Guerra de Troia

Vamos explicar o que foi a guerra de Troia, as suas características e personagens. Além disso, quais são as suas causas e consequências.

guerra de troya caballo
A guerra de Troia ocorreu entre os séculos XIII e XII a.C.

O que foi a Guerra de Troia?

A Guerra de Troia é conhecida como um enfrentamento bélico central na mitologia grega. Enfrentou aos cidadãos da cidade de Troia (também chamada de Ilion), na Anatólia ocidental (na Ásia menor), contra os principais reinos aquosos da Grécia antiga e seus aliados (Dânaos e Argivos).

Os historiadores gregos do período arcaico sustentavam que o conflito troiano ocorreu entre os séculos XIII e XII a.C. Alguns de seus episódios são narrados nos poemas épicos da Ilíada e da Odisseia, atribuídos a Homero (VIII a.C.).

A Guerra de Troia é um dos incidentes de maior relevância dentro da épica grega e do imaginário greco-latino. Durante séculos, a sociedade moderna considerou que se tratava de um relato claramente mítico. No entanto, no final do século XIX, Heinrich Schiliemann promoveu uma série de campanhas arqueológicas nas quais se encontraram os restos de várias cidades gregas da época e, entre elas, aquela que poderia ser a cidade mítica de Troia.

Desde então, foram realizados numerosos estudos arqueológicos e históricos para verificar se efetivamente se tratou da cidade retratada nos poemas homéricos.

Embora a maioria dos especialistas considere que a cidade de Troia existiu, os relatos sobre essa guerra contêm componentes míticos. Atualmente, muitos historiadores se dedicam a identificar quanto do relato pode ter acontecido na realidade e quanto pertence à mitologia.

A localização de Troia

Guerra de Troya
Troia se localizava onde hoje é a colina de Hisarlik.

Troia situava-se no oeste da Anatólia, atual Turquia, sobre a costa mediterrânea da Ásia menor.

Atualmente, identifica-se com o sítio arqueológico da colina de Hisarlik. As sucessivas escavações indicaram que, em distintos momentos, o lugar esteve ocupado por dez cidades diferentes. A maioria dos especialistas concorda que a sexta ou a sétima dessas cidades podem ter sido a mencionada nos poemas de Homero.

O contexto histórico da Guerra de Troia

Os relatos míticos da Guerra de Troia situam o confronto entre os séculos XIII e XII a.C., período histórico em que predominou a civilização micênica. As regiões do Peloponeso e Anatólia estavam dominadas por diferentes reinos, construídos em torno de cidades com muralhas. Estes reinos pertenceram a povos aqueus, jônios e eólios (de origem indo-europeia).

Os reinos eram independentes e competiam por riquezas, territórios, influência política e, especialmente, pelo controle das rotas comerciais (fundamentais para a sobrevivência das cidades). Ao longo de sua história, formaram alianças e se enfrentaram em diferentes guerras. A Guerra de Troia se situa neste contexto bélico.

As causas da Guerra de Troia

Guerra de Troya - Menelao
Menelau devia ir a Troia para recuperar sua esposa e limpar sua honra.

A mitologia conta que a Guerra de Troia foi causada pelo rapto da mulher mais bela do mundo, Helena, esposa de Menelau, o rei de Esparta. Durante uma missão diplomática dos troianos, o príncipe Páris se apaixonou por ela.

Uma versão indica que a seduziu e outra que a raptou. Em qualquer caso, com a ajuda da deusa Afrodite, Páris levou Helena a Troia. O marido dela, Menelau, convocou os reis da aliança aqueia com o objetivo de trazê-la de volta e limpar a sua honra. Todos se comprometeram a apoiá-lo em uma guerra com o objetivo de recuperar sua esposa e castigar os troianos.

No entanto, uma visão menos mitológica ressalta a importância de Troia no contexto político e econômico do litoral oriental do Mediterrâneo. Sua localização geográfica era estratégica porque controlava a passagem do mar Egeu ao mar Negro e, desta forma, os troianos dominavam as rotas comerciais que ligavam ambas as regiões.

Quanto tempo durou a Guerra de Troia?

Segundo a tradição, a Guerra de Troia durou dez anos, durante os quais as tropas aqueias acamparam ao redor da cidade.

Personagens principais da Guerra de Troia.

guerra de troya muerte de aquiles
Aquiles matou Heitor em batalha para vingar a morte de Pátroclo.

