Bolívia

Vamos explicar tudo sobre a Bolívia e as suas características físicas e culturais. Além disso, como é a economia, religião e história deste país.

Bolivia
A Bolívia é um dos dois países da América do Sul que não tem saída para o mar.

Bolívia

A Bolívia é um Estado nacional cujo nome oficial é Estado Plurinacional da Bolívia. A sua denominação de plurinacional se deve à presença no seu território de múltiplas etnias indígenas, como os aimarás, quéchuas, yuracarés e ayoreos (ou morotocós).

É um país soberano da América do Sul, localizado na região central do subcontinente. Limita-se ao norte e ao leste com o Brasil, ao sul com Argentina e Paraguai, e ao oeste com Chile e Peru. É um dos dois países da América do Sul que não tem saída para o mar.

Tem uma área de 1 098 000 quilômetros quadrados, o que o torna o quinto país mais extenso da América do Sul. A sua população é de 12 milhões de habitantes, por isso é o oitavo país mais populoso do subcontinente.

Nesta região, tiveram origem importantes culturas pré-colombianas como os Tiwanaku ou a cultura Moxo. Posteriormente foi dominada pelo Império Incaico, e submetida anos mais tarde pelo império espanhol no século XV.

A democracia boliviana se exerce de diferentes formas, de acordo com a sua constituição de 2009: é uma democracia participativa (se exerce mediante referendos, assembleias, conselhos governamentais e consultas prévias), representativa (seus representantes são eleitos por voto secreto, direto e universal) e comunitária (os representantes pertencem às diversas comunidades indígenas camponesas).

Por que o país é chamado assim? O nome “bolívia” vem de Simón Bolívar, um dos maiores heróis da independência dos países sul-americanos. O nome do país foi eleito pelo congresso constituinte boliviano em 1825 em reconhecimento ao líder venezuelano.

Características da Bolívia

  • A sua população é de 12 milhões de habitantes.
  • Tem uma área de 1 098 000 quilômetros quadrados, o que representa uma densidade populacional de 10,9 habitantes por quilômetro quadrado.
  • Tem duas capitais: uma oficial, a cidade de Sucre, e uma administrativa, a cidade de La Paz.
  • Os climas predominantes são a savana tropical quente nas áreas planas e temperado subúmido de montanha e temperado frio nas zonas montanhosas.
  • Seu relevo é formado por montanhas e vulcões que fazem parte da cordilheira dos Andes no oeste, e por planícies no leste.
  • As 36 línguas nativas faladas no país, além do espanhol, são consideradas como línguas oficiais pelo Estado boliviano.
  • A religião predominante é a católica.
  • As suas principais atividades econômicas são a agricultura, a exploração mineira e o turismo.
  • Sua moeda é o boliviano (BOB).

Extensão, população e capital da Bolívia

Bolivia - La Paz
Apesar de Sucre ser a capital da Bolívia, La Paz é considerada a sede do Estado.

A Bolívia tem uma extensão de 1 098 000 quilômetros quadrados. Tem uma população de 12 milhões de habitantes e uma densidade populacional de 10,9 habitantes por quilômetro quadrado.

De acordo com o estabelecido na Constituição Boliviana, a capital da nação é a cidade de Sucre, originalmente chamada Chuquisaca ou La Plata pelos conquistadores espanhóis. A cidade foi renomeada em 1825 em homenagem ao Grande Marechal de Ayacucho, o venezuelano Antonio José de Sucre, primeiro presidente do país e organizador de seu sistema constitucional republicano. É uma cidade de cerca de 300 mil habitantes, localizada na região sul do país.

A cidade de La Paz é a sede administrativa do Estado e seu epicentro político, cultural e financeiro. Tem 950 mil habitantes e, situada a cerca de 3650 metros acima do nível do mar, é a capital mais alta do mundo.

A Bolívia está dividida em 9 departamentos provinciais, que por sua vez se subdividem em províncias. Os departamentos mais populosos são Santa Cruz, La Paz e Cochabamba, que concentram 70% da população do país. A cidade mais populosa não é nenhuma de suas duas capitais, mas Santa Cruz de la Sierra, com 1 000 900 habitantes. A segunda mais povoada é El Alto, que se encontra na área metropolitana de La Paz, e conta com 1 milhão e 100 mil habitantes.

Clima, relevo e hidrografia da Bolívia

O território boliviano abrange as bacias dos lagos Titicaca e Poopó.

O clima predominante do território da Bolívia é o tropical de savana, que se estende nas regiões baixas e orientais do país. Caracteriza-se por temperaturas elevadas durante todo o ano e de um regime de precipitação com uma longa estação seca nos meses de inverno.

Nas zonas montanhosas próximas à cordilheira dos Andes, destaca-se o clima temperado subúmido de montanha, caracterizado por precipitações mais abundantes, mas também concentradas no verão e temperaturas mais baixas por efeito da altitude.

