Período Clássico

Vamos explicar o que foi o Período Clássico e a sua periodização. Além disso, quais são as suas características gerais e como terminou.

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O Período Clássico corresponde ao florescimento da civilização greco-romana.

O que é o Período Clássico?

O “Período Clássico” ou “Antiguidade Clássica” é um período da história localizado entre a Alta Antiguidade (quando surgiram as primeiras civilizações do Antigo Oriente Próximo) e a Baixa Antiguidade (a transição para a Idade Média).

Este período corresponde ao florescimento da cultura greco-romana, localizada na bacia do Mediterrâneo e nas margens do Oriente Próximo. Inclui o tempo em que a civilização grega atingiu seu apogeu artístico, filosófico, arquitetônico e econômico e o desenvolvimento do Período Helenístico, durante o qual a cultura grega se espalhou pelo Oriente e foi, por sua vez, influenciada por elementos culturais das culturas locais.

Inclui também o desenvolvimento da cultura romana na Península Itálica e sua conquista da região do Mediterrâneo e do Oriente Próximo.

Ambas as civilizações constituem um antecedente fundamental da cultura ocidental atual, devido ao fato de que dentro delas foram criadas instituições, práticas e formas de pensar que continuaram a influenciar as sociedades europeias durante séculos.

Localização do Período Clássico no tempo

O Período Clássico começou no século V a.C., com o fim da guerra entre as cidades-Estado da Grécia Antiga e o Império Persa. Os exércitos gregos saíram vitoriosos sobre os invasores persas. Assim, um novo senso de grandeza e confiança cultural foi estabelecido entre seus habitantes.

Dependendo das fontes consultadas, este início pode ter sido ainda mais cedo, no século VIII a.C., com a mítica fundação de Roma em 753 a.C.

Da mesma forma, o Período Clássico culmina no século V d.C. com a cristianização do Império Romano Ocidental, sua queda e desintegração diante da invasão dos povos germânicos do norte e leste da Europa. Este foi o início da Idade Média.

Grécia Clássica (510-330 a.C.)

Entre os séculos VI e IV a.C., a pólis grega desfrutou de um período de esplendor, riqueza econômica e desenvolvimento cultural. Tebas, Atenas, Corinto, Mileto e Esparta se destacaram nos seus avanços artísticos, arquitetônicos e militares. Também aprofundaram os conhecimentos matemáticos, filosóficos e da natureza. Em Atenas, o período entre 490 e 404 a.C. é conhecido como o Século de Ouro, devido ao seu esplendor cultural, político e econômico.

As principais características do apogeu da Cultura Grega foram as seguintes:

  • Filosofia. A disciplina da filosofia nasceu no século VI a.C., e atingiu seu apogeu durante o século V a.C. Os pensadores questionavam a origem da vida e o funcionamento da natureza, e enalteciam o pensamento racional a fim de conhecer e compreender o mundo em que viviam. Platão e Aristóteles, entre outros filósofos, são expoentes da filosofia grega clássica.
  • O estudo da natureza. Outros pensadores, como Heráclito, Zenão, Anaxágoras, Parmênides e Empédocles estudaram outros temas relacionados à natureza (como astronomia e botânica).
  • Medicina. A partir desta época, datam os estudos de Alcméon e Hipócrates, que investigaram o corpo humano e desenvolveram importantes avanços na medicina.
  • Artes. Durante o período clássico, as artes eram muito incentivadas. Algumas cidades, como Atenas, tornaram-se centros de desenvolvimento artístico, tanto para as artes visuais (como a escultura) quanto para as artes cênicas (como o teatro). A arquitetura de Fídias e as peças de Sófocles, Ésquilo e Eurípedes datam deste período.
  • Política. Cada pólis manteve sua independência política e estabeleceu seu próprio sistema de governo. Em Esparta, por exemplo, foi estabelecido um governo aristocrático com diferentes magistraturas (algumas temporárias, outras para toda a vida). Atenas desenvolveu, pela primeira vez na história, um sistema democrático de governo que incorporava a participação política do povo.

Na segunda metade do século V a.C., a rivalidade entre Atenas e Esparta, as duas pólis mais poderosas, aumentou e levou à formação de duas coalizões: a Liga de Delos (Ateniense) e a Liga do Peloponeso (Espartana). As diferentes pólis da região estavam alinhadas de um lado ou do outro e, a partir de 431 a.C., lutaram uma contra a outra na Guerra do Peloponeso. Em 404 a.C., a Liga de Delos foi finalmente derrotada. No entanto, estas décadas de guerra enfraqueceram todas as pólis que estavam envolvidas no conflito.

Período Helenístico (330-146 a.C.)

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Alexandre, o Grande, dominou a Grécia, o Egito, a Índia, a Pérsia e a Ásia Central.

