Segunda Revolução Industrial

Vamos explicar o que foi a Segunda Revolução Industrial, quais foram as suas características e quais inovações foram desenvolvidas neste período.

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Durante a Segunda Revolução Industrial o automóvel à gasolina foi inventado.

O que foi a Segunda Revolução Industrial?

A Segunda Revolução Industrial foi um processo de inovação técnica e transformação econômica que começou por volta de 1870 e durou até a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914. Foi uma época de grandes mudanças econômicas e sociais resultantes do desenvolvimento tecnológico acelerado.

A tecnologia da Segunda Revolução Industrial superou as inovações produtivas da Primeira Revolução Industrial e transformou a vida cotidiana com novas fontes de energia, novos materiais para produção e consumo e novos meios de comunicação e transporte.

A Segunda Revolução Industrial não se limitou à Grã-Bretanha, também se espalhou para outros países da Europa Ocidental (especialmente a Alemanha), bem como para os Estados Unidos e o Japão. Também favoreceu a expansão do capitalismo em escala global.

Características da Segunda Revolução Industrial

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A Segunda Revolução Industrial registrou grandes avanços nas telecomunicações.

As principais características da Segunda Revolução Industrial foram:

  • A aceleração e a expansão em diversos países (especialmente Alemanha, Estados Unidos e Japão) do processo de industrialização que teve sua primeira fase na Grã-Bretanha durante a Primeira Revolução Industrial.
  • A implementação de um novo sistema de produção chamado “produção em massa” ou “produção em linha de montagem”, que usava a linha de montagem e uma divisão racional do trabalho para aumentar a produtividade nas fábricas.
  • O desenvolvimento do transporte (decorrente do aumento da produção de aço para a construção de ferrovias e embarcações, bem como o uso de novos combustíveis e a invenção do automóvel e do avião com motores de combustão interna).
  • O uso de novos materiais e fontes de energia por meio de inovações técnicas e químicas (como petróleo e eletricidade).
  • A transformação na área de telecomunicações por meio da invenção do telefone e do rádio, além de outras inovações, como o fonógrafo e o cinematógrafo.

A mecanização do trabalho

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Henry Ford implementou a linha de montagem em sua fábrica automotiva.

As novas indústrias surgiram como resultado de um aprofundamento da mecanização que havia surgido com a Primeira Revolução Industrial, junto às novas invenções tecnológicas, ao uso de novas fontes de energia e às novas técnicas de organização do trabalho. Ao longo do século XX, foram desenvolvidas máquinas automáticas, capazes de fabricar peças para outras máquinas (um processo conhecido como “automação industrial”).

O novo sistema de produção introduzido durante a Segunda Revolução Industrial para acelerar os tempos de produção foi baseado no modelo do americano Frederick Taylor, comumente conhecido como taylorismo ou organização científica do trabalho. Consistia em um modelo de produção em massa no qual cada trabalhador tinha de fazer uma parte de uma peça dentro de uma linha de montagem e dentro de um determinado tempo (controlado por meio de cronômetros), a fim de reduzir os custos de produção e aumentar ao máximo a produtividade das pessoas.

Em 1901, o empresário Ransom Olds usou a linha de montagem pela primeira vez e, pouco tempo depois, a Ford Motors Company adotou o sistema taylorista para a produção do Ford Modelo T, além de aperfeiçoar a linha de montagem com a incorporação de uma correia transportadora e introduzir um novo aspecto social: o aumento dos salários dos trabalhadores. Esse último aspecto se deveu à ideia de seu fundador, Henry Ford, de que cada trabalhador deveria ganhar o suficiente para poder comprar um dos carros que fabricava, o que garantiria um aumento no consumo.

Esse sistema de produção ficou conhecido como Fordismo e teve enormes consequências: reduziu os custos de produção e multiplicou o número de carros produzidos e vendidos. Em 1908, onze carros Ford T tinham sido fabricados em um mês, enquanto que em 1910 foram produzidos mais de 10 mil e, em 1914, cerca de 250 mil. O tempo de montagem de cada carro passou de 12 horas e meia para 93 minutos, e o preço caiu proporcionalmente.

O desenvolvimento do transporte

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O bonde elétrico promoveu a substituição da tração animal no transporte urbano.

Uma das características mais evidentes da Segunda Revolução Industrial foi a expansão das ferrovias, que se beneficiou do uso crescente do aço e promoveu a circulação de produtos e pessoas. A Inglaterra se especializou na construção de ferrovias e na exportação de suprimentos ferroviários para outros países, o que criou um vínculo de dependência com os países compradores, que precisavam de peças de reposição e serviços técnicos ingleses.

