Progressismo

Vamos explicar o que é o progressismo, como ele se originou e quais são seus objetivos. Além disso, suas características gerais e as críticas que recebe.

Lula da Silva discursa diante de uma multidão
Luiz Inácio Lula da Silva lidera um dos grupos políticos progressistas mais importantes do Brasil.

O que é progressismo?

O progressismo é uma posição política que se concentra no bem-estar social e nos direitos civis da população por meio do estabelecimento de reformas políticas, sociais e econômicas. Não é um movimento homogêneo, mas inclui diferentes tipos de agrupamentos, muitas vezes de ideologia oposta.

Os principais valores e ideais do progressismo são a justiça social, os direitos humanos, a participação democrática, a sustentabilidade ambiental e o acesso à educação e à cultura. Seu objetivo é construir uma sociedade justa, equitativa e democrática.

O progressismo acredita que a ordem social pode evoluir em longo prazo por meio de reformas que objetivem a mudança estrutural do regime. Os progressistas têm uma visão crítica do sistema atual e buscam transformá-lo substancialmente a fim de resolver problemas estruturais. No entanto, seu trabalho se concentra em modificar o sistema “desde o seu interior” (ou seja, por meio de instituições e órgãos existentes), de modo que não apoiam mudanças revolucionárias, abruptas ou violentas.

Progressivismo latino-americano: Chama-se progressismo latino-americano a corrente política que surgiu nas últimas décadas e chegou ao governo de diversos países da América Latina. Entre tais governos progressistas estão os de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (Brasil), Néstor Kirchner e Cristina Fernández de Kirchner (Argentina), Hugo Chávez e Nicolás Maduro (Venezuela), José Mujica e Tabaré Vázquez (Uruguai) e Evo Morales (Bolívia).

Características do progressismo

A abordagem progressista é adotada por diferentes tipos de organizações e grupos políticos, com posições divergentes sobre várias questões sociais. No entanto, há vários elementos comuns que caracterizam as diferentes abordagens do progressismo:

  • Progresso social. A perspectiva progressista visa estabelecer reformas graduais que melhorarão a sociedade em longo prazo.
  • Papel do Estado. Para o progressismo, o Estado tem um papel fundamental: deve responder aos problemas da sociedade e é responsável por tomar medidas para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.
  • Justiça social. Um dos ideais do progressismo é alcançar a igualdade de oportunidades para diferentes grupos sociais, o que implica trabalhar para uma redistribuição mais equitativa da riqueza nacional e garantir o acesso a bens e serviços básicos para todos os cidadãos.
  • Direitos civis. Para o progressismo, a defesa dos direitos civis, o respeito às diferentes liberdades individuais (expressão, imprensa, religião, entre outras) e a integração das minorias são fundamentais.
  • Participação democrática. O progressismo trabalha dentro das leis dos sistemas estabelecidos e promove a participação dos cidadãos por meio das diferentes instituições democráticas.
  • Pacifismo. A abordagem progressista defende a ideia de que as reformas sociais devem ser feitas por meio de ações pacíficas e condena qualquer tipo de violência.
  • Laicismo. Alguns partidos progressistas defendem que os governos devem estar livres da influência de instituições ou crenças religiosas.
  • Ambientalismo. Muitos grupos progressistas defendem a introdução de reformas legais voltadas para o cuidado com o meio ambiente e a sustentabilidade.

Origem do progressismo

A origem do progressismo está ligada aos movimentos políticos e sociais que surgiram durante o século XIX em resposta às condições de vida geradas pela Revolução Industrial. Um dos primeiros movimentos progressistas foi o movimento trabalhista, que tinha como objetivo obter o reconhecimento dos direitos dos trabalhadores e melhorar a qualidade de vida deles.

Durante o século XX, surgiram diferentes grupos políticos progressistas na Europa e na América. Nos Estados Unidos, os presidentes Theodore Roosevelt, Franklin D. Roosevelt e Woodrow Wilson foram os principais expoentes do progressismo na época. Atribuíram um papel fundamental ao Estado como administrador da economia nacional e responsável pelo bem-estar da cidadania.

Na Europa, diferentes grupos políticos adotaram as reivindicações progressistas. O Estado de bem-estar era um modelo de governo característico dessa abordagem. Um exemplo notável desse modelo foi o do Partido Trabalhista no Reino Unido, que adotou medidas importantes para cuidar da economia do país e garantir o acesso à educação, à saúde e à moradia para toda a população.

A partir das décadas de 1960 e 1970, o progressismo ganhou um novo impulso ligado aos movimentos pelos direitos civis, igualdade, democracia e paz. O cuidado com o meio ambiente também passou a fazer parte da agenda de muitos grupos progressistas.

