Idade Antiga

Vamos explicar o que é a Idade Antiga e quais são seus elementos característicos. Além disso, as principais culturas desta época.

Edad Antigua
Durante a Idade Antiga apareceram as primeiras grandes civilizações da humanidade.

O que foi a Idade Antiga?

A Idade Antiga é o período da história que se inicia com a invenção da escrita, no ano 3000 a.C. e termina com a queda do Império Romano do Ocidente, em no ano 476 d.C. Durante a Idade Antiga surgiram as primeiras grandes civilizações como o antigo Egito, a Grécia Antiga e a Roma Antiga.

Durante este período, apareceram os primeiros Estados centralizados, inventou-se a escrita, desenvolveram-se diferentes sistemas políticos que permanecem até os dias de hoje (como a monarquia e a democracia), a moeda foi criada como um elemento fundamental para o comércio e centenas de avanços técnicos foram inventados, os quais permitiram o desenvolvimento econômico e cultural da humanidade.

Características da Idade Antiga

Edad Antigua
O Egito Antigo foi uma das sociedades mais duradouras da Antiguidade.

Entre as principais características da Idade Antiga, podem-se destacar as seguintes:

  • Situa-se temporariamente entre o ano 3000 a.C. e o ano 476 a.C., desde a invenção da escrita até a queda do Império Romano do Ocidente.
  • Durante este período, surgiram as primeiras civilizações que formaram estados centralizados, com hierarquia social, imposição de tributos e apropriação de excedentes de produção.
  • Entre suas civilizações mais importantes se destacam o Egito Antigo, as cidades-Estado sumérias, a cultura grega, o helenismo e a civilização romana.
  • Geograficamente, as áreas nucleares da Idade Antiga eram o Oriente Médio e os territórios da bacia do mar Mediterrâneo.
  • Durante este período, surgiram e se expandiram a religião judaica e a cristã.

A Idade Antiga na História

No século XVIII, o historiador alemão Cristóvão Cellarius propôs observar as mudanças e continuidades ao longo da história da humanidade. Estabeleceu uma classificação de idades históricas cujo início se centra na invenção da escrita. Nesta perspectiva, tudo o que aconteceu antes corresponde à “Pré-História”, e o ocorrido depois da invenção da escrita, corresponde à “História”.

Nesta perspectiva historiográfica, a Idade Antiga seria a primeira das idades da História, seguida pela Idade Média, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea.

No entanto, esta perspectiva historiográfica está especialmente centrada nos estudos sobre o passado das culturas europeias. Com o desenvolvimento dos estudos históricos, esta divisão temporal foi aos poucos se matizando e foram criadas periodizações específicas, mais apropriadas para estudar as diferentes sociedades da história da humanidade.

As Idades da História

  • Idade Antiga. Começa com a invenção da escrita no Oriente Próximo e no Egito no ano 3000 a.C., e termina com a queda do Império Romano do Ocidente. Durante este período surgiram as primeiras grandes civilizações da humanidade, que formaram grandes impérios com economias baseadas na exploração de recursos e na escravidão. As principais áreas de expansão cultural foram o Oriente Médio, o norte de África e o sul do continente europeu.
  • Idade Média. Estende-se desde a queda do Império Romano do Ocidente até a conquista da América, em 1492, embora alguns historiadores situem o final do período com a queda do Império Romano do Oriente, em 1953. A Idade Média caracteriza-se pela fragmentação do poder político na Europa, pelo desenvolvimento da economia feudal e pela hegemonia do cristianismo nos assuntos públicos e privados da sociedade.
  • Idade Moderna. Se estende até a Revolução Francesa, em 1789. Caracteriza-se pelo apogeu das monarquias centralizadas, pelo reaparecimento de grandes impérios e cidades, pela expansão dos reinos europeus sobre o resto dos continentes e pelo aparecimento da burguesia, como nova classe social.
  • Idade Contemporânea. É a que chega até os dias de hoje. Caracteriza-se pela industrialização, pela imposição do capitalismo como sistema socioeconômico dominante, pelo avanço da tecnologia e do processo de globalização. Politicamente, é o período da defesa dos direitos humanos, da participação política e das grandes organizações de alcance mundial.

Principais culturas da Idade Antiga

Edad Antigua
A Grécia Antiga é considerada um pilar fundamental da cultura ocidental atual.

Durante a Idade Antiga, surgiram diferentes sociedades que deixaram um grande legado político e cultural. A concentração do poder e a centralização dos recursos lhes permitiu constituir-se como Estados poderosos entre as diferentes sociedades da época.

