Causas e consequências da Revolução Industrial

Vamos explicar as causas e as consequências da Revolução Industrial em relação à economia, as áreas social e política, e suas consequências positivas e negativas.

Revolución industrial
Durante a Revolução Industrial, o trabalho foi mecanizado e houve um aumento exponencial das fábricas.

Quais foram as causas e as consequências da Revolução Industrial?

Entre as causas da Revolução Industrial se destacam as grandes mudanças na economia, na sociedade e na política da época, como a Revolução Agrícola, a ascensão da burguesia e o deslocamento das populações rurais para as cidades, o que significou mais disponibilidade de mão de obra para o trabalho nas fábricas.

Como consequência disto, o trabalho se tornou mecanizado e houve um aumento exponencial das fábricas. Além disso, a comunicação e o transporte melhoraram consideravelmente com as ferrovias e com o barco a vapor. Neste período também se observou a consolidação do poder político da burguesia, em paralelo ao surgimento do movimento trabalhista e do sindicalismo.

A Revolução Industrial foi um processo de transformação econômica e social que começou na Inglaterra em 1760 e chegou ao fim por volta de 1840. Implicou uma série de mudanças tecnológicas e produtivas que revolucionaram o mundo do trabalho, do comércio, do transporte e das finanças. Durante este processo, foi inventada a máquina a vapor, as máquinas têxteis e a iluminação pública a gás. Além disso, o trabalho manual nas oficinas foi substituído pelo trabalho em larga escala nas fábricas.

  Causas Consequências
Econômicas
  • A Revolução Agrícola
  • O cercamento das terras comunais
  • A disponibilidade de matérias-primas (do país e das colônias)
    As inovações tecnológicas
  • A mecanização do trabalho nas fábricas
  • O crescimento das cidades industriais
  • O surgimento do empresário e dos bancos modernos
  • Os aprimoramentos na comunicação e no transporte
  • A expansão global do capitalismo
Sociais
  • O crescimento da população
  • O deslocamento da população do campo para as cidades
  • O aumento da população nas cidades
  • A crescente diferenciação entre cidade e campo
  • A divisão social em duas classes: a burguesia e o proletariado.
  • A organização dos trabalhadores e o surgimento dos sindicatos
  • A poluição ambiental
Políticas
  • A ascensão política da burguesia
  • A aplicação de medidas de liberalização econômica
  • A união entre a Inglaterra e a Escócia
  • O domínio naval britânico
  • O protagonismo político da burguesia na Inglaterra e em outros lugares
  • A formação ou consolidação de regimes liberais e parlamentares na Europa e nos Estados Unidos
  • A promoção de medidas favoráveis à burguesia industrial na Europa Ocidental, nos Estados Unidos e no Japão (levando à Segunda Revolução Industrial).

Causas da Revolução Industrial

A Revolução Industrial foi o resultado de uma série de causas históricas que podem ser organizadas de acordo com seus aspectos econômicos, sociais e políticos.

1. CAUSAS ECONÔMICAS

A Revolução Agrícola

Uma das causas econômicas mais importantes da Revolução Industrial foi a Revolução Agrícola, que mudou radicalmente a forma de produção. O trabalho manual e a tração animal, que persistiam desde a Idade Média, foram substituídos pelo uso de máquinas agrícolas, cuja tecnologia foi aperfeiçoada com o desenvolvimento da Revolução Industrial.

A transformação tecnológica foi combinada com algumas mudanças no sistema de cultivo, como a introdução do “sistema de rotação de Norfolk”, que permitiu a rotação de variedades de culturas para não esgotar os nutrientes do solo. Essa revolução agrícola aumentou a produtividade e a quantidade de alimentos disponíveis, o que promoveu o crescimento demográfico e o deslocamento de pessoas do campo para a cidade.

Os cercamentos

Paralelamente à Revolução Agrícola, surgiram os cercamentos, ou seja, a política de cercar as terras comunais e transformá-las em propriedade privada dos grandes proprietários de terras. Esse processo transformou muitos camponeses sem terra em trabalhadores das recém-criadas fábricas urbanas.

A disponibilidade de matérias-primas

A Inglaterra caracterizou-se por uma ampla disponibilidade de recursos indispensáveis ao desenvolvimento da tecnologia da Revolução Industrial, como o carvão para motores a vapor e o ferro para todos os tipos de ferramentas, máquinas e transportes (como ferrovias e navios).

Também foi crucial a disponibilidade de outros recursos obtidos em territórios sob controle colonial ou facilmente acessíveis graças ao domínio comercial britânico, como o algodão da Índia e do sul dos Estados Unidos, que foi usado na indústria têxtil.

