Civilização cretense

Vamos explicar o que é a civilização cretense, sua origem e desenvolvimento. Além disso, quais são as características dos palácios e a origem do mito do minotauro.

civilización cretense
Em 1500 a.C, Cnossos tornou-se o principal centro urbano da civilização cretense.

O que é a civilização cretense?

A civilização cretense, também conhecida como a civilização Minoica, é considerada um antepassado cultural da Grécia Antiga. Foi localizada na ilha de Creta, no sul da Grécia, durante a Idade do Bronze entre 3000 e 1100 a.C.

Durante o seu apogeu, a civilização cretense se destacou pelo seu poder comercial e de navegação. A ilha de Creta foi considerada o centro político e cultural mais importante do mar Egeu, pois estava localizada num ponto geográfico estratégico com conexões à Europa, Ásia e África.

Além disso, estes povos se destacaram pela arte das suas cerâmicas, suas pinturas em murais, e pela sua arquitetura, com a construção de palácios como o de Cnossos. Estas peças e construções foram utilizadas por arqueólogos e investigadores para conhecer a história e as características da civilização Minoica, porque os registros escritos existentes desta cultura ainda não puderam ser decifrados.

A história da civilização cretense

civilización cretense
Os cretenses organizavam sua sociedade em torno dos palácios.

Entre 3000 e 2000 a.C., os cretenses se agruparam em pequenas comunidades e constituíram as primeiras aldeias. Acredita-se que algumas destas populações chegaram ao território cretense vindas de outros lugares. Embora também existam registros de assentamentos antes deste período, os estudiosos não têm sido capazes de identificar uma cultura comum.

Como os escritos da civilização não puderam ser decifrados, os arqueólogos estabelecem uma periodização histórica baseada no estudo das cerâmicas e objetos encontrados. A partir desta evidência, são geralmente identificadas três fases principais da civilização cretense:

  • Período Pré-palacial (2800-2000 a.C.). Esta etapa marcou o início da consolidação da cultura Minoica, caracterizada pelo crescimento urbano e por uma população dedicada à agricultura, caça e exploração florestal. Mais tarde, a localização geográfica privilegiada da ilha e a falta de certos recursos levaram esta cultura a desenvolver a navegação e o comércio. O conhecimento de como manipular os diferentes metais e materiais levou os cretenses a comercializar os seus produtos com outras ilhas do Egeu, Anatólia, Síria e Egito.
  • Período Paleopalacial (2000-1700 a.C). O crescente desenvolvimento comercial e artístico e o crescimento populacional de Creta permitiram inaugurar uma nova etapa caracterizada principalmente pela construção de palácios que serviram de sede à vida econômica e social cretense. Estes edifícios eram grandes e tinham um pátio interno e salas de armazenamento.
  • Pós-palacial (1450-1100 a.C). Alguns especialistas acreditam que as erupções do vulcão na ilha de Tera (atual ilha de Santorini) marcaram o fim da autonomia e independência cultural cretense. Cinzas vulcânicas se espalharam por grandes áreas da região cretense e tornaram improdutivas grande parte das terras. Esta crise de produção levou a um declínio da frota de navegação cretense e do poder comercial. Ao mesmo tempo, durante este período de declínio político, Creta é conquistada pelos aqueus e, desde então, foi governada por uma dinastia micênica.

A cultura da civilização cretense

Civilización cretense
A arte cretense decorava seus palácios com a beleza e a harmonia da natureza.

Arte, arquitetura e produção artesanal

Muitas das evidências que se tem da civilização cretense surgiram do estudo das cerâmicas da época. Arthur Evans foi um arqueólogo britânico que dedicou grande parte da sua carreira ao estudo desta civilização, o que permitiu conhecer o trabalho dos cretenses em diferentes áreas como a metalurgia, a cerâmica e a arquitetura.