Nas zonas mais altas da cordilheira e na região do altiplano o clima é temperado árido e frio, com temperaturas reduzidas pela altitude e precipitações que não excedem os 250 milímetros por ano.

O relevo da Bolívia pode ser dividido em quatro grandes regiões:

  • Os Andes. É uma cadeia montanhosa que atravessa o país em sua extremidade ocidental e se ramifica em várias cordilheiras, como a cordilheira Ocidental, a cordilheira Central e a cordilheira Oriental, conformadas por montanhas e vulcões em atividade. É também uma zona sísmica ativa por estar na borda das placas Sul-Americanas e de Nazca. Seu ponto mais alto é o nevado Sajama, no departamento de Oruro, com 6542 metros de altitude.
  • O altiplano. É um extenso planalto situado a uma grande altitude na cordilheira dos Andes. Esta região, que compartilha com o Chile e a Argentina, encontra-se a uma altitude média de cerca de 3800 metros sobre o nível do mar. Nela, estão os lagos de altura como o Titicaca e o salar de Uyuni, o mais extenso do mundo, com quase 11 mil quilômetros quadrados.
  • A floresta de Yungas. São áreas montanhosas de menor altitude, que se encontram atravessadas por vales fluviais e cobertas de florestas tropicais úmidas. Estão localizadas ao leste do altiplano, em direção à região oriental da Bolívia.
  • As planícies. São áreas baixas e onduladas, cobertas por densas florestas tropicais e atravessadas por numerosos rios. Encontram-se na região norte e nordeste da Bolívia e fazem parte da bacia amazônica.

Os rios das planícies da Bolívia se caracterizam por serem extensos e com grande fluxo de água. Os mais importantes são o rio Madre de Dios, o Beni, o Mamoré e o Iténez, que fazem parte da bacia do rio Amazonas. Outros rios importantes são o Paraguai e o Pilcomayo.

Na zona do altiplano os rios são mais curtos e com menos fluxo de água. Destacam-se a presença de dois grandes lagos de altura, o Titicaca e o Poopó. Além disso, ali se encontra o salar de Uyuni, o maior do mundo, e o salar de Coipasa.

“A estrada da morte” O caminho que unia a cidade de La Paz, no altiplano, com a cidade de Coroico, na floresta de Yungas, tinha um desnível de 3600 metros de altura em 64 quilômetros de extensão. Sua elevada inclinação, os desmoronamentos frequentes e a sua escassa largura (apenas havia espaço para que passassem dois carros), somado ao fato de que quase nenhuma parte do trajeto tinha corrimão de proteção, fizeram que fosse batizada como “A estrada da morte” pela grande quantidade de acidentes fatais que se produziam. Na atualidade, foi substituída por uma nova estrada mais segura, e o velho caminho de La Paz a Coroico se utiliza unicamente para realizar turismo de aventura com bicicleta.

Cultura da Bolívia

Embora o espanhol seja o idioma mais falado pela população da Bolívia, suas 36 línguas originárias são consideradas oficiais pelo Estado plurinacional. Como a maioria das colônias espanholas na América do Sul, sua religião predominante é a católica, embora haja uma porcentagem importante da população que é protestante.

Os ritmos tradicionais, como a cueca e paceña, o tinku, os diabos e a kullawada são expressões musicais características do país. Entre os expoentes máximos da música boliviana estão Gladys Moreno, Asuntita Limpas e Orlando Rojas.

Quanto à pintura, destacam-se Marina Núñez del Prado e Roberto Mamani Mamani, cujas obras representam a cultura andina e a cosmovisão dos povos originários do país.

No âmbito da literatura, destacam-se Adela Zamudio, pioneira do feminismo da América Latina do século XIX, e Jaime Saenz, um dos escritores bolivianos mais importantes do século XX.

Quanto à gastronomia, a Bolívia oferece uma ampla variedade de pratos típicos. Entre os mais destacados estão o silpancho, uma preparação de carne servida sobre arroz, ovo e batatas, e a llajwa, um molho forte à base de tomate e pimenta, que se utiliza como acompanhamento em muitas refeições.

Símbolos pátrios da Bolívia

Desde 1851 a bandeira boliviana tem três faixas horizontais: de cor vermelha, amarela e verde.

Os símbolos pátrios da Bolívia são:

  • A Bandeira. Foi adotada em 1851 e consta de três faixas horizontais de cores vermelho, amarelo e verde. Na faixa amarela do meio se encontra o brasão do país.
  • A Whipala. Foi oficialmente adotada pelo Estado Plurinacional da Bolívia em 2009. É composta por quadros de sete cores: vermelho, laranja, amarelo, branco, verde, azul e violeta.
  • O Hino Nacional. Originalmente intitulado “Canção patriótica”, foi escrito por José Ignacio de Sanjinés e música de Leopoldo Benedetto Vincenti. Estreou-se em La Paz, em frente ao Palácio do Governo, em 1845 e foi oficializado em 1851.
  • O Brasão. Mostra um sol nascente atrás do cerro de Potosí e o cerro menor na parte superior, e ainda uma chama branca, a capela do Sagrado Coração de Jesus, um feixe de trigo e uma palmeira na parte inferior. Tudo se encontra dentro de uma forma ovalada de cor azul com um filete dourado e a palavra “Bolívia” de amarelo junto a dez estrelas. A cada lado estão as bandeiras nacionais, um canhão, dois fuzis, um machado, uma toca e um condor dos andes.

