Vamos explicar tudo sobre a civilização asteca, a sua origem e as características principais. Além disso, a sua organização social e as suas contribuições.
O que foi a civilização asteca?
A civilização asteca foi uma das mais importantes culturas mesoamericanas. Habitou o Vale do México entre 1345 e 1521 d.C., e tornou-se a cultura dominante na região até a chegada dos conquistadores espanhóis.
Conquistando os povos vizinhos e impondo tributações, os astecas criaram um império teocrático a partir da cidade de Tenochtitlán. Eram conhecidos pela ferocidade dos seus guerreiros e pela riqueza das suas cidades. Também desenvolveram seu próprio sistema de escrita no qual eles registraram suas histórias, a genealogia dos seus reis e as suas crenças religiosas.
A civilização asteca é uma das mais bem documentadas culturas pré-colombianas. No momento da chegada dos espanhóis, o império asteca estava no seu auge. Embora muitas cidades, artefatos e códices tenham sido destruídos durante a conquista, achados arqueológicos ainda estão sendo desenterrados, permitindo que os estudiosos aprendam mais sobre o passado asteca.
- Veja também: Período Pós-Clássico
As características da civilização asteca
- Habitaram o Vale do México por 200 anos: de 1325 d.C. até a conquista espanhola em 1521 d.C.
- A partir da aliança das cidades de Tenochtitlán, Texcoco y Tlacopan, criaram um império teocrático e centralizado, governado por um tlatoani.
- Sua sociedade era estratificada, dividida em três grupos: pipiltin (nobres), macehualtin (pessoas comuns) e escravos.
- Desenvolveram uma economia baseada em impostos, tecnologia agrícola e comércio.
- Tinham uma religião politeísta que influenciou todos os aspectos da vida social e política.
- Aprofundaram seus conhecimentos em astronomia e criaram seu próprio sistema de escrita.
A origem e a história da civilização asteca
A origem do povo asteca é algo incerta, mas vestígios de sua tradição sugerem que eles eram caçadores e coletores no planalto norte do México antes de chegarem à região do Vale Central da Mesoamérica por volta do século XII d.C.
A palavra “asteca” vem da língua nahuatl e significa “as pessoas que vieram de Aztlán”. De acordo com suas lendas, o povo asteca deixou Aztlán (um lugar mítico) e migrou por décadas até encontrar o lugar ideal para se estabelecer e construir a sua capital.
Na realidade, o termo “asteca” refere-se a um grupo de povos de diversas origens que habitaram o Vale do México entre os séculos XIV e XVI d.C.: Méxica, Acolhua, Chalca, Xochimilco, Tepanec, entre outros. Os Mexicas eram aqueles comumente conhecidos como “astecas”.
As evidências arqueológicas indicam que por volta de 1325 d.C., os Mexicas se estabeleceram em uma ilha no Lago Texcoco e fundaram a cidade de Tenochtitlán. No século XV, formaram uma aliança com os povos vizinhos de Texcoco e Tlacopán, dominaram o resto dos povos da região, e assim formaram um império.
A organização social dos astecas
Os astecas tinham uma sociedade estratificada em três grupos:
- Pipiltin. A nobreza constituía o grupo privilegiado que controlava o governo e a religião. Os nobres não pagavam impostos e possuíam terras que eram trabalhadas por camponeses macehualtin. Eles podiam usar roupas e joias que eram proibidas ao resto da população: penas, tecidos de algodão, joias de ouro e pedras preciosas.
- Macehaultin. Artesãos, comerciantes e camponeses formavam este grupo. Além de pagar impostos em espécie ao Estado, eles tinham que trabalhar nas terras dos pipiltin e na construção de obras públicas (estradas, pontes, palácios e templos). Alguns artesãos que se destacavam no seu trabalho conseguiam ter acesso à nobreza.
- Escravos. Os prisioneiros das guerras travadas pelos astecas para conquistar territórios formavam um terceiro grupo. Eles também podiam ser pessoas que tinham cometido um crime e eram punidos com a escravidão. Tinham que trabalhar para seus senhores e podiam ser vítimas de sacrifícios humanos em rituais religiosos.
