Guerra Fria: as grandes tensões (1948–1955)

Vamos explicar o que foi a Guerra Fria, quais foram os países envolvidos no conflito e quais foram os principais acontecimentos do período.

Durante a Guerra Fria, dois grandes blocos foram formados, liderados pelos Estados Unidos e pela União Soviética.

O que foi a Guerra Fria?

Após a Segunda Guerra Mundial, os conflitos pós-guerra e a competição entre os Estados Unidos (EUA) e a União Soviética (URSS) provocaram uma crescente tensão internacional em todo o mundo. Apesar de a URSS e os Estados Unidos terem evitado o enfrentamento direto, o confronto entre o comunismo e o capitalismo se traduziu em conflitos bélicos em outros territórios.

O continente europeu, que mal havia começado a se recuperar das consequências da guerra e, em especial, a Alemanha, a grande perdedora da Segunda Guerra Mundial, foi o cenário do nascimento da Guerra Fria.

Os países ocupados pelo exército soviético depois da Segunda Guerra Mundial (Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária) tornaram-se aos poucos o que as autoridades comunistas chamavam de “democracias populares”. No início, eram governos eleitos e, consequentemente, chamados de democracias. Entretanto, com o tempo, passaram a ser ditaduras que aplicavam o modelo comunista soviético.

Paralelamente, os Estados Unidos consolidaram sua influência nos países da Europa Ocidental, por meio da formação da OTAN e do financiamento econômico de governos liberais.

Por outro lado, as tensões rapidamente se espalharam pela Ásia; a derrota do imperialismo japonês havia deixado uma situação de enorme instabilidade. A China e a Coreia foram os principais palcos de conflito.

PONTOS IMPORTANTES

  • A Guerra Fria foi um conflito político, ideológico, econômico, social e militar.
  • Foi deflagrada após a Segunda Guerra Mundial, como consequência do crescente poder e influência política dos Estados Unidos e da União Soviética.
  • Houve o enfrentamento de dois blocos: um liderado pelos Estados Unidos (bloco capitalista, organizado em torno da OTAN) e outro liderado pela União Soviética (bloco comunista, organizado em torno do Pacto de Varsóvia).

Berlim e a partição da Alemanha

Berlim, a antiga capital da Alemanha, estava situada no coração da zona de ocupação soviética e fora dividida em quatro setores atribuídos a cada uma das quatro potências vitoriosas: Os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a França e a URSS. Berlim se tornou rapidamente o ponto crucial da Guerra Fria.

Considerava-se irremediável a partição da Alemanha. Os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França decidiram iniciar um processo constituinte em suas zonas de ocupação. A primeira etapa foi a criação de uma nova moeda em suas zonas de ocupação: o marco alemão (deutsche mark).

A resposta soviética foi imediata: o bloqueio de Berlim. O exército soviético cortou toda a comunicação terrestre entre as zonas de ocupação ocidentais e Berlim Ocidental. Stalin estava confiante de que a área de Berlim Ocidental não sobreviveria ao bloqueio.

Entretanto, as potências ocidentais perceberam a importância de manter um enclave sob seu controle, bem no meio do território soviético. Para isso, organizaram uma ponte aérea para abastecer a população sitiada.

A crise de Berlim acelerou a partição da Alemanha. As três zonas ocidentais foram formadas na República Federal da Alemanha em 8 de maio de 1949. Sua constituição estabelecia um sistema democrático liberal diretamente influenciado pelas potências ocidentais.

A URSS reagiu em outubro com o estabelecimento, em sua zona de ocupação, da República Democrática Alemã, um estado criado segundo o modelo das “democracias populares”.

A partição da Alemanha materializava no coração da Europa a divisão bipolar do mundo.

A Revolução Comunista Chinesa (1949)

Após a guerra civil, o governo revolucionário de Mao instalou um regime comunista na China.

Depois de dois anos de guerra civil, no dia 1º de outubro de 1949, as tropas comunistas de Mao Tsé-Tung entraram vitoriosamente em Pequim (Běijīng), proclamando a República Popular da China. As tropas nacionalistas de Chiang Kai-shek fugiram para a ilha de Taiwan, onde estabeleceram um regime ditatorial pró-ocidental protegido pelos Estados Unidos.

