Estruturalismo

Vamos explicar o que é o estruturalismo, quais são as suas principais características e dar exemplos. Além disso, quais são as suas bases e o pós-estruturalismo.

Saussure - estructuralismo
O estruturalismo nasce com as ideias de Ferdinand de Saussure.

O que é o estruturalismo?

O estruturalismo é uma forma de sistematização da ciência e também um método de análise cultural que propõe a ideia de estrutura como parte de um todo. Defende que os diferentes elementos que compõem a cultura podem ser entendidos como estruturas ou partes de um sistema geral. Os elementos que compõem este sistema, relacionam-se entre si por meio da produção de significados diferentes.

Como método e forma de estabelecer-se como teoria, o estruturalismo não é uma corrente em si mesma, mas uma forma compartilhada de fazer ciência. É utilizado na filosofia, linguística, antropologia, economia e psicologia, entre outras disciplinas. A análise estruturalista assume que os vários objetos de pesquisa podem conter estruturas ocultas ou subjacentes inter-relacionadas e têm significado pois fazem parte do mesmo sistema.

História do estruturalismo

Saussure e as origens do estruturalismo

O estruturalismo surgiu com o trabalho do linguista suíço Ferdinand de Saussure, autor da obra Curso de Lingüística Geral. Este trabalho foi publicado em 1916 pelos alunos de Saussure em forma de compilação das contribuições do linguista durante os seus anos como professor.

A linguística considera a linguagem como um sistema de signos e significados que se relacionam de forma arbitrária e não natural. No entanto, este sistema pode ser compreendido por um grupo de pessoas que compartilham certas convenções ou normas.

Para Saussure, os elementos da linguagem são compreensíveis apenas entre si e dentro do sistema que os contém. Desta forma, a linguagem vai além da comunicação, pois exerce influência no indivíduo e no seu papel na sociedade.

Como sistema filosófico, a linguística saussuriana procura analisar as relações sistemáticas e constantes que existem no comportamento humano. Estas relações dão origem às estruturas de um sistema de significado.

Apogeu e desenvolvimento do estruturalismo

O estruturalismo adquiriu importância após as contribuições de múltiplas disciplinas e pensadores. A antropologia de Claude Lévi-Strauss, a psicanálise de Jacques Lacan, a semiótica de Roland Barthes, a epistemologia de Michel Foucault e a filosofia marxista de Louis Althusser são apenas alguns exemplos.

Após a Segunda Guerra Mundial, o pensamento filosófico ocidental foi dominado pelo existencialismo. Filósofos como Jean-Paul Sartre ganharam visibilidade e reconhecimento tanto no âmbito da Filosofia como fora dela. No entanto, graças ao trabalho do linguista Roman Jakobson, o estruturalismo avançou para outras áreas do pensamento.

A influência de Jakobson no trabalho de Lévi-Strauss foi decisiva para dar ao movimento estruturalista francês suas próprias características. Filósofos como Roland Barthes e Jacques Derrida (ainda que Derrida não se reconhecia como estruturalista) trouxeram o método estruturalista à literatura e à análise literária.

É preciso deixar claro que nem todos os chamados estruturalistas se reconhecem como tal. Além de Derrida, Althusser e Foucault também rejeitam a classificação do seu pensamento como estruturalista. Até hoje, acredita-se que o único que realizou uma abordagem totalmente estruturalista é o antropólogo Lévi-Strauss.

Características do estruturalismo

O movimento estruturalista é caracterizado por:

  • Existe uma estrutura além do indivíduo.
  • Esta estrutura condiciona e forma o indivíduo.
  • Deve haver um reconhecimento da própria estrutura.
  • Uma vez reconhecida, a estrutura obedece às suas próprias normas e leis.

Alguns exemplos de estruturalismo

Alguns exemplos de análise estruturalista são:

  • A linguagem. Analisada por Ferdinand de Saussure do ponto de vista da linguística.
  • A sociedade. Analisada por Claude Lévi-Strauss a partir da Antropologia.
  • A economia. Analisada por Louis Althusser da Filosofia Marxista.
  • O conhecimento. Analisado por Michel Foucault a partir da Epistemologia e a sua relação com o poder.
  • O inconsciente. Analisado por Jacques Lacan a partir da Psicanálise.

As bases do estruturalismo

O estruturalismo revelou-se uma espécie de consciência desperta que tornou possível compreender e analisar os conhecimentos adotados inconscientemente, sob os costumes e códigos que ocorrem em uma determinada cultura e nos quais intervêm múltiplas disciplinas de estudo.

