Vamos explicar quais são os tipos de ética e para que servem. Além disso, as classificações históricas e as classificações por tendências.
Quais são os tipos de ética?
De acordo com sua área de estudo, podemos classificar a ética em metaética, normativa, descritiva e aplicada. Segundo a maneira pela qual responde da teoria à ação moral (isto é, à prática da ação humana), podemos classificar a ética em aristotélica, utilitarista, kantiana e outras éticas.
A ética é um ramo da filosofia que estuda o comportamento humano e as ações morais, e apresenta diferentes formas de classificação.
Outra forma de classificar a ética é de acordo com o período em que cada teoria é desenvolvida, bem como a corrente que a propõe. Nesse sentido, é possível dividir a ética segundo sua concepção na Grécia Antiga, na Idade Média (segundo o cristianismo) e na Modernidade (com o surgimento da ética de Kant).
Muitas vezes, uma ética pode aparecer em diferentes classificações. Por exemplo, a ética kantiana de acordo com a ação moral é uma ética que busca o cumprimento do dever, mas também é uma ética da modernidade.
- Veja também: Ética e moral
Tipos de ética de acordo com sua área de estudo
Uma maneira de classificar a ética é de acordo com sua área de estudo: a metaética trabalha com a linguagem que expressa as ideias éticas; a ética normativa, com as regras que regulam o comportamento; a ética descritiva, com o comportamento de fato; e a ética aplicada, com a aplicação da ética em campos específicos.
Tipos de ética | Abordagem | Propósito | Exemplos de ética |
---|---|---|---|
Metaética | Analisa a natureza e o significado dos conceitos éticos. | Compreender a lógica e a natureza da moral. | Realismo moral, antirrealismo moral, subjetivismo moral. |
Ética normativa | Estabelece princípios e regras morais que orientam a conduta ética. | Oferecer ajuda na tomada de decisões éticas. | Deontologia, consequencialismo, ética das virtudes. |
Ética descritiva | Estudo de forma prática as crenças, as práticas e os comportamentos morais das pessoas. | Descrever as características práticas da moralidade. | Ética kantiana, utilitarismo, ética do cuidado. |
Ética aplicada | Aplica princípios éticos e teorias éticas a situações e problemas éticos reais. | Resolver dilemas éticos e aplicar a ética a casos específicos da vida cotidiana. | Ética médica, ética empresarial, ética ambiental. |
Metaética
A metaética estuda e analisa a linguagem que os filósofos usam ao falar sobre a moral. Por exemplo, um dos problemas da metaética é se a ideia do bem se refere a boas ações ou se fala de uma abstração.
A metaética também é considerada uma linguagem teórica que trabalha com problemas éticos em relação à linguagem e ao conhecimento. Trabalha também com as possibilidades da linguagem ética em relação à ciência: sua suficiência e formalidade e quão rigorosa a linguagem pode ser na descrição do comportamento, entre outras características.
Ética normativa
A ética normativa se foca na formulação de princípios e normas morais que orientam o comportamento humano. Questiona-se sobre o que é certo e o que é errado e procura estabelecer critérios para a tomada de decisões éticas. Entre os exemplos de teorias éticas normativas estão o utilitarismo, a deontologia e a ética das virtudes.
Ética descritiva
A ética descritiva se foca no estudo de como as pessoas percebem e praticam a ética na vida cotidiana. Não indica o que deve ser moralmente correto, mas se preocupa em estudar e descrever como as pessoas tomam decisões éticas e desenvolvem sistemas de valores.
Ética aplicada
A ética aplicada se foca na prática de princípios éticos e morais em situações concretas e contextos específicos. Seu principal objetivo é fornecer orientação moral em cenas da vida cotidiana e em campos profissionais onde surgem dilemas éticos. Os tipos mais comuns de ética aplicada são:
- Ética profissional. Refere-se aos princípios e regras morais que regem a conduta dos indivíduos em seu ambiente de trabalho.
Implica responsabilidade e honestidade ao tomar decisões éticas, respeitar a confidencialidade e agir com integridade nas interações de trabalho. - Ética médica. Tem como foco os dilemas éticos que surgem no atendimento e na prática médica.
Inclui questões como consentimento informado, fim da vida, eutanásia, experimentos com seres humanos e a alocação de recursos médicos escassos. - Ética empresarial. Examina os dilemas éticos nas empresas e no comércio.
