Che Guevara

Vamos explicar quem foi “Che” Guevara, como foi sua vida e suas viagens pela América do Sul. Além disso, quais são suas características e posições políticas.

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Che foi um dos líderes revolucionários mais importantes de Cuba.

Quem foi “Che” Guevara?

Ernesto Guevara, mais conhecido como “Che” Guevara, foi um político e revolucionário argentino-cubano, também jornalista, escritor e militar.

Desempenhou um papel importante na Revolução Cubana (1953–1959) liderada por Fidel Castro. Foi um dos líderes revolucionários mais importantes de Cuba na época, junto a Fidel e Raúl Castro, Huber Matos e Camilo Cienfuegos.

É uma figura controversa, admirada por alguns e rejeitada por outros. Isso se deve à sua participação como promotor de guerrilhas comunistas em vários países do Terceiro Mundo. Essa militância o transformou em um ícone de relevância mundial para a esquerda revolucionária e a luta anti-imperialista.

O retrato de Che Guevara tirado pelo fotógrafo Alberto Korda (que ilustra este artigo) é um dos retratos mais famosos e mais reproduzidos do mundo. Em parte, é usado em seu contexto ideológico original, mas também para reinterpretações, apropriações e merchandising: roupas, bonés, pôsteres etc.

Nascimento de Che Guevara

Ernesto Guevara nasceu na cidade de Rosário, Argentina, em 14 de junho de 1928.

Era o filho mais velho dos cinco filhos de Ernesto Guevara Lynch e Celia de la Serna, que pertenciam à aristocracia argentina.

De acordo com algumas versões, Che seria descendente de José de la Serna e Hinojosa, o último vice-rei espanhol de Lima.

Che teve uma infância próspera, embora fosse atormentado por frequentes crises de asma.

Tinha acesso a livros e se dedicava tanto a romances de aventura quanto à poesia. Mais tarde, estudou medicina na Universidade de Buenos Aires. Não se sabe se participou ativamente de movimentos estudantis ou do peronismo, movimento pelo qual, no entanto, nutria simpatia.

Viagens pela América do Sul

Che era um viajante entusiasmado, comprometido com a ideia de percorrer a América Latina e conhecê-la melhor, longe dos circuitos turísticos tradicionais. Assim, fez uma viagem pelo noroeste da Argentina em 1950, sozinho, em uma motocicleta Cucciolo, que seria o prelúdio de suas grandes viagens continentais.

  • Primeira viagem à América Latina. Em 1952, Che e seu amigo Alberto Granado fizeram uma viagem de sete meses de motocicleta. Saíram de Córdoba (Argentina) para o sul, entraram no Chile pela Patagônia e viajaram até o norte. Em seguida, entraram no Peru, visitaram Cusco, Machu Picchu e o Vale Sagrado dos Incas. Depois, Lima, Iquitos e voaram de hidroavião até Bogotá, em meio à violência colombiana. De lá, partiram de ônibus para Caracas, e Ernesto retornou a Buenos Aires em um voo com escala em Miami.
  • Segunda viagem à América Latina. A segunda viagem de Che ocorreu entre 1953 e 1954, dessa vez com seu amigo de infância Carlos Ferrer. O objetivo era retornar a Caracas, onde Alberto Granado ainda o aguardava. Saíram de Buenos Aires de trem para a Bolívia, ficando em La Paz, em meio ao processo revolucionário de 1952. Em seguida, refizeram sua rota para o Peru (Cusco, Machu Picchu, Lima) e de lá para Guayaquil, no Equador, de ônibus. Lá eles mudaram de rota: Ernesto decidiu ir para a Guatemala para testemunhar a Revolução do Coronel Jacobo Arbenz, então se separou do amigo e foi para o Panamá, depois para Costa Rica, Nicarágua (pedindo carona), Honduras e El Salvador. Quando finalmente chegou à Guatemala, permaneceu lá por pouco mais de nove meses.

Relacionamento com Fidel e Raúl Castro

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Che conheceu os irmãos Castro no México, onde estava morando desde 1954.

Che conheceu os irmãos Castro no México, depois de morar lá por dois anos desde 1954. Logo se juntou ao Movimento 26 de Julho que Fidel Castro e seu irmão Raúl (que era um fervoroso militante comunista) estavam promovendo para retomar a ilha de Cuba do regime ditatorial de Fulgêncio Batista.

Sua amizade com os Castro durou muitos anos. Envolveu-se na guerra de guerrilha e na militância revolucionária, levando o Che até mesmo a ocupar um cargo público no governo revolucionário cubano, pois era considerado um homem de extrema confiança.

Participação na Revolução Cubana

che Guevara
Durante a Revolução Cubana, Che foi o comandante da “Quarta” Coluna.

O Che estava entre as fileiras dos guerrilheiros revolucionários cubanos depois que o Granma desembarcou no Golfo de Guacanayabo. Permaneceu com os “barbudos” durante os três anos em que eles resistiram na Sierra Maestra, no sul da ilha.

