Descobrimento da América

Vamos explicar como foi o descobrimento da América e as mudanças que este evento provocou. Além disso, suas características e consequências.

Colombo estava procurando uma rota marítima para facilitar o comércio entre a Europa e a Ásia.

O que foi a descoberta da América?

“A descoberta da América” é o momento histórico em que, pela primeira vez, os exploradores navegantes europeus chegaram ao continente americano. Esse fato ocorreu em 12 de outubro de 1492, quando uma expedição espanhola, comandada por Cristóvão Colombo, chegou à ilha de Guanahani, parte do arquipélago das Antilhas.

A partir de então, a Espanha e outros reinos europeus começaram a enviar expedições para explorar e conquistar territórios que eram habitados por diferentes culturas e sociedades americanas.

Esses eventos tiveram consequências profundas que transformaram as sociedades nas Américas, na Europa, na África e na Ásia. Por esse motivo, muitos historiadores consideram o descobrimento da América como o marco que divide a Idade Média (476–1492) da Idade Moderna (1492–1789).

Atualmente, o conceito de “descobrimento” é questionado porque faz alusão a uma visão eurocêntrica da história, na qual os eventos e processos são compreendidos do ponto de vista das sociedades europeias. Nesse sentido, falar de “descobrimento” implica ignorar as sociedades americanas pré-colombianas (antes da chegada de Colombo). Atualmente, as pessoas preferem falar desse processo como “a chegada dos espanhóis à América” ou o “encontro entre as culturas europeia e americana”.

Histórico da descoberta da América

O descobrimento da América em 1492 por Cristóvão Colombo foi um dos acontecimentos mais importantes da história europeia e condicionou a evolução política, social e econômica dos séculos seguintes.

É possível que tenha havido algumas expedições nórdicas para a costa da América do Norte durante a Idade Média, mas, no início do século XV, os portugueses e castelhanos iniciaram uma tentativa de chegar ao Oriente (as Índias), fornecedor de especiarias e produtos de alto valor, por uma rota alternativa às tradicionais rotas do Mediterrâneo Oriental.

As constantes dificuldades do Império Bizantino, que finalmente caiu quando os turcos tomaram Constantinopla em 1453, forçaram os europeus ocidentais a buscar rotas comerciais alternativas para a Ásia.

Em consequência dessas expedições, houve a conquista castelhana das ilhas Canárias, que começou em 1402 na ilha de Lanzarote e terminou em 1496 com a conquista de Tenerife.

No final do século XV, os portugueses haviam ultrapassado os castelhanos na conquista da rota das especiarias e dos metais preciosos, graças ao domínio que já exerciam sobre a costa oeste da África. Naquela época, Cristóvão Colombo, que estava sob as ordens do rei de Portugal, ofereceu aos Reis Católicos um plano para chegar às Índias seguindo uma rota para o oeste em vez de navegar ao redor de todo o continente africano, como havia feito o navegador português Vasco da Gama.

Para implementar seu projeto, Colombo partiu da ideia da esfericidade da Terra, uma questão que era controversa na época. Finalmente, por meio das Capitulações de Santa Fé, os Reis Católicos concordaram com Colombo em iniciar a expedição.

No dia 3 de agosto de 1492, Colombo partiu do porto de Palos de la Frontera, em Huelva. A expedição de três embarcações (chamadas Niña, Pinta e Santa María) chegou a uma pequena ilha nas Antilhas em 12 de outubro.

Durante muito tempo, Colombo continuou acreditando que havia chegado à Ásia pela rota ocidental, mas, na verdade, ele havia encontrado um continente desconhecido na Europa: a América.

O projeto de Cristóvão Colombo

descubrimiento de América
Os Reis Católicos da Espanha apoiaram o projeto de Colombo.

Cristóvão Colombo, cujo nome original era Cristoforo Colombo, nasceu em 1436 e morreu em 1506. Sua intenção era encontrar uma maneira de chegar às terras do Grande Khan, no Oriente, para criar uma rota comercial para a seda e as valiosas especiarias.

Ele usou um mapa do cartógrafo Paolo dal Pozzo Toscanelli que, com base nas viagens de Marco Polo, apresentava uma rota da Europa para a Ásia, parando em várias ilhas que supostamente estariam no caminho.

As viagens de Cristóvão Colombo

Colombo fez quatro expedições à América entre 1492 e 1504.

