Golpe de Praga (1948)

Vamos explicar o que foi o Golpe de Praga e como o Partido Comunista tomou o poder da Tchecoslováquia. Além disso, as características do novo governo.

Em 1948, as milícias operárias se mobilizaram para apoiar o golpe do Partido Comunista Checoslovaco.

O que foi o Golpe de Praga?

Chama-se “Golpe de Praga” a tomada do poder da Tchecoslováquia pelo Partido Comunista Checoslovaco (KSC são as siglas em eslovaco) em 25 de fevereiro de 1948. O golpe contou com o apoio direto da União Soviética e foi um acontecimento fundamental das origens da Guerra Fria (1945–1991).

Logo após o golpe, o principal líder comunista tchecoslovaco, Klement Gottwald, tomou o poder e se encarregou de perseguir a oposição. Foi proclamada uma nova constituição e o KSC conseguiu monopolizar o poder. A Tchecoslováquia tornou-se um Estado socialista, com um regime comunista e um sistema político unipartidário, conhecido como “democracia popular”.

Durante as décadas seguintes, o governo tcheco ficou sob a influência direta do governo da União Soviética. Em 1968, durante o período conhecido como “Primavera de Praga”, tentaram-se estabelecer certas reformas políticas e econômicas para recuperar a autonomia e algumas liberdades civis. No entanto, a União Soviética interveio diretamente para impedir.

O comunismo tchecoslovaco foi recentemente derrotado através da Revolução do Veludo, em 1989, no contexto da crise geral do comunismo que levou ao fim da Guerra Fria e à dissolução da União Soviética.

Antecedentes do Golpe de Praga

Durante a Segunda Guerra Mundial, a invasão da Alemanha nazista tinha feito desaparecer a Tchecoslováquia como país. No final da guerra, o território tchecoslovaco ficou sob a influência da União Soviética, juntamente com outros países do centro e do oeste da Europa.

A Tchecoslováquia manejava as suas relações internacionais com o apoio e em aliança com a URSS. Além disso, nestes países, no final da guerra, estabeleceu-se um sistema político conhecido como “democracia popular” que lançava as bases para o governo socialista.

Neste contexto, as forças políticas mais importantes da Tchecoslováquia formaram uma coligação chamada Frente Nacional, através da qual trabalharam para reconstituir a soberania do país. A coligação foi dominada pelos diferentes partidos socialistas, mas também por grupos não socialistas.

As mais importantes eram:

  • o Partido Nacional Social Tcheco (PNSC),
  • o Partido Comunista Tchecoslovaco (KSC),
  • o Partido Comunista da Eslováquia (KSS),
  • o Partido Social-Democrata Tcheco (CSSD).

Desde 1945, a Frente Nacional governou a Tchecoslováquia com Edvard Beneš como presidente. Durante três anos, Benes procurou manter a autonomia da Tchecoslováquia e fazer com que a União Soviética não interviesse diretamente nos assuntos do país. Por outro lado, conseguiu manter um certo equilíbrio político entre os grupos comunistas e não comunistas.

O desequilíbrio de poder do KSC

Nas eleições de 1946, o KSC obteve 38% dos votos dentro da Frente Nacional. Desta forma, conseguiu consolidar certas posições de poder dentro do sistema democrático tchecoslovaco.

O presidente Eduard Benes nomeou Klement Gottwald (o líder do KSC) como primeiro-ministro e outros membros do KSC obtiveram cargos dentro do esquema de governo. Isto permitiu ao partido comunista controlar a polícia, as forças armadas e outras áreas de governo, ligadas à propaganda, à educação e à agricultura.

No entanto, nos anos seguintes, começou a aparecer um descontentamento popular com as ações da polícia e as políticas implementadas nas áreas de governo controladas pelo KSC (especialmente nas áreas da agricultura e indústria). Com a aproximação das eleições de 1948, acreditava-se que os comunistas seriam debilitados.

Por outro lado, as tensões internacionais que deram origem à Guerra Fria se agravaram durante esses anos. A União Soviética mudou sua posição e pressionou o KSC para que terminasse de consolidar seu poder no governo da Tchecoslováquia.

Desenvolvimento do Golpe de Praga

Com o apoio de Stalin, o líder do KSC, Klement Gottwald, declarou em 24 de fevereiro uma greve geral. Foram criados comitês de ação por todo o país que, apoiados por uma “milícia de trabalhadores”, acabaram logo com qualquer resistência democrática.

No dia seguinte, Benes teve que aceitar a constituição de um novo governo dominado pelos comunistas. Alguns dias mais tarde, um dos mais importantes líderes nacionalistas não comunistas, Jan Masaryk, morreu ao cair de uma janela. Este evento está relacionado à ação do KSC, embora sua implicação nunca tenha sido comprovada.

Benes abandonou a presidência em maio e em junho de 1948 os liberais foram expulsos do governo. A Tchecoslováquia se tornou uma “democracia popular”. O KSC monopolizou o poder estatal através da Frente Nacional, que por sua vez foi proibido de qualquer dissidência política.

Consequências do Golpe de Praga

Após o golpe de Estado, o KSC tomou o controle total do país e estabeleceu um regime unipartidário conhecido como “democracia popular”, assim como o resto dos países do centro e do leste da Europa que integraram o Bloco do Leste durante a Guerra Fria.

Durante anos, manteve-se o discurso de que se tratava de um governo pluripartidário nas mãos da Frente Nacional. No entanto, o KSC perseguiu a oposição e eliminou as dissidências políticas dentro da Frente.

Além disso, muitas das liberdades elementares da população civil, como a liberdade de expressão e a liberdade religiosa, foram eliminadas e a imprensa foi censurada. Com este golpe, a Tchecoslováquia se tornou um Estado socialista, com um regime comunista que durou até 1989.

Referências

  • Benz, W., y Graml, H. (1986). “Europa después de 1945: la formación de los bloques”. Em Siglo XX. II. Europa después de la Segunda Guerra Mundial 1945-1982. Siglo XXI Editores.
  • Van Dijk, R., Gray, W. G., Savranskaya, S., Suri, J., & Zhai, Q. (Eds.). (2013). “Prague coup”. Encyclopedia of the Cold War. Routledge.
  • Wilczynski, J. (2019). “Prague Coup d’Etat”. Em An Encyclopedic Dictionary of Marxism, Socialism and Communism: economic, philosophical, political and sociological theories, concepts, institutions and practices-classical and modern, East-West relations included. Walter de Gruyter GmbH & Co KG.

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Kiss, Teresa. Golpe de Praga (1948). Enciclopédia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/golpe-de-praga-1948/. Acesso em: 4 de outubro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Teresa Kiss

Professora de História do ensino médio e superior.

Traduzido por: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ)

Data da última edição: 29 de julho de 2024
Data de publicação: 6 de dezembro de 2023

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