Vamos explicar o que foi a Era Vitoriana, como se dividiu e seus avanços na política e nas artes. Além disso, suas características e inovações.
O que foi a Era Vitoriana?
A Era Vitoriana foi o período da história do Reino Unido da Grã-Bretanha que se realizou aproximadamente entre 1820 e 1914. Foi a época de maior esplendor do Império Britânico e da Revolução Industrial. O período coincide com o reinado de Vitória I (1837–1901) e por isso leva o seu nome.
A Era Vitoriana da história britânica foi uma etapa de estabilidade, também conhecida como Pax Britannica (paz britânica). Neste período, a influência do Reino Unido cresceu e se consolidou como potência industrial no cenário internacional. Por sua vez, as reformas políticas internas evitaram a eclosão de revoluções como as que ocorreram nos demais países europeus.
PONTOS FUNDAMENTAIS
- É uma etapa da história do Reino Unido que se estendeu por quase todo o século XIX e coincidiu com o reinado de Vitória I.
- Vinculou-se ao desenvolvimento da Revolução Industrial e à expansão do Império Britânico.
- Caracterizou-se pelo crescimento econômico do Reino Unido e das transformações sociais produzidas pela industrialização.
- No campo da cultura, a alfabetização e o acesso à obras literárias e artísticas se expandiram.
- Veja também: Período Clássico (Europa)
A política na Era Vitoriana
Durante a Era Vitoriana, o governo do Império Britânico tomou a forma de uma monarquia parlamentar bicameral, que incluía a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns. Os reis que governaram o império neste período foram Jorge IV (1820–1830), Guilherme IV (1830–1837), Vitória I (1837–1901), Eduardo VII (1901–1910) e Jorge V (1910–1936). Vitória I teve o segundo reinado mais longo da história britânica, e por isso deu nome a esta era.
Ao contrário de outros países europeus, o Reino Unido não passou por revoluções políticas no século XIX. Isso responde ao fato de que o governo foi realizando reformas políticas e trabalhistas que evitaram a eclosão de revoluções violentas. Portanto, a Era Vitoriana é considerada uma etapa de estabilidade política ligada ao reformismo liberal e ao crescimento da importância da Câmara dos Comuns.
A política interna era conduzida no Parlamento pelo partido dos Whig (os liberais) e pelo partido dos Tory (conservadores). De ambos os partidos surgiram importantes personalidades que ocuparam o cargo de primeiro-ministro durante este período.
Entre os eventos políticos mais importantes da Era Vitoriana está a reforma eleitoral de 1832, que modificou a distribuição de grupos no parlamento e permitiu a participação eleitoral da burguesia. Em 1867, uma nova reforma ampliou a base eleitoral, diminuindo as limitações de acesso ao voto para os homens.
Também, na Era Vitoriana houve outros movimentos reformistas que se concentraram em alcançar melhorias na qualidade de vida das classes trabalhadoras, como a limitação horária da jornada de trabalho e os aumentos salariais, entre outras reivindicações.
Outros eventos políticos relevantes foram a abolição da escravatura em 1833, tanto em solo inglês como em todas as colônias que faziam parte do império, o crescimento do movimento feminista pelo acesso ao voto das mulheres e o o melhor momento do liberalismo como ideologia política dominante.
A economia na Era Vitoriana
A economia da Era Vitoriana no Reino Unido foi marcada pelo desenvolvimento e pela evolução da Revolução Industrial. Entre 1820 e 1873, o Reino Unido se tornou o país mais rico da comunidade internacional. Nas décadas de 1870 e 1880, atravessou uma breve crise econômica e então, a partir de 1890, a economia britânica recuperou um crescimento moderado.
A expansão da economia do Reino Unido foi um efeito da industrialização do país, que se concentrou na produção em grande escala das indústrias têxtil, metalúrgica e alimentícia. A partir de 1840, o crescimento se multiplicou.
A indústria têxtil, por exemplo, empregou quase 40% da força de trabalho industrial em 1880, como resultado de um rápido processo de mecanização no algodão e na lã. Entre 1840 e 1860, o índice de exportação britânica foi o mais alto do período.
