União Soviética (URSS)

Vamos explicar o que foi a URSS, como foi sua história e os países que a compunham. Além disso, quais são suas características, como foi dissolvida e muito mais.

A União Soviética foi criada a partir da Revolução Russa de 1917.

O que foi a URSS?

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi um estado federal socialista que existiu de 1922 a 1991. Foi uma potência mundial e fez do comunismo o modo de produção predominante em grande parte do mundo durante a Guerra Fria.

A URSS estava localizada na Eurásia e ocupava o atual território da Rússia, Estônia, Letônia, Lituânia, Bielorrússia, Moldávia, Ucrânia, Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Tajiquistão e Quirguistão. Sua área, em 1991, abrangia 22,4 milhões de quilômetros quadrados.

A história da URSS foi marcada pela Guerra Fria, um confronto político, econômico e ideológico contra os Estados Unidos, que durou desde o final da Segunda Guerra Mundial até a desintegração da URSS em 1991. Nesse contexto, a URSS se estabeleceu como uma superpotência que influenciou e, em muitos casos, controlou os países comunistas do Bloco Oriental.

PONTOS IMPORTANTES

  • A União Soviética foi um Estado federal socialista que existiu entre 1924 e 1991.
  • Ocupava grande parte da Ásia e da Europa e era composta por diferentes repúblicas socialistas soviéticas.
  • Foi fundada pelo partido bolchevique, que tomou o poder na Revolução Russa e venceu a Guerra Civil Russa.
  • Após a Segunda Guerra Mundial, tornou-se uma das potências mais importantes do mundo.
  • Durante a Guerra Fria (1947–1991) liderou o Bloco Oriental comunista que fazia oposição ao Bloco Ocidental capitalista.
  • Entre seus líderes mais importantes se encontram: Lênin, Trotsky, Stalin, Khrushchev, Brejnev e Gorbachev.

Quais foram os países que conformaram a URSS?

Em 1922, a URSS foi criada com a unificação estatal das repúblicas socialistas da Rússia, Transcaucásia (Armênia, Azerbaijão e Geórgia), Ucrânia e Bielorrússia.

Nos anos seguintes, foram incorporadas as repúblicas socialistas formadas nos atuais territórios da Estônia, Cazaquistão, Quirguistão, Moldávia, Turcomenistão, Tajiquistão, Lituânia, Letônia e Uzbequistão

História da URSS

Revolución rusa
A URSS foi fundada em 1922, depois que a Revolução Russa derrubou o governo czarista.

A Revolução Russa de 1917 transformou o antigo Império Russo em uma república socialista. A Guerra Civil Russa (1918–1921) terminou com a vitória do partido bolchevique liderado por Lenin e com a eliminação das forças políticas opositoras ao comunismo.

A partir de então, o governo começou a implementar medidas para transformar a organização política, econômica e social em um regime comunista.

1922–1927: Lenin e a formação da URSS

Durante esse período, o governo da URSS estava nas mãos do Comitê do Partido, liderado por Lenin. Os parâmetros da organização estatal de partido único foram estabelecidos e o Novo Plano Econômico foi criado.

As antigas relações feudais foram dissolvidas, as terras foram distribuídas entre o campesinato, a produção industrial foi centralizada por meio da nacionalização de grandes empresas. Todas essas medidas melhoraram a situação econômica geral da população.

Com a morte de Lenin, surgiu uma competição interna no partido pela sucessão do cargo de secretário-geral entre Leon Trotsky e Stalin para chegar ao poder. Suas posições opostas sobre a política econômica nacional e internacional da URSS dividiram o apoio do partido. A disputa terminou com o exílio de Trotsky e a ascensão de Stalin ao poder.

1927–1953: Stalin e a ditadura totalitária

Por meio da propaganda, era incentivado o culto a Stalin.

Uma vez no poder, Stalin conseguiu centralizar cada vez mais funções como secretário-geral do partido e, com o tempo, o “centralismo democrático” se tornou uma ditadura totalitária. Seus oponentes foram perseguidos, exilados ou presos durante o que ficou conhecido como o “Grande Expurgo” (ou “Grande Purga”).

Embora não existisse a categoria de “prisioneiro político”, os dissidentes do regime eram considerados criminosos e presos em campos de trabalho forçado (cujo sistema penal era conhecido como “Gulag”).

