Vamos explicar o que é o Dia da Raça, como foi a descoberta da América e quais são as características gerais desta celebração.
O que é o Dia da Raça?
Em muitos países latino-americanos foi chamado Dia da Raça o dia em que se comemora a descoberta da América por parte de navegantes espanhóis.
Esta descoberta ocorreu em 12 de outubro de 1492 pela tripulação comandada pelo almirante genovês Cristóvão Colombo (cujo nome em italiano era Cristoforo Colombo).
A primeira viagem de Colombo partiu do porto de Palos (Andaluzia, Espanha) em 3 de agosto de 1492 e durou um pouco mais de dois meses. Este fato inaugurou um processo de conquista de terras habitadas por populações indígenas.
A conquista da América comemora-se tanto na Espanha como na América porque significou uma mudança importante em ambas as regiões e na história mundial, e incidiu na forma que adquiriram os países americanos nos séculos seguintes.
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A origem da expressão
A expressão “Dia da Raça” para comemorar o dia 12 de outubro foi idealizada pelo ministro espanhol Faustino Rodríguez-San Pedro. Em 1914 essa data foi comemorada como “Festa da Raça Espanhola” enquanto que em 1915 foi usado pela primeira vez o termo “Dia da Raça”.
A ideia por trás desta celebração era exaltar uma raça comum criada entre os conquistadores espanhóis e os nativos americanos, produto dos trabalhos civilizadores dos europeus. Também buscava fortalecer as relações diplomáticas entre as nações americanas e a Espanha e integrar os crioulos em uma mesma festa com os imigrantes que chegavam à América no final do século XIX e início do século XX.
Algumas outras denominações para essa data
Atualmente o nome “Dia da Raça” foi substituído por outras expressões na maioria dos países que ainda comemoram a data. Na Espanha festeja-se o Dia da Hispanidade desde 1958, atualmente denominado Festa Nacional da Espanha.
Na América, algumas destas denominações tendem a afastar-se da conotação racial da expressão original e a destacar o encontro entre culturas, ou seja, a diversidade em vez da unidade, enquanto outras celebram a resistência das populações indígenas contra a conquista espanhola. Por exemplo:
- Argentina: Dia do Respeito à Diversidade Cultural (desde 2010).
- Bolívia: Dia da Descolonização (desde 2011).
- Costa Rica: Dia do Encontro de Culturas (desde 1994, embora atualmente não seja considerado feriado).
- República Dominicana: Dia do Encontro entre duas Culturas e Dia da Identidade e Diversidade Cultural.
- Equador: Dia da Interculturalidade e Plurinacionalidade (desde 2011).
- México: Dia da Nação Pluricultural (desde 2020).
- Nicarágua: Dia da Resistência Indígena, Negra e Popular (desde 2007).
- Peru: Dia dos Povos Originários e do Diálogo Intercultural (desde 2009, embora não seja feriado).
- Venezuela: Dia da Resistência Indígena (desde 2002).
O dia da Raça no Brasil
No Brasil, existe três datas muito importantes que celebram a raça. O Dia da Raça, que se comemora no dia 05 de setembro, que tem como objetivo enaltecer a identidade cultural brasileira e todos os imigrantes que contribuíram para a formação da “raça brasileira”. A segunda data importante para o país é o Dia dos Povos Indígenas que se comemora no dia 19 de abril, celebrando a diversidade cultural dos povos indígenas no Brasil, além de contribuir para a preservação da cultura e da história dessas comunidades anualmente. Foi criado durante o Estado Novo, em 1943, com o nome de Dia do Índio. A alteração aconteceu por meio de uma lei sancionada em 2022. Essa data serve ainda como momento de reflexão sobre a luta contra o preconceito em relação aos indígenas e pela manutenção de seus direitos.
A terceira data importante é o dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra que celebra a conscientização sobre a força, a resistência e o sofrimento que a população negra viveu no Brasil desde a colonização. Durante o período colonial, aproximadamente 4,6 milhões de africanos foram trazidos ao país para trabalhar na condição de escravos, primeiramente em lavouras de cana-de-açúcar e no serviço doméstico, e posteriormente na mineração e em outras lavouras. Foi o último país do Ocidente a abolir o regime de escravidão. O personagem principal dessa conscientização foi Zumbi dos Palmares, o grande mártir da luta negra brasileira
A polêmica pela festividade
A ideia original de celebrar um dia da raça como o início da empresa de conquista dos espanhóis na América partia de uma avaliação positiva dessa conquista e relegava as populações indígenas a uma posição passiva que ocultava os fatos de violência que caracterizaram o processo.
Durante os festejos pelos 500 anos da chegada de Colombo à América (em 1992) surgiram debates sobre o modo de denominar o fato habitualmente referido como “descoberta”. O conceito de “encontro de dois mundos” proposto naqueles anos pela UNESCO supunha reconhecer a importância de europeus e indígenas no intercâmbio cultural que se seguiu à expedição de Colombo. No entanto, esta denominação foi contestada pela omissão das guerras e outras formas de violência e imposição que atravessaram o período e determinaram, em muitos casos, a destruição de culturas autóctones.
