Vamos explicar o que foi a Terceira Revolução Industrial e quais são suas características. Além disso, as inovações desse período e suas consequências.
O que foi a Terceira Revolução Industrial?
Entende-se por Terceira Revolução Industrial a série de inovações tecnológicas que afetaram as formas de produção e distribuição nos países industrializados e, por sua vez, geraram profundas mudanças na economia mundial durante as décadas de 1970 e 1980.
Essas inovações propiciaram um aumento acentuado da produtividade e se concentraram em quatro ramos do desenvolvimento científico: a informática, a biotecnologia, as telecomunicações e a engenharia de energia. Os países que lideraram este processo foram os Estados Unidos, o Japão, a Alemanha e o Reino Unido.
Com a Terceira Revolução Industrial, houve mudanças nas formas de organização produtiva. As empresas multinacionais fundiram as tarefas de administração, produção e comercialização, e começaram a criar grandes corporações. O desenvolvimento tecnológico permitiu um aumento nos níveis de produtividade com base na automação de processos e na incorporação da tecnologia da informação à organização empresarial.
Estas transformações afetaram a relação entre a organização do capital e do trabalho e, consequentemente, o nexo entre a economia e o Estado. Durante a década de 1970, alguns países foram substituindo o modelo político do Estado de Bem-Estar Social pelo Estado Liberal.
Alguns especialistas argumentam que as mudanças conhecidas como Terceira Revolução Industrial estabeleceram as bases para um novo tipo de sociedade mundial, conhecida como “sociedade da informação e do conhecimento”.
Características da Terceira Revolução Industrial
As principais características da Terceira Revolução Industrial foram as seguintes:
- A incorporação da computação como o principal meio de processamento de informações em indústrias e empresas.
- O aumento da produtividade baseado na fusão da informática e das telecomunicações nos processos de produção.
- O surgimento de empresas multinacionais ou corporações que concentraram as funções de administração, produção e comercialização em diferentes setores econômicos.
- O desenvolvimento tecnológico de quatro campos científicos principais: a informática, a biotecnologia, as telecomunicações e a engenharia de energia.
- O uso de novos materiais na produção industrial e a busca de novas fontes de energia para substituir o petróleo e gerar eletricidade.
- A redistribuição geográfica da produção industrial e agropecuária como consequência da melhoria das comunicações e do transporte.
- A consolidação da sociedade de consumo e o surgimento da sociedade da informação.
Transformações da Terceira Revolução Industrial
As principais áreas científicas que caracterizaram a Terceira Revolução Industrial foram a informática, as telecomunicações, a biotecnologia e a engenharia de energia.
A informática
Informática é a ciência das técnicas de processamento, armazenamento e gerenciamento de informações. A partir da década de 1960, voltou-se para a automação desses processos mediante o uso de computadores e dispositivos eletrônicos.
Durante a década de 1970, surgiram diversas invenções, uma após a outra, que constituíram grandes avanços no desenvolvimento da informática: o chip (circuito integrado de função específica) e o microprocessador (circuito integrado de múltiplas funções). Na década seguinte, ocorreu a integração em larga escala destes avanços nas diversas áreas de produção.
Em decorrência disso, o uso de computadores (cada vez menores) se expandiu em vários setores, como o automobilístico, o de aviação, o de eletrodomésticos e outros setores de bens de consumo.
A demanda por produtos de informática cresceu exponencialmente em poucos anos: em 1970, foram inventados os primeiros microprocessadores; em 1975, havia 750 mil microprocessadores na indústria e na produção; em 1985, havia cerca de oitenta milhões de computadores de diferentes tamanhos e, em 1990, este número chegou a um bilhão de dispositivos com microprocessador.
As telecomunicações
Telecomunicação é a transmissão e a recepção de sinais, processos que permitem a comunicação à distância. Durante a década de 1970, dois setores das telecomunicações passaram por grandes progressos: transmissões via satélite e telemática (transmissão de dados por linhas telefônicas).
A órbita dos satélites de comunicação aumentou durante este período, possibilitando a chegada da comunicação a qualquer parte do mundo. Por outro lado, a telemática incorporou avanços na informática e desenvolveu a fusão de telefones, computadores e televisores.
Esta revolução nas comunicações permitiu a rápida interconexão entre mercados estratégicos e a consolidação da especulação financeira à distância. O acesso instantâneo à informação sobre a dinâmica do mercado de ações alterou o tempo das empresas e permitiu uma maior ingerência corporativa internacional.
A biotecnologia
Biotecnologia é o conjunto de técnicas que manipulam substâncias vivas com o objetivo de modificar um produto vegetal ou animal. A maioria dos produtos biotecnológicos é criada em um laboratório e é sintética.
