Vamos explicar o que foi a crise dos mísseis e a sua importância na Guerra Fria. Além disso, as negociações entre Khrushchev e Kennedy.
A “crise dos mísseis” foi um conjunto de eventos que gerou grande tensão internacional no contexto da Guerra Fria. Foi a preparação para o confronto entre os Estados Unidos e a União Soviética em sua corrida armamentista.
Quando a Revolução Cubana de Fidel Castro triunfou (1959), os interesses dos Estados Unidos em Cuba foram prejudicados e o governo norte-americano tomou uma série de medidas agressivas para se impor em Cuba. No entanto, diante dessa situação, Castro obteve o apoio da URSS para manter sua autonomia e aprovou a instalação de mísseis soviéticos na ilha.
Em resposta, navios de guerra norte-americanos cercaram Cuba e os Estados Unidos ameaçaram uma invasão total e um ataque a qualquer embarcação soviética que se aproximasse. Contudo, diante do perigo de um confronto direto entre as duas superpotências, os governos optaram por negociar e evitar o desenvolvimento de uma guerra nuclear de destruição em massa.
As negociações entre John F. Kennedy (presidente dos Estados Unidos) e Nikita Khrushchev, que era líder da URSS, durante a Crise dos Mísseis culminaram em um acordo. Como resultado, os mísseis foram desinstalados e os governos dos Estados Unidos e da União Soviética iniciaram uma política de conciliação e diplomacia. Assim começou uma nova etapa da Guerra Fria, conhecida como “coexistência pacífica”.
Perguntas frequentes
O que foi a Crise dos Mísseis de Cuba?
A Crise dos Mísseis de Cuba foi um período de extrema tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética durante a Guerra Fria. Ocorreu em 1962, quando o governo de Fidel Castro em Cuba se aliou à URSS e permitiu a instalação de mísseis na ilha, apontados para os Estados Unidos. Foi um dos conflitos mais importantes da Guerra Fria e marcou um ponto de virada nas relações entre os Estados Unidos e a URSS.
O que causou a crise dos mísseis?
A crise dos mísseis foi desencadeada por diferentes causas. Os Estados Unidos eram contra o governo socialista de Fidel Castro em Cuba, que estava implementando medidas que prejudicavam os interesses econômicos norte-americanos na ilha e tentava repetidamente derrubar seu governo. Diante dessa situação, Castro buscou o apoio da União Soviética, que era o principal inimigo dos Estados Unidos na Guerra Fria. Para obter sua assistência militar diante de uma possível invasão dos Estados Unidos, Castro permitiu que mísseis soviéticos fossem instalados em sua ilha.
Qual a importância da crise dos mísseis?
A crise dos mísseis foi um dos momentos mais tensos da Guerra Fria. Em outubro de 1962, havia um medo real de que, se os líderes não chegassem a um acordo, se desencadearia uma guerra de alcance global com armas de destruição em massa (bomba nuclear). Diante dessa situação, os líderes dos Estados Unidos e da União Soviética iniciaram negociações para evitar a escalada da violência. Desde o fim da crise, as relações entre ambos os países se acalmaram e foram firmados acordos para evitar o desencadeamento de uma guerra nuclear.
- Veja também: Final da Guerra Fria
Os precedentes da Crise dos Mísseis em Cuba
Cuba era um país intimamente ligado aos interesses norte-americanos desde sua independência da Espanha em 1898. A revolução de Fidel Castro em 1959, que inicialmente não se definia como comunista, mas tinha uma clara orientação nacionalista, começou a tomar medidas que prejudicavam os interesses dos Estados Unidos. Castro havia iniciado um processo de nacionalização de empresas e de reforma agrária.
A reação dos Estados Unidos foi imediata e agressiva. Em 1961, o presidente Dwight Eisenhower congelou os ativos cubanos nos bancos americanos e rompeu formalmente as relações diplomáticas com Cuba. Em seguida, os norte-americanos impuseram um bloqueio econômico, expulsaram Cuba da OEA (Organização dos Estados Americanos) e organizaram uma invasão da Baía dos Porcos (no sul de Cuba), que fracassou.
