Vamos explicar quem foram os incas, como era a sua religião e arquitetura. Além disso, quais são as suas principais características, sociedade e mais.
Quem eram os incas?
Os incas formaram o maior e mais poderoso império da América do Sul desde o século XIII até a chegada dos colonizadores espanhóis no século XVI. Dominaram diversas regiões geográficas e construíram cidades, com edifícios de pedra, estradas e pontes ligando todo o império.
A capital e a região inca original estavam em Cusco, Peru, mas com o tempo, o império passou a dominar parte dos atuais territórios da Colômbia, Equador, Bolívia, Chile e Argentina.
- Veja também: Civilização inca
Algumas características dos incas
Algumas características dos incas são:
- Habitavam a região andina entre os séculos XII e XVI e organizaram um império liderado por um monarca sagrado chamado Sapa Inca.
- Tinham uma sociedade estruturada em torno da vida comunitária, através do ayllus (grupos de pessoas que tinham uma origem ancestral comum).
- Diferenciavam as pessoas de acordo com seu status social e estabeleciam privilégios de posição em relação à sua origem e ocupação.
- Desenvolveram uma economia que se destacou nas técnicas de cultivo e na administração estatal de terras agrícolas e no trabalho.
- Implementaram seu próprio estilo arquitetônico nas aldeias que dominaram através da conquista militar.
- Adoravam os deuses Viracocha (criador do mundo) e Inti (patrono do império Inca), entre outras divindades.
- Desenvolveram um sistema de notação de quipos, baseado em um sistema de cordas com nós.
A localização geográfica dos incas
Os incas habitavam os territórios atuais do Peru e Bolívia, e expandiram seu império até o sul da Colômbia, oeste do Equador, norte do Chile e norte da Argentina. Esses territórios incluíam áreas montanhosas, serras, florestas e áreas costeiras.
A origem e a história dos incas
A história dos incas está dividida nas seguintes etapas:
- Curacazgo inca (1197-1438 d. C.). Arqueólogos afirmam que os incas partiram originalmente do Lago Titicaca (atual Bolívia) e se estabeleceram no vale do Cusco (atual Peru) no século XII d.C., onde lutaram contra outros povos pelo controle de terras férteis. As lendas incas dizem que por volta de 1250 d.C., Manco Cápac fundou a capital inca, Cusco, e civilizou os povos da região com a ajuda de sua esposa, Mama Ocllo. Os historiadores conseguiram rastrear a existência de Manco Cápac e o identificaram como filho do rei Apu Tambo de Taipicala-Tiahuanaco, um reino na região do Lago Titicaca.
- Império Inca (1438-1533 d.C.). A partir do reinado de Pachacuti (1438-1471 d.C.), estabeleceu-se o domínio inca da região. Em etapas sucessivas, os incas conquistaram os povos vizinhos e formaram o maior império da América pré-colombiana. Em 1530, os espanhóis chegaram à região liderados por Francisco Pizarro e conquistaram o império Inca em 1533.
- Estado neoinca (1537-1572 d.C.). Em 1537, Manco Inca Yupanqui fundou o reino de Vilcabamba no Peru central atual, como herdeiro do império e da cultura inca. Em 1572, após capturar e executar Tupac Amaru I (o último governante), os espanhóis puseram fim à autoridade política da resistência inca.
Organização política dos incas
O Império Inca era um Estado estritamente centralizado e estava dividido em quatro regiões. Cada região foi chamada de Suyo, que significa “porção”. As regiões juntas formaram o império, chamado Tawantinsuyu, que significa “quatro porções”.
O Tawantinsuyu era chefiado pela Sapa Inca, que era um governante absoluto, cujo mandato era transmitido por herança. O Sapa Inca ditava as leis, era o juiz supremo, comandava os exércitos e era o líder religioso. O povo considerava o Sapa Inca como um descendente direto de Inti, o deus Sol, através de Manco Cápac, o fundador da monarquia inca.