Isso possibilitou a invenção de novos produtos que não existiriam de forma natural. Alguns avanços da biotecnologia neste período foram a clonagem (reprodução de outro organismo igual ao original), o splicing gênico (manipulação de mudanças nas espécies) e a propagação de tecido unicelular (aprimoramento genético das espécies).
A biotecnologia foi particularmente ativa na produção de alimentos e na área farmacêutica. Na indústria alimentícia, implementou-se a produção de sementes geneticamente modificadas e a alteração genética de espécies animais para aumentar a produtividade. Como consequência, muitos dos produtos da indústria alimentícia romperam sua dependência do solo e dos ciclos naturais de produção.
Na indústria da saúde, foram criados centenas de novos produtos para fins médicos, como a insulina, os anticoagulantes, as citocinas e as linfocinas (substâncias imunológicas) ou as endorfinas e encefalinas (narcóticos).
Ademais, a bioengenharia possibilitou a criação de novos materiais artificiais que substituem alguns elementos naturais, como, por exemplo, as fibras ópticas, os silicatos de silício e novas ligas metálicas (zircônio, berílio e nióbio).
A engenharia de energia
Desde o aumento do preço do petróleo na década de 1970, a engenharia tem se empenhado na busca de fontes alternativas de energia para a produção industrial. O carvão e a energia nuclear foram introduzidos para a geração de eletricidade. Contudo, o uso dessas energias teve efeitos negativos, como poluição e radiação.
A engenharia de energia busca novas fontes de energia que sejam renováveis e sustentáveis. Ao mesmo tempo, ela se concentra no processo de desenvolvimento de tecnologia com o objetivo de reduzir as necessidades de energia.
As principais fontes de energia renovável que estão sendo desenvolvidas para gerar eletricidade são:
- Energia solar por meio de painéis solares
- Energia eólica por meio de moinhos de vento
- Energia de biomassa por meio de resíduos orgânicos
- Energia geotérmica por meio de sistemas de condução e convecção de temperatura
Principais tecnologias da Terceira Revolução Industrial
Entre as principais invenções que possibilitaram algumas das transformações produtivas da Terceira Revolução Industrial, encontram-se:
- Os semicondutores. São materiais que permitem alterar seu desempenho como condutores ou isolantes de energia. O material semicondutor mais comum é o silício e é usado para fabricar componentes eletrônicos (LEDs, microprocessadores e transistores).
- O transistor. Um dispositivo eletrônico semicondutor que permite a passagem de informações em resposta a um sinal. Os transistores são usados em quase todos os dispositivos eletrônicos, tais como rádios, televisores e telefones celulares.
- O chip de silício. É um circuito integrado semicondutor que incorpora vários transistores. Os chips de silício são usados em smartphones, automóveis e outros sistemas eletrônicos.
- O satélite artificial. É uma máquina posta em órbita ao redor da Terra que permite a recepção e a transmissão de sinais de e para qualquer ponto do planeta. Há satélites de comunicação (que recebem e transmitem sinais de rádio e televisão), de observação da Terra e do espaço (que permitem fazer análises para fins científicos, civis e militares) e meteorológicos (que monitoram o clima da Terra).
- A fibra óptica. É um material que pode conduzir pulsos fotoelétricos e é usado para transferir dados em alta velocidade e por longas distâncias. Atualmente, ela é usada para cabeamento submarino ou de longa distância, sistemas de comunicação e dispositivos de iluminação.
Consequências da Terceira Revolução Industrial
O desenvolvimento da Terceira Revolução Industrial gerou uma série de consequências que afetaram os modos de vida das diferentes sociedades industrializadas. Os avanços na informática, a biotecnologia, as telecomunicações e a engenharia de energia afetaram as instâncias políticas, econômicas e sociais:
Organização do emprego
Os avanços da informática tiveram um grande impacto na organização do trabalho. O uso de computadores substituiu as tarefas de sistematização e administração de informações. Isto afetou o trabalho de escritório e a burocracia estatal, pois levou ao deslocamento de empregos.
Por outro lado, o desenvolvimento das telecomunicações permitiu o crescimento das empresas de forma multinacional e o surgimento de novas áreas de trabalho especializado ligadas à gestão empresarial.
Redistribuição internacional da produção
Os avanços da biotecnologia nas indústrias de alimentos transformaram a organização agrícola em vários países. O desenvolvimento de programas biotecnológicos implicou altos custos, reforçando a preponderância das grandes empresas sobre os pequenos produtores de produtos primários para a produção de alimentos.
Durante a década de 1980, as empresas multinacionais norte-americanas controlavam 96% das patentes de invenções relacionadas à biotecnologia. As mesmas empresas controlavam uma grande porcentagem da comercialização mundial de alimentos e produtos agroindustriais.