Atividades econômicas da Bolívia

O salar de Uyuni é o mais extenso do mundo.

As atividades econômicas mais importantes da Bolívia são:

  • A agricultura. Os principais produtos agrícolas que a Bolívia produz são soja, cana-de-açúcar, arroz, milho e trigo. Além disso, é o segundo produtor mundial de quinoa, depois do Peru.
  • A mineração. É uma atividade econômica tradicional da Bolívia. Destaca-se a produção de zinco, prata, chumbo e ouro, é o quarto produtor mundial de estanho e um dos principais produtores mundiais de gás natural.
  • O turismo. A cultura do país e as suas paisagens naturais são muito atraentes para o turismo internacional. Os destinos mais visitados da Bolívia são o salar de Uyuni, o lago Titicaca, as ruínas de Tiwanaku, os carnavais de Oruro e o Parque Nacional Madidi.
  • Sua moeda oficial é o boliviano (BOB), e seus principais parceiros comerciais são a China, o Brasil, a Argentina e a Índia.

História da Bolívia

Bolivia - Ayacucho Antonio José de Sucre
Antonio José de Sucre foi o primeiro presidente da Bolívia.

As culturas chiripa e wankarani foram algumas das mais importantes da época pré-colombiana na Bolívia. Seus vestígios se remontam ao 1500 a.C. Posteriormente, fortaleceu a cultura tiwanaku em torno do lago Titicaca, que dominou partes da Bolívia, Peru, norte do Chile e noroeste da Argentina. O colapso de tiwanaku em torno de 1100 d.C. levou ao crescimento dos grupos aimarás.

O altiplano boliviano foi conquistado no século XV pelo Império Inca, que impôs alguns aspectos culturais, mas também respeitou a língua e a identidade aimarás. Por esta razão, hoje em dia persistem na Bolívia as línguas quéchua (do Império Inca) e aimarás. Com a conquista espanhola do século XVI, a região ficou submetida ao Império Espanhol como parte do vice-reinado do Peru.

A dominação colonial no que hoje é a Bolívia se dedicou predominantemente à mineração. Os depósitos de prata de Potosí foram principalmente trabalhados por mão de obra indígena. A região respondia à autoridade da Real Audiência de Charcas, com sede em La Paz, e foi uma das mais prósperas e densamente povoadas do império espanhol. Em 1776, passou ao vice-reinado do Rio de la Plata e começou a ser chamada de Alto Peru.

No século XVIII se produziram alguns assentamentos indígenas, como o que dirigiu Túpac Amaru II, e em 1809 se desenvolveram sublevações em Chuquisaca e em La Paz. A luta entre patriotas e realistas terminou com a vitória das tropas de Simón Bolívar e de Antonio José de Sucre, que levou à declaração da independência do Alto Peru em 1825. A assembleia de deputados proclamou a existência da República de Bolívar, em homenagem ao “Libertador”, e pouco depois mudou seu nome para Bolívia. Sucre assumiu como seu primeiro presidente.

O século XIX e grande parte do XX se caracterizaram pela instabilidade política, incluindo uma guerra contra o Chile, na qual a Bolívia e o Peru perderam territórios (1879–1883), e uma guerra contra o Paraguai (1932–1935), na qual ambos os países sofreram grandes perdas humanas.

Desde 1982, sucederam-se governos eleitos democraticamente e, em 2009, durante a presidência de Evo Morales, foi adotado o nome oficial de Estado Plurinacional da Bolívia.

Continue com:

Referências

Como citar?

Citar a fonte original da qual extraímos as informações serve para dar crédito aos respectivos autores e evitar cometer plágio. Além disso, permite que os leitores acessem as fontes originais que foram utilizadas em um texto para verificar ou ampliar as informações, caso necessitem.

Para citar de forma adequada, recomendamos o uso das normas ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que é uma entidade privada, sem fins lucrativos, usada pelas principais instituições acadêmicas e de pesquisa no Brasil para padronizar as produções técnicas.

Sposob, Gustavo. Bolívia. Enciclopédia Humanidades, 2024. Disponível em: https://humanidades.com/br/bolivia/. Acesso em: 5 de novembro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Gustavo Sposob

Professor de Geografia do ensino médio e superior (UBA).

Traduzido por: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ)

Data da última edição: 29 de julho de 2024
Data de publicação: 22 de julho de 2024

Esta informação foi útil para você?

Não

    Genial! Obrigado por nos visitar :)