Vamos explicar o que é a poluição radioativa e quais são as suas causas e consequências. Além disso, suas características e possíveis soluções.
O que é poluição radioativa?
Poluição radioativa (também chamada de nuclear) é a presença de substâncias radioativas no ambiente em concentrações mais altas do que as que normalmente têm na natureza.
As substâncias radioativas podem conter radioisótopos (átomos instáveis que contêm um excesso de energia no núcleo e a liberam para se transformar em átomos estáveis) naturais e artificiais. Os radioisótopos naturais são aqueles que existem na natureza desde a formação do planeta Terra, por exemplo, o urânio-235 (235U) e o polônio-210 (210Po). Os radioisótopos artificiais são aqueles que foram criados pelo homem em laboratórios, por exemplo, o plutônio-239 (239Pu).
A radioatividade é um processo pelo qual um núcleo atômico instável libera energia para se transformar em um núcleo atômico estável. Esta energia é liberada através da emissão de radiação ou de partículas específicas. Tanto a radiação como as partículas emitidas podem alterar a constituição das moléculas que formam os seres vivos e provocam graves danos e até mesmo a morte.
Esse processo, chamado de desintegração radioativa, emite radiações (alfa, beta, gama e nêutrons), que podem atravessar a matéria e alterar a sua constituição molecular. Seu efeito pode ser letal para o equilíbrio químico da vida. Esse processo leva frações de segundo em alguns elementos, enquanto que em outros pode levar milhares de anos.
- Veja também: Poluição ambiental
Elementos radioativos
Entre os elementos radioativos mais comuns, estão:
- Polônio (Po)
- Astato (At)
- Radônio (Rd)
- Frâncio (Fr)
- Rádio (Ra)
- Actínio (Ac)
- Tório (Th)
- Urânio (U)
- Plutônio (Pu)
- Neptúnio (Np)
- Laurêncio (Lr)
- Berquélio (Bk)
- Califórnio (Cf)
Causas da poluição radioativa
As principais causas de poluição radioativa são do tipo artificial, isto é, ocorrem como consequência das atividades humanas como:
- Explosão de bombas atômicas. Em 1945, os Estados Unidos lançaram duas bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki no Japão. As consequências da poluição radioativa gerada persistem até hoje em crianças que ainda nascem com malformações genéticas.
- Má gestão de resíduos nucleares. As usinas nucleares produzem geram (Pu), um metal pesado altamente radioativo que leva pelo menos 88 anos (há isótopos que levam até 24 mil anos) para se decompor em chumbo. A disposição incorreta dos resíduos nucleares também pode gerar poluição.
- Acidentes nucleares. As falhas técnicas em usinas nucleares geralmente produzem poluição muito grave, pois é jogado no ar, água e solo material químico radioativo perigosíssimo para a vida.
Consequências da poluição radioativa
A poluição radioativa pode ter várias consequências dependendo da quantidade de radiação emitida e da duração da exposição das pessoas.
A radiação é uma energia não apenas letal, mas também mutagênica, ou seja, capaz de alterar o funcionamento do DNA vital de maneiras imprevisíveis. Por isso, a poluição radioativa é considerada uma das mais perigosas.
Nenhuma forma de vida permanece imune aos seus efeitos. Estes incluem o câncer, a leucemia, a infertilidade e as malformações genéticas. Em alguns casos, pode levar à morte imediata ou à transmissão hereditária de defeitos congênitos.
Como a poluição radioativa pode ser evitada?
A prevenção é geralmente a melhor medida para evitar a poluição radioativa. Para isso, é necessário:
- A aplicação de leis rigorosas sobre o uso de materiais perigosos, incluindo medidas de segurança e prevenção, regulamentação de emissões e sanções em caso de acidentes.
- O estabelecimento de controles sobre o manuseio seguro de resíduos radioativos.
- A conscientização e a educação ambiental para os trabalhadores e para a população em geral sobre as medidas preventivas que podem ser implementadas para reduzir os riscos de exposição à radiação.
Possíveis ações em relação à poluição radioativa
Uma vez que a poluição radioativa ocorreu, as ações que os governos podem implementar são:
- Evacuação e confinamento. Em caso de emergência radioativa, pode ser ordenada a evacuação da população das áreas afetadas ou seu confinamento em locais seguros para minimizar a exposição à radiação.
- Fornecimento de informação. É importante que os governos forneçam informação sobre o evento e seus riscos, bem como sobre as medidas de proteção e precaução.
- Monitoramento da qualidade dos alimentos e da água. As autoridades devem monitorar regularmente a qualidade dos alimentos e da água para detectar qualquer poluição radioativa que possa aparecer e tomar medidas adequadas para proteger a população.
- Despoluição de áreas afetadas. As áreas afetadas por poluição radioativa devem ser despoluídas no menor tempo possível.
- Isolamento e armazenamento de materiais poluídos. Os materiais poluídos devem ser armazenados e isolados de forma adequada para evitar sua liberação no ambiente.
