Ataque a Pearl Harbor

Vamos explicar o que foi o ataque japonês a Pearl Harbor e como provocou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Além disso, os seus principais protagonistas.

O ataque a Pearl Harbor prejudicou a frota dos Estados Unidos no Pacífico.

O que foi o ataque a Pearl Harbor?

O ataque a Pearl Harbor foi um ataque aéreo surpresa da Marinha Imperial Japonesa contra a base naval dos Estados Unidos em Pearl Harbor, na ilha de Oahu, Havaí. Ocorreu no dia 7 de dezembro de 1941 e provocou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial (1939–1945).

O governo japonês decidiu atacar Pearl Harbor como parte de sua política expansionista que visava à construção de “uma grande esfera de coprosperidade no leste da Ásia”. Os militares nacionalistas haviam subido ao poder no Império do Japão e buscavam impor a hegemonia japonesa na Ásia e no Pacífico. Em 1931, havia ocorrido a invasão japonesa da Manchúria e, em 1937, tinha se iniciado a guerra sino-japonesa.

Em 1940, o Japão iniciou a ocupação da Indochina francesa e assinou o Pacto Tripartite com a Alemanha nazista e a Itália fascista. Em 1941, os Estados Unidos suspenderam as relações comerciais com o Japão, e as autoridades japonesas consideraram que para continuar a expansão no Pacífico era necessário neutralizar a frota norte-americana.

Embora soubessem que o ataque a Pearl Harbor levaria à guerra com os Estados Unidos, as autoridades japonesas presumiram que os danos causados à força naval inimiga forçariam o governo dos Estados Unidos a negociar a paz.

Isso nunca aconteceu e, a partir da Batalha de Midway, em 1942, os Estados Unidos começaram a ganhar vantagem. A guerra no fronte do Pacífico terminou quando os Estados Unidos lançaram duas bombas atômicas no território japonês (Hiroshima e Nagasaki) e forçaram a rendição incondicional do Japão, assinada em 2 de setembro de 1945.

Perguntas frequentes

Por que o Japão atacou Pearl Harbor?

Depois de o Japão assinar o Pacto Tripartite com a Alemanha e a Itália (1940) e invadir a Indochina francesa (1940–1941), os Estados Unidos impuseram sanções econômicas e um embargo comercial. Para evitar que os Estados Unidos interferissem no plano de expansão japonês no Pacífico, as autoridades japonesas decidiram lançar um ataque surpresa à principal base americana no Pacífico e enfraquecer a sua frota. Embora estivessem cientes de que isso provocaria uma guerra com os Estados Unidos, presumiram que o governo americano seria forçado a negociar a paz, o que acabou não acontecendo.

Qual foi a consequência do ataque a Pearl Harbor?

A consequência imediata do ataque a Pearl Harbor foi a declaração de guerra do governo dos Estados Unidos contra o Império do Japão em 8 de dezembro de 1941, o que significou a entrada do primeiro na Segunda Guerra Mundial. A intervenção dos Estados Unidos na guerra contribuiu decisivamente para a derrota das potências do Eixo, tanto no Pacífico quanto na Europa.

O ataque a Pearl Harbor foi bem-sucedido?

Inicialmente, o ataque japonês a Pearl Harbor conseguiu enfraquecer a frota norte-americana no Pacífico. Entretanto, alguns navios puderam ser consertados e o governo dos Estados Unidos não considerou a possibilidade de negociar a paz com o Japão. Em meados de 1942, os Aliados começaram a ganhar força no front do Pacífico. A intervenção norte-americana na Segunda Guerra Mundial favoreceu a vitória dos Aliados e levou à rendição incondicional da Alemanha e do Japão em 1945.

O contexto histórico

O Império do Japão iniciou sua política de conquista no leste da Ásia no final do século XIX e início do século XX. Entretanto, foi com a invasão japonesa da Manchúria em 1931 e o crescente poder do setor militar no governo japonês que a atitude militarista e expansionista se intensificou.

Em 1933, o Japão foi forçado a se retirar da Liga das Nações e, em 1937, iniciou a ocupação do norte e do leste da China, o que deu início à Guerra Sino-Japonesa (1937-1945).

A ideologia nacionalista e as necessidades econômicas estimularam o plano de construir uma nova ordem sob a hegemonia japonesa, que em 1940 foi chamada de “Esfera de Coprosperidade do Grande Leste Asiático”. O governo dos Estados Unidos se mostrou disposto a conter a expansão japonesa por meio de medidas econômicas e, ao mesmo tempo, apoiar o governo chinês com recursos materiais.

Em 1940, ocorreram dois eventos importantes:

  • a assinatura do Pacto Tripartite entre o Império do Japão, a Alemanha nazista e a Itália fascista,
  • a invasão japonesa do norte da Indochina francesa.

Em 1941, o Japão estendeu sua ocupação ao sul da Indochina francesa, e os Estados Unidos impuseram um embargo comercial, com o apoio do Reino Unido e dos Países Baixos. Em outubro de 1941, o ministro da Guerra do Japão, Hideki Tojo, a favor de entrar em guerra contra os Estados Unidos, foi nomeado primeiro-ministro.