Por sua vez, cada um deles era governado por um apo, que residia em Cusco, cidade considerada pelos incas como o centro do mundo. As regiões, por sua vez, estavam divididas em províncias, cada uma sob o comando de um chefe.
Organização social dos incas
A base da organização social inca foi o ayllu: um grupo de pessoas que se consideravam descendentes de antepassados em comum. Cada ayllu mantinha as múmias dos seus antepassados em algum lugar sagrado e as cultuava. Entre vários ayllus formavam uma comunidade que era governada por uma curaca.
Por outro lado, os incas tinham uma sociedade estratificada composta pelos seguintes grupos:
- Panaca. A nobreza real integrava um grupo privilegiado que controlava o Estado e a religião. Desde muito pequenos os nobres eram educados para se tornarem governantes, guerreiros ou sacerdotes do império, sob a orientação de sábios mestres chamados amautas. O panaca podia ter muitas esposas e usar roupas especiais que eram proibidas ao resto dos incas. Além disso, como símbolos de distinção, eles usavam grandes brincos de ouro que esticavam seus lóbulos das orelhas.
- Curacas. O segundo estrato era composto pelos curacas, que eram os chefes dos ayllus. Eles eram considerados nobres de menor categoria do que a nobreza real. Como líderes, tinham que arrecadar tributos e recrutar mão de obra para o trabalho do Estado.
- Hatun runa. Em terceiro lugar, os artesãos e camponeses eram aqueles que realizavam todas as tarefas de produção, tanto de alimentos quanto de produtos manufaturados. Eles tinham que contribuir para a construção de obras públicas e prestar o serviço militar.
- Yanaconas. Este grupo era integrado por pessoas separadas da sua comunidade original, que perderam todos os laços com suas famílias e trabalhavam prestando serviços ao Estado.
Arquitetura e arte inca
Os incas deram grande importância à arquitetura. Na época da expansão imperial, os exércitos levavam arquitetos com eles, e assim, impuseram a arquitetura oficial aos povos derrotados. O estilo inca se caracterizou pela solidez e sobriedade: as construções eram feitas de pedras retangulares ou poligonais, perfeitamente cortadas, polidas e montadas.
A cidade de Cusco, a capital do império, tinha um desenho planejado: ruas retas, estreitas e longas, dispostas em torno de duas praças principais. As ruas eram construídas com tijolos de adobe e tetos de palha.
Ao expandir seu império, os incas construíram uma rede de estradas e pontes. Havia duas estradas principais que atravessavam o território inca: uma corria ao longo do litoral do Pacífico e a outra pelas serras andinas. Além disso, havia várias estradas que atravessavam estas rotas principais.
Em termos de arte, o estilo inca podia ser visto em murais, mantos ou desenhos geométricos que enfeitavam a cerâmica. As penas de aves eram utilizadas para decorar leques, camisas e outras roupas. Sua utilização de metais tais como o cobre, o bronze, a platina e o ferro se difundiu a todas as populações conquistadas pelos incas. Além disso, foram encontradas evidências da criação de instrumentos musicais de sopro e percussão.
Organização econômica dos incas
A economia inca foi baseada na agricultura. Em Tawantinsuyu, empregava-se a agricultura em terraços. Estes terraços foram construídos nas encostas das montanhas e eram sustentados por pedras que retinham o solo fértil. A água para irrigação era levada através de canais e se filtrava lentamente dos níveis superiores para os inferiores.
Eles também praticaram o barbecho, que era uma técnica que permitia ao solo recuperar sua fertilidade de forma natural, estabelecendo descansos periódicos da terra. Os cultivos mais importantes foram batatas, milho, abóbora, quinoa, tomate, repolho, algodão e variedades de pimentas. Eles também criaram lhamas, vicunhas e alpacas para usar a sua lã e fazer tecidos.
As terras do império foram organizadas da seguinte forma:
- Terras do Inca. Eram trabalhadas pelos camponeses para a manutenção do Inca, dos nobres e do exército.
- Terras do Sol. Eram cultivados por camponeses para a manutenção dos sacerdotes e do culto religioso.
