Pré-Cambriano

Vamos explicar o que foi o Pré-Cambriano, as etapas em que se divide e como se formou a Terra. Além disso, quais são as suas características e como a vida apareceu no planeta.

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O Pré-Cambriano durou aproximadamente 3960 milhões de anos.

O que foi o Pré-Cambriano?

É conhecido como Pré-Cambriano a primeira e mais longa etapa da história da Terra. Trata-se de um éon que durou aproximadamente 3960 milhões de anos e terminou há cerca de 540 milhões de anos, com o início do Éon Fanerozoico e sua primeira era, o Paleozoico. O seu início coincide com a origem do planeta, há cerca de 4,5 bilhões de anos, e a sua duração abrange grande parte da história geológica.

No Éon Pré-Cambriano, formou-se o planeta, iniciaram-se os primeiros eventos geológicos e teve origem a vida sobre a Terra. Apesar da sua importância, o estudo do Pré-Cambriano é difícil, uma vez que quase não há registros fósseis que tenham chegado à atualidade e as rochas formadas nessa época mudaram consideravelmente ao longo de milhares de anos de transformação.

Características do Pré-Cambriano

As principais características do Pré-Cambriano são:

  • Começou há 4,5 bilhões de anos, com a formação do planeta.
  • Durou 3960 milhões de anos, o que representa 88% da história geológica da Terra.
  • Terminou há 540 milhões de anos, com o início do Éon Fanerozoico.
  • Está subdividido em três éons: o Hadeano, o Arqueano e o Proterozoico.
  • A temperatura de sua atmosfera era muito elevada no início, e foi esfriando com o passar do tempo.
  • O resfriamento da Terra permitiu a formação das primeiras estruturas rochosas.
  • É o vento em que a água e as primeiras formas de vida aparecem no planeta.

Divisão do Pré-Cambriano

O Éon Pré-Cambriano está subdividido em outros três éons:

  • Éon Hadeano. É o mais antigo e começou com a formação da Terra há 4600 milhões de anos. Não está subdividido em eras geológicas.
  • Éon Arqueano. Começou há 3800 milhões de anos e subdivide-se em três eras:
    • Era Paleoarcaica. Começou há 3800 milhões de anos e durou 400 milhões de anos.
    • Era Mesoarcaica. Começou há 3400 milhões de anos e durou 400 milhões de anos.
    • Era Neoarcaica. Começou há 3 bilhões de anos e durou 500 milhões de anos.
  • Éon Proterozoico. Começou há 2,5 bilhões de anos e terminou há 540 milhões de anos. Subdivide-se em três eras:
    • Era Paleoproterozoica. Começou há 2,5 bilhões de anos e durou 900 milhões de anos.
    • Era Mesoproterozoica. Começou há 1,6 bilhão de anos e durou 700 milhões de anos.
    • Era Neoproterozoica. Começou há 900 milhões de anos e durou 360 milhões de anos.

A formação do planeta Terra

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A hipótese nebular sustenta que a Terra se formou por uma nuvem de pó e gases.

Há muitas teorias sobre como o nosso planeta e o sistema solar se formaram. As mais aceitas assumem que foi um processo de sedimentação e estabilização da mesma matéria da qual está composto o Sol, ou de matéria produzida durante seu nascimento, reunida inicialmente em um disco planetesimal (jovens estrelas que começam a se conformar como planetas), há pouco mais de 4,5 bilhões de anos.

Segundo esta teoria, conhecida como “hipótese nebular”, o nosso planeta se formou a partir de uma nuvem de pó e gases que começaram a atrair-se devido à gravidade. Com o passar do tempo, os planetesimais teriam se condensado o suficiente para ter uma existência material e uma forma definida. Dessa forma, formariam-se o planeta Terra e o resto do sistema solar.

Características geológicas do Pré-Cambriano

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Os crátons começaram a se formar sobre um manto de rocha derretida.

Acredita-se que a Terra foi formada há cerca de 4,6 bilhões de anos a partir do material em torno do Sol. No início, foi uma bola quente de minerais fundidos, devido à acumulação de energia durante o processo de formação.

À medida que a Terra arrefeceu, a crosta começou a se solidificar, formando uma camada externa mais rígida sobre o núcleo fundido. Assim, devido à solidificação e ao resfriamento da crosta, começou um processo gradual no qual se conformaram os crátons, que são áreas estáveis e rígidas da crosta terrestre que podem ser consideradas núcleos pré-continentais.

O processo de convergência e de colisão de crateras foi fundamental para compreender a formação dos continentes. À medida que essas crateras se moveram e colidiram, acumulações de material foram criadas, tornando-se finalmente os núcleos dos continentes. As formações rochosas mais antigas, chamadas escudos ou maciços, apareceram durante o Éon Arqueano, há aproximadamente 3,5 bilhões de anos atrás.

