Vamos explicar quem foi Rubén Darío, como foi sua vida e carreira diplomática. Além disso, quais são suas características, obras e homenagens.
Quem foi Ruben Darío?
Félix Rubén García Sarmiento, mas apelidado de Rubén Darío, foi um jornalista, diplomata e famoso poeta de nacionalidade nicaraguense, considerado o máximo expoente da corrente literária do modernismo em língua espanhola. É conhecido também como o “príncipe das letras castelhanas”.
Muitos afirmam que Rubén Darío foi o poeta que maior e mais duradoura influência teve no âmbito das letras hispânicas, no século XX. Também é considerado a figura mais importante do modernismo e uma das centrais na história da literatura hispano-americana.
Sua obra compreende poesia, mas também prosa: crônica, narrativa e ensaio. Foi um autor muito celebrado nacional e internacionalmente.
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Contexto familiar
Rubén Darío nasceu em 18 de janeiro de 1867, em Metapa, hoje cidade chamada em sua homenagem de Cidade Darío, em Matagalpa, Nicarágua. Foi o primogênito de Manuel García e Rosa Sarmiento, primos segundos, que se encontravam separados no momento de seu nascimento, já que ela havia abandonado o lar familiar pela tendência de Manuel à bebida e às mulheres.
Por isso, Rubén Darío cresceu com seus avós na cidade de León e teve poucas notícias de sua mãe, que conheceu outro homem e partiu com ele para Honduras, e de seu pai, a quem chamava “tio Manue”". Foi um leitor precoce e aos quatorze anos já aspirava a publicar seu primeiro livro, e era tido por um prodígio literário: o “poeta menino” de León.
Biografia breve de Rubén Darío
A vida de Rubén Darío foi pródiga em viagens: cresceu em León, depois foi a Manágua e passou algum tempo em El Salvador, Chile, Argentina, Cuba e América Central, que formaram seu caráter latino-americano, apesar de ter vivido em ocasiões com muitas penúrias e sendo desprezado pelas aristocracias locais. Esse caráter se sentiria logo depois em suas poesias.
Com toda essa bagagem, foi à Espanha e à Paris como cronista de jornais latino-americanos, e estando lá, despertaria as simpatias dos jovens escritores modernistas, que eram desprezados pelos autores consagrados e pela Real Academia Espanhola.
Rubén Darío se casou com Rafaela Contreras Cañas em San Salvador, em 1890 e com Rosario Murillo posteriormente, e culminou seus dias em união ilegítima com Francisca Sánchez, uma camponesa espanhola de Ávila. Ao estourar a Primeira Guerra Mundial retornou à América, abandonando a sua família no Velho Continente, e retornou à Nicarágua, onde faleceu em 6 de fevereiro de 1916.
Carreira diplomática
Em seu momento de maior popularidade literária e como cronista do jornal argentino La Nación, Rubén Darío foi designado pelo governo de seu país para diversos cargos diplomáticos: Embaixador na Espanha até 1909, membro da delegação oficial em Paris, México e em muitas outras nações, inclusive foi nomeado cônsul colombiano em Buenos Aires. Isso lhe permitiria conhecer cerca de 17 países.
O modernismo
Rubén Darío é considerado o pai fundador do modernismo, um movimento literário de suma importância nas letras hispânicas do final do século XIX e inícios do século XX, principalmente poético, que se caracterizou por uma renovação estética e da linguagem profunda, com um forte cosmopolitismo e requinte narcisista e aristocrático.
Foi chamado de “Retorno das caravelas”, dada a influência que seus cultores latino-americanos tiveram na Espanha, quando tradicionalmente era o contrário. Considera-se seu início com a publicação do poema Azul, de Rubén Darío.
Influências
A poesia francesa foi central na formação da poesia de Rubén Darío, sobretudo na escola romântica, com Víctor Hugo como líder, e depois os chamados parnasianos: Gautier, de Lisle, Mendès e Heredia. Mas, em particular, os versos de Paul Verlaine lhe serviram de inspiração, e com ele os da escola simbolista.
