Civilização micênica

Vamos explicar o que foi a civilização micênica, sua história e como foi descoberta. Além disso, quais são suas características, arquitetura e mais.

Civilización micénica
A civilização micênica estabeleceu-se no Peloponeso, ao sul da atual Grécia.

O que foi a civilização micênica?

A civilização micênica foi uma civilização que se desenvolveu na Grécia entre os séculos XVII e XII a.C., na época anterior à civilização que conhecemos como antiga Grécia. Recebe o nome do poderoso reino de Micenas, que junto com o resto dos reinos aqueus, conseguiu controlar o comércio e a política do Mediterrâneo oriental.

Durante séculos, a sociedade moderna considerou que a civilização micênica era uma cultura mítica, convocada pelos gregos da antiguidade clássica. No entanto, no século XIX, Heinrich Schliemann impulsionou uma série de pesquisas que levaram à descoberta arqueológica das cidades de Troia, Micenas e o resto das cidades aqueias.

As características da civilização micênica são as lendas da Guerra de Troia que chegaram aos gregos da época clássica através de mitos e lendas. Na Ilíada e na Odisseia, o poeta Homero (VIII d.C.) narrou estas histórias e converteu a civilização micênica em antecedente fundamental da cultura grega do mundo antigo.

A cultura da civilização micênica

civilización micénica
Muitas cidades foram construídas em lugares altos para facilitar a sua defesa.

As principais características culturais da civilização micênica são:

  • Mito fundador de Micenas. Segundo a mitologia grega clássica, Perseu era um semideus filho de Zeus, rei dos deuses e Danai era uma filha mortal de Acrísio, rei de Argos. Perseu tornou-se legitimamente rei de Argos quando matou acidentalmente o seu avô Acrísio. No entanto, recusou o trono e cedeu-o ao seu tio Megapente. Em vez de reinar sobre Argos, Perseu decidiu fundar uma nova cidade a qual chamou de Micenas.
  • Escrita. A civilização micênica desenvolveu um tipo de escrita que os historiadores chamam de Linear B. Em tábuas de argila registravam a produção e as trocas que se realizavam desde os palácios.
  • Arquitetura. A arquitetura micênica se caracterizou pela fortificação dos centros urbanos. Normalmente existia uma acrópole, ou seja, uma parte mais alta da cidade que facilitava a sua defesa. Também são característicos desta cultura os palácios que se organizavam em torno de um conjunto de pátios. Eram centros administrativos que incluíam, além de armazéns e oficinas, um salão central onde se localizava o trono.
  • A Guerra de Troia. A Guerra de Troia foi um conflito bélico entre os povos da península grega e os habitantes de Troia, uma cidade da Ásia menor. Durante séculos, a civilização moderna considerou este fato como um mito. No entanto, com a descoberta de Micenas, comprovou-se que não só houve um conflito bélico entre gregos e troianos, mas uma série de expedições gregas para Troia durante a Idade do Bronze, entre os séculos XIII e XII a.C. A Guerra de Troia foi narrada nos poemas a Ilíada e a Odisseia de Homero, um poeta que viveu no século VIII a.C.

A localização geográfica e temporal da civilização micênica

Por volta de 1600 a.C., os aqueus (um povo de origem indo-europeia) migraram para a região do Mediterrâneo oriental e se estabeleceram na península do Peloponeso. Com o tempo, expandiram-se pela região e começaram a disputar a supremacia comercial liderada pelos reinos cretenses.

O reino de Micenas se impôs como o mais poderoso entre os povos aqueus. Por volta de 1450 a.C., conquistou Creta e se apoderou do palácio de Cnossos, seu principal centro urbano.

Durante quase 200 anos a civilização micênica controlou o Mediterrâneo oriental. Em meados do século XIII a.C., alguns reinos micênicos se aliaram para conquistar a cidade de Troia, que controlava a passagem do mar Egeu ao mar Negro, fundamental na rede comercial da época.

No entanto, uma crise perturbou o poder dos habitantes da região e levou ao despovoamento de várias regiões da Grécia. Alguns historiadores acreditam que se deveu ao ingresso dos povos Dórios e sua superioridade militar (possuíam armas de ferro). Outros consideram que as disputas entre os vários reinos aqueus levaram ao enfraquecimento do seu poder.

A organização política dos micênicos

A civilização micênica estava dividida em uma série de reinos aliados, mas independentes. Os reinos micênicos mais importantes foram Micenas, Tirinto, Orcômeno e Pilos.

