Vamos explicar quais foram as alianças da Primeira Guerra Mundial e seus antecedentes. Além disso, como o fim da guerra aumentou os conflitos entre os blocos.
Quais foram as alianças da Primeira Guerra Mundial?
A Primeira Guerra Mundial começou em julho de 1914 e terminou em novembro de 1918. Embora tenha sido a maior parte da guerra travada na Europa, envolveu países de todos os continentes. A guerra teve início após o assassinato do arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do trono austro-húngaro, mas o conflito já vinha se formando anteriormente devido a rivalidades territoriais, econômicas, ideológicas e imperiais
Os dois blocos adversários na Primeira Guerra Mundial foram os Aliados (também chamados de Entente) e os Impérios Centrais. As alianças que uniram os países de cada lado foram, em geral, formadas nos anos anteriores à guerra e, em alguns casos, depois que a guerra já havia começado.
Os principais países que compunham o Bloco dos Aliados eram o Reino Unido, a França, o Império Russo e a Itália, e os Impérios Centrais eram formados pelos Impérios Alemão, Austro-Húngaro e Turco Otomano. A entrada dos Estados Unidos na guerra em 1917 decidiu em grande parte a vitória dos Aliados, apesar da retirada da Rússia da guerra após a Revolução Bolchevique.
PONTOS IMPORTANTES
- As alianças durante a Primeira Guerra Mundial foram:
- A Entente (ou Aliados): França, Reino Unido, Rússia e, a partir de 1915, Itália. Os Estados Unidos aderiram em 1917.
- A Tríplice Aliança (ou Impérios Centrais): Alemanha e Áustria-Hungria (a Itália fazia parte da aliança, mas entrou na guerra do lado da Entente em 1915). O Império Otomano aderiu no final de 1914.
- Os blocos entraram em conflito por questões territoriais, econômicas e imperiais, colocando os interesses das potências da Entente contra os da Tríplice Aliança, que estava se tornando uma ameaça devido ao seu crescente poder econômico e militar.
- A guerra terminou quando a Alemanha foi derrotada, após a intervenção dos Estados Unidos junto à Entente. Isso levou à assinatura do Tratado de Versalhes (1919).
- Veja também: Causas da Primeira Guerra Mundial
Antecedentes das alianças da Primeira Guerra Mundial
Os anos que antecederam a eclosão da Primeira Guerra Mundial foram chamados de “paz armada”. Entre o final do século XIX e o início do século XX, as potências europeias estavam em paz entre si, mas alimentavam conflitos mútuos por motivos territoriais, econômicos, ideológicos e imperiais.
Essa situação levou, por um lado, ao desenvolvimento do setor de armamentos e, por outro, à formação de alianças muitas vezes inconstantes. Por exemplo, os impérios alemão e austro-húngaro forjaram uma aliança em 1879, à qual se juntou o Reino da Itália em 1882 (doravante chamada de Tríplice Aliança). Embora a aliança entre a Alemanha e a Áustria-Hungria tenha sido mantida durante a guerra, a Itália se retirou da aliança e, em 1915, entrou na guerra ao lado dos Aliados.
No final do século XIX, a França e o Reino Unido competiam entre si pelos domínios coloniais, enquanto o Império Russo era aliado da Alemanha e da Áustria-Hungria. Entretanto, a Rússia rompeu sua aliança com os impérios alemão e austro-húngaro devido a um conflito de interesses nos Bálcãs e se aliou à França (1892), ao passo que o Reino Unido e a França firmaram acordos de não agressão e reconhecimento de seus respectivos interesses coloniais, conhecidos como Entente Cordiale (1904). Esses acordos foram complementados por um tratado entre o Reino Unido e a Rússia (1907).
Por fim, formou-se uma aliança militar entre a França, o Reino Unido e a Rússia, que participou da Primeira Guerra Mundial.
Alianças durante a Primeira Guerra Mundial (1914–1918)
Os blocos em conflito
Durante o conflito, vários Estados foram se unindo aos dois blocos em conflito. Essas novas alianças desempenharam um papel fundamental na determinação do vencedor da guerra.