Além disso, toda a sociedade asteca foi dividida em vinte clãs chamados calpullis (palavra náhuatl que significa “casa grande”). Cada calpulli era formado por famílias de descendência comum, e tinha um templo, terras de cultivo e um chefe ou calpullec. A cidade de Tenochtitlán foi dividida em quatro setores, cada um com vários calpullis.
A organização política dos astecas
O império asteca era uma teocracia governada por um monarca, chamado tlatoani. Os astecas acreditavam que o poder do monarca era sagrado e provinha dos deuses. Na prática, o tlatoani era eleito por um conselho composto por representantes de cada um dos vinte calpullis (grupos de parentesco nos quais a sociedade asteca estava dividida).
O tlatoani eleito governava por toda a vida e tornava-se o chefe supremo do Estado, do exército e da religião. Além disso, era aconselhado por funcionários do governo como o cihuacóatl, que o substituía caso precisasse se ausentar e o ajudava a deliberar sobre decisões importantes.
Ao longo de sua história, os astecas tiveram 11 tlatoanis:
- Acamapichtli, “Puñado de caniços” (1375-1395 d.C.)
- Huitzilíhuitl, “Pluma de beija-flor” (1396-1417 d.C.)
- Chimalpopoca, “Escudo fumegante” (1417-1426 d.C.)
- Itzcóatl, “Serpente de obsidiana” (1427-1440 d.C.)
- Moctezuma Ilhuicamina, “O solitário que lança uma flecha ao céu” (1440-1469 d.C.)
- Axayacatl, “Máscara da água” (1440-1469 d.C.)
- Tizoc, “Aquele que faz sacrifícios” (1481-1486 d.C.)
- Ahuízotl, “Espinhoso d’água” (1486-1502 d.C.)
- Moctezuma Xocoyotzin, “Homem bravo, o jovem” (1502-1520 d.C.)
- Cuitláhuac, “Excremento seco” (1520 d. C.)
- Cuauhtémoc, “Sol se pondo” (1520-1521 d.C.)
A organização econômica dos astecas
A riqueza da economia asteca ocorreu graças a vários fatores:
- O controle sobre os povos vizinhos lhes forneceu mão de obra constante para todos os tipos de trabalho, tais como a construção de templos, palácios, caminhos, obras de irrigação, o transporte de bens comerciais ou a agricultura. Além disso, os povos subjugados tinham que pagar os impostos em espécie, de modo que os pipiltin (nobres) tinham uma abundância de matérias-primas e produtos à sua disposição.
- O desenvolvimento de técnicas agrícolas permitiu o cultivo de todos os tipos de terra. Como a cidade de Tenochtitlán havia sido fundada em uma ilha no meio do Lago Texcoco, os astecas criaram uma técnica que lhes permitiu cultivar sobre a água: as chinampas. Construíram jangadas de terra, ramos e plantas aquáticas; ancoradas com troncos, eram tapadas de terra e depois cultivavam sobre elas. Além disso, nas encostas das áreas montanhosas, construíram terraços para cultivo utilizando fertilizantes animais e vegetais.
- A variedade produtiva tornou sua economia muito dinâmica. Os astecas cultivavam milho, feijão, tomate, pimenta, abóbora e cacau. Também produziam tabaco, algodão e colhiam uma variedade de frutas como abóbora-chila, figos e abacaxis. Da planta do agave, usavam seus espinhos para fazer agulhas, suas fibras para fazer cordas, suas raízes como alimento e seu suco para produzir pulque, uma bebida alcoólica.
- A extensa rede comercial permitiu o intercâmbio de alimentos e artesanato, tanto em mercados locais quanto em regiões remotas. Os comerciantes, por sua vez, traziam informações sobre outros povos, sobre a sua organização militar ou riqueza.
A religião asteca
A religião asteca incluía elementos que provinham de diferentes culturas mesoamericanas. Os astecas acreditavam no mito dos “cinco sóis”, segundo o qual no passado havia quatro mundos (que eles chamavam de “sóis”) com diferentes tipos de habitantes. Cada mundo havia sucumbido pelos seus próprios defeitos. Na última criação, chamada “Quinto Sol”, os deuses fizeram a Terra e criaram o homem, as plantas e os animais. Para os astecas, este mundo também cairia e teria o mesmo destino que os anteriores.