Estes reinos eram liderados por uma aristocracia guerreira e um conjunto de autoridades. O Wanax (rei) era a autoridade mais importante de cada reino e concentrava o poder político, militar e econômico. Era secundado por um chefe militar, conhecido como lawagetas e uma tropa militar, chamada eqetai. Em seguida, na hierarquia política estavam os telestai, que cumpriam funções administrativas e militares de menor posição.

A economia de Micenas

A base da economia micênica se organizava em torno da agricultura, da pecuária, do artesanato e do comércio. A produção era realizada pelos homens livres e o grupo palaciano se ocupava de registrar e supervisionar, através de suas autoridades, todas as atividades do sistema econômico.

A população camponesa dedicava-se à agricultura, principalmente de cereais, oliveiras e vinhedos e também à criação de ovelhas e cabras. Em torno dos palácios se organizava o trabalho artesanal que incluía a produção têxtil e metalúrgica.

A religião micênica

civilización micénica
Em Micenas existiam rituais nos quais se ofereciam oferendas aos deuses.

A religião micênica era politeísta, ou seja, acreditavam em vários deuses. As representações de seus deuses eram antropomórficas: pareciam-se com os seres humanos e compartilhavam hábitos e comportamentos.

Embora o panteão micênico não seja conhecido com exatidão, muitos deuses que pertenceram à cultura grega clássica subsequente foram tomados desta cultura. De acordo com a mitologia, Zeus reinava o panteão divino desde o cume do monte Olimpo. Cada divindade representava uma característica ou atributo:

  • Hermes: mensageiro do Olimpo
  • Ares: deus da guerra
  • Atena: deusa da guerra e das artes
  • Dionísio: deus do vinho e dos prazeres
  • Artemisa: deusa da natureza

A sociedade micênica

A sociedade se diferenciava por suas riquezas e seu acesso ao poder.

No topo da escala social estava o Wanax (rei) com sua corte de autoridades, como os lawagetas e os sacerdotes religiosos, chamados de telestai. Estes cargos eram ocupados por uma aristocracia que vivia nas cidades e era mantida através dos impostos e da atividade comercial do reino.

Os demais cidadãos constituíam o damos (povo). Os agricultores deviam responder à autoridade dos basileus, que eram os líderes das aldeias. Para poder aceder à posse da terra, os camponeses deviam realizar tarefas a seu pedido. Além disso, existiam artesãos que trabalhavam para os palácios e a corte real e se destacavam especialmente na produção de armas e objetos decorativos.

Por fim, existiam escravos que não eram considerados como parte do damos, pois eram prisioneiros de guerra e não tinham direitos.

O descobrimento de Micenas

civilización micénica
Schliemann fez pesquisas na Grécia para encontrar Micenas.

Heinrich Schliemann era um milionário prussiano interessado na história antiga e na arqueologia. Atraído pela história da Guerra de Troia, em 1870 realizou pesquisas que levaram às ruínas da cidade de Troia, que até então a comunidade científica considerava um mito.

Uma vez comprovada a existência real de Troia, Schliemann continuou suas pesquisas em território grego para encontrar Micenas, a cidade onde se tinha originado a expedição em direção à Troia.

Em 1874 realizou descobertas que confirmavam a existência de uma cultura posterior ao apogeu minoico e anterior à chamada Idade Escura. Por ter sido descoberta na cidade de Micenas, a cultura foi chamada de micênica.

Referências

  • Pomeroy, S., Burstein, S. M., Donlan, W., & Tolbert, J. (2003). La Grecia primitiva y la Edad de Bronce. Antigua Grecia. Editorial Crítica
  • Fernández Nieto, F. J. (2005). Las civilizaciones prehelénicas y el mundo micénico. Historia antigua de Grecia y Roma. Tirant lo Blanch.

¿Te interesan nuestros contenidos?

Sigue nuestra cuenta de Instagram, donde publicamos contenidos exclusivos.

Como citar?

Citar a fonte original da qual extraímos as informações serve para dar crédito aos respectivos autores e evitar cometer plágio. Além disso, permite que os leitores acessem as fontes originais que foram utilizadas em um texto para verificar ou ampliar as informações, caso necessitem.

Para citar de forma adequada, recomendamos o uso das normas ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que é uma entidade privada, sem fins lucrativos, usada pelas principais instituições acadêmicas e de pesquisa no Brasil para padronizar as produções técnicas.

Kiss, Teresa. Civilização micênica. Enciclopédia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/civilizacao-micenica/. Acesso em: 4 de outubro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Teresa Kiss

Professora de História do ensino médio e superior.

Traduzido por: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ)

Data da última edição: 27 de novembro de 2023
Data de publicação: 29 de junho de 2023

Esta informação foi útil para você?

Não

    Genial! Obrigado por nos visitar :)