Entre 1492 e 1504, Colombo liderou quatro expedições que foram financiadas pelos Reis Católicos da Espanha. Nessas viagens, ele explorou as ilhas das Antilhas e parte da área costeira da América Central. Contudo, como não foi além da costa, Colombo não conseguiu ver a extensão das novas terras e não entendeu que se tratava de um continente inteiro.

Como líder das expedições, ele foi o primeiro navegador a tomar posse das terras americanas em nome da coroa espanhola. Portanto, embora Colombo nunca tenha percebido que havia descoberto um continente, ele é considerado o primeiro conquistador.

A primeira viagem

Carabelas - Descubrimiento de América
Colombo chegou à América em 12 de outubro de 1492.

A partida foi em 3 de agosto de 1492, do Porto de Palos, com uma última parada em território europeu em 6 de setembro de 1492, na ilha de La Gomera (Ilhas Canárias). A chegada foi em 12 de outubro de 1492, e foi o marinheiro Rodrigo de la Triana quem avistou a terra.

Colombo esperava chegar à Ásia, uma vez que não sabia que, viajando nessa direção, estaria a 19 mil quilômetros de distância de seu ponto de partida (4 vezes mais do que o calculado).

Segunda viagem

A segunda viagem começou em 25 de setembro de 1493 e o retorno foi em 11 de junho de 1496.

As terras descobertas nessa viagem eram ilhas, incluindo a Jamaica e Porto Rico. Nesta viagem, iniciou-se o processo de colonização.

Terceira viagem

A terceira viagem começou em 30 de maio de 1498 e o retorno foi em 25 de novembro de 1500. Foi nessa viagem que chegaram ao que hoje é a Venezuela e foi a primeira vez que os europeus alcançaram o continente americano.

Antes do final da viagem, Colombo foi preso por sua própria tripulação em uma revolta insatisfeita com seu comando.

Quarta viagem

A última viagem de Colombo foi realizada entre 1502 e 1504 e tinha como objetivo encontrar um estreito que abrisse caminho para o Oriente, pois ainda acreditavam que esses territórios pertenciam à Ásia.

Nessa viagem, Colombo explorou a Nicarágua, Honduras, Panamá e Costa Rica.

A reivindicação da Coroa Espanhola à América

De acordo com um princípio jurídico europeu medieval, as terras desertas ocupadas por cidadãos ou expedições financiadas pelo rei eram consideradas como pertencentes à Coroa. Portanto, os Reis Católicos reivindicaram a posse das terras descobertas por Colombo e definiram a constituição das novas colônias.

Para legitimar essa situação, os reis iniciaram negociações com o papa (que tinha grande influência política na Europa) e com o reino de Portugal (que era seu principal concorrente na época). Como fruto dessas negociações, foi assinado o Tratado de Tordesilhas em 1494, que estabeleceu uma linha imaginária de norte a sul, dividindo os territórios a serem explorados entre Espanha e Portugal, sem levar em conta os povos que ali viviam.

Por outro lado, antes de partir em sua viagem, Colombo assinou um contrato com os Reis Católicos chamado Capitulações de Santa Fé. Nesse documento, ficou estabelecido que Colombo realizava suas expedições em nome da Coroa. Por sua vez, os monarcas lhe concederam alguns privilégios, como o título de vice-rei e governador das terras conquistadas e um décimo da riqueza obtida.

As expedições depois de Colombo

A Coroa espanhola imitou as Capitulações de Santa Fé e assinou este tipo de contrato com aqueles que estavam dispostos a liderar expedições de conquista. Dessa forma, foram organizadas as obrigações e os benefícios dos capitães da conquista:

  • Os organizadores das expedições deveriam obter seu próprio financiamento de embarcações, tripulação e provisões para as viagens. Além disso, comprometiam-se a difundir a fé católica entre as populações americanas, fundar cidades e entregar ao rei um quinto da riqueza conquistada.
  • A monarquia concedeu aos conquistadores títulos de privilégio (almirante, comandante, vice-rei) que lhes permitiram governar os territórios conquistados. Eles também tinham permissão para explorar as minas de ouro e prata encontradas (que eram consideradas propriedade da Coroa).

Evangelização da América

Devido aos laços políticos que os monarcas espanhóis mantinham com o Papa, a disseminação da fé cristã e a evangelização da população americana foram estabelecidas como condição necessária para as expedições.