Entre os principais deuses do panteão asteca estavam:
- Ometecuhtli e Omecíhuatl. O casal de deuses criadores.
- Tezcatlipoca. “Senhor do espelho fumegante”, deus principal do culto relacionado ao imprevisível, aos mistérios do mundo, ao poder e à escuridão.
- Tlaloc. “Senhor da água”, deus central do culto da fertilidade, da abundância e da sobrevivência.
- Quetzalcoatl. “Serpente de penas”, deus do vento e do conhecimento, também associado ao culto da fertilidade e da abundância.
- Huitzilopochtli. Deus da guerra. Ele também era o deus protetor da cidade de Tenochtitlán e estava associado com o aparecimento diário do sol.
Segundo as crenças astecas, as forças divinas foram atravessadas pela dualidade do bem e do mal. Embora os deuses tivessem criado os seres humanos e pudessem protegê-los, eles também poderiam ficar furiosos e destruí-los. Portanto, os astecas consideravam essencial para sua sobrevivência adorar os deuses, a fim de evitar sua ira. Neste sentido, a religião asteca teve uma forte influência sobre as leis e costumes.
Para manter o caminho do sol e a vida do universo, os astecas realizavam cerimônias que incluíam sacrifícios humanos. Para eles, as vidas das pessoas eram consideradas sagradas, pois tinham sido dadas pelos deuses. Entretanto, eles também acreditavam que através de rituais com ofertas de sangue e corações humanos, poderiam apaziguar a ira dos deuses e ganhar a sua proteção.
Neste sentido, a guerra tinha um papel sagrado: obter prisioneiros de guerra para servir como sacrifícios aos deuses, a fim de manter o equilíbrio do universo e evitar o fim do mundo.
Os elementos culturais dos astecas
Os astecas desenvolveram seu próprio estilo artístico e arquitetônico que estava ligado às suas crenças e práticas religiosas. Também criaram sistemas de escrita e numeração, o que lhes permitiu registrar suas histórias, mitos e organizar sua sociedade.
Os principais elementos culturais da civilização asteca incluem:
- Arquitetura. Tomaram emprestadas características do estilo arquitetônico da cultura tolteca; construíram pirâmides de pedra, compostas por plataformas escalonadas com uma escadaria central e um templo no topo.
- Arte. Fizeram esculturas de pedras colossais para representar seus deuses e reis, e outras pequenas esculturas adicionando pedras semipreciosas, retratando animais e objetos do cotidiano. Também fizeram joias combinando pedras preciosas (turquesa, ametista e jade) com prata e ouro.
- Astronomia. Desenvolveram conhecimentos astronômicos observando as estrelas, especialmente os movimentos do Sol, da Lua e do planeta Vênus. Registraram os movimentos de cometas e numerosos eclipses. Criaram um calendário para uso ritual com 260 dias e outro para organização civil baseado no movimento do Sol, que tinha 365 dias.
- Escrita. Os astecas criaram um sistema que combinava elementos pictográficos, ideográficos e fonéticos: cada glifo poderia representar um conceito, uma ideia ou um som. Escreveram em códices de papel que eram feitos de casca de árvore ou de peles de animais. Usavam a escrita para diferentes temas, como história, religião, a genealogia dos seus reis, geografia e economia.
- O sistema de numeração. Eles desenvolveram um sistema vigesimal baseado na contagem de unidades de 20, representadas por uma série de símbolos, tais como o ponto, o losango, a bandeira, o sol e um saco de milho.
- Continue com: Cultura mixteca
Referências
- “Aztec civilization” em Ancient.
- “¿Quiénes fueron los aztecas y quiénes los mexicas? em Mexica.
- “Aztec” em Britannica.
- “Aztecs” em History.
- “Calendario azteca o piedra del sol, datos útiles que debes saber” em México desconocido.
- Adams, R., & MacLeod, M. (Eds.). (2000). The Cambridge History of the Native Peoples of the Americas. Cambridge: Cambridge University Press.
- Duverger, Christian (1999): Mesoamérica, arte y antropología. País: CONACULTA-Landucci Editores.
- Witschey, W. R. T., and Brown, C. (2012). Historical Dictionary of Mesoamerica. Lanham, MD: Scarecrow Press.
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