Segunda Guerra Mundial infográfico

O ataque japonês a Pearl Harbor

No dia 7 de dezembro de 1941, a aviação japonesa atacou de surpresa a base naval de Pearl Harbor, no Havaí, onde se concentrava a Frota de Guerra norte-americana do Pacífico. Os ataques, planejados pelo almirante Isoroku Yamamoto e autorizados pelo primeiro-ministro japonês, Hideki Tojo, começaram às 7h55min e terminaram aproximadamente às 9h.

Os navios de guerra ancorados no porto eram alvos fáceis para os cerca de 360 aviões de guerra japoneses envolvidos no ataque.

Os norte-americano sofreram 3400 baixas, com mais de 2400 mortes. O ataque prejudicou seriamente o poder naval e aéreo dos Estados Unidos no Pacífico.

A declaração de guerra

Após o ataque a Pearl Harbor, Franklin D. Roosevelt declarou guerra ao Japão.

O ataque a Pearl Harbor chocou o povo norte-americano e incitou a opinião pública a favor da entrada dos Estados Unidos na guerra. O presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, conseguiu fazer com que o Congresso aprovasse a declaração de guerra contra o Japão no dia seguinte, 8 de dezembro de 1941.

No mesmo dia, foi publicada a declaração de guerra do Japão contra os Estados Unidos e o Reino Unido, emitida sete horas e meia após o ataque a Pearl Harbor. Isso abriu o front do Pacífico na Segunda Guerra Mundial.

A falta de previsão das autoridades militares norte-americanas em relação a um possível ataque japonês provocou duras críticas. Atualmente, considera-se que, apesar de os militares norte-americanos estarem cientes da probabilidade de um ataque japonês, eles não sabiam quando ou onde ele aconteceria.

A guerra no Pacífico foi inicialmente favorável ao Império do Japão, que conseguiu ocupar territórios importantes. Após a derrota japonesa na Batalha de Midway, em junho de 1942, a Marinha dos Estados Unidos conseguiu deter o avanço japonês e partiu para a ofensiva.

As bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki

Em virtude do baixo desempenho militar do Japão, o primeiro-ministro Hideki Tojo foi forçado a renunciar em julho de 1944. No dia 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram a primeira bomba atômica na cidade japonesa de Hiroshima. Esse ataque resultou em cerca de 70 mil mortes imediatas e dezenas de milhares de outras em decorrência de ferimentos e radiação.

Em 8 de agosto, a União Soviética declarou guerra ao Japão e invadiu a Manchúria e a Coreia. No dia 9 de agosto, os Estados Unidos lançaram a segunda bomba atômica na cidade de Nagasaki, resultando em cerca de 40 mil mortes imediatas e muitas outras decorrentes dos efeitos da radiação.

Após os ataques a Hiroshima e Nagasaki, o Japão assinou uma rendição incondicional em 2 de setembro de 1945, o que se considera o fim da Segunda Guerra Mundial.

Protagonistas do ataque japonês a Pearl Harbor

Hideki Tojo (1884–1948)

O primeiro-ministro japonês Hideki Tojo impulsionou a guerra contra os Estados Unidos.

Hideki Tojo foi um militar japonês que participou da invasão japonesa da Manchúria em 1931, onde suas ações militares contra as tropas chinesas permitiram que ele subisse ao posto de major-general em 1933.

Defensor de ideias ultranacionalistas, acreditava que, diante da ameaça comunista e do que ele via como o declínio do mundo anglo-saxão, havia chegado o momento de construir um império japonês na Ásia. Seus sucessos na guerra contra a China o tornaram um nome conhecido nos círculos nacionalistas e militaristas.

Em 1938, retornou a Tóquio como vice-ministro da Guerra e, em 1940, foi nomeado ministro da Guerra. Em outubro de 1941, assumiu o cargo de primeiro-ministro e tomou a decisão fundamental de atacar os Estados Unidos e precipitar a entrada do Japão na guerra.

Embora os primeiros sucessos militares tenham sido para os japoneses, os avanços norte-americanos subsequentes enfraqueceram sua posição e ele foi forçado a renunciar em julho de 1944.

Após a rendição japonesa em setembro de 1945, Tojo tentou tirar a própria vida, foi preso e finalmente julgado como criminoso de guerra em 1946. Ele foi executado por enforcamento em 1948.

Hirohito (1901–1989)

Filho do imperador Yoshihito, Michinomiya Hirohito subiu ao trono do Império do Japão após a morte de seu pai em 1926. Ainda que, segundo a lei japonesa, ele fosse o depositário do poder executivo e o chefe do exército, na prática ele perdeu o controle após a invasão japonesa da Manchúria em 1931.

A partir de então, foi a liderança militar que conduziu uma política internacional cada vez mais agressiva e expansionista. Hiroito legitimou com sua aprovação as sucessivas agressões que culminaram com o ataque a Pearl Harbor e a entrada do Japão na Segunda Guerra Mundial em dezembro de 1941.

