Século XX

Vamos explicar o que aconteceu no século XX, os conflitos bélicos e as revoluções. Além disso, suas características sociais, avanços científicos, tecnológicos e muito mais.

O que aconteceu no século XX?

O século XX foi o período de cem anos que começou no dia 1° de janeiro de 1901 e terminou no dia 31 de dezembro de 2000. Foi uma época de grandes avanços tecnológicos, científicos e médicos, bem como profundas mudanças sociais e políticas que mudaram o cenário internacional. Uma das suas características foi a “conquista do espaço” e a chegada do ser humano à Lua.

É considerado um dos séculos mais violentos da história da humanidade, atravessado por duas guerras mundiais que provocaram dezenas de milhões de mortos através do uso militar dos avanços tecnológicos (incluindo a bomba atômica). Além disso, houve outros conflitos bélicos e genocídios que aumentaram o número de vítimas.

Também foi uma fase de expansão da economia de mercado mundialmente, conhecida como globalização, da assinatura de acordos internacionais que levaram à criação da ONU (Organização das Nações Unidas) e do desenvolvimento do direito humanitário internacional para atenuar os efeitos negativos das guerras.

• Veja também: Inovação

O mundo no final do século XIX

A situação do mundo no final do século XIX foi em grande parte determinada pelas inovações técnicas e tecnológicas da Segunda Revolução Industrial. Embora esta revolução tenha sido centrada na Europa Ocidental, nos Estados Unidos e no Japão, expandiu sua influência para além destes lugares e influenciou a economia da maior parte do mundo. As mudanças tecnológicas e econômicas do século XX foram possíveis graças a este processo iniciado no século anterior.

Por outro lado, a ordem mundial no final do século XIX e início do século XX foi regida pelas ambições imperiais das grandes potências europeias, que tinham estabelecido colônias em outros continentes (como a divisão da África). Isso configurou a posterior divisão do mundo entre países desenvolvidos ou industrializados e países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, pertencentes ao chamado Terceiro Mundo.

As grandes potências imperiais na época eram o Reino Unido, a Alemanha, a França, a Itália, os Países Baixos, a Bélgica, a Rússia, o Japão e o Império Otomano. Grande parte desta situação mudou com o fim da Primeira Guerra Mundial (1914–1918), que marcou o fim dos impérios alemão, austro-húngaro, russo e otomano. A Segunda Guerra Mundial (1939–1945), por sua vez, deixou o caminho aberto para a descolonização e consolidou o papel dos Estados Unidos e da União Soviética como as novas superpotências.

A América Latina, por outro lado, era no final do século XIX um conjunto de nações jovens, independentes há menos de cem anos, que lutavam para se organizar em meio a conflitos internos. Muitas delas iniciaram um caminho para a modernização e integração na nova economia mundial.

• Veja também: Imperialismo

As revoluções do século XX

O século XX foi palco de revoluções que buscaram mudar as estruturas políticas, sociais e econômicas de seus países. Muitas destas revoluções levaram a guerras civis e mudaram a forma de organização de suas nações.

As revoluções mais importantes do século XX foram:

• Revolução Mexicana (1910–1920). Foi um conflito prolongado que provocou a queda do regime de Porfirio Díaz (o Porfiriato) e que envolveu políticos liberais e as classes camponesas pobres do México pós-colonial.
• Revolução Russa (1917). Foi uma série de fatos marcados pelas tensões da Primeira Guerra Mundial que levaram primeiro ao derrube da monarquia russa (Revolução de Fevereiro) e depois à instauração do primeiro governo comunista do mundo (Revolução de Outubro), que em 1922 deu origem à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
• Revolução Chinesa (1949). Foi resultado de uma guerra civil entre o governo nacionalista chinês, liderado por Chiang Kai-shek, e a guerrilha comunista chinesa, liderada por Mao Tsé-Tung, que levou ao triunfo do comunismo e ao estabelecimento da República Popular da China. Uma etapa de recrudescimento ocorreu durante a Revolução Cultural (1966–1976), quando se procurou reviver o ímpeto revolucionário e eliminar a suposta influência dos valores ocidentais e capitalistas dentro do regime.
• Revolução Cubana (1959). Começou em 1953 com um atentado fracassado contra o regime de Fulgencio Batista, que posteriormente se transformou em uma guerra de guerrilha. Levou ao poder os revolucionários liderados por Fidel Castro, Ernesto “,"Che” Guevara e Camilo Cienfuegos, entre outros, que instauraram o primeiro regime socialista da América Latina, alinhado desde 1961 com a União Soviética.
• Revolução Iraniana (1979). Foi a derrubada da monarquia pró-ocidental do Xá do Irã, após vários meses de protestos, e sua substituição por um regime teocrático liderado pelo aiatolá Khomeini (líder religioso do clero xiita). O caráter religioso da República Islâmica do Irã fundada por Khomeini implicou a imposição de férreos controles culturais sobre a população e promoveu a expansão do islamismo radicalizado em outras partes do mundo.