Em 1950, Mao viajou a Moscou, onde assinou vários acordos com a URSS. Entre eles, uma aliança militar de trinta anos “contra o Japão ou qualquer agressor unido ao Japão”. A passagem do país mais populoso do mundo para o âmbito comunista traumatizou o mundo ocidental, especialmente a opinião norte-americana.

A Guerra da Coreia (1950–1953)

Entre 1950 e 1953, a Coreia do Norte (apoiada pela URSS) e a Coreia do Sul (apoiada pelos Estados Unidos) entraram em conflito.

A primeira vítima da Guerra Fria foi o povo coreano. Pela primeira vez, o enfrentamento entre o bloco ocidental e o bloco comunista ganhou a forma de um conflito armado em grande escala.

A Guerra da Coreia resultou da divisão desse território (anteriormente protegido pelo Japão) em duas zonas de ocupação, após a derrota japonesa em 1945. A Coreia do Norte era dominada por uma ditadura comunista pró-soviética, sob a mão de ferro de Kim il Sung, e a Coreia do Sul por uma ditadura de direita pró-americana, sob a direção de Syngman Rhee. Quando as potências de ocupação se retiraram em 1948–1949, encontravam-se frente a frente dois Estados antagônicos.

O conflito começou com a agressão norte-coreana em junho de 1950. A Coreia do Norte recebeu assistência militar soviética e foi apoiada por unidades do exército comunista chinês. Um exército expedicionário norte-americano deslocou-se para o lado sul-coreano, com a ajuda de outros países ocidentais.

Após uma guerra sangrenta, a situação terminou em um impasse tático. Em julho de 1953, foi assinado o armistício em Panmunjom, onde uma nova linha de demarcação contornando o paralelo 38º N foi acordada (era uma fronteira semelhante à anterior).

A Guerra da Coreia mostrou claramente a dimensão global da Guerra Fria. A partir de então, a Ásia se tornou um dos seus principais cenários.

A divisão do mundo

A partição da Alemanha e a Guerra da Coreia revelaram ao mundo uma nova realidade: a divisão em dois grandes blocos liderados pelos Estados Unidos e pela URSS. A partir daí, cada bloco defendeu a sua zona de influência contra o avanço do bloco oposto. Washington e Moscou usaram mecanismos diferentes para atingir esses objetivos:

  • Bloco capitalista-ocidental. Liderado pelos Estados Unidos, fortaleceu o desenvolvimento capitalista nos países que ficaram sob sua influência, especialmente na Europa Ocidental e na América. As relações internacionais do bloco foram consolidadas com a formação da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em 1949 e, posteriormente, através dos tratados ANZUS (1951), SEATO (1955) e CENTO (1955).
  • Bloco comunista-ocidental. Liderado pela URSS, consolidou a implementação do comunismo nos países que estavam sob a órbita soviética. Os governos comunistas estavam ligados por meio do Kominform (Escritório Internacional dos Partidos Comunistas e dos Operários) em 1947, do COMECON (Conselho de Assistência Econômica Mútua) em 1949 e do Pacto de Varsóvia em 1955.

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Referências

  • Hobsbawn, E. J. (1998). La Guerra Fría. En Historia del siglo XX. Crítica.
  • McMahon, R. (2009). La guerra fría. Una breve introducción. Alianza.
  • Tucker, S. C., & Roberts, P. M. (2007). The Encyclopedia of the Cold War: A Political, Social, and Military History, 5 Volume Set. ABC-CLIO.

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Kiss, Teresa. Guerra Fria: as grandes tensões (1948–1955). Enciclopédia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/guerra-fria-as-grandes-tensoes-1948-1955/. Acesso em: 5 de novembro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Teresa Kiss

Professora de História do ensino médio e superior.

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur)

Data da última edição: 29 de julho de 2024
Data de publicação: 27 de dezembro de 2023

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