A Macedônia, localizada ao norte da Grécia, era um reino da cultura grega que, a partir de meados do século IV a.C., iniciou a sua expansão militar. As campanhas de Felipe II foram vitoriosas graças a suas táticas militares inovadoras, que combinavam o uso da cavalaria e da infantaria. Em 338 a.C., os macedônios derrotaram os atenienses na Batalha de Queroneia, e prevaleceram sobre toda a região. A pólis grega perdeu sua autonomia e passou a estar sujeita à Liga de Corinto, liderada pela Macedônia.

Em 336 a.C., Alexandre o Grande, filho de Filipe II, assumiu o trono e continuou as campanhas de expansão iniciadas pelo seu pai. Em uma década, ele conseguiu conquistar vastos territórios e construir o maior império da Antiguidade, abrangendo as regiões da Grécia, Egito, Anatólia, Levante, Mesopotâmia e Ásia Central (até o Rio Indo).

Entretanto, após a morte de Alexandre, as lutas pela sucessão acabaram dividindo o império em vários reinos, cujas fronteiras foram modificadas pelo desenvolvimento militar das diferentes forças políticas da região.

No século I a.C., a república romana iniciou sua expansão territorial e acabou conquistando os reinos helenísticos, que foram enfraquecidos por disputas internas e constantes pressões militares.

Este período foi caracterizado pela formação de uma nova cultura. Os macedônios espalharam a cultura grega por toda a Ásia e Egito com suas conquistas militares. Esta cultura foi, por sua vez, influenciada por crenças, valores e estilos orientais. Como resultado desta combinação, desenvolveu-se a cultura helenística. As suas principais características eram:

  • Língua. Este período assistiu à ascensão do koiné, um dialeto grego combinado com diversos idiomas locais. Funcionou como uma língua franca, ou seja, uma língua compreendida por todos, o que facilitou a comunicação entre diferentes povos.
  • Cultura e mecenato. Cidades como Alexandria, Pérgamo e Antioquia tiveram a mesma importância que as anteriores pólis de Atenas, Tebas e Esparta. As cidades helenísticas se destacaram como centros culturais urbanos. Seus governantes encorajavam a criação de instituições educacionais e bibliotecas, e fomentavam as artes. O mecenato também se desenvolveu como uma relação cultural: as nobres elites contratavam filósofos e estudiosos, e contribuíam para o desenvolvimento do conhecimento científico em matemática, geografia, medicina, filosofia e física.
  • Sincretismo religioso. Durante o período helenístico, cultos locais do Oriente (como o culto de Serápis, Ísis ou Cibele) eram combinados com o panteão clássico dos deuses gregos e da mitologia nos diversos reinos.

Roma Antiga

A Roma Antiga era uma civilização que se estabeleceu na península italiana e conquistou grande parte da Europa, do norte da África e do Oriente Próximo. A sua história é geralmente dividida em três fases, de acordo com sua forma de governo: monarquia (753-509 a.C.), república (509-27 a.C.) e império (27 a.C.-476 d.C.).

O último século do período republicano e os primeiros séculos do período imperial são considerados o auge da civilização romana, já que Roma se estabeleceu como a potência dominante na região.

No Período Republicano, o sistema de governo romano caracterizou-se pela divisão das funções públicas entre diversos funcionários e instituições: o Senado, a Assembleia e os Magistrados (ou “funcionários”). Diferentemente, durante o Período Imperial, os poderes administrativos, políticos, militares e religiosos foram monopolizados sob a figura de um imperador.

Durante os séculos de apogeu, a cultura romana se destacou em várias disciplinas, como a literatura, a arquitetura, a filosofia e as artes plásticas. As obras produzidas durante este período tornaram-se referências para os artistas e pensadores de épocas posteriores. Muitos elementos da cultura romana sobreviveram à queda do império e influenciaram os ideais, valores e estilos artísticos da cultura ocidental moderna.

Principais características da Cultura Clássica Romana foram:

  • A arte e arquitetura. Os romanos desenvolveram o seu próprio estilo, influenciados tanto pelos etruscos quanto pelos gregos. Dos etruscos, os romanos apropriaram-se do arco e da abóbada como os elementos fundamentais de sua arquitetura. Os romanos, por outro lado, foram inspirados pelos gregos no desenho de colunas e no uso de estátuas em templos e edifícios civis.
  • Obras monumentais. Os diversos imperadores ordenaram a construção de grandes obras públicas em todo o império, tais como monumentos, aquedutos, sistemas de esgoto, estradas, banheiros públicos, etc. O caráter monumental de alguns templos e espaços públicos tinha o objetivo de demonstrar o poder e a magnificência dos romanos para outros povos. Criaram gigantescos anfiteatros, arcos do triunfo e basílicas. As ruínas de algumas dessas grandes obras ainda hoje podem ser vistas, por exemplo, o Templo de Júpiter em Baalbek (no Líbano), o Arco de Caracalla (no Marrocos), o aqueduto de Segóvia (na Espanha) ou o Fórum Romano (na Itália).
  • O Direito Romano. As relações entre os cidadãos e o Estado foram regulamentadas em textos precisos, e foi criada uma noção de lei. Com o tempo, as várias normas, leis e princípios jurídicos foram codificados e integrados no que é conhecido como o Direito Romano. Este tipo de legislação tornou-se uma das principais fontes do direito moderno.
  • A filosofia. A filosofia romana foi influenciada pelos seus antecedentes gregos. Os romanos tomaram emprestado de duas correntes filosóficas fundamentais: o Estoicismo e o Epicureanismo. Os estoicos, como Sêneca, Epiteto e Marco Aurélio, buscaram, através da razão filosófica, da paz interior e da virtude, os fundamentos essenciais da ética. Os Epicuristas, por outro lado, sustentavam que a filosofia tinha o objetivo prático da busca da felicidade. Neste sentido, defendiam o hedonismo (o gozo dos prazeres corporais).
  • A língua. Com a expansão das fronteiras e da cultura romana, o latim tornou-se uma língua fundamental em toda a região. Com a queda do império, a combinação do latim com outras línguas (muitas delas de origem germânica) resultou em muitas línguas modernas como o espanhol, o francês, o italiano, o galego, o romeno, o português, entre outras.
  • A literatura. Os clássicos poetas romanos, como Virgílio (Eneida, Bucólicas, Geórgicas), Ovídio (Metamorfoses, Arte do Amor) e Horácio (Odes, Epodes, Arte Poética), viveram o final do período republicano e a construção imperial. Os nobres romanos continuaram com a tradição helenística do mecenato: encarregavam composições de obras literárias aos poetas e os apoiaram financeiramente.
  • Os estudos históricos. Vários escritores da Roma Clássica, tais como Tito Lívio, Suetônio e Tácito, relataram os acontecimentos de seu tempo e se tornaram um legado fundamental para os estudiosos de tempos posteriores.

Linha do tempo do Período Clássico

  • Século V a.C.
  • Guerras Médicas (Grécia vs Pérsia): 499-449 a.C.
  • Guerra do Peloponeso (Atenas vs Esparta): 431-404 a.C.
  • Século IV a.C.
  • Guerra de Corinto (Esparta vs Atenas, Argos, Corinto, etc.): 395-387 a.C.
  • Início da invasão Macedônica: 346 a.C.
  • Morte de Alexandre, o Grande: 323 a.C.
  • Divisão da Macedônia em três reinos a partir de 301 a.C.
  • Século III a.C.
  • Roma conquista os samnitas, etruscos e galos entre 280 e 275 a.C.
  • Iniciam as Guerras Púnicas em 264 a.C.
  • Iniciam as Guerras Macedônicas em 214 a.C.
  • Século II a.C.
  • Fim das Guerras Macedônicas em 148 a.C.
  • Fim das Guerras Púnicas em 146 a.C.
  • Guerras Sírias (192-188 a.C.), Roma conquista a Ásia Menor.
  • Século I a.C.
  • Criação do Império Romano em 27 a.C.
  • Dinastia Júlio-Claudiana (27 a.C.-69 d.C.)
  • Século I d.C.
  • Dinastia Flávia (69-96 d.C.)
  • Dinastia Antonina (96-180 d.C.)
  • Século II d.C.
  • O Império Romano alcança a sua maior extensão territorial no ano de 117 d.C.
  • Dinastia Severa (193-235 d.C.)
  • Século III d.C.
  • Crise do século III (235-284 d. C.)
  • Divisão do Império Romano em dois no ano de 285 d.C.
  • Divisão do Império Romano em quatro (tetrarquia) no ano de 293 d.C.
  • Século IV d.C.
  • Oficialização do Cristianismo como religião imperial no ano de 380 d.C.
  • Início das invasões dos povos germânicos em 386 d.C.
  • Divisão definitiva do império Romano no Ocidente e Oriente em 395 d.C.
  • Século V d.C.
  • Desintegração do Império Romano do Ocidente a partir das invasões das tribos germânicas, entre 406 e 476 d.C.

Referências

  • Historia Antigua II. El Mundo Clásico. Javier, C. P., & Pilar, F. U. (2015). Editorial UNED.
  • “Introducción” em El mundo mediterráneo en la Edad Antigua: el helenismo y el auge de Roma (pp. 3-20). Grimal, P. (1992).  Siglo Veintiuno Editores.
  • La antigua Grecia. Historia política, social y cultural. Pomeroy, Burstein, Donlan & Tolbert (2011). Ed, Crítica.
  • El Imperio romano. Economía, sociedad y cultura. Garnsey, P. y Saller, R.(1991)  Ed. Crítica.
  • “Antigüedad clásica” em Wikipedia.

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Kiss, Teresa. Período Clássico. Enciclopédia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/periodo-classico/. Acesso em: 4 de outubro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Teresa Kiss

Professora de História do ensino médio e superior.

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur)

Data da última edição: 1 de março de 2024
Data de publicação: 29 de junho de 2023

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