As guerras mundiais e a Guerra Civil Espanhola

Na primeira metade do século XX, aconteceram a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, dois grandes conflitos que envolveram todas as potências da época e afetaram a maior parte do mundo. Seus custos humanos e materiais foram devastadores e reconfiguraram o panorama político das nações.

• Primeira Guerra Mundial (1914–1918). Enfrentou duas coalizões de países liderados respectivamente pelo Reino Unido, França, Rússia, Itália e Estados Unidos (Entente) e pelo Império Austro-Húngaro, Império Alemão e pelo Império Otomano (Impérios Centrais). Nesta guerra perdeu a vida 1% da população mundial do momento (quase 16 milhões de pessoas entre combatentes e civis). Resultou na vitória da Entente e a desintegração dos grandes impérios.
• Segunda Guerra Mundial (1939–1945). Foi o confronto bélico mais destrutivo do século. Enfrentou as potências do Eixo (a Alemanha nazista, a Itália fascista e o Império do Japão) com os Aliados (liderados pelo Reino Unido, França, União Soviética, Estados Unidos e China). Foi uma guerra de destruição total, na qual ocorreu o Holocausto (extermínio sistemático da população judaica europeia) e duas bombas atômicas foram lançadas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. O saldo de mortos foi de 2,5% da população mundial (entre quarenta e setenta milhões de pessoas, militares e civis). Após a guerra, houve processos de descolonização na Ásia e na África.

Além disso, no período entreguerras houve uma guerra civil na Espanha que marcou sua história.

• Guerra Civil Espanhola (1936–1939). Começou na sequência de uma revolta militar contra a Segunda República Espanhola e enfrentou as forças “nacionais” ou sublevadas (lideradas por Francisco Franco) com as tropas e milícias republicanas (integradas por republicanos, democratas, socialistas, comunistas e anarquistas). A Alemanha nazista e a Itália fascista ajudaram militarmente os sublevados, que venceram em 1939 e instauraram uma ditadura liderada por Franco (1939–1975).

Os genocídios do século XX

Durante o século XX houve uma série de genocídios, ou seja, o extermínio sistemático de pessoas motivado por razões étnicas, nacionais ou religiosas. Os principais genocídios do século XX foram:

• Genocídio armênio (19152–1923). Foi a campanha de deportação e assassinato de civis armênios perpetrada pelo Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial, principalmente entre 1915 e 1916, embora tenha continuado nos primeiros anos do pós-guerra. Estima-se que custou a vida de centenas de milhares de armênios, embora o governo turco negue que tenha sido um plano sistemático de extermínio.
• Holocausto (1933–1945). Foi o extermínio sistemático de população de origem judaica realizado pelo regime nazista que deixou um saldo de seis milhões de mortos. A perseguição e a segregação começou com a ascensão de Adolf Hitler ao poder da Alemanha em 1933 e levou desde 1941 à construção de campos de extermínio em territórios da Europa Oriental para aplicar o que foi chamado de “A solução final da questão judaica”. Outras vítimas do nazismo foram os ciganos, eslavos, afrodescendentes e várias formas de oposição política. O Holocausto foi um impulso para a criação do Estado de Israel em 1948.
• Genocídio cambojano (1975–1979). Foi o extermínio de mais de um milhão de pessoas (quase um quarto da população do Camboja) liderado pelo regime maoísta dos Khmers Vermelhos no Camboja. Consistiu na perseguição, tortura e execução em massa de pessoas suspeitas de serem opositoras ou influenciadas pela cultura ocidental. Além disso, significou a evacuação forçada das cidades e a imposição de trabalhos forçados, o que causou numerosas mortes por doenças e desnutrição.
• Genocídio de Ruanda (1994). Foi a campanha de aniquilação da população tutsi (minoritária) de Ruanda promovida pelo governo administrado por dirigentes da população hutu (majoritária). Durante cerca de cem dias, civis hutus motivados pela propaganda do governo participaram do assassinato de 800 mil tutsis (e hutus moderados), aos quais se somaram aproximadamente dois milhões de exilados.

