Revolução Chinesa de 1949

Vamos explicar como foi a Revolução Chinesa e quais foram os principais eventos. Além disso, como foi a expansão do comunismo.

Em 1949, o exército comunista conseguiu estabelecer o governo de Mao Tsé-Tung.

O que foi a Revolução Chinesa de 1949?

Chama-se Revolução Chinesa o processo revolucionário pelo qual a China enfrentou desde a guerra civil iniciada em 1947 até 1949. Durante o processo, os comunistas, organizados no Partido Comunista Chinês, liderados por Mao Tsé-Tung, e os nacionalistas, ligados ao Partido Nacionalista Chinês (conhecido como Kuonmitang), liderados por Chiang Kai-sheck. Os comunistas ganharam maior apoio entre a população civil e os nacionalistas acabaram cedendo as principais cidades chinesas às forças comunistas.

Em outubro de 1949, Mao Tsé-Tung fundou a República Popular da China e estabeleceu um Estado comunista. Como resultado, os nacionalistas e a população civil que os apoiava se refugiaram na ilha de Taiwan, que foi proclamada uma república autônoma e capitalista.

História da Revolução Chinesa de 1949

O declínio da antiga China imperial provocou a intervenção colonial europeia no século XIX. A China, governada pelos últimos imperadores da dinastia Qing, sofreu repetidas humilhações por parte das potências europeias, dos Estados Unidos e do Japão.

A proclamação da República em 1912 não proporcionou a estabilidade necessária a um país empobrecido. Duas grandes forças emergiram desse período de crise:

  • O Kuomintang. Tratava-se de um grupo nacionalista apoiado pela burguesia urbana e liderado por Chiang Kai-shek, que governava a maior parte do país.
  • O Partido Comunista Chinês (PCCh). Tratava-se de um grupo com uma base social essencialmente camponesa e liderado por Mao Tsé-Tung.

A guerra civil entre as duas facções começou em 1927 e durou até 1937, quando os dois exércitos uniram forças para combater a invasão japonesa. A guerra sino-japonesa continuou até a Segunda Guerra Mundial. Quando o conflito mundial terminou com a derrota japonesa em 1945, a China emergiu como uma das grandes beneficiárias.

No entanto, a ocupação japonesa e a guerra deixaram o país destruído. Nesse contexto, a guerra civil entre o Kuomintang e o Exército de Libertação Popular (ELP) comunista voltou a se acirrar.

A crise econômica, a alta inflação e a corrupção generalizada do Estado significavam que, apesar da ajuda dos Estados Unidos, o governo de Chiang Kai-shek perdia constantemente o apoio popular.

O exército comunista, por sua vez, implementou a reforma agrária nas áreas que dominava e viu milhões de camponeses se juntarem a ele. Depois disto, Chiang Kai-shek e os remanescentes do exército do Kuomintang fugiram para a ilha de Taiwan.

No dia 1º de outubro de 1949, Mao Tsé-Tung proclamou a República Popular da China em Pequim (Beijing). O fim da guerra ocorreu em maio de 1950, quando o ELP assumiu finalmente o controle do oeste da China e do Tibete.

O comunismo na China

Tradicionalmente, as ideias do comunismo se baseavam na tese marxista de que a classe trabalhadora era o principal agente revolucionário.

Mao introduziu sua própria visão da teoria marxista, na qual analisou o modo de fazer a revolução e implementar o comunismo na China, um país onde a classe trabalhadora era praticamente inexistente.

Antes da revolução de 1949, a maioria da população era de camponeses e a produção do país era basicamente agrária. Em sua versão do comunismo, Mao defendia que o campesinato deveria ser a principal classe revolucionária.

O governo de Mao Tsé-Tung

Mao estabeleceu um forte controle sobre a administração pública por meio do Partido Comunista Chinês.

Durante seu governo, Mao promoveu várias reformas para estabelecer o comunismo econômico e político no país. Estabeleceu um governo de partido único, controlado pelo Partido Comunista Chinês, e organizou uma economia planejada, centralizada e controlada pelo Estado.