Os principais países em conflito e os anos em que entraram na guerra foram:
Ano em que entraram na guerra | Entente ou Aliados | Impérios Centrais |
---|---|---|
1914 | França, Reino Unido, Rússia, Sérvia, Bélgica e Japão. | Alemanha, Áustria-Hungria e Turquia. |
1915 | Itália | Bulgária |
1916 | Romênia | – |
1917 | Estados Unidos e Grécia. | – |
1918 | Abandono da Rússia (Paz de Brest-Litovsk) | – |
1914: A Guerra de Movimento
No início do conflito, ninguém previa uma guerra que duraria mais de quatro anos. Os soldados na frente de batalha e os estados-maiores tinham planos baseados na rápida derrota do inimigo.
Frente Ocidental
- Plano Schlieffen: A Alemanha ataca a França por meio da Bélgica neutra. O marechal Helmuth von Moltke lidera as tropas alemãs (acreditava-se que a França seria derrotada em seis semanas).
- O exército francês, comandado por Joseph Joffre, consegue conter o ataque alemão na Batalha de Marne. (Setembro de 1914).
- As frentes se estabilizam: começa a guerra de trincheiras.
Frente Oriental
- Após um avanço inicial russo, os alemães vencem, embora não de forma definitiva, na Batalha de Tannenberg (agosto de 1914).
- No sul, os russos avançam contra a Áustria-Hungria.
- As tropas austro-húngaras fracassam em seu ataque à Sérvia.
Outras frentes
- O Japão entra na guerra em 23 de agosto e anexa Tsingtao (possessão alemã na China). Depois disso, o país praticamente se desvincula da guerra, embora mantenha sua aliança com a Entente.
- A Turquia entra na guerra em outubro.
1915—1916: A guerra de posições
O confronto entre as grandes potências industriais levou a guerra a um nível de violência e horror nunca antes contemplado.
A invenção de novas armas (granadas, lança-chamas, tanques, gás mostarda) aumentou o horror e os massacres, mas, ao mesmo tempo, levou a um impasse tático na Frente Ocidental.
Os exércitos se entrincheiraram por centenas e centenas de quilômetros. A guerra de trincheiras tornou-se um martírio para milhões de homens durante vários anos.
Frente Ocidental
- As frentes se estabilizam. As sucessivas tentativas de romper a frente ocidental resultam em massacres sangrentos que só significam avanços de alguns quilômetros. Essa é a Guerra de Trincheiras.
- A Itália entra na guerra ao lado dos Aliados após assinar secretamente o Tratado de Londres (1915). Abre-se a frente alpina entre a Itália e a Áustria-Hungria.
- Em abril de 1915, os alemães usam gás venenoso pela primeira vez em Ypres (Bélgica). A guerra química começou.
- O general Erich von Falkenhayn ensaia a Guerra de Atrito em Verdun (1916). O resultado são mais de 600 mil baixas sem progresso significativo.
- Os Aliados contra-atacam no Somme (1916) com resultados idênticos.
- A Batalha Naval da Jutlândia (1916) reafirma o bloqueio naval da Alemanha. Os alemães iniciam a guerra submarina.
- O naufrágio do navio de luxo britânico Lusitania, no qual mais de mil pessoas morrem (incluindo alguns cidadãos americanos), faz com que os Estados Unidos considerem a possibilidade de intervir na guerra.
Frente Oriental
- A Alemanha avança sob a liderança do marechal Paul von Hindenburg. A Alemanha ocupa a Polônia russa e a Lituânia.
- A Áustria-Hungria conquista a Sérvia e recupera a Galícia.
- A Bulgária entra na guerra ao lado dos Impérios Centrais em outubro de 1915.
- A Romênia junta-se à Entente em 1916 e é rapidamente derrotada.
- Ocorre o desembarque francês na Grécia (1915).
Outras frentes
- Ocorrem pequenos avanços do exército turco no Cáucaso contra os russos. Os britânicos iniciam seu avanço a partir do Egito e começam a capturar a Palestina.
- O desembarque britânico em Gallipoli (Turquia) fracassa, deixando um grande número de mortos.
1917: O momento decisivo da guerra
O enorme custo de vidas nas linhas de frente, o sofrimento da população civil e a percepção de que a guerra não acabaria tão cedo logo levaram ao desânimo dos países em guerra.
