Primeira Guerra Mundial

Vamos explicar o que foi a Primeira Guerra Mundial, as causas e consequências desse conflito e suas características.

Primera Guerra Mundial
A Primeira Guerra Mundial foi um conflito entre as potências europeias no início do século XX.

O que foi a Primeira Guerra Mundial?

A Primeira Guerra Mundial, também conhecida como a Grande Guerra, foi um conflito armado de grande escala ocorrido entre 1914 e 1918, envolvendo as principais potências da época. Foi o primeiro conflito bélico travado como uma guerra de posições, com tecnologia que incluía armas de repetição, bombardeios e ataques aéreos sobre redes de trincheiras.

Os países combatentes estavam alinhados em duas grandes alianças:

  • A Tríplice Aliança, liderada pela Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro.
  • A Tríplice Entente, composta por França, Grã-Bretanha e Rússia.

A guerra foi uma consequência da competição política, econômica e territorial entre os impérios colonialistas europeus. Embora tenha sido um conflito que ocorreu principalmente na Europa, acabou afetando profundamente a economia mundial.

A Grande Guerra atingiu níveis de morte e destruição nunca antes registrados. Os avanços na tecnologia de armas, a transformação do conflito em uma guerra de posições e a incorporação de soldados em uma guerra de massa levaram à morte de mais de 10 milhões de soldados e mais de 5 milhões de civis.

No final do conflito, as economias europeias foram profundamente afetadas e os Estados Unidos consolidaram seu poder na nova ordem mundial. O mapa da Europa mudou radicalmente: os Impérios Centrais, como grandes unidades políticas, desapareceram e novos países surgiram. As tensões causadas pela destruição, pobreza e instabilidade política transformaram as sociedades ocidentais.

Perguntas frequentes

Por que ocorreu a Primeira Guerra Mundial?

A Primeira Guerra Mundial foi causada pela rivalidade entre os impérios coloniais europeus que competiam por território, recursos e poder.

Quem venceu a Primeira Guerra Mundial?

O bloco vencedor da Primeira Guerra Mundial era composto pelo Reino Unido, França, Itália, Estados Unidos e Japão (e outros países apoiadores). A Rússia pertencia a esse bloco no início da guerra, mas se retirou do conflito alguns meses antes do fim.

Como foi a Primeira Guerra Mundial?

A Primeira Guerra Mundial foi uma guerra em massa, devido ao número de pessoas envolvidas, e foi a primeira “guerra total”, pois todos os recursos dos países envolvidos foram dedicados à guerra. Foi também a primeira guerra de posições: os exércitos se estabeleceram em trincheiras para manter a ocupação de territórios.

Quais foram as batalhas mais importantes da Primeira Guerra Mundial?

As batalhas mais importantes da Primeira Guerra Mundial incluem as duas batalhas do Marne (1914 e 1918), a Batalha de Gallipoli (1916), a Batalha de Verdun (1916) e a Batalha do Somme (1916).

Quais foram as consequências da Primeira Guerra Mundial?

Características da Primeira Guerra Mundial

Na guerra de posição, os exércitos eram baseados em redes de trincheiras.

Entre as principais características da Primeira Guerra Mundial estão:

  • Extensão temporal. Embora todos os países que iniciaram a guerra acreditassem que seria uma guerra curta e de rápida solução, a Grande Guerra durou quatro anos e meio, de 28 de julho de 1914 a 11 de novembro de 1918.
  • Guerra em massa. Pela primeira vez na história, a guerra atingiu uma escala de massa. Durante a Grande Guerra, toda a população foi mobilizada por um período extremamente longo (mais de 4 anos). Pela primeira vez, a vida do homem foi considerada como “material de guerra” disponível para objetivos militares em grande escala.
  • Guerra de posições. Em vez de uma “guerra de movimento”, a Grande Guerra resultou em uma “guerra de posições”. Nesse modo de combate, os soldados lutavam em trincheiras para defender as posições que haviam conquistado. As batalhas de Verdun e Somme são o exemplo mais cruel desse novo sistema de guerra; elas duraram vários meses e custaram a vida de mais de dois milhões de soldados. Diante das novas armas de repetição, os países beligerantes construíram redes de trincheiras nas frentes de guerra.
  • A indústria a serviço da guerra. Nesse contexto, o verdadeiro potencial de guerra estava na força industrial de cada Estado. As inovações nos setores metalúrgico, mecânico e químico desenvolveram novos armamentos (metralhadoras, gases, lança-chamas, tanques e submarinos, entre outros).

