Vamos explicar quem foi Gabriel García Márquez, como foi sua vida profissional e influências literárias. Além disso, suas características, obras e prêmios.
Quem foi Gabriel Garcia Márquez?
Gabriel García Márquez, conhecido como Gabo – pseudônimo com o qual o editor Eduardo Zalamea Borda, diretor do jornal El espectador – foi um jornalista, escritor, roteirista e editor colombiano, considerado o máximo expoente do realismo fantástico literário (ou realismo mágico) e um dos escritores mais famosos do país.
Sua obra está entre as mais conhecidas do continente latino-americano, sobretudo seu romance Cem anos de solidão (1967), ganhador de numerosos prêmios internacionais, e faz parte do chamado “Boom latino-americano”, como se conheceu na Espanha e no mundo a onda de escritores latino-americanos surgidos na década de 1960 e promovidos pela agente literária espanhola Carmen Balcells.
García Márquez foi muito popular tanto por seu gênio literário e jornalístico, como por suas posições políticas abertamente esquerdistas. Sua amizade com o líder cubano Fidel Castro foi conhecida e controversa dentro e fora do mundo literário.
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Nascimento de Gabriel García Márquez
Gabriel José de la Concordia García Márquez nasceu em Aracataca, um povoado colombiano localizado no departamento de Magdalena, no dia 6 de março de 1927, filho de Gabriel Eligio García e Luisa Santiaga Márquez.
Passou sua infância inicialmente com seus avós, até que mais tarde pode se mudar com seus pais para Sucre, em Barranquilla, em 1929.
Breve biografia de Gabriel García Márquez
García Márquez foi um jovem tímido e sério, pouco dado às atividades físicas, que escrevia poemas humorísticos e desenhava quadrinhos nas aulas do internato onde estudou, em Barranquilla.
Iniciou estudos de Direito na Universidade Nacional da Colômbia, em Bogotá, e nesses anos publicou seu primeiro relato: A terceira resignação, no jornal El Espectador.
Em março de 1958, casou-se com Mercedes Barcha, filha do boticário de seu povoado, em Barranquilla, com quem teve dois filhos: Rodrigo e Gonzalo.
Não terminou seu curso de advocacia, pois a universidade foi fechada depois dos distúrbios do Bogotazo, por isso, decidiu se dedicar totalmente ao jornalismo. Nunca terminou os estudos superiores.
Trabalho jornalístico de Gabriel García Márquez
García Márquez começou como jornalista no jornal El Universal, depois no El Heraldo e, em 1961, instalou-se com a sua mulher e seu primeiro filho em Nova York, como correspondente de imprensa latina.
No entanto, as pressões e ameaças da dissidência cubana no país e da CIA, obrigaram-no a se mudar para a Cidade do México, onde viveu a maior parte da sua vida. Seus vínculos com Fidel Castro e suas posições políticas lhe ganharam a classificação de “subversivo” por parte do governo norte-americano.
Influencias literárias de Gabriel García Márquez
García Márquez era próximo do Grupo de Barranquilla, uma tertúlia literária que operou entre 1940 e finais da década de 50. Ali, pode ler os grandes narradores realistas anglo-saxões: Ernest Hemingway, Virginia Woolf, James Joyce e sobretudo William Faulkner, que representou uma enorme influência em seu próprio trabalho.
Também foi admirador das tragédias da Grécia Antiga, como as de Sófocles, e em mais de uma ocasião confessou a importância que teve para ele o movimento poético iconoclasta colombiano chamado “pedra e céu”, de 1939.
Características literárias de sua obra
Sua obra se enquadra principalmente no realismo fantástico, um movimento narrativo caracterizado pela convivência de fenômenos fantásticos ou míticos em um relato de corte realista e do qual García Márquez é o máximo expoente juntamente com o guatemalteco Miguel Ángel Asturias.
No caso de Gabo, seu projeto literário buscava conciliar os relatos de infância de sua avó com as suas preocupações políticas e latino-americanas. Para isso, retoma o “real maravilhoso” que enunciou o cubano Alejo Carpentier. Seu estilo gerou tanto apoio massivo e um gigantesco sucesso audiovisual, como acusações de exotismo. A tudo, sempre respondeu que não havia em seus romances uma única linha não inspirada na realidade.
Principais obras literárias de Gabriel García Márquez
A obra narrativa de García Márquez é composta principalmente por romances, contos, reportagens jornalísticas, memórias, roteiros televisivos, peças dramáticas e reportagens noveladas. Suas peças mais conhecidas são:
- O coronel não tem quem lhe escreva (romance, 1961)
- Cem anos de solidão (romance, 1967)
- Crônica de uma morte anunciada (romance, 1981)
- O amor nos tempos do cólera (romance, 1985)
- Relato de um náufrago (reportagem de novela, 1970)
- Os funerais da mamãe grande (contos, 1962)
- Olhos de cão azul (contos, 1972)
- Doze contos peregrinos (contos, 1992)
- Viver para contar (memórias, 2002)
Prêmios e nomeações de Gabriel García Márquez
García Márquez ganhou inúmeros prêmios que celebravam seu pensamento e a sua obra, entre os quais destacaram:
- Prêmio Nobel de Literatura, em 1982.
- Prêmio de Novela Esso, em 1961.
- Prêmio Rómulo Gallegos, em 1972.
- Doutor Honoris Causa da Universidade de Columbia de Nova York, em 1971.
- Condecoração Águia Asteca do México, em 1982.
- Medalha da Legião Francesa em Paris, em 1981.
- Sua casa natal em Aracataca foi reconstruída em 2010 e convertida em um museu que leva o seu nome.
- Em 2008, foi construído no México um centro cultural que leva o seu nome.
- Em 2015, seu rosto apareceu em uma nova série de notas de dinheiro colombianas.
Militância política de García Márquez
Gabo defendia uma visão socialista do mundo, sem militar em qualquer partido político e sem se assumir como comunista. Simpatizou como muitos intelectuais da época, com a Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro, com quem manteve anos de amizade.
Ao mesmo tempo, viajou para os países da Europa comunista do oeste: Polônia, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental, Hungria e URSS, e depois escreveu crônicas expressando seu desacordo com o que acontecia nesses países.
O discurso de aceitação do Nobel se intitulou A Solidão da América Latina e ali expressa muitas de suas considerações políticas e filosóficas a respeito de sua visão do futuro do continente.
García Márquez na ficção
García Márquez aparece como personagem de ficção nos romances Cartagena (2015), de Claudia Amengual, e O Escritor de Canções. Além disso, muitas das suas obras foram adaptadas para a ficção cinematográfica e televisiva.
Falecimento de García Márquez
García Márquez morreu na Cidade do México, em abril de 2014, diagnosticado com câncer linfático. Por causa da sua morte, foram decretados três dias de luto na Colômbia.
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