Nesse contexto, o regime de Fidel Castro buscou o apoio do bloco socialista do Leste, com o objetivo de fortalecer as relações com a União Soviética. Por sua vez, a influência e as tentativas contínuas de intervenção dos Estados Unidos levaram-no a estabelecer um controle cada vez mais rígido sobre a política e a sociedade cubanas, a fim de consolidar o poder da revolução e impedir a restituição de um governo pró-norteamericano.
Nikita Khrushchev (líder da URSS) obteve uma vantagem inesperada com sua aliança com Cuba. Em 1961, os Estados Unidos instalaram uma usina de mísseis nucleares na Turquia. Em resposta e aproveitando essa nova situação, Khrushchev negociou com Castro e concordou em instalar mísseis de médio alcance na ilha de Cuba. Quando um avião espião estadunidense sobrevoou a área e avisou o governo sobre as novas instalações, desencadeou-se a Crise dos Mísseis, uma das mais graves crises da Guerra Fria.
Desenvolvimento da crise dos mísseis
Em outubro de 1962, aviões espiões U-2 dos Estados Unidos detectaram a construção de rampas de mísseis e a presença de tropas soviéticas na ilha de Cuba. No dia 22 de outubro, com o apoio de seus aliados ocidentais, John F. Kennedy (o novo presidente dos Estados Unidos) ordenou o estabelecimento do que ele chamou de “quarentena defensiva”.
Tratava-se de uma manobra militar para bloquear toda a ilha. Foram enviadas unidades navais e aviões de combate que formaram um perímetro ao redor de Cuba. Kennedy então ameaçou atacar qualquer embarcação soviética que se aproximasse do perímetro. Enquanto isso, foram feitos planos para uma invasão aérea, terrestre e aquática da ilha.
Esse foi o momento da Guerra Fria em que a União Soviética e os Estados Unidos chegaram mais perto de se confrontar em um ataque direto. Contudo, ambas as potências reconheceram que um confronto direto levaria à guerra nuclear e à destruição mútua.
Diante dessa situação, Khrushchev e Kennedy iniciaram negociações secretas. Finalmente, Kennedy concordou em remover os mísseis norte-americanos instalados na Turquia e se comprometeu a não atacar Cuba e a respeitar a sua autonomia. Em troca, Khrushchev retirou os mísseis da ilha cubana.
As consequências da crise dos mísseis
O perigo real de uma guerra nuclear durante a Crise dos Mísseis levou as duas potências a chegarem a um acordo para aliviar as tensões. Desde então, foi estabelecido o “telefone vermelho”: uma linha direta de comunicação entre a Casa Branca (a sede do governo dos Estados Unidos) e o Kremlin (a sede do governo da URSS). Assim, pretendia-se melhorar as relações diplomáticas entre as duas superpotências.
Por sua vez, isso foi acompanhado por uma nova orientação política internacional. Após a crise cubana, a Guerra Fria entrou em um estágio conhecido como “coexistência pacífica”. Durante esse período, as superpotências procuraram definir os diferentes conflitos que as confrontavam por meio da diplomacia e da negociação.
Além disso, promoveram uma série de iniciativas para evitar a eclosão de uma guerra nuclear e limitar o crescimento da capacidade de armamento.
Correspondência entre Kennedy e Khrushchev sobre a crise dos mísseis
Diante da crise que se originou com a instalação de mísseis soviéticos em Cuba, os líderes da União Soviética e dos Estados Unidos tiveram que entrar em negociações para chegar a um acordo e evitar a escalada da violência no conflito. Há duas cartas emblemáticas desse intercâmbio, escritas em 26 e 28 de outubro, que ilustram o início das negociações entre as duas potências.
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Referências
- Britannica, The Editors of Encyclopaedia. (2023). "Cuban missile crisis". Encyclopedia Britannica, https://www.britannica.com/
- Martínez Rueda, F. (2006). “Correspondencia entre Kennedy y Kruschev acerca de la crisis de los misiles (1962)”. Materiales para la historia del mundo actual. Ediciones AKAL.
- Van Dijk, R., Gray, W. G., Savranskaya, S., Suri, J., & Zhai, Q. (Eds.). (2013). “Cuban missile crisis”. Encyclopedia of the Cold War. Routledge.
- Wilczynski, J. (2019). “Cuban missile crisis”. En An Encyclopedic Dictionary of Marxism, Socialism and Communism: economic, philosophical, political and sociological theories, concepts, institutions and practices-classical and modern, East-West relations included. Walter de Gruyter GmbH & Co KG.
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