  • Arte. As paredes dos palácios minoicos estavam decoradas com pinturas em murais. Os principais motivos eram retirados da natureza e procuravam recriar uma atmosfera serena, com o objetivo de fazer do palácio um espaço de beleza.
  • Metalurgia. Considera-se que esta civilização teve um grande desempenho e habilidade com os metais: foram bons para fazer joias em ouro, bronze e cobre.
  • Arquitetura. Esta cultura se caracterizou pela construção de grandes e luxuosos palácios, que foram encontrados em locais como Cnossos e Festos. Estes edifícios eram grandes, tinham colunas, pátios, não tinham paredes e contavam com uma grande quantidade de cômodos. Em seus ambientes, destacou-se a presença de frescos, que eram pinturas de cores vivas e tons brilhantes em que se desenhavam paisagens e figuras.
  • Cerâmica. Esta manifestação artística foi a que permitiu conhecer grande parte do que se sabe sobre a civilização cretense. Estes povoados tinham um grande conhecimento da cerâmica e faziam vasos, ânforas e taças. Para decorá-las, desenhavam e pintavam animais marinhos e figuras geométricas, e utilizavam cores como o amarelo, o vermelho, o branco, marrom, o laranja e o rosa.
  • Escrita. Esta cultura desenvolveu um tipo de escrita que foi classificada em três fases. No início, eram chamadas de hieróglifos semelhantes aos produzidos pelos egípcios, e depois existem evidências de escrita tipo linear A e B. Estes registros escritos da época ainda não puderam ser decifrados.

O mito do minotauro

O mito do minotauro é uma dos mitos mais emblemáticos de Creta. A história conta que Minos, Sarpédon e Radamanto eram os três filhos do rei Asterion. Após a morte de Asterion, Minos disse aos seus irmãos que era a vontade dos deuses que ele governasse todo o palácio. Para provar isso, ele lhes assegurou que os deuses responderiam a qualquer um de seus pedidos. Ele então pediu a Poseidon, deus do mar, que fizesse sair do oceano um touro e prometeu que o sacrificaria em seu nome.

Poseidon fez isso, mas Minos, vendo a beleza do touro branco, recusou-se a sacrificá-lo, escondeu ele no seu rebanho e deu outro touro ao deus do mar. Ao perceber que foi enganado, Poseidon, como castigo, fez Pasífae, mulher de Minos, apaixonar-se pelo touro e conceber um minotauro com ele: um homem com a cabeça de um touro que se alimentava de carne humana.

Minos mandou construir um labirinto para prender o minotauro porque causava distúrbios no povoado e ordenou que todos os anos deveriam sacrificar catorze jovens atenienses (produto de certas disputas com esse povoado) para alimentá-lo.

Um jovem ateniense, Teseu, ofereceu-se como vítima do touro e junto a Ariadne, a filha de Minos por quem se apaixonou, conseguiu matar o minotauro e sair vivo do labirinto.

Os palácios cretenses

Templo de Creta
A partir dos palácios se regulamentavam a agricultura e a distribuição dos alimentos.

Por volta de 2.000 a.C., grandes cidades foram estabelecidas em Creta, onde foram construídos palácios e imponentes mansões. Cada palácio era uma estrutura autônoma que regularizava a distribuição ou armazenamento de alimentos e a vida política e religiosa de cada território.

Havia características semelhantes entre os distintos palácios que se localizavam ao longo de toda Creta. Muitos deles contavam com áreas de armazenamento, cozinhas, oficinas, santuários e teatros. Caracterizavam-se por não terem muralhas à sua volta, pátios internos, oficinas (onde se produziam muitos dos artigos que posteriormente se comercializavam), colunas e afrescos que decoravam as paredes.

Por volta de 1700 a.C. alguns destes palácios foram destruídos, acredita-se que tenham sido destruídos por fenômenos naturais, e depois foram reconstruídos.

Os palácios mais destacados deste período foram:

  • Palácio de Cnossos. Este é o palácio mais importante de que há registro, e está localizado a poucos quilômetros de Heraklion, a capital da ilha. Foi descoberto em 1878 e as escavações foram conduzidas por Arthur Evans.
  • Palácio de Festos. Está localizado no sudeste da ilha, a 50 quilômetros de Heraklion, e é o segundo palácio mais importante. Tem pátios, oficinas e templos, e a sua escavação foi conduzida pelo arqueólogo italiano Federico Halbherr.
  • Palácio de Malia. Este é o terceiro palácio mais importante descoberto e está localizado no norte da ilha de Creta. Foi construído em torno de um pátio central e foi destruído, junto aos palácios de Festos e Cnossos, e posteriormente reconstruído.
  • Palácio de Zakros. Está localizado no litoral oeste da ilha de Creta e se destacou pela sua importância comercial e militar. É mais pequeno do que o resto dos palácios descobertos.