Eventos desencadeadores da Primeira Guerra Mundial

O assassinato do herdeiro austríaco desencadeou a declaração de guerra entre as potências.

A Grande Guerra ocorreu de 1914 a 1918. O assassinato do arquiduque Franz Ferdinand da Áustria (herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro) por um jovem nacionalista sérvio em Sarajevo é considerado seu ponto de partida.

Esse evento desencadeou um conflito diplomático que se transformou em um conflito armado. Em consequência disso, o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia. A Rússia passou a apoiar a Sérvia, a Alemanha declarou guerra à Rússia e invadiu a Bélgica, e a Grã-Bretanha entrou no conflito contra a Rússia.

Alianças da Primeira Guerra Mundial

 A Tríplice Aliança era formada pelo Império Alemão, pelo Império Austro-Húngaro e pelo Reino da Itália.

As potências oponentes foram agrupadas em dois campos, que eram compostos da seguinte forma:

  • Triple Aliança. Era formada pelas chamadas Potências Centrais: o Império Alemão, o Império Austro-Húngaro e o Reino da Itália. Esse último, no entanto, mudou de lado no primeiro ano do conflito, e lutou contra o Império Otomano e a Bulgária. Outras nações se juntariam à aliança com base em suas relações com as Potências Centrais.
  • Tríplice Entente. Era formada pelo Reino Unido, pela França e pelo Império Russo. A Itália aderiu em 1915, seguida pelo Japão, Romênia e Estados Unidos. À medida que o conflito crescia, outras nações aderiram à aliança contra os Impérios Centrais.

Antecedentes da Primeira Guerra Mundial

Durante a “paz armada”, as potências investiram no desenvolvimento de suas indústrias bélicas.

Desde o final do século XIX, a Europa viveu um período conhecido como “paz armada”. As potências imperiais da Europa competiam entre si pelo poder econômico e territorial, e as tensões entre os Estados cresciam constantemente. Nesse contexto de conflito latente, as potências começaram a investir cada vez mais recursos na produção de armamentos e na expansão de seus exércitos.

Diante dessa situação, as diferentes potências começaram a tecer um sistema de alianças entre os Estados. Em 1882, formou-se a Tríplice Aliança, um acordo que comprometia a Alemanha, a Itália e o Império Austro-Húngaro a apoiar militarmente uns aos outros. Em 1907, a Rússia, a Grã-Bretanha e a França assinaram sua própria coalizão com o mesmo objetivo: a Tríplice Entente.

Nesse contexto, houve alguns fatores decisivos que levaram ao crescimento dos conflitos entre as potências:

  • Competição econômica. Com o desenvolvimento do capitalismo industrial, o poder dos Estados começou a ser medido por seus recursos materiais e produtivos. Sua capacidade de se impor a outras potências dependia, em grande parte, de sua capacidade econômica, industrial e financeira.
  • Imperialismo territorial. Nas últimas décadas do século XIX, as potências europeias procuraram ampliar sua influência política e econômica em regiões onde os Estados eram mais fracos. Por meio da ocupação militar, as potências europeias se afirmaram no continente africano e em muitas áreas da Oceania. As populações, os governos e as economias locais foram submetidos ao controle dos Estados europeus, que impuseram medidas para atender a seus próprios interesses.
  • Nacionalismo. Desde o século anterior, um novo tipo de identidade coletiva havia se consolidado na Europa: a identidade nacional. De acordo com as ideias nacionalistas, deveria haver uma correspondência direta entre território, unidade política e identidade cultural. Com base em representações do passado e do presente, criou-se a ideia de que os países deveriam ser compostos por unidades culturais homogêneas. Essa nova ideologia estava em conflito direto com a realidade das populações europeias, em que os Estados eram geralmente formados por entidades étnicas com origens e costumes diversos.
  • Interesses antagônicos. No mapa político da Europa, diferentes potências e países tinham interesses políticos antagônicos. Para algumas potências (como o Império Austro-Húngaro e a Grã-Bretanha), o objetivo era preservar seu poder diante do crescimento de outros Estados; outras visavam melhorar seu futuro (como a Itália e a Sérvia); já outras haviam sofrido grandes derrotas no passado recente e queriam restaurar seu poder (como a França, a Turquia e a Rússia).