Em 1513, foi redigido um documento chamado Requerimento, que deveria ser lido em público toda vez que os conquistadores enfrentassem a população nativa. Nesse documento, exigia-se que a população americana se submetesse à Igreja Católica e à Coroa Espanhola.

Exploração e conquista das diferentes regiões das Américas

A conquista da América, que começou após seu descobrimento, ocorreu durante o século XVI. Intervieram expedições de conquista, principalmente vindas da Espanha, mas também de Portugal, Inglaterra, França e outros reinos europeus. Na maioria dos casos, as populações e os estados locais iniciaram guerras de resistência, mas, mais cedo ou mais tarde, os poderes coloniais europeus conseguiram se impor no território americano.

  • Mesoamérica e América Central. Após os primeiros assentamentos nas ilhas do Caribe, as expedições espanholas seguiram para o território continental. Em 1517, uma expedição pelo Iucatã encontrou as cidades e as riquezas dos maias. Em 1519, outra expedição comandada por Hernán Cortés iniciou uma viagem de conquista pelo território mesoamericano, que foi facilitada em função das populações dominadas pelos astecas estarem descontentes. O império asteca foi derrotado em 1522 e seus territórios se tornaram um dos centros mais importantes do poder espanhol na América.
  • América do Sul. Em 1531, Francisco Pizarro iniciou uma expedição à região andina e, dois anos depois, conseguiu conquistar o Império Inca. A partir daí, Diego de Almagro conquistou a costa chilena em 1564.
  • América do Norte. A Inglaterra, a França e a Holanda enviaram expedições com o objetivo de encontrar uma travessia oceânica que ligasse a América ao Oriente pelo norte. Fundaram povoados e desenvolveram uma rede para a troca de mercadorias europeias com grupos nativos americanos. A partir do século XVII, começaram a competir por posse de terras e a se estabelecer permanentemente, lutando contra as populações locais.

Consequências do descobrimento da América

A partir do descobrimento e da conquista da América, iniciou-se um processo de colonização que transformou profundamente as sociedades do mundo todo, na América, na Europa, na África e na Ásia.

Em termos gerais, as principais consequências desse processo foram:

  • O início das campanhas de conquista, apropriação e exploração de terras e recursos naturais pelos europeus.
  • A redução, a transformação e a subjugação das civilizações americanas.
  • O crescimento da competição entre as monarquias europeias pelo controle dos territórios americanos.
  • A exploração de minas de ouro e prata e sua exportação para a Europa.
  • O estabelecimento de novos impérios marítimos para a Espanha e Portugal.

América pré-colombiana

Quando os exploradores europeus chegaram, a América era habitada por centenas de culturas e sociedades diferentes. Entre as mais importantes estavam:

  • Maias. Habitaram a península de Iucatã entre 2000 a.C. e 1540 a.C. Tinham uma organização econômica e social complexa, baseada em centros urbanos de grande arquitetura, com uma hierarquia política piramidal governada por uma casta político-religiosa.
  • Astecas. Ocuparam o Vale do México entre 1345 e 1521 d.C. e construíram um poderoso Estado centralizado, que se impôs às populações vizinhas.
  • Incas. Ocuparam o Vale do México entre 1345 e 1521 d.C. e construíram um poderoso Estado centralizado, que se impôs às populações vizinhas.

Referências

  • Bennassar, B., Blayau, N., Denis, M., y Jacquart, J. (2005). “El hallazgo de otros mundos”. Historia Moderna. Akal
  • Friederici, G. (1973). El carácter del descubrimiento y la conquista de América. Fondo de Cultura Económica.
  • Raiter, B., Rizzi, A., Grau-Dieckmann, P. (2008). Una historia para pensar. Moderna y Contemporánea. Kapelusz Norma

Como citar?

As citações ou referências aos nossos artigos podem ser usadas de forma livre para pesquisas. Para citarnos, sugerimos utilizar as normas da ABNT NBR 14724:

KISS, Teresa. Descobrimento da América. Enciclopedia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/descobrimento-da-america/. Acesso em: 29 abril, 2024.

Sobre o autor

Autor: Teresa Kiss

Professora de História do ensino médio e superior.

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur)

Data da última edição: 29 fevereiro, 2024
Data de publicação: 1 outubro, 2023

Esta informação foi útil para você?

Não

    Genial! Obrigado por nos visitar :)