As inovações tecnológicas

As invenções características da Revolução Industrial foram o resultado de anos de experimentação e inovação. Por exemplo, no início do século XVIII, foram projetados vários motores a vapor, embora nenhum deles fosse comparável ao revolucionário motor a vapor de James Watts, patenteado em 1769 e baseado em um projeto anterior de Thomas Newcomen.

Por outro lado, as inovações tecnológicas que levaram à Revolução Agrícola incluíram máquinas e ferramentas como a semeadeira e o arado de ferro fundido.

2. CAUSAS SOCIAIS

O crescimento demográfico

A Revolução Agrícola contribuiu para o crescimento demográfico, pois a maior produtividade no campo levou a uma maior disponibilidade e a alimentos mais baratos. Isso se intensificou durante a Revolução Industrial, quando foram desenvolvidas melhorias no campo da medicina. O resultado foi uma redução na taxa de mortalidade e um aumento na taxa de natalidade.

A migração da zona rural para a zona urbana

O crescimento demográfico e o deslocamento de pessoas do campo para as cidades criaram uma grande disponibilidade de mão de obra para os proprietários de fábricas nas cidades, o que deu origem a uma nova classe social: o proletariado.

Além disso, o crescimento demográfico aumentou a demanda por produtos manufaturados, e a combinação desses fenômenos tornou possível o novo modelo de produção industrial.

3. CAUSAS POLÍTICAS

A ascensão política da burguesia

A principal causa política da Revolução Industrial foi a crescente influência da burguesia nas decisões governamentais. Na Inglaterra, a Revolução Gloriosa de 1688 estabeleceu uma monarquia parlamentar que favoreceu a participação política das classes burguesas e limitou o poder da nobreza.

As políticas de liberalização econômica

A ascensão política da burguesia propiciou a implementação de medidas favoráveis ao comércio e ao empreendimento privado, como a defesa da propriedade privada, o livre mercado, o cercamento de terras para cultivo (onde antes havia terras comunais) e a fundação do Banco da Inglaterra.

A união da Inglaterra e da Escócia e o domínio naval britânico

Outras causas políticas foram a união entre a Inglaterra e a Escócia, que garantiu a paz na Grã-Bretanha e ampliou as fronteiras do mercado interno, e o domínio naval britânico, que garantiu a expansão comercial.

Consequências da Revolução Industrial

A Revolução Industrial teve consequências importantes, tanto para a Inglaterra quanto para grande parte do mundo. Estas consequências podem ser divididas em três grupos: econômicas, sociais e políticas.

1. CONSEQUÊNCIAS ECONÔMICAS

A mecanização e as cidades industriais

Uma das principais consequências econômicas da Revolução Industrial foi a mecanização do trabalho, que acelerou o tempo de produção, reduziu os custos e possibilitou a produção em larga escala nas fábricas. Esta transformação econômica impulsionou o crescimento de grandes cidades industriais, como Manchester, Birmingham, Liverpool e Sheffield.

A Revolução Industrial implicou a substituição dos artesãos, que trabalhavam com métodos tradicionais em oficinas, por trabalhadores industriais que vendiam sua força de trabalho em troca de salários em fábricas.

O surgimento de empresários e de bancos

Outra consequência foi o surgimento da gestão empresarial, baseada em cálculos de lucro e investimento de capital, e o sistema de crédito por meio do surgimento dos bancos modernos.

A comunicação, o transporte e a expansão do capitalismo

Com o surgimento da figura do empresário e dos bancos modernos, meios mais eficazes e rápidos de transporte de matérias-primas e mercadorias (como a ferrovia e o navio a vapor) promoveram a expansão mundial do capitalismo.

A Segunda Revolução Industrial

Finalmente, o acúmulo de capital e as inovações técnicas e tecnológicas da Revolução Industrial lançaram as bases para uma segunda fase da industrialização.

Esse processo é conhecido como a Segunda Revolução Industrial e ocorreu entre 1870 e 1914, principalmente nos Estados Unidos, no Japão, na Alemanha e em outros países da Europa Ocidental. Essa segunda fase mudou radicalmente os padrões de produção, consumo e lazer na maior parte do mundo.

2. CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS

A diferenciação entre o campo e a cidade

A Revolução Industrial produziu uma clara diferenciação entre cidade e campo e um aumento significativo da população nas cidades. A vida urbana se beneficiou da iluminação pública a gás e dos avanços médicos e sanitários, mas, ao mesmo tempo, levou à superlotação dos bairros da classe trabalhadora, o que incentivou a disseminação de doenças infecciosas (como a cólera).

A divisão social em classes

A Revolução Industrial introduziu uma divisão social centrada em duas classes sociais: a burguesia (formada pelos proprietários de fábricas, comerciantes e outros proprietários de meios de produção ou capital) e o proletariado (formado pelos trabalhadores que vendiam sua força de trabalho por salários nas fábricas ou minas).