Abrange questões como responsabilidade social corporativa, tomada de decisões éticas nos negócios, gestão de conflitos de interesse e ética na publicidade. - Ética jurídica. Trata de questões éticas relacionadas à prática do Direito.
Inclui dilemas éticos enfrentados por advogados, juízes e outros profissionais do Direito, bem como questões de justiça, direitos humanos e aplicação da lei. - Ética ambiental. Examina os problemas éticos relacionados à conservação ambiental e à sustentabilidade.
Envolve questões como responsabilidade em relação às gerações futuras, exploração de recursos naturais e proteção da biodiversidade. - Ética na tecnologia. Tem como foco os dilemas éticos que surgem no desenvolvimento e no uso da tecnologia.
Abrange questões como inteligência artificial, privacidade on-line, biotecnologia e robótica. - Ética na pesquisa. Examina as questões éticas na pesquisa científica e acadêmica.
Inclui questões como a conduta dos pesquisadores, a integridade da pesquisa e o tratamento dos sujeitos da pesquisa. - Ética na política e no governo. Refere-se aos dilemas éticos relacionados à tomada de decisões políticas, à governança e à conduta ética dos líderes políticos.
Inclui questões como corrupção, justiça social e direitos humanos. - Ética na educação. Aborda os aspectos éticos do ensino e da aprendizagem.
Inclui questões de plágio, honestidade acadêmica e o relacionamento entre educadores e alunos.
Tipos de ética de acordo com a ação moral
Uma maneira de classificar a ética é por meio da ação moral, que é a prática da ação humana. As diferentes éticas pensam na ação moral sob diferentes perspectivas.
Teorias éticas | Objetivo | Conceitos importantes |
---|---|---|
Ética aristotélica | Ética como a busca de uma vida boa | A felicidade como um ideal |
Ética cristã | ||
Personalismo | ||
Ética epicurista | A felicidade como prazer | |
Ética utilitarista | ||
Ética estoica | A ética como cumprimento do dever | Dever, justiça |
Ética kantiana | ||
Ética dialógica | A ética como solução pacífica de conflitos | Reconhecimento mútuo, não violência, justiça |
Ética comunitária | A ética como uma tradição de sua própria comunidade | Virtude, comunidade, tradição |
- Ética aristotélica. A ação moral na ética aristotélica se baseia no conceito de “virtude” e na busca da felicidade por meio de uma vida virtuosa. Aristóteles sustenta que a ação moral implica encontrar um equilíbrio entre dois extremos, conhecidos como vícios, e isso é alcançado por meio da prática de virtudes como coragem, temperança e justiça.
- Ética cristã. A ação moral na ética cristã se baseia nos princípios e ensinamentos da fé cristã, em especial nos mandamentos e ensinamentos de Jesus Cristo.
- Personalismo. A ação moral no personalismo é definida como qualquer ação que respeite e promova a dignidade e o valor intrínsecos de cada indivíduo. Implica tratar as outras pessoas com respeito, justiça e empatia, reconhecendo seus direitos e necessidades individuais.
- Ética epicurista. A ação moral na ética epicurista se baseia na busca da felicidade e na ausência de dor. Epicuro defendia que a felicidade é alcançada por meio do prazer moderado e da evitação da dor e, para isso, ele defendia a amizade, a sabedoria e a moderação nos desejos.
- Ética utilitarista. A ação moral na ética utilitarista se baseia no princípio de buscar a felicidade e o bem-estar para o maior número possível de pessoas. Essa teoria ética, desenvolvida principalmente por filósofos como Jeremy Bentham e John Stuart Mill, sustenta que uma ação é moralmente correta se produzir felicidade na sociedade e minimizar o sofrimento.
- Ética estoica. A ação moral na ética estoica se baseia na ideia de que a virtude é o bem supremo. Os estoicos enfatizavam a importância de controlar as próprias ações e decisões e de aceitar com serenidade o que não pode ser controlado.
- Ética kantiana. Segundo Kant, uma ação é moralmente correta se estiver em conformidade com o imperativo categórico, que propõe: “Age apenas de acordo com uma máxima tal que possa ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal”.
- Ética dialógica. A ação moral na ética dialógica se baseia nos conceitos de reconhecimento recíproco (de uma pessoa para outra), a justiça e a busca da não violência. Essa ética foi desenvolvida por pensadores como Karl-Otto Apel, Jürgen Habermas e John Rawls.