A geração de eletricidade também possibilitou o desenvolvimento da ferrovia elétrica, que, embora não tenha substituído inicialmente a locomotiva a vapor, foi importante para o transporte urbano de passageiros a partir da invenção do bonde elétrico (cujo primeiro trilho foi inaugurado em 1881 em Berlim).

O aumento da produção levou à busca de novas técnicas e novos combustíveis. Os navios começaram a ser construídos em aço e foi inventada a turbina a vapor, permitindo que fossem maiores, mais rápidos e com custo de manutenção menor. Tudo isso beneficiou a circulação de mercadorias, expandindo, por sua vez, o comércio mundial. Ao longo do século XX, aumentou o uso de petróleo na navegação.

Os novos combustíveis possibilitaram o desenvolvimento do automóvel e do avião. O motor de combustão interna a gasolina foi usado pela primeira vez em um modelo de automóvel em 1886 pelo engenheiro alemão Karl Benz e, em seguida, aperfeiçoado com o Ford T projetado pelo empresário americano Henry Ford em 1908. A aviação tornou-se mais importante após a Primeira Guerra Mundial, mas dependia das inovações introduzidas durante a Segunda Revolução Industrial.

As novas fontes de energia

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Thomas Alva Edison inventou a lâmpada incandescente de filamento de carbono.

Duas das inovações mais importantes da Segunda Revolução Industrial foram a exploração e a destilação do petróleo e a geração industrial de eletricidade.

Em 1848, o químico escocês James Young tinha uma pequena empresa de refino de petróleo bruto. Embora houvesse alguns antecedentes na China, foi a partir dessa época e do desenvolvimento em 1859 do método de perfuração de poços do americano Edwin Drake, que a técnica de perfuração de poços se espalhou pelo mundo.

Um dos combustíveis derivados do petróleo foi a querosene, usada para iluminação (era mais eficiente e menos cara do que os óleos vegetais). Também permitiu a produção de gasolina para motores de combustão interna (carros e aviões). A crescente importância do petróleo deu origem, em 1870, à Standard Oil, uma das primeiras empresas multinacionais com tendências monopolistas.

A geração industrial de eletricidade foi a outra grande inovação do período, resultado de estudos e experimentos realizados por vários pesquisadores. Thomas Alva Edison inventou um tipo de lâmpada incandescente de filamento de carbono em 1879; isso permitiu que fosse usada para iluminação pública e doméstica. Esse método substituiu o antigo sistema de iluminação que usava querosene e transformou a vida nas cidades e fábricas. A energia elétrica também possibilitou outras inovações, como o telefone, o rádio e o bonde.

As telecomunicações

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Em 1895, os irmãos Lumière criaram o primeiro cinematógrafo.

Entre as inovações mais importantes da Segunda Revolução Industrial estavam as relacionadas às telecomunicações, entre elas:

  • O telégrafo e o rádio. O telégrafo foi inventado antes da Segunda Revolução Industrial e ganhou popularidade graças ao sistema desenvolvido em 1837 pelo americano Samuel Morse, criador do “código Morse”. O dispositivo permitia a comunicação instantânea por meio de uma linguagem de pontos e linhas. Isso causou uma grande repercussão nas principais cidades do mundo, onde foi instalada uma extensa fiação elétrica, inicialmente para uso em ferrovias.
    Mais tarde, o alemão Heinrich Hertz provou a existência de ondas eletromagnéticas, e o italiano Guillermo Marconi aplicou esse conhecimento ao desenvolvimento de um telégrafo sem fio que deu origem ao rádio no início do século XX.
  • O telefone. Em 1876, o engenheiro escocês Alexander Graham Bell patenteou nos Estados Unidos o telefone, um dispositivo de telecomunicações projetado para transmitir conversas por meio de sinais elétricos. Apesar de alguns pesquisadores sugerirem que a invenção é anterior à patente de Graham Bell, o dispositivo tornou-se cada vez mais importante ao longo do século XX.
  • O cinematógrafo. Em 1895, os irmãos Lumière, na França, criaram o primeiro cinematógrafo que transmitia imagens sem som. O primeiro filme que transmitiram foi A saída da Fábrica Lumière em Lyon. A partir de então, o cinema tornou-se um meio de expressão e comunicação altamente influente.