A Guerra Fria

No final da Segunda Guerra Mundial, as potências da Europa Ocidental foram devastadas e a hegemonia mundial ficou nas mãos de duas novas superpotências enfrentadas: os Estados Unidos e a União Soviética.

Cada uma tentou promover nos demais países seu próprio modelo político-econômico: o capitalismo e o socialismo. Isso envolveu um período de conflito político, econômico, diplomático e cultural que foi chamado de Guerra Fria e que também teve alguns episódios militares indiretos e situações que ameaçaram desencadear uma guerra entre ambas as potências.

Entre estes acontecimentos, destacaram-se:

• A Guerra da Coreia (1950–1953). Enfrentou a República da Coreia (Coreia do Sul), apoiada pelos Estados Unidos, e a República Popular Democrática da Coreia (Coreia do Norte), apoiada pela União Soviética e pela República Popular da China.
• A construção do Muro de Berlim (1961). Foi construído pelo governo da República Democrática Alemã, pertencente ao bloco oriental liderado pela União Soviética. Buscava-se evitar a migração da população para a zona ocidental, administrada pela República Federal da Alemanha e pelas forças aliadas.
• A crise dos mísseis em Cuba (1962). Quando a União Soviética instalou bases de mísseis nucleares em Cuba, cujo governo revolucionário havia se alinhado politicamente com o regime soviético, o governo dos Estados Unidos impôs um bloqueio à ilha. O mundo estava à beira de uma guerra nuclear até que as negociações entre os Estados Unidos e a União Soviética promoveram a retirada dos mísseis.
• A Guerra do Vietnã (1955–1975). Enfrentou o Vietnã do Sul e os Estados Unidos com o Vietnã do Norte e o Viet Cong (as guerrilhas comunistas do Vietnã do Sul), apoiados pela União Soviética e pela República Popular da China. Esta guerra provocou uma profunda rejeição na opinião pública americana e terminou com a vitória do Vietnã do Norte.
• A invasão soviética no Afeganistão (1979–1989). Em 1978, um grupo de militares afegãos pró-soviéticos deu um golpe e formou um novo governo. Diante da instabilidade política resultante, a União Soviética invadiu o Afeganistão em dezembro de 1979 e começou um conflito militar entre o governo da República Democrática do Afeganistão, apoiado pela União Soviética, e os mujahedins afegãos, grupos de guerrilha que contaram com o apoio de vários países e foram em alguns casos treinados pela CIA americana.
• A queda do Muro de Berlim (1989). Em 1989, sucederam-se revoluções e processos de mudança na Europa Central e Oriental que levaram à queda do bloco comunista. O acontecimento mais característico foi a queda do Muro de Berlim em 1989, seguido da reunificação da Alemanha em 1990. A Guerra Fria terminou com a dissolução da União Soviética em 1991.

• Veja também: Guerra Fria

Lutas sociais do século XX

A segunda metade do século XX foi palco de numerosas lutas sociais que em muitos casos abriram as portas para mudanças significativas nas sociedades. Por exemplo, o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, que contribuiu para o reconhecimento da igualdade de direitos para os afro-americanos ou o movimento pela livre orientação sexual.

Nos Estados Unidos foram especialmente fortes as manifestações de protesto contra a intervenção americana na Guerra do Vietnã, que se vincularam ao surgimento do movimento hippie. Na Europa houve movimentos de protesto político que se conectaram com uma crítica à cultura burguesa, como o Maio de 1968, na França, e na América Latina houve manifestações estudantis com reivindicações operárias, como o Cordobazo na Argentina em 1969.

Outros movimentos sociais tiveram a ver com a luta feminista em várias partes do mundo (principalmente no mundo ocidental), com a reivindicação da identidade indígena (especialmente na América), com o ecologismo e com os movimentos anticapitalistas e antiglobalização.

