Napoleão Bonaparte

Vamos explicar quem foi Napoleão, como foi sua carreira militar e o seu papel na Revolução Francesa. Além disso, suas características de líder e sua morte.

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Napoleão foi célebre por conquistar quase toda a Europa em dez anos.

Quem foi Napoleão Bonaparte?

Napoleão Bonaparte foi um militar e estadista francês, general republicano durante a Revolução Francesa e, posteriormente, imperador dos franceses e rei da Itália. Foi célebre por ter conquistado praticamente toda a Europa ocidental e central em apenas dez anos de conquistas, e é considerado um dos maiores gênios militares da história.

Além de suas proezas militares, é reconhecido por seu papel como imperador, ao mesmo tempo férreo e culto. Alguns historiadores o consideram um tirano e outros um “déspota iluminista” que contribuiu para a modernização da Europa. A ele se deve a implantação do Código Napoleônico, um dos códigos civis mais conhecidos e influentes do mundo, aprovado em 1804 e ainda em vigor (embora com numerosas modificações).

Apesar de seu império ter durado apenas dez anos e ter morrido no exílio, Bonaparte foi um personagem fundamental na história europeia do século XIX. Por esta razão, foi objeto de numerosas representações ficcionais (literárias, cinematográficas, teatrais) e ensaios históricos, por vezes partilhando protagonismo com a sua primeira esposa, a imperatriz consorte Josefina de Beauharnais.

O nascimento de Napoleão Bonaparte

Napoleão Bonaparte nasceu na Córsega em 15 de agosto de 1769, apenas um ano depois que a República de Gênova cedeu a ilha à França. Era filho de nobres locais: Carlo Bonaparte (1746-1785), advogado e representante da Córsega na corte de Luís XVI, e Maria Letícia Ramolino (1750–1836).

Napoleão foi o quarto de vários filhos do casamento, mas o segundo a sobreviver à infância, depois de José Bonaparte (1768–1844). De acordo com os seus biógrafos, ele era uma criança pouco sociável, que gostava da solidão para meditar e não se interessava muito por estudos, exceto a matemática.

Também era apaixonado pela leitura de literatura clássica e tinha uma antipatia pelos franceses, que considerava opressores dos habitantes da Córsega. Aos dez anos de idade, foi enviado junto com seu irmão José a uma academia militar na França, em Brienne-le-Château, onde se formou em 1784. Posteriormente ingressou na escola militar de Paris, formando-se em 1785 com estudos de artilharia.

Início da carreira militar de Napoleão Bonaparte

Napoleón Bonaparte
Durante a Revolução Francesa, Napoleão juntou-se ao clube dos jacobinos.

Napoleão foi nomeado subtenente de artilharia no regimento de La Fère e serviu nas guarnições de Valence e Auxonne até que estourou a Revolução Francesa em 1789. Seguiu o líder nacionalista corso Pasquale Paoli até a Córsega, mas logo voltou à França. Em 1791 foi nomeado primeiro-tenente em um regimento de artilharia de Valence e se juntou ao clube dos jacobinos, uma das facções revolucionárias mais radicais. Sabe-se que Napoleão tinha lido filósofos como Voltaire e Rousseau, além de livros sobre estratégia militar.

Foi promovido a tenente-coronel da Guarda Nacional na Córsega, mas teve um conflito com Paoli, que era o seu comandante-chefe, e em junho de 1793 teve de deixar a Córsega com a sua família para se instalar na França. Apoiou a causa republicana, que tinha abolido a monarquia em 1792.

Durante o início das Guerras Revolucionárias, o exército republicano francês enfrentava as potências estrangeiras que, junto com os realistas franceses, defendiam o absolutismo monárquico. Napoleão foi recomendado pelo corso Antoine Saliceti para comandar as forças de artilharia que sitiavam a cidade de Toulon em 1793. Graças ao sucesso desta operação, em dezembro do mesmo ano, foi promovido a general de brigada.

Quando a Convenção Nacional que governava a França foi substituída pelo Diretório em 1795, Napoleão se tornou comandante do exército do interior da França e conselheiro militar do Diretório, depois de ter contribuído para a repressão de uma revolta realista e contrarrevolucionária em Paris que tinha se levantado contra a convenção. Em 9 de março de 1796, casou-se com Josefina de Beauharnais, viúva de um importante general que tinha morrido na guilhotina.

As campanhas de Napoleão na Itália e no Egito

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Bonaparte venceu os austríacos e forçou-os a assinar o Tratado de Campo Formio.

Dado que tinha demonstrado lealdade ao Diretório, Napoleão foi nomeado comandante-chefe do exército francês na Itália, para combater os austríacos (que dominavam grande parte da Itália) e o exército dos Estados Pontifícios. Durante 1796 e 1797, chegou a vencer quatro generais austríacos, cujas tropas superavam em número o seu exército.