Muito embora a Revolução Industrial tenha proporcionado uma distribuição maior de riqueza, as condições de trabalho dos trabalhadores eram muito difíceis e seu modo de vida era muito desfavorável em comparação com os confortos da burguesia. As jornadas de trabalho eram muito longas e era comum o trabalho infantil em fábricas e minas.

Os protestos contra as máquinas

O maquinismo industrial provocou movimentos de protesto dedicados à destruição das máquinas, como os ludistas, um grupo de artesãos têxteis qualificados que viam o uso de máquinas como destruidor de empregos e redutor de salários.

O movimento trabalhista e os sindicatos

As difíceis condições de trabalho causadas pela Revolução Industrial estimularam a organização do movimento trabalhista e o surgimento de sindicatos, além de ideologias políticas como o socialismo, o anarquismo e o comunismo. A organização trabalhista levou à implementação de regulamentações do trabalho e a melhores condições laborais.

A poluição ambiental

A Revolução Industrial gerou níveis significativos de poluição nas cidades, tanto pelo consumo de combustível nas fábricas e residências quanto pela geração de resíduos típicos da vida urbana da época.

3. CONSEQUÊNCIAS POLÍTICAS

O protagonismo político da burguesia

A ascensão econômica da burguesia nas áreas da indústria, do comércio e das finanças consolidou o protagonismo político dessa classe social tanto na Inglaterra quanto, mais tarde, em outros países que tiveram suas próprias revoluções burguesas (como a França) ou suas próprias formas de construção de uma ordem econômica e política liberal (como os Estados Unidos).

A consolidação de regimes liberais e democráticos

Os setores burgueses, inspirados pelas ideias do Iluminismo e do liberalismo, geralmente promoviam políticas voltadas para o mercado livre e os negócios contra os privilégios tradicionais da nobreza e do clero.

Isso significou o estabelecimento de regimes democráticos ou parlamentares encarregados de defender a propriedade privada e as liberdades individuais.

A promoção política da industrialização

Ao longo do século XIX, as burguesias industriais desempenharam um papel importante na promoção política e econômica da Segunda Revolução Industrial. Um exemplo típico foi o protecionismo industrial introduzido pelo governo alemão após a unificação da Alemanha em 1871.

Consequências positivas e negativas da Revolución Industrial

É possível agrupar as consequências da Revolução Industrial em positivas e negativas, ainda que essa caracterização seja subjetiva (ou seja, depende do ponto de vista do qual o processo é observado).

Consequências positivas

  • Invenção de máquinas novas e mais eficientes.
  • Aumento da produção de manufaturas.
  • Criação de muitos empregos.
  • Criação de associações de trabalhadores e sindicatos que, embora proibidos até 1824, pressionaram o governo britânico e os empregadores a começarem a reconhecer os direitos trabalhistas.
  • Aumento da produção e redução dos preços dos alimentos.
  • Redução dos custos de transporte e do tempo de viagem graças às ferrovias e aos navios a vapor.
  • Menores taxas de mortalidade e maior expectativa de vida.

Consequências negativas

  • Declínio dos ofícios tradicionais realizados por artesãos.
  • Natureza repetitiva e tediosa do trabalho nas fábricas.
  • Trabalho insalubre e acidentes de trabalho em fábricas e minas.
  • Emprego de mão de obra infantil, o que impediu que muitas crianças recebessem educação (a lei de educação obrigatória foi aprovada na Inglaterra em 1870).
  • Baixos salários para mulheres e crianças.
  • Diminuição do emprego de trabalhadores sazonais nos campos devido ao uso de máquinas agrícolas.
  • Desaparecimento das companhias de diligências.
  • Transformação da paisagem e abandono de terras devido à construção de ferrovias.
  • Poluição ambiental.
  • Propagação de doenças infecciosas nos bairros da classe trabalhadora.

Referências

  • Britannica, Encyclopaedia (2023). Industrial Revolution. Encyclopedia Britannica. https://www.britannica.com/
  • Cartwright, M. (2023). The Impact of the British Industrial Revolution. World History Encyclopedia. https://www.worldhistory.org/
  • Hobsbawm, E. (2001). Industria e imperio. Crítica.
  • Hunt, L., Martin, T. R., Rosenwein, B. H. & Smith, B. G. (2016). The Making of the West: Peoples and Cultures. 5a edición. Bedford/St. Martin’s.
  • Rule, J. (1990). Clase obrera e industrialización. Crítica.

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Gayubas, Augusto. Causas e consequências da Revolução Industrial. Enciclopédia Humanidades, 2024. Disponível em: https://humanidades.com/br/causas-e-consequencias-da-revolucao-industrial/. Acesso em: 1 de outubro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Augusto Gayubas

Doutor em História (Universidad de Buenos Aires)

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur)

Data da última edição: 29 de julho de 2024
Data de publicação: 1 de abril de 2024

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