Anschluss

Vamos explicar o que foi o Anschluss ou anexação alemã da Áustria. Além disso, o contexto histórico e os seus protagonistas.

Adolf Hitler proclamou a anexação alemã da Áustria em março de 1938.

O que foi o Anschluss?

O Anschluss foi a anexação da Áustria pela Alemanha nazista proclamada em 13 de março de 1938. O líder nazista Adolf Hitler apresentou a anexação como uma união política, por isso usou o termo alemão Anschluss que pode ser traduzido como “anexação” ou “conexão”.

O Anschluss fazia parte do projeto expansionista promovido por Hitler na década de 1930 e violava os tratados de paz assinados na Conferência de Paz de Paris de 1919, depois da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Esta medida foi aprovada por um plebiscito rigidamente controlado pela Alemanha nazista que se realizou em 10 de abril de 1938 e foi favorável à anexação. A maior parte da Áustria foi renomeada Ostmark (Marca oriental) e o chanceler austríaco tornou-se uma espécie de governador.

Os governos do Reino Unido e da França protestaram contra a anexação, mas não reagiram porque estavam empenhados na política de apaziguamento. Pouco depois Hitler obteve o acordo britânico e francês para a anexação dos Sudetas na Tchecoslováquia. Em março de 1939 a Alemanha invadiu o resto da Tchecoslováquia e em 1º de setembro iniciou a invasão da Polônia, o que provocou o início da Segunda Guerra Mundial (1939–1945).

PONTOS IMPORTANTES

  • O Anschluss foi a anexação alemã da Áustria proclamada em 13 de março de 1938.
  • Fez parte do projeto expansionista do chanceler alemão Adolf Hitler, que chegou ao poder em 1933.
  • Anschluss em alemão significa “anexação” ou “conexão”. Hitler usou esta palavra para justificar a união das populações de língua alemã sob o domínio do Terceiro Reich.

O contexto histórico

A derrota dos impérios centrais na Primeira Guerra Mundial implicou importantes perdas territoriais para a Alemanha e a dissolução do Império Austro-Húngaro, que deu lugar a uma série de Estados independentes, como a Áustria, a Hungria e a Tchecoslováquia.

Alguns dirigentes nacionalistas e pangermanistas (partidários da união dos países de origem alemã) propunham a unificação política de todas as populações de língua alemã. Em novembro de 1918, o Estado austríaco pediu para se juntar à Alemanha. Em um plebiscito, a população da Áustria votou majoritariamente a favor desta união ou Anschluss.

No entanto, o Tratado de Versalhes e o Tratado de Saint Germain, elaborados pelos representantes da Entente e assinados em 1919, ignoraram o princípio das nacionalidades e proibiram a união política da Áustria e da Alemanha.

A partir daí, o Anschluss tornou-se um alvo crucial para os nacionalistas alemães. Com a nomeação de Adolf Hitler como chanceler da Alemanha em 1933, o Anschluss teve menos partidários na Áustria.

Os precedentes do Anschluss

A ascensão de Hitler ao poder na Alemanha precipitou os acontecimentos que levaram ao Anschluss. Em 1934, os nazistas austríacos tentaram um golpe de Estado em Viena e assassinaram o chanceler austríaco, Engelbert Dollfuss.

O golpe de Estado fracassou, em parte devido à oposição do líder da Itália fascista, Benito Mussolini, que era aliado de Dollfuss e mobilizou rapidamente uma série de divisões militares na passagem alpina do Brenner, na fronteira entre a Áustria e a Itália. Hitler adiou seus planos de anexação.

O novo chanceler da Áustria, Kurt von Schuschnigg, era contra a união com a Alemanha. Hitler seguiu então os planos reunidos no Memorando de Hossbach e tentou forçar o governo de Schuschnigg a aceitar a anexação da Áustria através de ameaças.

Após uma entrevista com Hitler em fevereiro de 1938, Schuschnigg foi obrigado a nomear como ministro do Interior o líder nazista austríaco Arthur Seyss-Inquart. Nesse momento, Mussolini começou a aproximar-se de Hitler e deixou desprotegido o governo austríaco.

A anexação alemã da Áustria (Anschluss)

O Anschluss foi parte do programa expansionista de Adolf Hitler.

O chanceler austríaco Kurt von Schuschnigg tentou resistir e convocou um plebiscito sobre o Anschluss para 13 de março. Esta decisão precipitou a invasão alemã da Áustria.

Schuschnigg renunciou em 11 de março de 1938 e foi substituído por Seyss-Inquart. Este novo chanceler fez um apelo às tropas alemãs para que entrassem na Áustria e a invasão nazista começou em 12 de março de 1938.

Em 13 de março de 1938 foi proclamado o Anschluss. A reação favorável de parte da população austríaca levou à convocação de um plebiscito em 10 de abril. Segundo as autoridades nazistas, 99,7% da população aprovou a anexação, mas o processo eleitoral foi fortemente vigiado pelo nazismo e o número não era representativo da opinião majoritária.