Inovações científicas e tecnológicas do século XX

A ciência e a tecnologia deram um salto significativo no século XX. Algumas das principais inovações foram:

• O carro e o avião. O desenvolvimento do motor de combustão interna permitiu fabricar estes meios de transporte que se popularizaram ao longo do século e mudaram radicalmente as formas de se deslocar.
• A televisão e as telecomunicações. No contexto de sociedades cada vez mais caracterizadas pelo consumo de massa, invenções como o telefone (patenteado já em 1876), rádio e televisão foram desenvolvidas e difundidas.
• Os antibióticos e outros avanços na medicina. A ciência médica experimentou profundas mudanças com a descoberta da penicilina e de outros antibióticos, do desenvolvimento de várias vacinas, do nascimento da engenharia genética e da aplicação de inovações tecnológicas como o laser, ressonância magnética, tomografia computadorizada ou marca-passos, entre muitos outros avanços que aumentaram a expectativa de vida.
• A energia nuclear. Embora as origens da energia nuclear estejam associadas às bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki no final da Segunda Guerra Mundial, a fissão nuclear se estendeu posteriormente à obtenção de eletricidade através da construção de reatores nucleares.
• A informática. Um dos avanços mais vertiginosos da segunda metade do século XX foi no campo da informática, que em meio século passou dos grandes computadores ou calculadoras binárias para o desenvolvimento de placas de circuito integrado (chips) e dos computadores pessoais, da internet e dos telefones celulares.

A chegada do homem à Lua

Uma das características da Guerra Fria foi a corrida espacial, protagonizada por Estados Unidos e pela União Soviética. Entre os fatos mais significativos protagonizados pelos soviéticos estão o lançamento do primeiro satélite artificial (Sputnik 1), o primeiro ser vivo enviado ao espaço exterior (a cachorra Laika no Sputnik 2), ambos em 1957, e o primeiro ser humano a viajar para o espaço exterior (Yuri Gagarin) em 1961.

Por sua vez, os Estados Unidos protagonizaram a chegada do ser humano à Lua em 1969. Esta foi a missão Apollo 11, operada pela NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço), cujo comandante Neil Armstrong se tornou o primeiro homem a pisar a superfície lunar no dia 20 de julho de 1969.

Arte e cultura do século XX

Arte e cultura mudaram a um ritmo acelerado no século XX. Isto foi motivado pelas mudanças políticas e tecnológicas ou pela necessidade de expressar as incertezas do período.

Na arte plástica (pintura, escultura, arquitetura), destacaram-se as vanguardas artísticas e outras tendências em mudança, como o fauvismo, o expressionismo, o dadaísmo, o surrealismo, o cubismo, o futurismo, a Bauhaus, a arte abstrata e a arte minimalista. Também apareceram possibilidades expressivas inéditas que traziam consigo os novos materiais e as novas tecnologias: fotografia, videoarte, pop art, arte cinética, arte conceitual e outros.

Dois âmbitos de expressão artística especialmente relevantes no século XX foram o cinema e a música. O cinema europeu e a indústria de Hollywood nos Estados Unidos alcançaram um público mundial, enquanto no âmbito da música irrompeu o rock, que levou a transformações na moda e nas atitudes juvenis, especialmente nos países ocidentais.

A literatura do século XX foi geralmente atravessada pelas inquietudes diante dos conflitos mundiais, dos problemas sociais ou da desolação do ser humano e se caracterizou pela experimentação de formas. Na América Latina, destacou-se a obra de escritores de importância mundial, como Jorge Luis Borges, Silvina Ocampo, Jorge Amado e Clarice Lispector, ou os representantes do boom latino-americano (Gabriel García Márquez, Julio Cortázar, Carlos Fuentes e Mario Vargas Llosa, entre outros).

A globalização

Uma das características do século XX foi a globalização, que significou a integração econômica, política e cultural do mundo. Isso foi possível em grande parte graças às novas tecnologias de comunicação e transporte e à generalização das políticas de liberalização econômica que facilitaram a interconexão dos mercados e das finanças.

Um dos marcos da globalização foi o desenvolvimento da internet e de outras inovações da chamada Terceira Revolução Industrial. As fronteiras nacionais deixaram de ser barreiras para os negócios e se generalizaram as empresas multinacionais e a deslocalização (instalação de fábricas e oficinas em países menos desenvolvidos para abaratar custos).

A globalização gerou como reação uma série de protestos de organizações conhecidas como movimento antiglobalização. Este movimento começou a denunciar o enriquecimento das grandes empresas multinacionais, a precarização de algumas indústrias deslocalizadas e a alteração provocada pelo capitalismo global no meio ambiente e nos modos de vida das populações.

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Referências

• AA.VV. (1996). Historia del siglo XX. Salvat.
• Gilbert, G. (2002). A History of the Twentieth Century. William Morrow.
• Lukacs, J. (2014). Historia mínima del siglo XX. Turner.
• McDougall, W. A. (2023). 20th-century international relations. Encyclopedia Britannica. https://www.britannica.com/