Entre as civilizações mais importantes da Idade Antiga, estão:

  • Civilização suméria (3500–1750 a.C). Ao longo da sua história, os sumérios fundaram dezenas de cidades-Estado nas margens dos rios Tigre e Eufrates. Através de diversas unidades políticas centralizadas, organizaram a produção agrícola e o comércio, ordenaram a construção de grandes obras, estabeleceram sistemas de leis e formaram exércitos. Os sumérios são reconhecidos por terem inventado um dos primeiros sistemas de escrita e terem composto a Epopeia de Gilgamesh, a primeira versão do mito do dilúvio universal.
  • Civilização egípcia (3300–332 a.C.). Os egípcios habitaram o vale do rio Nilo, ao norte da África. Na história do reino do Egito, intercalam-se momentos de crise política e social, com períodos de unidade e de centralização do poder. Nos períodos de auge estatal, o reino do Egito estava unificado sob o comando de um faraó, cujo poder se legitimava através das crenças religiosas. Os egípcios inventaram a escrita hieroglífica e construíram grandes pirâmides, túmulos com lindos enxovais e templos monumentais.
  • Civilização grega (1200–146 a.C.). Os gregos ocuparam o mar Egeu, suas ilhas e as terras que o cercam. Desenvolveram uma sociedade organizada em torno de pequenas cidades-Estado independentes entre si, mas que partilhavam uma cultura e identidade em comum. A cultura grega influenciou fortemente a civilização romana subsequente, e ambos são considerados o berço da cultura ocidental.
  • Civilização romana (753 a. C.–476 d.C.). Desde a fundação de Roma, os romanos conquistaram outros territórios e reinos vizinhos, até construir um império que abrangeu grande parte da Europa, do norte da África e do Médio Oriente. A cultura e a política romanas constituíram-se como uma base fundamental da cultura ocidental.

Os elementos característicos da Idade Antiga

Edad Antigua - Egipto
Os registros mais antigos da escrita egípcia datam do ano 3000 a.C.

Existem diferentes elementos característicos que compartilharam as sociedades da Idade Antiga.

Escrita

A invenção da escrita é o acontecimento fundamental que os historiadores usam para marcar, de maneira geral, o início da Idade Antiga. A sua importância reside na possibilidade de conhecer com maior profundidade as sociedades do passado.

As fontes escritas permitem aos historiadores saber como foram administrados os estados da Antiguidade, como eram as suas leis, quais eram os seus mitos e/ou crenças religiosas ou, por exemplo, como eram as relações entre as elites de poder e o resto da população.

Os sistemas de escrita mais antigos foram criados pelos sumérios e pelos egípcios. Acredita-se que estes sistemas foram criados de forma independente, ou seja, que foram desenvolvimentos tecnológicos e autônomos de cada uma destas sociedades.

A organização política na Idade Antiga

Edad Antigua
Os romanos construíram um dos maiores impérios da Antiguidade.

Uma das principais características da Idade Antiga é o surgimento do Estado como forma predominante de organização política e social. Embora existam registos mais antigos de sociedades com um poder hierarquizado, durante a Antiguidade apareceram os primeiros Estados centralizados, com uma elite que monopolizava os excedentes de produção agrícola e os administrava para a construção de grandes obras e o bem-estar do conjunto da sociedade.

Os Estados da Idade Antiga assumiram diferentes formas: pequenas cidades-Estado (como os sumérios, os fenícios ou as polis gregas), reinos (como o Egito ou a Assur) e impérios (como o Império Helênico de Alexandre, o Grande ou o Império Romano).

Cada sociedade da Antiguidade tinha seu próprio sistema de leis. Na maioria dos casos, o que se podia fazer e o que não se podia fazer estava ligado às crenças religiosas e ditado pela própria tradição cultural. Em outros casos, os Estados desenvolveram sistemas políticos mais complexos, que passaram por mudanças e enfrentaram as diferentes forças políticas dentro da sociedade.

Houve sistemas de governo autocráticos e centralizados em uma só pessoa; por exemplo, no Antigo Egito, o faraó era o ápice do poder político e religioso do Estado. Também se desenvolveram sistemas oligárquicos, com diferentes níveis de participação das famílias aristocráticas. E, durante a Idade Antiga, criou-se o primeiro sistema democrático; os cidadãos atenienses governaram sua polis através das assembleias e um complexo sistema de magistrados.