Por outro lado, a Revolução Ferroviária aproximou os diferentes cantos do país, permitindo o deslocamento de materiais e pessoas ao longo de grandes distâncias em um curto espaço de tempo. Assim, a Inglaterra passou de um país rural para uma potência industrial em pouco mais de sessenta anos, com um enorme crescimento nos setores comerciais, de transporte, de mineração e de indústria.
A sociedade na Era Vitoriana
Durante a Era Vitoriana, a sociedade foi marcada por hierarquias de gênero e de classe. Em relação ao gênero, a sociedade vitoriana estabeleceu que homens e mulheres desempenhavam funções diferentes, que estavam ligadas a questões biológicas. As atividades dos homens pertenciam ao mundo público, do trabalho e da política, enquanto que as mulheres deveriam se ocupar da esfera privada, do bem-estar familiar e da organização de tarefas domésticas.
Por outro lado, a sociedade britânica era composta de 70% a 80% pela classe trabalhadora assalariada, tanto rural como urbana. Além disso, havia uma pequena classe média profissional que, ao longo do século XIX, foi crescendo até atingir quase 25% da população. Por sua vez, a classe alta era proprietária de terras, ganhava suas riquezas através de suas propriedades, rendas e juros, e monopolizava o controle da política nacional.
A cultura na Era Vitoriana
Durante a Era Vitoriana, a cultura britânica cresceu como resultado de um maior acesso às obras artísticas e de uma melhor distribuição das mesmas. Os avanços nas técnicas de impressão levaram à multiplicação das revistas e dos jornais, que podiam ser adquiridos a preços cada vez mais baratos. Isso, por sua vez, foi acompanhado de um aumento no alfabetismo, promovido pela criação de escolas elementares por parte do Estado.
Por outro lado, a produção literária foi marcada pelo romance e pelo melodrama. Entre os principais autores da época estão Charles Dickens, Emily Brontë, Lewis Carroll, H. G. Wells, Bram Stoker, Oscar Wilde, Arthur Conan Doyle e Robert Louis Stevenson. Suas obras retratavam a sociedade colonial, as pressões políticas do momento e as questões sociais. Outras obras foram marcadas pela fantasia científica e pelas histórias de terror.
Além disso, nas principais cidades inglesas se multiplicaram os espaços culturais, como os music halls (salões musicais).
A arquitetura na Era Vitoriana
A arquitetura da Era Vitoriana testemunhou um renascimento do gótico, que expressava ao mesmo tempo o interesse pela modernidade e pela continuidade cultural.
Entre suas amostras mais significativas estão a reconstrução do Palácio de Westminster, severamente danificado em 1834 por um incêndio, que nas mãos de Charles Barry foi reerguido, respeitando os princípios medievais da porção intacta do edifício.
A ciência na Era Vitoriana
Durante a Era Vitoriana, houve grandes avanços nas ciências de diferentes áreas. Na medicina, o uso de anestesia e os primeiros antissépticos foram generalizados, descobertos em 1865 por Joseph Lister. Isso permitiu um aumento na taxa de sobrevivência dos pacientes.
Por outro lado, em 1859, Charles Darwin publicou seu famoso livro A Origem das Espécies, que serviu de base para o desenvolvimento posterior da teoria da evolução por diferentes membros da comunidade científica. Em seu livro, Darwin postulou a ideia de que as espécies evoluíram ao longo das gerações através do processo de seleção natural.
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Referências
- Ackermann, M. E., Schroeder, M. J. y otros. (2008). Victoria. En Encyclopedia of World History, vol IV: Age of Revolution and Empire. Facts on File.
- Cortés Salinas, C. (1985). La Inglaterra victoriana. Akal.
- Rizzi, A. y Raiter, B. (2008). Gran Bretaña y la vía evolutiva. Una historia para pensar. Moderna y Contemporánea. Kapelusz.
- Steinbach, S. (2023). Victorian era. Em Encyclopedia Britannica https://www.britannica.com/
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