A corrente estruturalista pode ser analisada a partir de três bases principais:

  • Estruturalismo  linguístico. Baseia-se nas teorias de Saussure, que é considerado o fundador da linguística. A Linguística é a disciplina cujo objeto de estudo é a língua, um sistema de sinais que se encontra na mente de vários indivíduos e, por isso, é considerada social e homogênea. Por outro lado, está a fala, que é uma ação individual e heterogênea que interage com a língua.
    Saussure defendia que as palavras são símbolos que davam significado em referência a outras palavras, mas não à natureza da realidade. A fonética de uma palavra ou sua imagem acústica chamou de significante e está relacionada de forma arbitrária ao conceito que representa, o que denominou significado. As pessoas conseguem se entender ao falar porque a relação entre significante e significado é baseada em convenções sociais ou estruturas, ou seja, porque compartilham os mesmos códigos.
  • Estruturalismo antropológico. Baseia-se nas teorias de Lévi-Strauss, que foi o pioneiro em abordar a antropologia partindo de uma visão estruturalista para analisar o ser humano e a sua vida em sociedade. Isto significa que conseguiu apartar a antropologia do conceito de história para chegar a uma análise mais complexa.
    O estruturalismo aplicado à antropologia permitia detectar a estrutura subjacente, ou que permanecia oculta, e as diversas relações entre os elementos subjacentes dessa estrutura, como os sistemas de ideias, de parentesco ou os mitos, aos quais os indivíduos terminavam subordinados.
  • Estruturalismo marxista. Baseia-se nas teorias de Louis Althusser, Nicos Poulantzas e Maurice Godelier, os principais nomes do marxismo estrutural. Tentaram estabelecer que Saussure não foi o fundador do estruturalismo, e sim, Karl Marx.
    Marx determinou que a estrutura não deve ser confundida com relações visíveis. Foi a sua explicação da lógica oculta o que estabeleceu as bases do estruturalismo. Isto se tornou um ponto comum entre os diversos pensadores do estruturalismo, sejam eles linguistas, antropólogos ou marxistas: todos eles consideraram a existência de uma estrutura oculta ou subjacente no objeto de estudo de cada disciplina.

Representantes do estruturalismo

Saussure

Ferdinand de Saussure (1857-1913) é considerado o pai do estruturalismo. Seus estudos em linguística e semiótica tiveram um impacto não só nas suas áreas de interesse, mas também em outras disciplinas. A sua obra Um Curso de Linguística Geral deu início ao movimento estruturalista ao ser retomada por vários pensadores franceses e alemães na metade do século XX.

Lévi-Strauss

Claude Lévi-Strauss (1908-2009) é uma das grandes figuras da antropologia do século XX. Foi o fundador da Antropologia Estrutural, que baseou o seu método na linguística saussuriana. Na sua obra Antropologia Estrutural, publicada em 1958, expõe a sua teoria.

Lacan

Jacques Marie Émile Lacan (1901-1981) é uma das figuras mais importantes da psicanálise. Seu retorno às obras de Freud revitalizou e ressignificou todo o trabalho realizado e a forma contemporânea de fazer psicanálise. Apesar de ser considerado pós-estruturalista, uma parte importante do seu trabalho pertence ao estruturalismo, especialmente o seu trabalho inicial.

Athusser

Louis Althusser (1918-1990) está frequentemente associado ao marxismo filosófico e à teoria social. No entanto, o seu trabalho integrou muitos dos postulados do Estruturalismo: Althusser fez uma revisão deste movimento e inseriu o estruturalismo na análise marxista de uma forma crítica e revisionista.

Pós-estruturalismo

O pós-estruturalismo surgiu a partir dos anos 60 como uma crítica ao pensamento estruturalista. Os temas mais comuns entre os vários autores pós-estruturalistas são a rejeição da autossuficiência do estruturalismo e o questionamento das oposições binárias que constituem as estruturas.

O ponto de partida foi o discurso do filósofo francês Jacques Derrida na Universidade Johns Hopkins em 1966. Derrida questionou os esquemas epistemológicos baseados em dualismos tais como homem versus mulher ou espírito versus matéria, que limitavam a apreensão de outros pontos de vista ou que apenas consideravam um conceito central e outro periférico.

Também questionou a estabilidade e a existência de estruturas de pensamento, com o objetivo de alcançar novas abordagens que anteriormente foram marginalizadas pela própria metodologia.

O Pós-estruturalismo rompeu com o conceito dualista do estruturalismo que concebia, por exemplo, a natureza e a sociedade como opostos ou binários. A principal conquista do pós-estruturalismo foi ter redescoberto e ampliado as possibilidades analíticas e radicais características da teoria da linguagem de Saussure (considerado o fenômeno significativo mais representativo).

Os principais autores considerados pós-estruturalistas são Jacques Derrida, Roland Barthes, Michel Foucault, Gilles Deleuze, Jean Baudrillard, Julia Kristeva e Judith Butler.

Referências

  • Wahl, F., & Pirk, A. (1975). ¿Qué es el estructuralismo? Filosofía. Losada.
  • T. Todorov. ¿Qué es el estructuralismo? Poética. Losada.
  • Piaget, J. (1971). El estructuralismo. Editorial Proteo.
  • Lévi-Strauss, C. (1958). Anthropologie structurale. Librairie Plon.
  • “Structuralism” em Science Direct.
  • “Structuralism” em Poetry foundation.
  • “Posestructuralismo como punto de intersección entre medio ambiente y sociedad” em Scielo.

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Espínola, Juan Pablo. Estruturalismo. Enciclopédia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/estruturalismo/. Acesso em: 5 de novembro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Juan Pablo Espínola

Licenciatura em Filosofia (Universidad de Buenos Aires)

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur)

Data da última edição: 30 de maio de 2024
Data de publicação: 29 de junho de 2023

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