza até sacrifícios de animais e pessoas.

Os maias eram politeístas, ou seja, acreditavam em muitos deuses. Alguns deles foram:

  • Itzamná. Deus do céu, da noite, do dia.
  • Kin. Deus do sol, protetor da saúde e também senhor das secas e da fome.
  • Ixchel. Deusa da lua, protetora da fertilidade.
  • Kulkulkán. Deus do conhecimento, da guerra e dos sacrifícios.
  • Ah Puch. Deus da morte.
  • Chac. Deus das chuvas.

Referências

  • Restall, M. y Solari, A. (2020). The maya: a very short introduction. Oxford University Press
  • Adams, R., & MacLeod, M. (Eds.). (2000). The Cambridge History of the Native Peoples of the Americas. Cambridge: Cambridge University Press.
  • Duverger, Christian (1999): Mesoamérica, arte y antropología. País: CONACULTA-Landucci Editores.
  • Witschey, W. R. T., and Brown, C. (2012). Historical Dictionary of Mesoamerica. Lanham, MD: Scarecrow Press.

Como citar?

As citações ou referências aos nossos artigos podem ser usadas de forma livre para pesquisas. Para citarnos, sugerimos utilizar as normas da ABNT NBR 14724:

KISS, Teresa. Cultura maia. Enciclopedia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/cultura-maia/. Acesso em: 4 maio, 2024.

Sobre o autor

Autor: Teresa Kiss

Professora de História do ensino médio e superior.

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur)

Data da última edição: 15 janeiro, 2024
Data de publicação: 29 junho, 2023

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