Para ter um controle real sobre a administração do Estado, entre 1951 e 1952, realizou as campanhas “Três Anti” e “Cinco Anti”. Sob o pretexto de limpar o sistema administrativo da corrupção burocrática, conseguiu expulsar os inimigos do novo Estado e os oponentes ideológicos do sistema de governo.

Seu governo também se caracterizou pela repressão explícita à dissidência, censura e controle da imprensa e programas de “reeducação” da população. Depois da crise econômica gerada por suas políticas econômicas, sua liderança ficou comprometida e ele foi severamente criticado.

Em resposta, implementou um programa conhecido como “Revolução Cultural”, com o propósito de restabelecer seu status político dentro do partido. O programa foi essencialmente um expurgo da oposição em diferentes níveis do governo e do partido.

Economia durante o governo de Mao

Nos primeiros anos de seu governo, Mao procurou estabilizar a economia nacional arruinada pela ocupação japonesa e pela guerra civil. Ao mesmo tempo, introduziu uma série de reformas destinadas a consolidar o comunismo na China. A princípio, implementou reformas moderadas na esfera agrícola e a nacionalização de algumas atividades industriais.

Entretanto, no final da primeira década de seu governo, procurou intensificar as reformas para consolidar o comunismo na China. Em 1958, ele lançou seu programa “Grande Salto Adiante”, no qual estabeleceu um programa de coletivização e realocação de trabalhadores. Milhões de camponeses foram enviados para trabalhar nas fábricas de aço.

O resultado do programa foi muito negativo para a economia, para a política e para a sociedade chinesas. As colheitas fracassaram, levando a uma grave escassez de alimentos e, consequentemente, à fome para grande parte da população. Como consequência, houve greves e manifestações contra o governo, que, em resposta, reprimiu duramente. Estima-se que em decorrência da fome e da violência política, mais de 50 milhões de pessoas morreram.

Política internacional durante o governo de Mao

No contexto da Guerra Fria, a Revolução Comunista de Mao na China foi bem recebida pela União Soviética, que estava começando a formar o Bloco Oriental. Contudo, com o passar do tempo, a China provou que não permaneceria sob o controle da União Soviética.

Durante a Guerra da Coreia (1950-1953), o PPCh temia que o exército dos Estados Unidos obtivesse vantagem na Coreia e continuasse seu avanço sobre a China para restabelecer o governo do Kuomintang e pôr fim à Revolução Comunista. Como consequência, enviou tropas para apoiar as forças comunistas na Coreia e impedir o avanço norte-americano.

Na década de 1960, Mao avançou com seu programa de desenvolvimento nuclear, um elemento fundamental para se fortalecer na corrida armamentista da Guerra Fria. Mao argumentou que a China deveria manter uma forte liderança antiguerra contra o bloco ocidental. Acusava o imperialismo de ser um “tigre de papel” e defendia que, se necessário, deveria ser travada uma guerra nuclear contra o Ocidente.

Essa atitude beligerante criou alguns problemas para a União Soviética em suas relações com o bloco ocidental. Além disso, esta discórdia foi agravada por disputas sobre reivindicações territoriais e diferenças doutrinárias. Como resultado, em 1961, a China e a União Soviética romperam relações formais.

Referências

  • Tato, M. I., Bubello, J. P., Castello, A. M. y Campos, E. (2011). Historia de la segunda mitad del siglo XX. Estrada.
  • Bianco, L. (1967). Los orígenes de la Revolución china. Edicions Bellaterra.
  • Moreno, J. (1991). China contemporánea: 1916-1990. Ediciones Istmo.

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Kiss, Teresa. Revolução Chinesa de 1949. Enciclopédia Humanidades, 2024. Disponível em: https://humanidades.com/br/revolucao-chinesa-de-1949/. Acesso em: 5 de novembro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Teresa Kiss

Professora de História do ensino médio e superior.

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur)

Data da última edição: 30 de janeiro de 2024
Data de publicação: 26 de janeiro de 2024

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