Clima do Pré-Cambriano

Inicialmente, a temperatura na protoatmosfera, formada principalmente por vapor de água, dióxido de carbono, enxofre, amoníaco e nitrogênio, era extremamente alta. No entanto, a atividade vulcânica terrestre expeliu grandes quantidades de dióxido de carbono e vapor de água, o que esfriou a temperatura planetária de maneira paulatina até atingir 100 °C há uns 3800 milhões de anos.

Só então começou a se formar a água líquida, que deu lugar aos protos-oceanos. Assim, começou o primeiro resfriamento geral do planeta, até que no Éon Proterozoico (especialmente na Era Geológica Neoproterozoica, no Período Criogênico), produziu-se um resfriamento com grandes baixas na temperatura e o aparecimento das primeiras glaciações.

Atividade vulcânica

A atividade vulcânica foi muito importante durante os estágios iniciais do Pré-Cambriano. Os vulcões desse período, muito maiores e ativos do que os atuais, lançavam grandes quantidades de lava que, ao esfriar-se, engrossavam a crosta terrestre.

Assim, os eventos vulcânicos do Pré-Cambriano não só moldaram a geografia terrestre, mas também influenciaram a química da atmosfera e dos oceanos. A emissão de gases vulcânicos, como dióxido de carbono e vapor de água, desempenhou um papel importante na regulação do clima e na formação dos primeiros oceanos. Além disso, a atividade vulcânica liberou elementos e minerais essenciais que contribuíram para o desenvolvimento da vida.

A origem da vida

A hipótese mais aceita é que a vida começou no planeta há cerca de 4280 a 3770 milhões de anos, quando o vapor de água começou a condensar e as primeiras reservas de água líquida apareceram.

O modo exato em que a vida teve seu início é difícil de estabelecer, mas acredita-se que pode ter sua origem em bolhas microscópicas formadas nos oceanos, que continham certos elementos químicos. Destas bolhas foram criadas estruturas mais complexas e funcionais, que até conseguiram se replicar. Assim, teriam surgido as primeiras protocélulas, que colocaram em marcha a evolução.

A Grande Oxidação

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As primeiras bactérias foram capazes de aproveitar a luz solar.

A Grande Oxidação começou há cerca de 2,4 bilhões de anos atrás, durante o Éon Proterozoico. Antes deste evento, a atmosfera da Terra continha níveis muito baixos de oxigênio, de modo que a vida existente na época não dependia do oxigênio para seus processos metabólicos.

A liberação de oxigênio na atmosfera ocorreu principalmente como resultado da atividade fotossintética de cianobactérias, que são organismos microscópicos capazes de realizar a fotossíntese. Através deste processo, estas bactérias captavam dióxido de carbono da atmosfera e liberavam oxigênio. À medida que as cianobactérias proliferaram, o oxigênio começou a acumular-se na atmosfera e nos oceanos. Este processo de aumento substancial de oxigênio devido à atividade fotossintética foi chamado de Grande Oxidação.

Outra consequência da Grande Oxidação foi a formação da camada de ozônio na estratosfera. O oxigênio liberado pelas cianobactérias reagiu com a radiação ultravioleta do Sol e criou moléculas de ozônio, que formaram uma camada protetora em volta da Terra. Esta camada de ozônio começou a bloquear grande parte da radiação ultravioleta prejudicial, o que permitiu que diferentes formas de vida pudessem colonizar as águas superficiais e a terra firme sem serem submetidas a níveis letais de radiação.

A Grande Oxidação também teve um profundo efeito na evolução biológica, já que a disponibilidade crescente de oxigênio permitiu o desenvolvimento de organismos aeróbicos, ou seja, aqueles que dependem do oxigênio para viver.

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Referências

  • AstroMía. (s.f.). Historia geológica: el Precámbrico. https://www.astromia.com/
  • Tarbuck, E. y Lutgens, F. (2005). Ciencias de la Tierra. Una introducción a la geología física. Pearson Educación.

Como citar?

As citações ou referências aos nossos artigos podem ser usadas de forma livre para pesquisas. Para citarnos, sugerimos utilizar as normas da ABNT NBR 14724:

SPOSOB, Gustavo. Pré-Cambriano. Enciclopedia Humanidades, 2024. Disponível em: https://humanidades.com/br/pre-cambriano/. Acesso em: 3 maio, 2024.

Sobre o autor

Autor: Gustavo Sposob

Professor de Geografia do ensino médio e superior (UBA).

Traduzido por: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ)

Data da última edição: 18 março, 2024
Data de publicação: 26 fevereiro, 2024

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