A religião cretense

civilización cretense
Os cretenses realizavam um jogo em que os acrobatas se atiravam sobre um touro.

Como muitos outros povos antigos, a civilização cretense se caracterizou por ser politeísta. Os cretenses adoravam vários deuses e eram naturalistas, ou seja, os seus deuses vinham ou estavam relacionados com a natureza.

Eles adoravam a deusa mãe da natureza, que era um símbolo de fertilidade e era representada por uma figura feminina frequentemente acompanhada por animais como cobras e pássaros.

Tudo o que se sabe sobre a religião desta civilização foi obtido a partir de objetos, arte e de edifícios encontrados. Acredita-se que os cretenses adoravam os seus deuses tanto em privado como publicamente, fazendo oferendas que consistiam em diferentes danças, procissões e rituais de sacrifícios de animais.

Para esta civilização foi de grande importância a figura do touro, pois era um símbolo de vida e de força. Em muitas das cerimônias de culto se realizava um jogo de tourada, que consistia em que um dos acrobatas se atirava sobre um touro que previamente provocava.

A sociedade da civilização cretense

Na civilização cretense, havia uma minoria privilegiada ligada à corte dos palácios. Os restos arqueológicos permitem afirmar aos especialistas que esta minoria gozava de uma qualidade de vida superior, ligada ao luxo e às riquezas. Ao redor dos centros palacianos, havia também outros grupos familiares que viviam em edifícios de dois ou três andares e que provavelmente se dedicavam aos setores administrativo e comercial.

A maioria da população livre estava composta por camponeses e agricultores que viviam em aldeias rurais. Além disso, na sociedade havia escravos, a maioria deles pertenciam à corte do palácio.

A economia e a política de Creta

A economia da civilização Minoica estava sustentada pelo comércio marítimo. A sua proximidade com o delta do Nilo permitiu aos cretenses um grande intercâmbio cultural e comercial com o Egito, Chipre, Síria, Sicília, Ásia Menor e o resto da Grécia.

Creta tinha uma produção artesanal muito desenvolvida e exportava cerâmica, tecidos e utensílios metálicos. A agricultura e a criação de gado também eram importantes, e por isso exportavam muitos dos produtos destas indústrias, como o azeite, o vinho, as azeitonas, a lã e o trigo.

Creta, por sua vez, importava de outros territórios metais como o ouro, cobre e prata.

Apesar de seu tamanho e estrutura, o palácio de Cnossos tinha uma notável superioridade em relação aos outros, não havia uma unidade política que regesse toda a civilização cretense. Em torno dos diferentes palácios se organizava a vida política, social, religiosa e econômica das populações próximas.

Referências

  • Pomeroy, S., Burstein, S. M., Donlan, W., & Tolbert, J. (2003). La Grecia primitiva y la Edad de Bronca. Antigua Grecia. Editorial Crítica.
  • Fernández Nieto, F. J. (2005). Las civilizaciones prehelénicas y el mundo micénico. Historia antigua de Grecia y Roma. Tirant lo Blanch.
  • “Minoan palatial centres” em UNESCO.
  • “Knossos: palatial centre of minoan Crete” em Erenow.
  • “Malia” em Minoan Crete.
  • “Crete” em Britannica.
  • “Las claves de la cultura minoica” em ONU.

Como citar?

As citações ou referências aos nossos artigos podem ser usadas de forma livre para pesquisas. Para citarnos, sugerimos utilizar as normas da ABNT NBR 14724:

KISS, Teresa. Civilização cretense. Enciclopedia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/civilizacao-cretense/. Acesso em: 2 maio, 2024.

Sobre o autor

Autor: Teresa Kiss

Professora de História do ensino médio e superior.

Traduzido por: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ)

Data da última edição: 1 março, 2024
Data de publicação: 29 junho, 2023

Esta informação foi útil para você?

Não

    Genial! Obrigado por nos visitar :)