A Áustria passou a integrar o Terceiro Reich com o nome de Ostmark (Marca oriental), administrada por uma espécie de governador. O primeiro a ocupar este cargo foi Seyss-Inquart. A Áustria recuperou a sua independência em 1945, após a derrota alemã na Segunda Guerra Mundial.

Os protagonistas austríacos do Anschluss

Engelbert Dollfuss (1892–1934)

Engelbert Dollfuss foi chanceler da Áustria de 1932 a 1934, quando estabeleceu um regime autoritário baseado nos princípios conservadores da Igreja Católica e do fascismo italiano. Foi membro do Partido Social Cristão e da Federação Camponesa, e atuou como ministro da Agricultura antes de ser nomeado chanceler da Áustria em 1932.

Contrário à união com a Alemanha, foi duramente criticado tanto pela social-democracia como pelos nacionalistas pangermanistas (partidários de uma união de todas as populações de língua alemã). Dollfuss apoiou-se na aliança com a Itália de Mussolini para evitar a incorporação à Alemanha nazista.

No terreno interno, estabeleceu em 1933 um regime autoritário de partido único, a Frente Patriótica. Em fevereiro de 1934, forças paramilitares fiéis ao seu governo reprimiram uma insurreição dos operários social-democratas em Viena.

A sua política pró-fascista não impediu que a oposição nazista austríaca, favorável à união com a Alemanha, mantivesse a sua inimizade com o regime. Em julho de 1934, Dollfuss foi assassinado em uma tentativa de golpe de Estado do nazismo austríaco.

Kurt von Schuschnigg (1897–1977)

Kurt von Schuschnigg foi um estadista e chanceler austríaco, conhecido por sua luta para impedir a anexação nazista da Áustria em março de 1938.

Como advogado com simpatia pela desaparecida monarquia dos Habsburgos, filiou-se ao Partido Social Cristão e foi ministro da Justiça e ministro da Educação no gabinete de Engelbert Dollfuss (1932–1934). Após o assassinato de Dollfuss em 1934, Schuschnigg foi nomeado chanceler da Áustria.

Schuschnigg foi incapaz de conter as aspirações nazistas sobre a Áustria. Após uma entrevista com Hitler em seu refúgio em Berchtesgaden, em fevereiro de 1938, tentou reafirmar a identidade nacional austríaca mediante a convocação de um plebiscito sobre o Anschluss com a Alemanha.

No entanto, em março de 1938 a Áustria foi invadida pelo exército alemão e anexada ao Terceiro Reich. Schuschnigg foi prisioneiro dos nazistas e teve que esperar até 1945 para alcançar sua liberdade. Posteriormente, emigrou para os Estados Unidos.

Arthur Seyss-Inquart (1892–1946)

O líder nazista austríaco Arthur Seyss-Inquart ajudou à realização do Anschluss.

Arthur Seyss-Inquart foi um político e militar austríaco, defensor da união política da Áustria com a Alemanha. Foi um dos líderes do nazismo austríaco, embora não fosse membro do Partido Nacional-Socialista Austríaco.

Devido à pressão alemã sobre o governo da Áustria, Seyss-Inquart foi nomeado ministro do Interior em fevereiro de 1938. Quando o chanceler Kurt von Schuschnigg tentou convocar um plebiscito sobre a união com a Alemanha, o exército alemão se preparou para invadir a Áustria e o chanceler renunciou.

Seyss-Inquart foi nomeado chanceler em 11 de março de 1938 e enviou uma mensagem a Berlim na qual convidou o exército alemão a entrar na Áustria.

A invasão começou em 12 de março e a anexação foi proclamada em 13 de março. Seyss-Inquart tornou-se governador da Áustria, que se tornou uma província do Terceiro Reich chamada Ostmark. Em outubro de 1939 foi nomeado vice-governador da Polônia ocupada e em maio de 1940 ficou responsável pelos Países Baixos.

Quando terminou a Segunda Guerra Mundial, Seyss-Inquart foi julgado por crimes de guerra nos processos de Nuremberg. Foi condenado à morte por enforcamento e executado em 16 de outubro de 1946.

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Referências

  • Britannica, Encyclopaedia (2023). Anschluss. Encyclopedia Britannica. https://www.britannica.com/
  • Britannica, Encyclopaedia (2022). Arthur Seyss-Inquart. Encyclopedia Britannica. https://www.britannica.com/ 
  • Britannica, Encyclopaedia (2022). Kurt von Schuschnigg. Encyclopedia Britannica. https://www.britannica.com/ 
  • Evans, R. J. (2007). El Tercer Reich en el poder. Península.
  • Sevillano Calero, F. (2020). La Europa de entreguerras. El orden trastocado. Síntesis.

Como citar?

As citações ou referências aos nossos artigos podem ser usadas de forma livre para pesquisas. Para citarnos, sugerimos utilizar as normas da ABNT NBR 14724:

GAYUBAS, Augusto. Anschluss. Enciclopedia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/anschluss/. Acesso em: 11 maio, 2024.

Sobre o autor

Autor: Augusto Gayubas

Doutor em História (Universidad de Buenos Aires)

Traduzido por: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ)

Data da última edição: 25 fevereiro, 2024
Data de publicação: 30 setembro, 2023

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