Graças às suas vitórias militares, forçou a Áustria a assinar o Tratado de Campo Formio (em 17 de outubro de 1797), que concedeu à França o controle de quase todo o norte de Itália, partes dos Países Baixos e da região do Reno. Os territórios de Veneza foram repartidos entre a França e a Áustria e os territórios italianos foram convertidos em repúblicas, agrupadas na República da Ligúria e na República Cisalpina. A esta última foram anexados também territórios conquistados aos Estados Pontifícios.

Sua campanha seguinte ocorreu no Egito, que era até então uma província do Império Otomano. A intenção era proteger o comércio francês e impedir o acesso da potência rival, a Grã-Bretanha, aos recursos da Índia, que chegavam através do canal de Suez, no Egito. O Diretório aprovou a campanha, que tinha sido proposta por Napoleão. Segundo alguns historiadores, isto deveu-se ao fato de quererem afastar este jovem e ambicioso general do centro de poder.

As tropas francesas puderam tomar rapidamente o delta do Nilo e derrotaram os mamelucos (as tropas locais do Egito) na batalha das Pirâmides (1798). O exército francês foi acompanhado por uma comitiva de sábios e cientistas que se dedicaram a documentar todas as antiguidades que se encontravam no país do Nilo. Durante esta campanha, foi encontrada a Pedra de Roseta, que foi imprescindível para a decifração da escrita hieroglífica e o nascimento da egiptologia.

No entanto, a frota francesa foi derrotada pela armada britânica, comandada por Horatio Nelson, na batalha do Nilo (1798). Em 1799, as tropas de Napoleão dirigiram-se para a Síria para evitar um avanço otomano, mas não puderam tomar o Acre e tiveram de regressar ao Egito, de onde, por sua vez, foram obrigadas a regressar a França.

O golpe do 18 de Brumário

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Napoleão redigiu a Constituição do ano X, que o erigiu como cônsul vitalício.

Napoleão voltou do Egito convertido em um herói militar e encontrou a França em um estado de instabilidade e disputas intestinas. Temia-se uma invasão estrangeira depois de sucessivas derrotas frente ao exército da Segunda Coalizão, integrado pela Áustria, Rússia, por Nápoles, Turquia, Portugal e pela Grã-Bretanha.

O Diretório foi acusado de ser corrupto e impopular, e logo surgiram planos para executar um golpe de Estado para pôr ordem na República. Estes planos foram levados a Napoleão pelo político Emmanuel-Joseph Sieyès e, em 9 de novembro de 1799 (18 de Brumário do ano VIII, segundo o calendário republicano francês), as tropas de Napoleão tomaram o controle da França. Nesse dia e no seguinte, os membros do Diretório foram obrigados a demitir-se e os órgãos legislativos foram dissolvidos.

Em seguida, o Consulado foi criado como órgão de governo, apoiado por uma nova constituição (conhecida como Constituição do ano VIII) que nomeou três cônsules para governar o país, Napoleão como primeiro cônsul. Depois foi redigida a Constituição do ano X, que erigiu Napoleão como primeiro cônsul vitalício.

Durante o Consulado, Napoleão governou com poderes ditatoriais, mas implementou reformas que incluíram a redação de numerosos códigos legais (como o Código Civil Francês, também chamado Código Napoleônico) e a criação de organismos, como o Banco da França. Também negociou uma reconciliação com o papado, mediante a assinatura da Concordata em 1801. Os confrontos contra as tropas austríacas e britânicas continuaram.

O Império Francês e as Guerras Napoleônicas

Napoleón Bonaparte
O Império Francês atingiu sua maior extensão em 1810.

Napoleão descobriu algumas conspirações para assassiná-lo e, com o argumento de dissuadir novas tentativas, instaurou na França um império, em 18 de maio de 1804. Foi coroado imperador dos franceses, com o nome de Napoleão I, em 2 de dezembro de 1804, na catedral de Notre Dame, em Paris, com a presença do papa Pio VII. Em 1805, foi também proclamado rei da Itália.

As guerras travadas pela França durante a existência do império são chamadas de Guerras Napoleônicas, e tinham a missão de expandir por toda a Europa a dominação francesa, bem como os valores e códigos legais surgidos na França revolucionária. Foram uma continuação das Guerras Revolucionárias, que começaram com a Revolução Francesa. Os seus inimigos continuavam a ser em grande medida os mesmos, embora a concentração do poder na figura de Napoleão e a implementação de medidas como a censura tivessem sepultado os princípios democráticos na França.

Napoleão contra as coligações

O principal rival da França continuava sendo a Grã-Bretanha, que voltou a declarar guerra em 1803. Em 1805, formou-se a Terceira Coalizão contra a França, integrada pela Grã-Bretanha, Áustria, Rússia e por Nápoles. A frota francesa, aliada do reino da Espanha, foi derrotada pela armada britânica, comandada por Horatio Nelson, na batalha de Trafalgar (1805).