A narração da Ilíada é abundante em personagens, mas os principais para o relato da guerra são:

  • Aquiles. “O dos pés rápidos”, filho de Peleu e rei dos Mirmidões. No início da Ilíada se nega a lutar junto aos gregos por uma ofensa que lhe faz Agamenon.
  • Pátroclo. Melhor amigo de Aquiles e colega de seu exército. Heitor o mata em batalha acreditando que é Aquiles, já que Pátroclo coloca sua armadura para inspirar o exército grego.
  • Agamenon. Líder da expedição aqueia, rei de Micenas e irmão de Menelau.
  • Menelau. Rei de Esparta e esposo de Helena de Troia, que reclama aos troianos a sua devolução em troca das armas.
  • Páris. Príncipe troiano e sequestrador de Helena, contava com os favores de Afrodite.
  • Héctor. Irmão de Páris e o melhor dos guerreiros troianos. É morto em combate por Aquiles e seu corpo é arrastado de sua carroça como forma de escárnio.
  • Príamo e Hécuba. Reis de Troia e pais de Héctor e Páris.
  • Ulisses. Rei de Ítaca e um dos grandes heróis gregos, inventor do truque do cavalo de Troia.
  • Ájax. Conhecido como Áyax, o Grande ou Áyax Telamônio (filho de Telamã), rei de Salamina e Peribeia, era o segundo herói grego em coragem e força depois de Aquiles.

A morte de Aquiles

Durante a Guerra de Troia, Aquiles encontrou a morte. Segundo a lenda, este herói grego era invulnerável, graças aos ofícios de sua mãe, a ninfa Tétis. Seu único ponto fraco eram seus calcanhares.

Derrotou o herói troiano Heitor e vingou dessa maneira a vida do seu amigo Pátroclo. Mas ganhou a fúria dos troianos e dos deuses ao arrastar o cadáver na sua carroça, humilhando-o no campo de batalha.

Mais tarde, o castigo chegou-lhe nas mãos de Páris, irmão de Heitor, que atravessou seus calcanhares com uma flecha certeira. Assim deu morte ao grande herói e cumpriu a profecia que sua mãe lhe havia feito ao partir para Troia.

O cavalo de Troia

caballo de Troya
Na Turquia, perto das ruínas de Troia, há um possível modelo do cavalo.

A estratégia que deu a vitória aos gregos é bem conhecida: o cavalo de Troia. O autor da ideia foi Odisseu, o mais sagaz e engenhoso dos líderes aqueuss. Ele propôs a seus companheiros fabricar um gigantesco cavalo de madeira e os soldados gregos se esconderam dentro.

Depois de construído, deixando-o à beira do mar, retiraram a frota e a esconderam atrás de uns montes próximos, para simular que tinham se rendido e voltado à Grécia. Os troianos, devotos de Poseidon (que se vinculava ao cavalo) acreditaram que se tratava de uma oferenda grega ao deus para que lhes concedesse um bom regresso a casa.

Alegres por sua suposta vitória, levaram-no dentro dos enormes e impenetráveis muros de sua cidade, para homenagear seu deus tutelar. Uma vez dentro, os soldados infiltrados esperaram até a noite para sair de seu esconderijo e abriram as portas da cidade. Assim, o exército grego pôde saquear e derrotar Troia.

O que ganharam os vencedores?

A guerra de Troia foi ganha pelo exército invasor, graças à estratégia do cavalo. Durante a noite, a cidade foi invadida, saqueada e destruída, homens e crianças troianos massacrados e mulheres tomadas como escravas. Nada ficou em pé da antiga cidade asiática.

Os soldados repartiram os itens obtidos com o saque. Além disso, o primeiro objetivo, que era recuperar Helena, foi cumprido. Embora os exércitos gregos começassem então o retorno para a casa, o custo da vitória em vidas gregas foi altíssimo.

As consequências da Guerra de Troia

Guerra de Troya
Durante a Guerra de Troia perderam-se muitas vidas.

As consequências da Guerra de Troia foram:

  • A derrota de Troia e o seu saque e destruição total às mãos de Aqueia.
  • O assassinato do rei Príamos e de toda a nobreza troiana, assim como a escravização de suas mulheres.
  • A perda de numerosas vidas de ambos os lados, incluindo grandes heróis gregos como Aquiles e Ájax ou dos troianos Heitor e Páris.
  • O início da longa viagem de retorno a casa de Odisseu (como narrado na Odisseia).
  • O início do périplo de Enéias e os pouquíssimos sobreviventes de Troia em seu ato heroico que os levaria a fundar Roma (segundo se faz na Eneida).