Poesia
Darío obedeceu ao lema do poeta francês Verlaine, que proclamava “a música à frente de tudo”. Como bom modernista, entendeu a poesia como uma forma de música, na qual o ritmo tinha profunda importância. Por isso, utilizava frequentemente métricas em desuso ou antigas, como o hendecassílabo, o decassílabo e o alexandrino, bem como numerosas rimas internas e elementos lúdicos em seus versos.
O vocabulário empregado tendia aos cultismos, provenientes do latim ou do grego, em um registro sumamente elevado, protagonizado por mitos da antiguidade mítica ou de lugares exóticos e sonhados. Há um forte ar exotista em seu imaginário.
Seus temas centrais foram o erotismo, o exótico e a viagem, o ocultismo e os mistérios, bem como a política, sobretudo a americana, e a exaltação das nações latino-americanas e sua gestão cultural.
Poemas famosos
Alguns dos poemas mais conhecidos de Rubén Darío são os seguintes:
- “A Colombo” (fragmento):
Desgraçado Almirante! Sua pobre América,
sua índia virgem e bela de sangue quente,
A pérola de seus sonhos, é uma histérica
de convulsivos nervos e testa pálida.
Um desastroso Pirítu possui sua terra:
onde a tribo unida brandiu suas maçãs,
hoje se acende entre irmãos perpétua guerra,
Ferem-se e destroem as mesmas raças.
- “Os cisnes” (fragmento):
Qual sinal fazes, ó Cisne, com o teu pescoço curvado
ao passo dos tristes e errantes sonhadores?
Por que tão silencioso de ser branco e ser belo,
tirânico às águas e impassível às flores?
Eu te saúdo agora como em versos latinos
te saudava antes Públio Ovidius Nasón.
Os mesmos rouxinóis cantam os mesmos pius,
e em línguas diferentes é a mesma canção.
- “Oh minha adorada menina!”
Oh minha adorada menina!
Te direi a verdade:
Seus olhos me parecem
Brasas atrás de vidro;
Seus cachos, negro luto,
E tua boca sem par,
A ensangrentada marca
Da ponta de uma faca.
Prosa
Muita da produção literária do autor foi escrita em prosa, o que muitas vezes é esquecido. Grande parte de sua prosa foi publicada em jornais e revistas, mas também destacam suas experiências com a narração extensa.
- Romance. Darío escreveu um romance autobiográfico que não chegou a concluir, intitulado O Ouro de Mallorca.
- Relatos. Ele escreveu vários relatos como Nas Margens do Reno, O Rei Burguês, O Sátiro Surdo, A Morte da Imperatriz Chinesa, O Pesadelo de Honório, Lágrimas de Centauro e muitos mais.
- Crônicas. As crônicas de Darío eram publicadas na imprensa e eram muito famosas. Existem vários compêndios delas: Espanha Contemporânea (1901), Viagem à Nicarágua e Intermezzo Tropical (1907), entre outros.
Obras
A trajetória literária de Rubén Darío é sumamente extensa, mas podemos destacar os seguintes livros por serem os mais conhecidos:
- Poemas. Abrojos (1887), Rimas (1887), Azul... (1888), Prosas profanas e outros poemas (1896), Ode a Mitre (1906), Canto à Argentina e outros poemas (1910).
- Prosa. Os Esquisitos (1905), Espanha Contemporânea (1901), Terras solares (1904), A vida de Rubén Darío Escrita por Ele Mesmo (1913), História dos Meus Livros (1916).
Homenagens
A Rubén Darío foram realizadas muitas homenagens, entre as quais podemos destacar os diversos prêmios literários que levam o seu nome, como o Prêmio Internacional de Poesia que outorga Nicarágua, ou a Ordem da Independência Cultural Rubén Darío, máxima condecoração que outorga o governo desse país a personagens ou instituições culturais de importância latino-americana.
Existem, além disso, bustos seus na maioria das cidades do continente, nas praças de poetas e nas instituições consagradas em homenagem à literatura hispano-americana em geral. Paradoxalmente, o poeta foi pouco traduzido para outras línguas, por isso, não é muito conhecido fora do âmbito da língua espanhola.
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