Frentes da Primeira Guerra Mundial

A Batalha do Somme foi uma das batalhas mais sangrentas da Primeira Guerra Mundial.

A Grande Guerra ocorreu simultaneamente em várias frentes:

  • Frente ocidental. É a fronteira onde a França e a Grã-Bretanha se enfrentaram contra a Alemanha depois que esta invadiu a Bélgica e Luxemburgo. Depois disso, foram estabelecidas linhas de trincheiras que paralisaram as posições de ambos os lados. As principais batalhas nessa frente foram a Batalha de Marne, a Batalha de Verdun e a Batalha do Somme.
  • Frente oriental. Esse é o território onde a Alemanha e o Império Austro-Húngaro lutaram contra as tropas do Império Russo. Além das áreas de fronteira entre esses países, a frente abrangia o Reino da Polônia (invadido pela Alemanha), a região dos Cárpatos e a Armênia russa (com a incorporação do Império Otomano ao conflito). Entre as batalhas mais importantes dessa frente estão a Batalha de Tannenberg e a Batalha de Lodz.
  • Frente balcânica. É a região em que o Império Austro-Húngaro, o Império Otomano e a Bulgária lutaram contra a Sérvia, Montenegro e a Grécia.
  • Frente de Oriente Médio. Era composta principalmente por tropas britânicas que lutavam em uma tentativa de penetrar no Império Otomano e criar um corredor para a Rússia. A Palestina juntou-se a essa frente em 1916. A batalha mais notável foi a Batalha de Gallípoli.
  • Frente africana. As forças britânicas e francesas na África atacaram as colônias alemãs, criando um clima que foi explorado pela África do Sul para se juntar ao conflito e tomar o sudoeste da África em 1915.

Fim da Primeira Guerra Mundial

Em 1918, com o Tratado de Brest-Litovsk, a Rússia se retirou da guerra.

Em 1917, ocorreram dois eventos que mudaram o curso da guerra de forma decisiva. O Império Russo passou pela Revolução Russa, que depôs o czar e instalou um novo regime, governado pelos bolcheviques. O novo governo buscou uma saída para a guerra contra os Impérios Centrais e assinou o Tratado de Brest-Litovsk em 1918, segundo o qual a Rússia deveria ceder os territórios da Polônia, Lituânia, Estônia, Ucrânia e Finlândia.

Por outro lado, os Estados Unidos entraram diretamente no conflito, enviando armas, munição e alimentos para seus aliados França e Grã-Bretanha.

Diante desse desequilíbrio, a Alemanha realizou quatro ofensivas sucessivas, posicionando-se sobre a França e chegando a 60 quilômetros de Paris. No entanto, a contraofensiva unificada dos Aliados prevaleceu sobre o exército alemão.

Diante da exaustão e das contínuas derrotas, as tropas alemãs começaram a recuar e o desânimo se instalou. As pressões internas e os movimentos entre a população alemã forçaram o imperador Guilherme II a abdicar. Em 11 de novembro, um conselho do Governo Provisório alemão assinou o armistício com a França e a Grã-Bretanha, encerrando finalmente a guerra.

Consequências da Primeira Guerra Mundial

Os líderes das potências vitoriosas determinaram o novo mapa político da Europa.