- Terras dos ayllus. Pertenciam às comunidades ayllus e, a cada ano, o curaca distribuía as terras entre os membros do ayllu.
Cultura inca
A língua oficial do Império Inca era o quéchua. Eles usavam um sistema de quipos, no qual atavam e trançavam cordas coloridas feitas de lã de lhama ou fibras vegetais. Desta forma, por meio dos nós, registravam eventos históricos, a quantidade e o tipo de produtos armazenados nos depósitos do império, os censos populacionais e os dados sobre a organização agrícola.
Eles tinham um calendário de 360 dias, com 12 ciclos de 30 dias. Este calendário regia a ordem do trabalho agrícola, o pagamento dos tributos e a organização do trabalho.
Os incas possuíam um grande conhecimento de medicina. Usavam plantas para curar várias doenças e seus médicos podiam realizar operações complexas, como transplantes, enxertos e cirurgia cerebral.
Religião inca
Os incas acreditavam que o mundo tinha quatro idades, cada uma representada por um sol diferente. Segundo eles, as três primeiras idades haviam terminado com um cataclismo que pôs um fim à população existente. Na quarta era, os incas tinham a missão de regenerar a humanidade.
A religião dos incas era politeísta, ou seja, eles acreditavam em várias divindades. Os deuses mais adorados foram Inti e Viracocha. Segundo os mitos incas, Viracocha tinha criado a humanidade e tinha colocado o Sol e a Lua no céu. Eles acreditavam que este deus deu à humanidade os dons da fala, da agricultura e da tecelagem. Então, sob a promessa de voltar, ele caminhou sobre as águas para o oeste.
Acreditava-se que Inti, o deus Sol, era o antepassado direto da linhagem dos monarcas incas. Era venerado como o deus padroeiro do império e o zelador da sociedade inca.
Outras divindades importantes foram Illapa, o deus trovão que trouxe as chuvas; Pachamama, deusa mãe da terra; Quilla, a lua, esposa do sol; e Mama Cocha, mãe das águas, adorada pelos pescadores.
Para os incas, a morte era uma passagem sagrada para a vida seguinte. Acreditavam na imortalidade da alma após a morte física e desenvolveram técnicas complexas de mumificação. Eles também acreditavam na existência de três mundos inter-relacionados:
- Hanan Pacha. O mundo de Cima.
- Kay Pacha. O mundo Terrestre.
- Uku Pacha. O mundo de Baixo.
Os incas respeitavam certos lugares e objetos sagrados, que chamavam de huacas, tais como lagos, vulcões, colinas ou cumes de montanhas. Nestes lugares, construíam pequenos altares e adoravam seus antepassados.
Por outro lado, o culto imperial era conduzido por um sumo sacerdote, chamado Villac Umu, que presidia o conselho de Hatun Villca, composto por dez sumos sacerdotes de alto nível. As festas religiosas mais importantes eram realizadas em junho e dezembro e contavam com a participação do imperador Sapa Inca. Realizavam rituais, incluindo danças, canções, e faziam oferendas aos deuses: folhas de coca, caracóis, chicha, sangue e corações de lhama. Durante essas festividades, os curacas (chefes de cada ayllu) também renovaram seu juramento de lealdade ao Sapa Inca.
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Referências
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- Rostworowski de Diez Canseco, M. (1988). Estructuras andinas del poder: Ideología religiosa y política. Instituto de Estudios Peruanos.
- Covey, R. A. (2008). The Inca Empire. Em The handbook of South American archaeology (pp. 809-830). Springer, New York, NY.
- DeMarrais, E. (2013). Colonización interna, cultura material y poder en el imperio inca. Relaciones-Sociedad Argentina de Antropología, 38(2), 351-376.
- Favale, R. D. (2005). El Imperio Inca. Comercio exterior Universidad de Barcelona.
- “Inca civiization” em Ancient History.
- “Inca” em Encyclopaedia Britannica.
- “¿Cuánto sabes sobre los incas? em National Geographic.
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