A organização social durante a Idade Antiga

Edad Antigua
Com o surgimento dos Estados centralizados, surgiram diferenças entre grupos sociais.

O aparecimento dos Estados centralizados foi acompanhado pela hierarquização social. Dentro das comunidades, apareceram líderes religiosos e civis que se ocuparam da gestão dos recursos produzidos pela população.

Com o surgimento das cidades, a população dedicada à produção agrícola começou a ter uma vida diferente da população urbana, dedicada a tarefas de manufatura, comércio e de administração. Esta separação de papéis fomentou a formação de grupos sociais da comunidade em relação ao seu trabalho.

A diferenciação e a hierarquização dos grupos sociais foi diferente em cada cultura. No entanto, pode caracterizar-se de forma geral a existência destes grupos nas distintas sociedades da Idade Antiga:

  • Elite. Em cada sociedade, um grupo monopolizou as funções de gestão e administração dos bens do Estado e a direção dos assuntos civis. Na maioria dos casos, a elite esteve também ligada ao exercício do poder militar e ao exercício das funções religiosas. A esta classe pertenciam o monarca ou o rei, as famílias aristocráticas e os oficiais estatais.
  • Classe sacerdotal. Cada sociedade teve seu próprio sistema de crenças que, através dos mitos e histórias, legitimavam a organização política e social estabelecida. A classe sacerdotal tinha privilégios, administrava os templos e organizava o culto e as oferendas da população.
  • Classe militar. Com o desenvolvimento de Estados territoriais, os guerreiros especializados ocuparam um lugar fundamental na sociedade. Na maioria das sociedades, a classe mais baixa dos exércitos era composta por camponeses que pegavam as armas antes do chamado do Estado. No entanto, aqueles que ocupavam as mais altas patentes dentro da organização militar tinham privilégios e faziam parte da elite de cada sociedade.
  • Comerciantes. O crescimento da população e das cidades levou ao aparecimento de pessoas dedicadas exclusivamente à compra e a venda de bens, que se estabeleceram nos mercados das cidades ou viajavam entre os povos para levar e trazer diferentes mercadorias. Com o tempo, foram desenvolvidas rotas comerciais que atravessaram Estados e regiões inteiras. Por seu papel fundamental na obtenção de recursos valiosos para as elites e para os Estados, os comerciantes sempre desfrutaram de alguns privilégios nas diferentes sociedades.
  • Trabalhadores especializados. Nas cidades, os trabalhadores especializados em diferentes tipos de manufaturas viviam do que produziam e, em muitos casos, estavam associados ao Estado. Esta classe era composta por todos aqueles que se dedicavam à produção especializada de algum tipo de trabalho: carpinteiros, oleiros, tecelões, pedreiros, escrivães, etc.
  • Camponeses. Em todas as grandes sociedades da Antiguidade, a maior parte da população era composta por camponeses dedicados à produção agrícola e pecuária. Em alguns casos, eram donos da terra que trabalhavam e pagavam impostos ao Estado que, por sua vez, contribuía com a construção de obras de irrigação, segurança e proteção.
  • Escravos. A maioria das sociedades antigas tinham escravos. Os escravos costumavam ser prisioneiros de guerra ou, em alguns casos, pessoas que não puderam pagar as suas dívidas. Eram por definição, pessoas não-livres, que deviam obedecer ao comando de seu proprietário e podiam ser compradas e vendidas.

Referências

  • Finley, M. I. (Ed.). (1990). Estudios sobre historia antigua (Vol. 8). Ediciones Akal.
  • Pilar, F. U. (2014). Historia Antigua Universal II. El mundo griego. Editorial UNED.
  • Grimal, P. (Ed.). (1990). El mundo mediterráneo en la Edad Antigua. III. El Helenismo y el auge de Roma (Vol. 2). Siglo XXI de España Editores.
  • Grimal, P. (Ed.). (1990). El mundo mediterráneo en la Edad Antigua. III. La formación del Imperio Romano (Vol. 3). Siglo XXI de España Editores.
  • Plácido Suárez, D. (1993). Introducción al mundo antiguo: problemas teóricos y metodológicos. Colección Historia Antigua, 1.

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Kiss, Teresa. Idade Antiga. Enciclopédia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/idade-antiga/. Acesso em: 5 de novembro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Teresa Kiss

Professora de História do ensino médio e superior.

Traduzido por: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ)

Data da última edição: 15 de setembro de 2023
Data de publicação: 15 de setembro de 2023

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