Entre as principais consequências da Primeira Guerra Mundial estão as seguintes:

  • A reordenação do mapa europeu. Os tratados do pós-guerra estabeleceram a divisão de territórios e a criação de novos Estados, o que delimitou um novo mapa político da Europa. A Polônia surgiu como um novo Estado que funcionaria como um “Estado-tampão” entre a Alemanha e a Rússia. Os Impérios Centrais foram desmantelados: Áustria, Iugoslávia, Tchecoslováquia e Hungria surgiram como Estados autônomos. As possessões turcas no Oriente Médio passaram para as mãos dos britânicos. As colônias alemãs foram divididas entre os Estados vitoriosos.
  • A criação da Liga das Nações. Uma organização internacional foi criada pela primeira vez com o objetivo de evitar conflitos armados em grande escala no futuro. Embora a Liga das Nações tivesse um alcance limitado e não conseguisse atingir seu objetivo, foi um claro precedente para a criação das Nações Unidas após a Segunda Guerra Mundial.
  • As consequências sociais da guerra. A guerra resultou na morte de 10 milhões de soldados e 5 milhões de civis. Por outro lado, começou a ser reconhecido o espaço social conquistado pelas mulheres durante a guerra, cujo trabalho sustentou a produção industrial. Nos Estados Unidos, Bélgica, Alemanha, Holanda, Suécia, Áustria e Hungria, o sufrágio feminino foi aprovado.
  • As consequências econômicas da guerra. O cenário econômico europeu estava materialmente esgotado. Além dos níveis extremamente altos de destruição de indústrias, campos e cidades, os países derrotados tiveram de suportar condições de paz muito duras, o que os levou a repensar suas economias e a enfrentar terríveis tensões sociais. Os países vitoriosos, por outro lado, recuperaram seus antigos níveis de produção e fortaleceram seu papel como fornecedores industriais.
  • A hegemonia dos Estados Unidos. O governo dos Estados Unidos usou créditos e investimentos como uma ferramenta para apoiar as economias europeias, o que, por sua vez, permitiu que aumentasse sua influência nos países latino-americanos (compradores de produtos industriais europeus).

Tratado de Versalhes

No final da Grande Guerra, as potências fizeram vários acordos. O mais importante deles foi o Tratado de Versalhes, no qual vários pontos ficaram acordados:

  • Culpa da guerra. Ficou oficialmente estabelecida a responsabilidade da Alemanha e a destruição resultante da guerra. A Alemanha teve que reconhecer que sua agressão foi o que desencadeou o conflito.
  • Cláusulas territoriais. O novo arranjo do mapa político europeu foi estabelecido (embora muitas dessas cláusulas tenham sido baseadas em outros tratados assinados após o fim da guerra). Como potência derrotada, a Alemanha perdeu 13% do seu território europeu (onde viviam 6,5 milhões de pessoas) e todas as suas colônias, que foram divididas entre as potências vencedoras.
  • Cláusulas militares. O exército e a marinha alemães foram drasticamente limitados e a Renânia (a região alemã na fronteira com a França) foi desmilitarizada.
  • Reparações de guerra. As reparações de guerra foram impostas à Alemanha (o valor e a finalidade dos pagamentos foram estabelecidos no ano seguinte nas Conferências de Spa e Londres).
  • Liga das Nações. Foi estabelecido que uma organização internacional seria criada para mediar entre os países, a fim de evitar futuros confrontos. A Alemanha foi impedida de participar.

A dureza dessas condições e a humilhação sentida pelos alemães foram elementos fundamentais para o aprofundamento dos sentimentos nacionalistas na Alemanha e o crescimento do nacional-socialismo nazista na década seguinte.

Referências

  • Hobsbawn, E. J. (1998). Historia del siglo XX. Crítica
  • Tato, M. I., Bubello, J. P., Castello, A. M. y Campos, E. (2011). Historia de la segunda mitad del siglo XX. Estrada.
  • Gilbert, M., & Devoto, A. (2005). La primera guerra mundial. Esfera de los Libros.

Como citar?

As citações ou referências aos nossos artigos podem ser usadas de forma livre para pesquisas. Para citarnos, sugerimos utilizar as normas da ABNT NBR 14724:

KISS, Teresa. Primeira Guerra Mundial. Enciclopedia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/primeira-guerra-mundial/. Acesso em: 27 abril, 2024.

Sobre o autor

Autor: Teresa Kiss

Professora de História do ensino médio e superior.

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur)

Data da última edição: 18 fevereiro, 2024
Data de publicação: 16 novembro, 2023

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