Durante esse período, atuava como médico de campanha e comandante da “Quarta” Coluna (na verdade, era a segunda), que ele batizou de “descamisados”, em homenagem ao termo usado por Eva Perón. Lá ele também criou a Rádio Rebelde em 1958, uma estação de rádio clandestina destinada a fomentar a resistência à ditadura.

Após o triunfo da Revolução, Guevara participou dos julgamentos sumários dos oficiais da ditadura que foram considerados criminosos de guerra. Muitos desses julgamentos resultaram em fuzilamentos.

Centenas de pessoas foram condenadas nesses “julgamentos revolucionários”. Os mesmos foram endossados publicamente pelo Che, que presidia o tribunal revolucionário de justiça, e suas audiências eram públicas.

Cargos oficiais em Cuba

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Entre outros cargos, Che foi encarregado de missões diplomáticas na China e na URSS.

Guevara participou da elaboração de leis de Reforma Agrária, da criação da Prensa Latina (uma mídia revolucionária e internacional) e como embaixador da Revolução, com viagens diplomáticas a outros países do Terceiro Mundo. Em todos esses cargos não oficiais, ele provou ser um defensor das opções mais radicais.

Mais tarde, em meio à polarização e à ameaça internacional, foi responsável pela organização do Departamento de Industrialização do INRA, que mais tarde se tornou o Ministério da Indústria. Em 1959, foi nomeado presidente do Banco Nacional de Cuba, época em que surgiram cédulas de dinheiro assinadas com seu apelido: “Che”.

A partir dessas instituições, ele defendeu a expropriação e a nacionalização de indústrias privadas e o planejamento de uma economia centralizada. Mais tarde, foi encarregado de missões diplomáticas na China e na URSS.

Internacionalização da revolução

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Depois de deixar Cuba, Che foi para a República Democrática do Congo.

Guevara, como muitos comunistas, considerava a revolução um assunto internacional. Na Guatemala, Nicarágua, Peru, Colômbia, Venezuela e Argentina foram fomentadas insurgências armadas, a maioria sem sucesso.

Mesmo diante da oposição dos partidos comunistas locais, Guevara acreditava que a internacionalização da revolução era urgente e necessária. Isso acabou levando-o a deixar Cuba no final de 1964, depois de renunciar a seus cargos públicos e à nacionalidade cubana.

Partiu para a África, e seu primeiro destino foi a República Democrática do Congo. Seus esforços nesse país africano foram um fracasso retumbante e, após um breve e secreto retorno a Cuba, Che decidiu lançar uma insurreição guerrilheira na Bolívia, onde chegou em 1966.

Como Che Guevara morreu?

Após sua chegada à Bolívia, Che Guevara foi ferido em combate e capturado pelas forças da ditadura militar boliviana de René Barrientos, que contava com o apoio da CIA.

Sua morte em combate foi anunciada publicamente, embora atualmente se saiba que a ordem para executá-lo foi dada ao meio-dia de 9 de outubro de 1967. Há dúvidas e versões sobre a responsabilidade dos Estados Unidos por essa decisão.

Condecorações e prêmios

Che Guevara
Che foi declarado cidadão ilustre da cidade de Rosário.
  • Ordem da República do Egito, em 1959.
  • Ordem do Leão Branco, Primeira Classe, na Tchecoslováquia, em 1960.
  • Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, no Brasil, em 1961.
  • Ordem da Grande Revolução do Primeiro de Setembro, Líbia, 1990 (postumamente).
  • Foi declarado postumamente cidadão ilustre da cidade de Rosário em 2002.
  • Ordem de Augusto César Sandino no grau Batalha de San Jacinto, na Nicarágua, em 2008 (póstumo).

A ideologia de Che Guevara

O pensamento de Che é frequentemente resumido sob o rótulo de “Guevarismo”. É um amálgama de anti-imperialismo, marxismo e comunismo, no qual a luta armada exercia um papel fundamental.

O campesinato, a reforma agrária e a luta rural foram fundamentais para sua ideologia. Por esse motivo, diferia do marxismo europeu, que era mais centrado na classe trabalhadora, e estava mais próximo do maoísmo. Também valorizava a ética individual do revolucionário, que deveria motivar o indivíduo para o bem comum e a solidariedade.

Frases de Che Guevara

Che Guevara-frases
“O capitalismo é o genocida mais respeitado do mundo.”
  • “É melhor morrer de pé do que viver de joelhos.”
  • “O verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor.”
  • “Se eu avançar, me siga; se eu parar, me empurre; se eu recuar, me mate.”
  • “Se você for capaz de tremer de indignação toda vez que uma injustiça for cometida no mundo, somos parceiros.”
  • “O capitalismo é o genocida mais respeitado do mundo.”

Referências

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Farías, Gilberto. Che Guevara. Enciclopédia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/che-guevara/. Acesso em: 5 de outubro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Gilberto Farías

Licenciado em Letras (Universidad Central de Venezuela)

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur)

Data da última edição: 23 de setembro de 2024
Data de publicação: 23 de novembro de 2023

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