Quando a guerra começou a se voltar contra o Japão, Hirohito aproveitou as diferenças internas do bloco de poder em Tóquio e conseguiu forçar o General Hideki Tojo a renunciar ao cargo de chefe de governo em julho de 1944.Hirohito manteve a esperança de manter conversações de paz com os Aliados.

Após o lançamento das bombas atômicas dos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki e a declaração de guerra da União Soviética (URSS) contra o Japão em agosto de 1945, Hiroito anunciou a rendição do Japão de acordo com as condições estabelecidas pelos Aliados na Conferência de Potsdam. Essas condições garantiram sua permanência no trono imperial.

Os norte-americanos viam a permanência da instituição imperial como um pré-requisito para a cooperação com a potência ocupante e a pacificação da sociedade japonesa. Após a guerra e até sua morte em 1989, Hirohito não desempenhou nenhum papel político significativo no Japão.

Isoroku Yamamoto (1884–1943)

O almirante Isoroku Yamamoto planejou o ataque a Pearl Harbor.

O almirante Isoroku Yamamoto foi um oficial militar japonês que promoveu o uso de porta-aviões e aviões de combate pela Marinha Imperial Japonesa. Em 1939, assumiu o cargo de comandante-chefe da Frota Combinada.Em 1941, planejou o ataque a Pearl Harbor, que foi autorizado pelo primeiro-ministro Hideki Tojo e aprovado pelo imperador Hirohito.

O plano de Yamamoto era enfraquecer a frota dos Estados Unidos e impedir que ela se tornasse um obstáculo ao expansionismo japonês na Ásia e no Pacífico. No entanto, após o ataque a Pearl Harbor, os Estados Unidos declararam guerra ao Japão.

As forças armadas dos Estados Unidos foram reforçadas e, a partir da Batalha de Midway, em 1942, conseguiram dominar a Marinha Imperial Japonesa. Yamamoto foi morto em 1943 quando um esquadrão de caças norte-americano abateu o avião em que ele viajava sobre a ilha de Bougainville.

Inukai Tsuyoshi (1855–1932)

Inukai Tsuyoshi foi um político japonês que fundou o Partido Constitucional Nacional e, em 1913, liderou um movimento popular contra o governo autocrático do general Katsura Taro. Após várias mudanças de partido, em 1924 ele se juntou ao maior partido do país, o Amigos do Governo Constitucional (Rikken Seiyūkai). Em 1929, foi nomeado presidente do partido.

Após a invasão da Manchúria pelas tropas japonesas, Inukai Tsuyoshi tornou-se primeiro-ministro do Japão em dezembro de 1931. Ele era contra as tentativas dos militares de usurpar o poder e substituir a autoridade civil, e se esforçou para entrar em negociações com o governo chinês para evitar novas agressões militares.

Essa atitude levou ao seu assassinato por um grupo de oficiais ultranacionalistas da Marinha Imperial Japonesa em maio de 1932. Sua morte marcou o início da hegemonia militar no governo japonês, o que levou a uma política expansionista e a decisões críticas para o Império do Japão, como o ataque à base americana de Pearl Harbor em 1941.

Declarações de guerra entre o Japão e os Estados Unidos

O Japão declarou guerra contra os Estados Unidos e o Reino Unido poucas horas após o ataque a Pearl Harbor. O documento de declaração de guerra foi publicado em nome do Imperador Hirohito em 8 de dezembro de 1941 na primeira página de todos os jornais japoneses.

Em 8 de dezembro de 1941, o presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, fez um discurso em uma sessão conjunta do Congresso, conhecido como o “Discurso da Infâmia”, no qual ele se referiu ao ataque japonês a Pearl Harbor no dia anterior e pediu ao Congresso que declarasse estado de guerra entre os Estados Unidos e o Japão.

No mesmo dia, o Congresso norte-americano aprovou uma resolução conjunta declarando que os Estados Unidos estavam em guerra contra o Japão. O único voto contra a declaração veio da política republicana Jeannette Rankin, da Câmara dos Deputados, que era pacifista e também havia se oposto à entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial.

Referências

  • Beevor, A. (2012). La Segunda Guerra Mundial. Pasado y presente.
  • Britannica, Encyclopaedia (2023). Pearl Harbor attack. Encyclopedia Britannica. https://www.britannica.com/
  • Declaración de guerra a Japón, 8 de diciembre de 1941, em: United States Senate. https://www.senate.gov/ 
  • Declaración de guerra contra Estados Unidos y el Reino Unido, 8 de diciembre de 1941, em: The Gilder Lehrman Institute of American History. https://www.gilderlehrman.org/ 
  • Smith, C. (2008). Pearl Harbor, diciembre de 1941. El día de la infamia. Osprey.
  • Stone, N. (2013). Breve historia de la Segunda Guerra Mundial. Ariel.

Como citar?

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Gayubas, Augusto. Ataque a Pearl Harbor. Enciclopédia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/ataque-a-pearl-harbor/. Acesso em: 4 de dezembro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Augusto Gayubas

Doutor em História (Universidad de Buenos Aires)

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur)

Data da última edição: 27 de novembro de 2024
Data de publicação: 30 de setembro de 2023

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