A substituição do termo “raça” na comemoração de 12 de outubro em muitos países da América fundamentou-se na necessidade de evitar o racismo característico de alguns olhares europeus sobre os indígenas americanos e na busca por dar visibilidade às culturas nativas.
A conquista da América
O patrocínio dos Reis Católicos
Cristóvão Colombo apresentou seu projeto de viagem a Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela, a quem o papa Alexandre VI chamou “os Reis Católicos”. Esta denominação deveu-se à adesão de ambos os reis à fé católica e à sua conquista dos territórios da península Ibérica que permaneciam ocupados pelos muçulmanos (concretamente o Reino de Granada que foi vencido no mesmo ano da chegada de Colombo à América).
Ao longo dos anos, os Reis Católicos anexaram também outros territórios, como o Reino de Navarra, as ilhas Canárias e Melilha. O financiamento da expedição de Colombo se enquadrava nesta política expansiva que buscava, entre outras coisas, estender e controlar as rotas de intercâmbio.
O projeto de Colombo era alcançar o território asiático navegando para o oeste, mas a chegada ao continente americano — desconhecido pelos europeus mas habitado por populações autóctones — modificou radicalmente os objetivos da coroa espanhola e promoveu a conquista e colonização da América.
- Veja também: Reis Católicos
As motivações econômicas e religiosas
A Espanha e outros países europeus mantinham relações comerciais com populações asiáticas. No entanto, as viagens encareciam o intercâmbio comercial, já que o Império Otomano controlava o Mediterrâneo oriental e rodear o enorme continente africano era uma travessia difícil.
O projeto de Colombo tinha como objetivo explorar uma rota alternativa para chegar aos territórios asiáticos.
Mas tanto Colombo como os Reis Católicos tinham motivações religiosas: o objetivo não era apenas expandir o comércio europeu, mas levar o cristianismo às populações pagãs da Ásia. Quando se chegou a terras americanas, fomentou-se a exploração de recursos e mão de obra, mas também se impulsionou a evangelização das populações indígenas.
Os desafios da viagem de Colombo
A observação de que a Terra tinha forma esférica estava difundida em todos os âmbitos eruditos do século XV. No entanto, em geral, argumentou-se que o percurso a percorrer para chegar à Ásia, iniciando uma viagem para o oeste, podia ser muito maior do que o que requeria rodear o continente africano, porque um projeto como o de Colombo, para alguns, representava um risco desnecessário.
Além disso, argumentou-se que a vantagem de rodear um continente como o africano era que se podia obter comida e qualquer outro recurso necessário se mantendo perto da costa. Pelo contrário, navegar para o oeste significava percorrer grandes distâncias no que se supunha que era mar aberto.
Colombo calculou que a distância entre as ilhas Canárias e o Japão era inferior a 5000 quilômetros, enquanto a distância real era de 19 600 quilômetros. Isto significa que, sem o continente americano, toda a tripulação teria morrido no mar por não ter comida suficiente para completar a viagem.
As embarcações e o primeiro avistamento
A primeira viagem de Colombo foi realizada por três caravelas:
- A Santa Maria Santíssima. Era a embarcação capitã da expedição e a de maior tamanho (alguns pesquisadores acreditam que não era uma caravela mas uma nau), com mais de trinta tripulantes. Sua madeira foi usada para construir o primeiro assentamento espanhol na América, o forte Natal em La Española.
- A Menina. acredita-se que tinha menos de vinte tripulantes.
- La Pinta. Acredita-se que tinha cerca de vinte e cinco tripulantes.
O primeiro europeu a ver terra americana foi Rodrigo de Triana, um marinheiro de La Pinta. Foi às duas da manhã de 12 de outubro. A terra observada era a ilha Guanahani nas Antilhas. Atualmente, pensa-se que as populações vikings chegaram ao território americano muito antes, mas chegaram ao extremo nordeste do continente.
Os nomes da América
Ao chegar às Antilhas, Colombo acreditou ter chegado à Ásia, razão pela qual se conheceu a América como “as Índias” (posteriormente Índias ocidentais) e seus habitantes como “índios”. Também lhe foi dado o nome de “Antípodas” e os portugueses adotaram os termos “Vera Cruz” e “Terra de Santa Cruz” para referir-se ao litoral do Brasil.
Quando ficou claro que se tratava de um continente previamente desconhecido, passou a ser conhecido como “Novo Mundo”. Adquiriu o nome da América em 1507 em homenagem ao Américo Vespúcio, o primeiro explorador que parece ter sustentado que aquelas terras correspondiam a um continente diferente da Ásia.
- Continue com: Comércio colonial
Referências
- "Cristóbal Colón" em Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes (s.f.).
- "Christopher Columbus" Flint, V. I. J. (2022) em Encyclopedia Britannica.
- "El 12 de octubre en la memoria colectiva" Instituto de Historia Argentina y Americana Dr. E. Ravignani. (s.f.).
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