Por meio da propaganda, Stalin procurou educar a sociedade dentro dos parâmetros da ideologia comunista e soviética. Estabeleceram-se a censura e as diretrizes permitidas para qualquer tipo de publicação.

Para consolidar o apoio popular, desenvolveu um culto à personalidade do líder. Sua figura era uma das poucas a ser retratada individualmente (os outros líderes do partido eram retratados em grupos), destacando as características de força, autonomia e grandeza.

Em termos econômicos, Stalin defendia que deveriam ser implementadas medidas para construir o “socialismo em um único país”, pois acreditava que a revolução socialista não se propagaria para outros países em curto prazo. Assim, desenvolveu seus Planos Quinquenais, por meio dos quais estabeleceu o controle estatal de todas as empresas existentes, o planejamento industrial centralizado e a coletivização das terras agrícolas.

Esses planos econômicos retiraram recursos das empresas destinadas a produzir manufaturas para o mercado local. Como resultado, a economia stalinista foi marcada pela escassez contínua de produtos básicos, o que afetou principalmente a população urbana.

1939–1945: Segunda Guerra Mundial e a origem da Guerra Fria

Em 1939, no contexto do início da Segunda Guerra Mundial, a URSS invadiu a Polônia e, em 1940, ocupou a Estônia, a Letônia e a Lituânia. Em 1941, depois que a Alemanha rompeu o pacto de não agressão assinado dois anos antes, a URSS se aliou à Grã-Bretanha, à França e aos Estados Unidos e entrou oficialmente no conflito. A URSS perdeu mais de 27 milhões de vidas durante a guerra.

Durante o Período Pós-Guerra, a URSS cooperou com a recuperação econômica dos países do Leste Europeu e, portanto, interveio no desenvolvimento político dos novos governos, conhecidos como “democracias populares”.

Por meio do financiamento direto dos partidos comunistas ou do uso da força, a URSS conseguiu controlar a política do Leste Europeu e alinhá-la aos seus próprios interesses.

Por sua vez, os Estados Unidos agiram da mesma forma em suas próprias esferas de influência europeias. Foi nesse contexto que a Guerra Fria se desencadeou.

1953–1964: Khrushchev e a desestalinização

Com a morte de Stalin, o Partido Comunista estabeleceu um governo por comitê liderado por Nikita Khrushchev. Esse governo deu início a um novo período na história da URSS, marcado pelo que foi chamado de “processo de desestalinização”. Acreditava-se que, sob a ditadura stalinista, a URSS havia perdido o rumo estabelecido por Lenin durante a Revolução Russa: o bem-estar do proletariado.

Khrushchev adotou medidas para reformar o forte centralismo e o controle econômico das indústrias pelo Estado. O objetivo era melhorar a qualidade de vida da população, o que era fundamental para o marxismo-leninismo. Para isso, foram concedidas maiores liberdades civis e foi promovida a indústria de produtos de consumo diário. Além disso, foram colonizadas terras virgens com o uso de maquinário agrícola moderno para aumentar a produção agrícola.

Os ministérios industriais nacionais foram substituídos por conselhos de planejamento regional, o que permitiu maior flexibilidade na produção. Adicionalmente, durante esse período, as indústrias pesadas dedicadas à produção de armas e à tecnologia espacial receberam um impulso.

Na política externa, as tensões com o Ocidente aumentaram durante esse período. Em 1962, estourou a Crise dos Mísseis de Cuba, que quase levou a um confronto nuclear direto contra os Estados Unidos. Khrushchev e Kennedy (o presidente dos Estados Unidos) realizaram negociações secretas e chegaram a um acordo.

As reformas na política e na economia interna e a resolução do conflito internacional despertaram oposição dentro do Partido Comunista. Em 1964, Khrushchev foi demitido pelo Comitê e substituído por Leonid Brejnev.

1964–1985: Brejnev e a Détente (ou Distensão) com o Ocidente

Durante esse período, o governo soviético voltou ao modelo stalinista de controle político extremo e forte centralização econômica. Intensificou-se a repressão contra os dissidentes do regime e a liberdade de expressão foi eliminada. Em termos econômicos, a URSS passou por um período de estagnação e declínio produtivo.

No plano internacional, foi aplicado o conceito conhecido como Doutrina Brejnev, segundo a qual a URSS tinha o direito de intervir militarmente quando os interesses de outros países socialistas estivessem ameaçados. Dessa forma, justificou-se a invasão militar da Tchecoslováquia em 1968 com as tropas soviéticas e o apoio do Pacto de Varsóvia. Por outro lado, no contexto da descolonização da África, Brejnev expandiu a zona de influência soviética no continente.