Os avanços na ciência e na química

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Robert Koch descreveu a bactéria que causava a tuberculose.

A pesquisa científica na época da Segunda Revolução Industrial impactou não apenas a produção e as comunicações, mas também a saúde e a medicina, pois possibilitou o controle ou a redução de doenças e, assim, aumentou a expectativa de vida.

Em 1864, o químico Louis Pasteur criou um processo de conservação de alimentos chamado “pasteurização”, que possibilitou a destruição de microrganismos e bactérias sem alterar a composição original da substância. Seus estudos em microbiologia também influenciaram o desenvolvimento de vacinas e antibióticos.

Em 1882, o médico e microbiologista Robert Koch descreveu as bactérias causadoras da tuberculose. Em 1897, o químico Felix Hoffmann descobriu o ácido acetilsalicílico, que foi patenteado dois anos depois pela empresa Bayer com o nome de Aspirina.

Os experimentos e as pesquisas na área de química também propiciaram o desenvolvimento de fertilizantes para a produção agrícola e explosivos para uso em mineração e atividades militares, por exemplo, durante a Primeira Guerra Mundial. Algumas dessas pesquisas levaram ao desenvolvimento posterior de armas nucleares, como as usadas durante a Segunda Guerra Mundial.

As consequências da Segunda Revolução Industrial

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A Segunda Revolução Industrial foi caracterizada por um aumento no desemprego.

A produção sistemática desenvolvida durante a Segunda Revolução Industrial resultou na aceleração da produção, o que aumentou a competitividade das grandes empresas no mercado e, por sua vez, aumentou o desemprego devido à substituição de funcionários por máquinas. Além disso, o uso de novas tecnologias incentivou o consumo em massa (tanto de produtos quanto de entretenimento) e estimulou outras inovações que mudaram o modo de vida ao longo do século XX.

Outra consequência da Segunda Revolução Industrial foi a propagação do fenômeno da urbanização, que ampliou a quantidade de grandes cidades, que se tornaram ainda mais populosas e modernizadas com o uso da eletricidade para iluminação, o transporte (bondes elétricos) e as comunicações (telefone); a construção de grandes obras de engenharia (como pontes de ferro forjado ou aço); e, em cidades como Nova York ou Chicago, arranha-céus gigantescos (possibilitados pela indústria do aço, pelo concreto armado e pela invenção do elevador).

Nessa época, a organização do movimento trabalhista ganhou impulso, principalmente por iniciativa de sindicatos socialistas e anarquistas, que buscavam enfrentar a crescente exploração da mão de obra e o desemprego, visando melhorar o padrão de vida dos trabalhadores e exigir uma melhor distribuição da riqueza. Em alguns casos, essas demandas estavam ligadas ao intuito de conquistar o poder político ou transformar a ordem social.

No âmbito internacional, a Segunda Revolução Industrial promoveu a expansão global do capitalismo, o que favoreceu os países industrializados que produziam manufaturas, e também acompanhou o fenômeno do imperialismo, que, entre outras coisas, estimulou a repartição da África entre as grandes potências da Europa. Quando a Primeira Guerra Mundial eclodiu em 1914, os avanços tecnológicos que fizeram parte dessa segunda fase da industrialização deram forma a um novo tipo de conflito, muito mais letal do que os anteriores devido ao emprego de novas tecnologias.

Referências

  • Britannica, Encyclopaedia (2022). Industrial Revolution. Encyclopedia Britannica. https://www.britannica.com
  • Coriat, B. (1982). El taller y el cronómetro. Ensayo sobre el taylorismo, el fordismo y la producción en masa. Siglo XXI.
  • Hunt, L., Martin, T. R., Rosenwein, B. H. & Smith, B. G. (2016). The Making of the West: Peoples and Cultures. 5a edición. Bedford/St. Martin’s.
  • Mokyr, J. (1999). The Second Industrial Revolution, 1870-1914. Storia dell’economia Mondiale. https://en-econ.tau.ac.il

Como citar?

As citações ou referências aos nossos artigos podem ser usadas de forma livre para pesquisas. Para citarnos, sugerimos utilizar as normas da ABNT NBR 14724:

GAYUBAS, Augusto. Segunda Revolução Industrial. Enciclopedia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/segunda-revolucao-industrial/. Acesso em: 2 maio, 2024.

Sobre o autor

Autor: Augusto Gayubas

Doutor em História (Universidad de Buenos Aires)

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur)

Data da última edição: 28 dezembro, 2023
Data de publicação: 15 setembro, 2023

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