Em decorrência disso, a Terceira Revolução Industrial trouxe uma mudança na regionalização da produção mundial: os países centrais deixaram de depender da produção agrícola dos países tropicais para a produção de alimentos. Os principais prejudicados por essa transformação foram os pequenos produtores rurais da América Latina, da África e da Ásia.
Globalização
A aplicação de avanços científicos nos transportes, nas comunicações e na indústria conduziu à integração da economia mundial. Este processo também é conhecido como globalização.
As inovações nos sistemas de transporte e comunicação permitiram que as empresas multinacionais montassem suas fábricas em países com mão de obra barata (isto é, com baixo reconhecimento dos direitos trabalhistas). Desta forma, muitas empresas reduziram seus custos de produção e aumentaram seus lucros.
Além disso, esses mesmos avanços permitiram a ampliação da comercialização. Com a integração dos mercados e a transnacionalização dos principais meios de comunicação de massa, alguns bens e hábitos de consumo cultural foram padronizados.
- Veja também: Globalização
Antecedentes da Terceira Revolução Industrial
O termo “Terceira Revolução Industrial” corresponde a uma periodização que identifica diferentes processos históricos que revolucionaram as formas de produção de bens e resultaram em grandes mudanças na organização política, econômica e social do mundo.
Primeira Revolução Industrial (1760–1840)
- Caracterizou-se pelo surgimento de fábricas nas cidades, pela invenção do motor a vapor para a mecanização da produção e pela utilização do carvão como fonte de energia.
- Estas mudanças levaram ao surgimento da produção em larga escala e ao desenvolvimento das indústrias têxtil, metalúrgica e alimentícia.
- Estas transformações tiveram início na Inglaterra e se estenderam aos Estados Unidos e a vários países europeus.
- Suas consequências foram sociais (surgimento do proletariado e da burguesia), econômicas (desenvolvimento e expansão do capitalismo) e políticas (crise do Antigo Regime e expansão do liberalismo).
- Veja também: Revolução Industrial
Segunda Revolución Industrial (1870–1914)
- Caracterizou-se pelo aumento da especialização do trabalho nas fábricas. Além disso, a linha de montagem (a divisão racional do trabalho em etapas sucessivas realizadas por diferentes trabalhadores) permitiu a produção em massa.
- A produção de aço se tornou um fator fundamental para o desenvolvimento de outras indústrias. Além disso, foram utilizados novos recursos e fontes de energia, como petróleo e eletricidade.
- As invenções mais importantes desse período foram o automóvel e o avião (com motores de combustão interna), o bonde elétrico e as telecomunicações (telefone, rádio, fonógrafo e cinematógrafo).
- A industrialização se expandiu para a Europa, os Estados Unidos e o Japão. A Alemanha foi o país que apresentou o maior crescimento industrial nesse período.
- Veja também: Segunda Revolução Industrial
Quarta Revolução Industrial
Entende-se por Quarta Revolução Industrial o conjunto de mudanças tecnológicas que vêm afetando a economia mundial desde o início do século XXI. Este conceito não é aceito por toda a comunidade científica uma vez que muitos especialistas defendem que se trata de formas de produção ligadas à Terceira Revolução Industrial e que não constituem uma mudança de paradigma na economia mundial.
A Quarta Revolução Industrial é caracterizada pela integração de diferentes áreas do conhecimento científico (física, informática e biológica). Os principais campos de inovação tecnológica são a robótica, a nanotecnologia, a inteligência artificial e a programação. Além disso, o uso generalizado da internet levou à interconexão de dispositivos, sistemas e serviços.
Aqueles que defendem o conceito de uma Quarta Revolução Industrial destacam a introdução de novos sistemas de produção, a integração de cadeias de suprimentos com sistemas de fabricação através de plataformas eletrônicas, o desenvolvimento de software e as plataformas de comunicação.
- Continue com: Quarta Revolução Industrial
Referências
- Cantor, R. V. (1994). La tercera revolución industrial. Universitas Humanística (39).
- Cuello C., F. A. (1987). La información, los servicios y el «complejo electrónico»: una visión panorámica de la tercera revolución industrial. Investigación y Ciencia, año 2, núm. 5 (mayo-agosto 1987), pp. 161-170.
- González Hernández, I. J., Armas Alvarez, B., Coronel Lazcano, M. (y otros). (2021). El desarrollo tecnológico en las revoluciones industriales. Ingenio Y Conciencia Boletín Científico De La Escuela Superior Ciudad Sahagún, 8(16), 41-52.
- I Sellens, J. T. (2002). De la Nueva economía a la economía del conocimiento: hacia la tercera revolución industrial. Revista de economía mundial, 7.
- Peemans, J. P. (1992). Revoluciones industriales, modernización y desarrollo. Historia crítica, (6), 15-33.
- Roel, V. (1998). La tercera revolución industrial y la era del conocimiento. Lima, Universidad Editorial Mayor de San Marcos, Fondo Editorial.
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