As fontes para conhecer a Guerra de Troia

As principais fontes para conhecer a Guerra de Troia são os poemas homéricos e os fragmentos que nos chegaram das narrações de outros autores gregos posteriores:

Poemas homéricos

Os poemas homéricos são um conjunto de narrações épicas tradicionalmente atribuídas a Homero (um poeta do século VIII a.C). Atualmente, os especialistas consideram que os poemas homéricos não foram obra de uma só pessoa e que as narrações tampouco correspondem a uma mesma época. Além do debate entre especialistas, os épicos poemas da Ilíada e da Odisseia são considerados a principal fonte para conhecer os acontecimentos da Guerra de Troia. Ambos os poemas descrevem eventos do século XIII a.C., entretanto, os especialistas consideram que o mundo que retratam corresponde ao do século VIII a.C.

  • Ilíada. Se relata o décimo ano da guerra: a expedição à Ásia menor dos exércitos liderados por Agamenon para conquistar a cidade de Troia e se enfoca nos acontecimentos que se desencadeiam a partir de que Aquiles se retira da luta.
  • Odisseia. Narram-se as aventuras de Odisseu (também chamado Ulisses), um herói importante da guerra, em sua viagem de retorno a sua pátria.

Fragmentos da literatura grega arcaica (VII e VI a.C.)

Outros poemas da literatura grega arcaica completam o relato do ciclo troiano. No entanto, deles só sobreviveram fragmentos ou resumos relatados por outros historiadores antigos:

  • Cípria. Narrava todo o ciclo troiano que antecede os relatos homéricos.
  • Etiópida. Relatava as últimas façanhas de Aquiles, ou seja, acontecimentos posteriores à Ilíada homérica.
  • Pequena Ilíada. Detalhava a história do cavalo de madeira.
  • Iliupersis. Descrevia a queda de Troia.
  • Telegonia. Contava a história de Telégono, em busca de seu pai Odisseu.

Obras Troianas da literatura grega clássica (séculos V e IV a.C.) e posteriores

A Guerra de Troia e suas consequências também foram o tema de numerosas obras literárias do período clássico da Grécia antiga, do helenismo:

  • Orestíada de Ésquilo.
  • Ájax, Electra e Filoctetes de Sófocles.
  • Ifigênia em Áulis, Andrômaca, Hécuba, As Troianas, Electra, Helena, Orestes e Reso de Eurípides.
  • Pós-homéricas de Quinto de Esmirna (III d.C.)

A Guerra de Troia no cinema

A Guerra de Troia foi retratada no cinema em inúmeras ocasiões. É uma história mítica, mas fundada em acontecimentos reais e os diferentes diretores retrataram os acontecimentos com maior ou menor liberdade.

Por sua vez, o cinema se baseou tanto nos poemas homéricos da Ilíada e da Odisseia, como em outras fontes para aprofundar a encenação. Alguns dos filmes mais icônicos que retratam o tema troiano são:

  • Ulisses (Mario Camerini, 1954)
  • Helena de Troia (Robert Wise, 1955)
  • Guerra de Troia (Giorgio Ferroni, 1961)
  • A Ira de Aquiles (Marino Girolami, 1962)
  • As Aventuras de Ulisses (Franco Rossi, 1968)
  • Odisseia (Andrei Konchalowsi, 1997)
  • Helena de Troia (John Kent Harrison, 2003)
  • Troia, (Wolfgang Petersen, 2004)

Referências

  • Ramírez Guedes, E. (2017). Una aproximación a la guerra de Troya en el cine y sus fuentes preilíacas. Revista Latente (Vol. 15), pp. 155-19
  • Grimal, P. (1981). Diccionario de mitología griega y romana. Paidos.
  • Hard, R. (2008). La Guerra de Troya. El gran libro de la mitología griega: basado en el "Manual de mitología griega" de HJ Rose. La esfera de los libros.
  • “Guerra de Troya” em Wikipedia.
  • “La Guerra de Troya” em Grandes Batallas de la Historia.
  • “¿Es cierta la historia de la Guerra de Troya?” em BBC Mundo.
  • “Mito y realidad sobre la guerra de Troya” em National Geographic.
  • “Drawn History: The Trojan War” (Video) em History.
  • “Trojan War” em History.
  • “Trojan War” em The Enciclopaedia Britannica.

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Kiss, Teresa. Guerra de Troia. Enciclopédia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/guerra-de-troia/. Acesso em: 4 de outubro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Teresa Kiss

Professora de História do ensino médio e superior.

Traduzido por: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ)

Data da última edição: 27 de fevereiro de 2024
Data de publicação: 29 de junho de 2023

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