As reações contra a guerra foram diversas: inúmeras greves eclodiram na Grã-Bretanha em 1916, motins no exército francês em 1917 e as demandas nacionalistas aumentaram na Áustria-Hungria. No entanto, dois eventos importantes decidiram o curso da guerra: a Revolução Bolchevique na Rússia e a entrada dos Estados Unidos no conflito.
Frente Ocidental
- A Alemanha retoma a guerra submarina (janeiro). As enormes perdas econômicas e humanas americanas levam o presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, a entrar na guerra em abril de 1917.
- O descontentamento dos soldados com o prolongamento da guerra se espalha entre os lados em conflito. Surgem motins no exército francês, que são duramente reprimidos.
- Ocorre a derrota italiana em Caporetto (outubro e novembro de 1917).
Frente Oriental
- Começa a Revolução Russa (março a novembro de 1917). Os bolcheviques de Lenin tomam o poder.
- A Rússia assina um armistício com os Impérios Centrais em dezembro.
- A Grécia entra na guerra ao lado da Entente.
Outras frentes
- As tropas britânicas avançam pelo Oriente Médio (tomam Bagdá e Jerusalém).
1918: O desfecho
A retirada da Rússia revolucionária da guerra permitiu que a Alemanha concentrasse todas as suas forças na Frente Ocidental. O verão europeu de 1918 viu os últimos ataques alemães desesperados. Entretanto, seus aliados estavam à beira da exaustão militar e econômica.
A chegada das tropas americanas desequilibrou definitivamente a balança em favor da Entente.
Frente Ocidental
- O Presidente Wilson (Estados Unidos) faz o discurso dos 14 Pontos, propondo quatorze condições necessárias para a paz (janeiro de 1918).
- Ocorrem ofensivas alemãs (março a julho).
- A chegada massiva de tropas norte-americanas provoca a contraofensiva definitiva da Entente sob o comando do marechal francês Ferdinand Foch (julho a setembro).
- O marechal Paul von Hindenburg (chefe do Estado-Maior alemão) e o general Erich Ludendorff informam ao kaiser Guilherme II que é impossível continuar a guerra (setembro).
- A vitória italiana ocorre em Vittorio Veneto (outubro).
- A Áustria-Hungria assina um armistício (3 de novembro).
- A consciência da derrota desencadeia uma revolução na Alemanha. O kaiser abdica e foge para a Holanda. A República é proclamada (9 de novembro).
- A Alemanha assina o armistício (11 de novembro).
Frente Oriental
- A eclosão da guerra civil na Rússia força a delegação russa a assinar o Tratado de Brest-Litovsk (3 de março de 1918): a Rússia Soviética se retira do conflito e cede grandes territórios aos Impérios Centrais.
- Após um ataque francês da Grécia, a Bulgária assina um armistício com os Aliados (setembro).
Outras frentes
- Depois de suas ofensivas malsucedidas no Oriente Médio e da chegada das tropas britânicas à península da Anatólia, a Turquia assina um armistício (30 de outubro).
O fim da Primeira Guerra Mundial
Em 11 de novembro de 1918, a maior tragédia que a humanidade já vivenciou chegou ao fim. Milhões de mortos e feridos foram o saldo humano do conflito, que também deixou enormes perdas econômicas e um sentimento generalizado de amargura, tristeza e desolação
O grande desafio no inverno europeu de 1918 foi construir um novo mundo que fizesse com que o conflito sangrento que acabara de terminar fosse, como foi proclamado na época, “a guerra que colocaria fim a todas as guerras”.
Com esse intuito, foram assinados tratados e criados órgãos como a Liga das Nações, que, no entanto, não conseguiram evitar novos ressentimentos e conflitos que levaram a uma guerra ainda mais destrutiva: a Segunda Guerra Mundial (1939–1945).
- Continue com: Cronologia do Período Entreguerras
Referências
- Britannica, Encyclopaedia (2019). Allied powers. Encyclopedia Britannica. https://www.britannica.com/
- Britannica, Encyclopaedia (2022). Central Powers. Encyclopedia Britannica. https://www.britannica.com/
- Showalter, D. E. & Royde-Smith, J. G. (2022). World War I. Encyclopedia Britannica. https://www.britannica.com/
- Stone, N. (2013). Breve historia de la Primera Guerra Mundial. Ariel.
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