O governo de Brejnev coincidiu com a Détente da Guerra Fria. As relações com a Alemanha Ocidental foram normalizadas e assinados os Acordos SALT, os quais limitavam a produção de armas.

Brejnev faleceu devido a uma doença em 1982. Os anos seguintes foram governados por Yuri Andropov (que morreu em 1984) e Konstantin Chernenko (que morreu no ano seguinte).

1985–1991: Gorbachev e o último governo soviético

Em 1985, Mikhail Gorvachev foi eleito secretário-geral do partido em um contexto de crise política e econômica. Gorbachev deu início a um programa de reforma imediata, conhecido como Perestroika (palavra russa para “reestruturação”). O programa incluía a introdução moderada de uma economia de mercado local, a concessão de maior liberdade empresarial e a autorização de investimento estrangeiro na criação de empresas de propriedade mista (privada e pública).

Ao mesmo tempo, foi introduzida uma política de transparência, conhecida como Glasnost, que permitiu maior liberdade de expressão nos meios de comunicação de massa. Além disso, iniciou-se uma reforma do sistema eleitoral, que permitiu a participação de dissidentes na política.

Símbolos da URSS

As repúblicas que compunham a URSS tinham suas próprias bandeiras.

A URSS era identificada por uma bandeira totalmente vermelha com um martelo e uma foice amarelos, e uma estrela de cinco pontas no canto superior direito localizada sobre o martelo e a foice. As repúblicas que compunham a URSS tinham suas próprias bandeiras, que eram versões dessa.

Por outro lado, o brasão de armas soviético mostrava o martelo e a foice em um globo, cercado por dois grupos de três espigas de trigo, abraçando uma fita vermelha com o lema da União escrito nos diferentes idiomas da sua população.

População da URSS

A população total da URSS era de cerca de 293 milhões de pessoas, com uma densidade média de 13,1 habitantes por km2. Era um estado etnicamente diverso, com mais de 100 grupos culturais diferentes. Predominavam os russos (50,78%), os ucranianos (15,45%) e os uzbeques (5,84%).

Apesar de que a propaganda soviética promovia a harmonia entre as nações que compunham a URSS, havia uma predominância da cultura e do idioma russos.

Por outro lado, as elites de cada nação mantinham certa autonomia, o que lhes permitia manter seu idioma e sua cultura. Quando o governo centralizado da URSS entrou em colapso, essas elites reafirmaram sua identidade nacional independente.

Economia da URSS

A base da economia comunista era a nacionalização da indústria e o planejamento centralizado.

A URSS implementou um regime econômico comunista, baseado principalmente nas ideias de Lenin e Stalin. Lenin argumentava que era possível converter o sistema socioeconômico do império russo feudal em um sistema comunista, sem a necessidade de passar por um estágio capitalista, como propunha o marxismo tradicional. Para isso, era necessário instalar uma ditadura do proletariado e eliminar as classes sociais.

Por outro lado, para permitir o crescimento da economia, Lenin postulou a Nova Política Econômica, que permitia o livre comércio interno e a propriedade privada de pequenas empresas.

Stalin, entretanto, defendia que a revolução socialista não se desenvolveria em outros países em curto prazo, portanto, era necessário estabelecer as condições para uma economia socialista autossuficiente que não exigisse intercâmbio comercial com outras nações.

Sob seu governo, implementou os Planos Quinquenais, que reforçaram o controle econômico do Estado e eliminaram as liberdades econômicas que existiam no âmbito local.

Dessa forma, a partir de meados da década de 1920, as principais características do modelo econômico soviético foram:

  • Nacionalização dos meios de produção. Todas as empresas e indústrias foram assumidas pelo Estado.
  • Coletivização da terra. A produção agrícola foi estabelecida em fazendas coletivas, controladas pelo Estado.
  • Planejamento estatal centralizado. O Estado controlava a direção da economia e orientava a produção de acordo com as prioridades estabelecidas pelo governo. A prioridade foi dada ao investimento em indústria pesada, produtos químicos, eletricidade, energia e transporte.

Organização política da URSS

O governo da URSS era controlado pelo Partido Comunista da União Soviética.

A União Soviética era uma república federal composta por quinze repúblicas. De acordo com a constituição, o Soviet Supremo era a principal instituição do Poder Legislativo.