- Acompanhamento médico. As pessoas que foram expostas à radiação (e os filhos e netos que tenham no futuro) devem receber acompanhamento médico durante toda a vida para detectar e tratar quaisquer efeitos na saúde que possam surgir após a exposição à radiação.
- Avaliação de impacto ambiental. As autoridades devem realizar uma avaliação de impacto ambiental para determinar a extensão e a gravidade dos efeitos da poluição radioativa e tomar medidas para mitigá-los.
Níveis de risco de poluição
Na natureza não existe nenhum elemento isento de uma certa margem de radioatividade. No entanto, se falarmos de materiais particularmente radioativos, a exposição a eles pode ser catalogada em dois níveis:
Baixa exposição
Os baixos níveis de exposição a materiais radioativos significam menor risco de dano, embora isso dependa da natureza do agente radioativo. Seus efeitos na vida dependem da dose absorvida e, a menos que algum ser vivo seja repetidamente exposto a eles, os riscos de dano devem ser baixos.
Quando pequenas quantidades de material radioativo são incorporadas ao corpo dos seres vivos, este material é eliminado através dos resíduos próprios de cada organismo, como as fezes, a urina e o suor. Por outro lado, quando os seres vivos sofrem uma pequena exposição externa ao material radioativo, os efeitos são os mesmos que sofrem na vida cotidiana quando expostos a materiais não-radioativos como equipamentos de radiografias (raios-X).
Alta exposição
Altos níveis de exposição a materiais radioativos, seja por incorporação no organismo ou pela exposição externa, causam graves danos aos seres vivos.
Quando grandes quantidades de material radioativo são incorporadas ao organismo dos seres vivos, este material não pode ser eliminado na sua totalidade em um tempo suficientemente curto para que o dano seja mínimo. Então, pode gerar danos às células que podem levar à sua morte ou a formação de tumores e mutações genéticas.
Como é medida a poluição radioativa?
A unidade estabelecida no Sistema Internacional (SI) para medir a radioatividade é o Becquerel (Bq), equivalente a 1 desintegração por segundo. Anteriormente, a Curie (Ci) era usada, que se identificava com a atividade de um grama de rádio (Ra).
Esta medida pode expressar dois tipos de poluição:
- Superficial. A poluição superficial é expressa em unidades de atividade por unidade de área, como becquerels por metro quadrado (Bq/m2). Este tipo de contaminação ocorre no solo e na pele das pessoas.
- Volumétrica. A poluição volumétrica é expressa em unidades de atividade por unidade de volume, como becquerels por metro cúbico (Bq/m3). Medições volumétricas de atividade são usadas para medir a poluição radioativa de lugares fechados.
Tipos de poluição radioativa
Em princípio, distinguem-se dois tipos de poluição radioativa, de acordo com a sua origem:
- Poluição natural. Pode ocorrer devido à presença na superfície terrestre de elementos radioativos que fazem parte natural dos ciclos terrestres ou atmosféricos. Por exemplo, a poluição gerada pelos raios cósmicos do espaço exterior.
- Poluição artificial. Depende da atividade humana, especialmente a guerra e a energia, como as bombas atômicas e as usinas nucleares. Estas atividades envolvem processos físico-químicos que geram materiais radioativos que afetam o ambiente. Estes materiais são geralmente sintéticos e não existem no mundo natural, por isso não há níveis seguros de sua presença nos ecossistemas
Símbolos de advertência
O símbolo internacional da poluição radioativa é um círculo central do qual saem três asas de forma triangular. Normalmente têm um fundo amarelo com forma triangular, como geralmente apresentam as advertências de perigo.
Em alguns casos, dependendo da gravidade do risco de contaminação, este símbolo pode ser verde (baixo risco), amarelo (médio risco), laranja (médio risco alto) ou vermelho (alto risco).
Exemplos de acidentes nucleares
- O acidente de Chernobyl. Em 1986, na usina nuclear perto da cidade de Pripyat na atual Ucrânia, houve um superaquecimento em um dos núcleos do seu reator. Isso levou a uma série de erros que terminou com a fuga para a atmosfera de uma enorme quantidade de dióxido de urânio, carboneto de boro, óxido de európio, érbio e ligas de zircônio e grafite. O efeito radioativo desta fuga foi equivalente ao lançamento de 500 bombas atômicas. A radiação se espalhou por centenas de quilômetros e mais de 100 mil pessoas tiveram que ser evacuadas.
- O acidente de Fukushima. Este acidente nuclear ocorreu no Japão durante o terremoto e o tsunami em 2011. O acidente produziu uma série de explosões que liberaram grandes quantidades de materiais radioativos como o iodo e o césio para a atmosfera. Mais de 150 mil pessoas tiveram que ser evacuadas e restrições foram impostas à pesca e à produção agrícola para evitar o consumo de alimentos contaminados.
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Referências
- Contaminación ambiental (s.f) Contaminación radiactiva. https://contaminacionambiental.net/
- Cuadernos de cultura científica (s.f) ¿Qué es la radioactividad y por qué entraña riesgos? https://culturacientifica.com/
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