Mas as tropas de Napoleão (que recebiam o nome de Grande Armée) avançaram pelo continente, atravessaram a Alemanha, venceram os austríacos na batalha de Ulm e ocuparam Viena. Depois, venceram os exércitos austríaco e russo na batalha de Austerlitz, em 2 de dezembro de 1805, e devido a isso, a Áustria teve que aceitar a dominação francesa da Alemanha (que recebeu o nome de Confederação do Reno) e da Itália.

Napoleão impôs um bloqueio continental à Grã-Bretanha (1807), pelo qual impedia que os britânicos comerciassem com os portos que estavam sob a hegemonia francesa (que eram praticamente a totalidade do continente europeu). Depois, ocupou Portugal (1807) e a Espanha (1808), o que contribuiu para o surgimento de processos revolucionários e independentistas na América Latina. O Império Francês atingiu a sua maior extensão em 1810, quando os Países Baixos foram anexados. Neste ano, Napoleão divorciou-se de Josefina e se casou novamente, desta vez com a Duquesa Maria Luísa, filha do imperador da Áustria.

A morte de Napoleão Bonaparte

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Os restos de Napoleão Bonaparte descansam no monumento de Les Invalides, em Paris.

A ocupação francesa da Espanha motivou uma guerra de guerrilhas contra o invasor, que contou com o apoio da Grã-Bretanha. No outro extremo da Europa, as tropas francesas penetraram na Rússia e venceram o exército do czar na batalha de Borodino (1812), pelo que avançaram até Moscou. Mas na marcha de regresso, o duro inverno e os ataques russos devastaram os seus homens.

Uma nova coligação, formada pela Grã-Bretanha, Áustria, Rússia, Prússia, Espanha e por Portugal e outras nações, atacou o exército de Napoleão. Este foi vencido na batalha de Leipzig em 1813, e depois que os aliados ocuparam Paris, Napoleão teve que abdicar em 1814 e foi enviado como exilado à ilha de Elba. Isto possibilitou a restauração do absolutismo bourbônico na Europa.

O retorno da monarquia bourbônica na França gerou muita rejeição, circunstância que aproveitou Napoleão para retornar à França com sua guarda pessoal. Desembarcou em Cannes no dia 1 de março de 1815, alguns camponeses republicanos e os soldados que deviam prendê-lo uniram-se a ele, e em 20 de março conseguiu se instalar em Paris.

Isto deu início a um período conhecido como os Cem Dias, em que Napoleão conseguiu ser novamente governante da França e dirigiu sua última campanha militar contra a coalizão europeia. Foi finalmente derrotado na batalha de Waterloo (na atual Bélgica), em junho de 1815, por um exército liderado pelo duque de Wellington e pelo marechal von Blücher. Foi forçado por pressões internas a abdicar e então enviado pelos britânicos à ilha de Santa Helena, no Atlântico Sul, onde viveu exilado até sua morte, ocorrida em 5 de maio de 1821.

A estatura de Napoleão Bonaparte

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A estatura de Napoleão não era menor que a média de sua época.

A imagem que se costuma ter de Napoleão é a de um homem de baixa estatura. No entanto, media 1,68 metro, um pouco mais que a média de sua época na França.

Geralmente, propõem duas razões para explicar a difusão da baixa estatura de Napoleão. Uma é o fato de que o próprio Napoleão havia determinado que os soldados da guarda imperial, que costumavam acompanhá-lo quando era imperador, deviam medir não menos de 1,78 metro. Isso fazia o imperador parecer pequeno em comparação a sua guarda imperial. Além disso, em 1796 ganhou o apelido de “pequeno cabo” (petit caporal), como um gesto de afeto e estima de seus companheiros por seu valor militar, o que pode acrescentar à confusão.

A outra razão tem a ver com a propaganda política da época, na qual foi retratado como um personagem pequeno por caricaturistas ingleses. A isto se soma que, depois de sua morte, as medições feitas a seu corpo usando um sistema métrico na autópsia foram mal interpretadas na Inglaterra, onde se entendeu (e logo se difundiu) que media 1,57 metro.

Referências

  • Bell, D. A. (2015). Napoleon. A Concise Biography. Oxford University Press.
  • Ellis, G. (2000). Napoleón. Biblioteca Nueva.
  • Godechot, J. (2022). Napoleon I. Encyclopedia Britannica. https://www.britannica.com/
  • Mikaberidze, A. (2022). Las Guerras Napoleónicas. Una historia global. Desperta Ferro Ediciones.

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Gayubas, Augusto. Napoleão Bonaparte. Enciclopédia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/napoleao-bonaparte/. Acesso em: 5 de novembro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Augusto Gayubas

Doutor em História (Universidad de Buenos Aires)

Traduzido por: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ)

Data da última edição: 27 de novembro de 2023
Data de publicação: 17 de setembro de 2023

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