- Ética comunitária. A ação moral na ética comunitária se baseia no contexto da comunidade e das relações sociais. O comunitarismo enfatiza a importância das comunidades e a influência da cultura e da tradição na formação da moral.
Tipos de ética de acordo com a época
Uma maneira de classificar a ética e distinguir seus tipos é de acordo com a época em que cada sistema foi proposto. Esta classificação diferencia uma ética da Grécia Antiga, uma ética da Idade Média e uma ética da Modernidade. Cada uma delas responde a uma cosmovisão específica e suas respectivas preocupações da época.
Ética da Grécia Antiga
Na Grécia Antiga, os filósofos entendiam a ética como uma busca pela felicidade e pela vida boa. O objetivo da ética era descobrir os melhores meios de alcançar uma vida plena mediante o uso correto da razão e das virtudes.
Segundo Aristóteles, a prudência difere da racionalidade técnica porque visa a tomar decisões que garantam a felicidade. A razão, por outro lado, propõe decisões que respondem a critérios neutros e imparciais.
Nem todos os filósofos gregos concordavam sobre o que era a felicidade e, por isso, cada um deles propôs sistemas éticos diferentes:
- A ética hedonista. Pensava na felicidade como prazer, ausência de dor e satisfação dos sentidos. A ética de Epicuro é um exemplo desse pensamento.
- A ética eudaimonista. Pensava na felicidade não apenas como prazer, mas como aquilo que se alcança quando se realiza a atividade própria de cada ser. A ética de Aristóteles é um exemplo desse pensamento.
- A ética do dever. Pensava que a ética deveria ser a busca de um equilíbrio entre conduta e razão, uma vez que a razão afasta as tentações do desejo. A ética estoica é um exemplo desse pensamento.
Ética da Idade Média
Após a expansão do cristianismo, a Idade Média viu o surgimento do que é conhecido como “a ética do amor”. Esta pensava na felicidade como uma atividade na qual o amor era superior ao conhecimento. Para os cristãos, o amor era o caminho que conduzia a Deus, que era a fonte inesgotável de felicidade.
- Ética agostiniana. Santo Agostinho, em seu livro A Cidade de Deus, desenvolve uma ética baseada na fé em Deus e na busca constante de seu amor como fonte de felicidade plena e de uma vida boa.
- Ética tomasiana. São Tomás de Aquino concebia a ética como a atividade pela qual a razão introduzia ordem nos atos da vontade. Esta ordem respondia à lei moral e tinha uma base no pensamento aristotélico, bem como no pensamento agostiniano.
Ética moderna
A Idade Moderna foi caracterizada pelo surgimento de diferentes éticas, bem como pelo renascimento de certos valores antigos.
- Ética utilitarista. Esta ética consistia na busca da felicidade relacionada ao prazer. Os utilitaristas retomaram a ética hedonista: acreditavam que as decisões deveriam ser tomadas com base na opção mais útil de acordo com os objetivos desejados. As decisões éticas tinham de se basear na busca do prazer e do bem.
- Ética kantiana. Esta ética consistia em uma ética do dever, como a ética estoica. Embora sustente que a felicidade é o objetivo das pessoas, trata-se de um fim natural, não de uma decisão do ser humano. Esta busca da felicidade é mediada pelo exercício da razão, que nos obriga a respeitar os demais e a não colocar nossos desejos acima dos deles. Assim, a ética do dever sustenta que este é um fim em si mesmo.
- Continue com: Relativismo
Referências
- ARANGUREN, J.L.L., Ética, en Obras completas, vol. II, Trotta, Madrid, 1994.
- CORTINA, A., Ética mínima. Introducción a la filosofía práctica, Tecnos, Madrid, 1986.
- GRACIA, D., Fundamentos de Bioética, Eudema, Madrid, 1988.
- HABERMAS, J., Conciencia moral y acción comunicativa, Península, Barcelona, 1985.
- HIERRO, J., Problemas del análisis del lenguaje moral, Tecnos, Madrid, 1970.
- HORTAL, A., Ética, vol.l. Los autores y sus circunstancias, Universidad Pontificia de Comillas, Madrid, 1994.
- SAVATER, F., Ética como amor propio, Mondadori, Madrid, 1988.
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