Era um órgão bicameral composto pelo Soviet de la Unión (que representava a população) e pelo Soviet de las Nacionalidades (que representava as repúblicas que compunham a URSS). Além disso, havia o Congresso dos Sovietes, formado por representantes dos sovietes de trabalhadores mais importantes.

O Poder Executivo consistia no Comitê Executivo Central de Toda a Rússia e o governo era exercido pelo Conselho dos Comissários do Povo. Ambos os órgãos eram eleitos pelo voto do Soviete Supremo.

Todos os representantes eram eleitos direta ou indiretamente, mas a URSS teve um governo de partido único durante toda a sua história. Apenas o Partido Comunista tinha permissão para existir e, para ter acesso ao poder, era preciso ser membro do partido.

O poder do Partido Comunista sobre o governo era absoluto. É por isso que o cargo de secretário-geral (que era o cargo mais alto do partido) era, por sua vez, o cargo político mais importante da URSS.

A URSS durante a Guerra Fria

A Guerra Fria foi um confronto político, econômico e ideológico entre a URSS e os Estados Unidos, que durou de 1947 a 1991. As potências nunca tiveram um confronto militar direto, mas o fizeram por meio de outros países, por exemplo, na Guerra da Coreia (1951–1953), na Crise dos Mísseis de Cuba (1962) e na Guerra do Vietnã (1955–1975).

Durante a Guerra Fria, o mundo foi dividido em dois grandes blocos: o Bloco Ocidental capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o Bloco Oriental comunista, liderado pela URSS.

Após a Segunda Guerra Mundial, a URSS exerceu uma forte influência em vários Estados vizinhos, que foram incorporados ao Bloco Oriental por meio do Pacto de Varsóvia (1955). Esses países, geralmente chamados de “Estados satélites”, eram a Albânia, a Alemanha Oriental, a Bulgária, a Tchecoslováquia, a Hungria, a Polônia, a Romênia e a Mongólia.

Crise e dissolução da URSS

Após a crise econômica da década de 1980, o governo da URSS decidiu estabelecer uma série de mudanças com o objetivo de melhorar a economia e as alianças políticas internacionais.

Gorbachev procurou liberalizar moderadamente o comércio econômico para integrar a URSS ao comércio internacional e aliviar a pressão política sobre os Estados controlados pelo Pacto de Varsóvia. Paralelamente, promoveu uma reforma eleitoral que permitiu a participação política da oposição.

Nesse contexto, os países do Bloco Oriental recuperaram a liberdade de expressão na mídia e os protestos populares em massa se difundiram. Em 1988, Gorbachev anunciou a retirada das tropas soviéticas dos países militarmente ocupados.

Nos três anos seguintes, os vários estados sob o controle da URSS conquistaram a liberdade política e iniciaram sua transformação econômica rumo ao capitalismo.

Em 1991, as várias repúblicas socialistas que compunham a URSS declararam sua independência e deixaram a União Soviética. Finalmente, após um golpe de Estado fracassado, em 25 de dezembro, Gorbachev renunciou e declarou seu cargo extinto. No dia seguinte, o Soviete Supremo da União Soviética se dissolveu e, com isso, a União Soviética foi extinta.

Referências

  • Tato, M. I., Bubello, J. P., Castello, A. M. y Campos, E. (2011). Historia de la segunda mitad del siglo XX. Estrada.
  • Fitzpatrick, S. (2005). “La NEP y el futuro de la revolución” y “La revolución de Stalin”. En La revolución rusa. Siglo XXI Editores. 
  • Sánchez, J. S. (1996). La caída de la URSS y la difícil recomposición del espacio ex-soviético. Papeles de geografía, (23-24).
  • Taibo, C. (2010). Historia de la Unión Soviética (1917-1991). Ed. Primo.

Como citar?

As citações ou referências aos nossos artigos podem ser usadas de forma livre para pesquisas. Para citarnos, sugerimos utilizar as normas da ABNT NBR 14724:

KISS, Teresa. União Soviética (URSS). Enciclopedia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/uniao-sovietica-urss/. Acesso em: 27 abril, 2024.

Sobre o autor

Autor: Teresa Kiss

Professora de História do ensino médio e superior.

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur)

Data da última edição: 1 março, 2024
Data de publicação: 14 novembro, 2023

Esta informação foi útil para você?

Não

    Genial! Obrigado por nos visitar :)