Defensores do progressismo

Nos séculos XX e XXI, diferentes políticos lideraram importantes movimentos progressistas em seus países. Apesar de serem muito diferentes entre si, seja em termos de filiação política ou de ideias sobre como alcançar melhorias sociais, tinham em comum o afã de buscar o progresso em sua sociedade e, como líderes, deram ao Estado um papel fundamental.

Entre os vários líderes progressistas ao longo da história, destacam-se os seguintes:

  • Franklin D. Roosevelt (Estados Unidos). Realizou uma série de reformas conhecidas como New Deal durante a crise da Grande Depressão na década de 1930. Implementou medidas de auxílio-desemprego, regulou a economia por meio do sistema financeiro e da construção estatal e promoveu a seguridade social.
  • Clement Attlee (Reino Unido). Como primeiro-ministro durante a década de 1940, estabeleceu medidas que visavam à nacionalização das principais indústrias e ao acesso público à saúde. Também realizou reformas sociais para combater a pobreza e a desigualdade.
  • Lázaro Cárdenas (México). Na década de 1930, este presidente liderou um programa de reforma agrária em favor dos trabalhadores camponeses e nacionalizou a indústria petrolífera. Além disso, procurou intervir na economia com o objetivo de beneficiar as classes sociais mais desfavorecidas.
  • Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil). Como presidente na década de 2000, implementou políticas estatais com o objetivo de reduzir a pobreza em seu país e melhorar o acesso de todos os cidadãos a serviços básicos, como saúde e educação. Também implementou programas de assistência e inclusão social para os grupos sociais mais carentes.

Progressismo latino-americano

Na América Latina, o progressismo tem certas características particulares que o diferencia de outros movimentos progressistas em todo o mundo. As questões de justiça social, igualdade de oportunidades e redistribuição equitativa da riqueza são de fundamental importância nas sociedades latino-americanas devido aos altos níveis de pobreza e desemprego.

Além disso, nesta região, o cenário político nos diferentes países está dividido entre movimentos neoliberais e movimentos progressistas. Os progressistas latino-americanos se opõem ao neoliberalismo por diferentes motivos:

  • Acusam os governos neoliberais de implementar políticas que exacerbam a desigualdade econômica e social.
  • Defendem que as políticas de abertura econômica neoliberal tornam os países latino-americanos mais dependentes do mercado global e tornam as indústrias nacionais mais vulneráveis.
  • Denunciam as políticas de exploração de recursos naturais implementadas pelos governos neoliberais, que têm consequências negativas para o meio ambiente e não beneficiam a população nacional.
  • Acusam o neoliberalismo de defender os interesses dos setores mais privilegiados da sociedade e de não garantir as necessidades básicas da população vulnerável.
  • São contra a redução das funções, instituições e responsabilidades do Estado, uma característica dos governos neoliberais.

Críticas ao progressismo

Os oponentes do progressismo em diferentes partes do mundo o criticam por diferentes motivos. Entre eles estão:

  • Acumulação de poder. Os oponentes do progressismo argumentam que alguns governantes progressistas se aproveitam das instituições estatais para consolidar sua posição e enriquecer ilegalmente.
  • Populismo. Alguns críticos argumentam que os líderes progressistas usam o discurso populista para ganhar o apoio do público, mas não melhoram de fato a qualidade de vida das pessoas. Também denunciam o clientelismo e a demagogia.
  • Intervenção estatal. Os oponentes do progressismo, especialmente aqueles que defendem o neoliberalismo, argumentam que o Estado só deve intervir nos assuntos dos cidadãos quando for estritamente necessário. Para eles, os governos progressistas criam muitas instituições estatais e têm gastos públicos mais altos do que a economia nacional permite.
  • Autoritarismo. Alguns governos progressistas são acusados de serem autoritários, de perseguirem a oposição política e de usarem as instituições do Estado para limitar as ações dos grupos de oposição.

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Referências

  • Gaudichaud, F., Webber, J. R., Modonesi, M. (2019). Los gobiernos progresistas latinoamericanos del siglo XXI. Ensayos de interpretación histórica. Universidad Nacional Autónoma de México.
  • Milkis, S. M. (2024). Progressivism. Encyclopedia Britannica. https://www.britannica.com/
  • Nugent, W. (2009). Introduction. Progressivism. A Very Short Introduction. Oxford University Press.

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Kiss, Teresa. Progressismo. Enciclopédia Humanidades, 2024. Disponível em: https://humanidades.com/br/progressismo/. Acesso em: 27 de setembro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Teresa Kiss

Professora de História do ensino médio e superior.

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur)

Data da última edição: 22 de setembro de 2024
Data de publicação: 30 de agosto de 2024

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