Vamos explicar o que foi a Revolução Cubana, suas causas e consequências. Além disso, quem foram os principais líderes e o papel da União Soviética no processo de revolução.
O que foi a Revolução Cubana?
A Revolução Cubana foi um dos eventos mais importantes da história política contemporânea da América Latina e do Caribe. Consistiu na revolta contra o regime ditatorial de Fulgêncio Batista em 1953, por parte de um movimento guerrilheiro esquerdista cubano chamado Movimento 26 de Julho, liderado por Fidel Castro.
A Revolução Cubana foi bem-sucedida ao derrubar o governo pró-americano de Batista e instaurar um novo a partir de premissas democráticas. Sob a influência da União Soviética, rapidamente apoiou o comunismo.
Constituiu um símbolo latino-americano da luta anti-imperialista e da possibilidade da autodeterminação dos povos. Ocorreu em um contexto internacional complexo e bipolar, como era o da Guerra Fria.
A Revolução Cubana compreende uma série de eventos. Começou a partir da luta armada com as guerrilhas comunistas rebeldes, culminando com a instauração do governo revolucionário. O mesmo aconteceu com a ditadura cubana, governada em quase sua totalidade pelos irmãos Castro, Fidel e Raul.
- Veja também: Cronologia da Guerra Fria
Antes da Revolução
O cenário de Cuba nos anos que antecederam a revolução, era o de uma nação pequena e pobre. Era uma república fraca e aliada dos Estados Unidos. Crescia à sombra de negócios obscuros de licor e de jogos de azar, aos quais se dirigiam os grandes mafiosos norte-americanos.
O país era governado por uma democracia corrupta, cuja gestão do Estado consistia em manter a ordem para que uma elite oligárquica enriquecesse à custa do resto do povo.
O fim deste período ocorreu quando as pressões populares aplaudiram a candidatura de Carlos Prío Socarrás, do partido Autêntico. No entanto, após ganhar as eleições, foi destituído do cargo por Fulgêncio Batista, em 1952.
Batista havia sido herói nacional e presidente da Ilha. Mas desta vez, assumiu o poder através de um golpe de Estado e instaurou uma ditadura militar a partir de novas eleições fraudulentas.
Antecedentes da Revolução Cubana
O governo de Batista não conseguia ocultar escandalosos níveis de corrupção e nem sua origem fraudulenta. Em consequência, surgiu uma oposição bastante radicalizada, da qual a tentativa de tomada do Quartel Moncada em 1953 é um exemplo importante.
O jovem advogado Fidel Castro liderava um grupo de jovens do Partido do Povo Cubano, que se autodenominaram a “Geração do Centenário” (pelo nascimento de José Martí, em 1853). Armaram-se e tentaram tomar o mencionado quartel, fracassando na tentativa.
O fracasso implicou a perda de muitos dos seus membros, que foram presos até 1955. Com isto, foram amnistiados pela ditadura que tentava acalmar o fragor popular e algumas outras tentativas de insurreição.
No ambiente tenso da Guerra Fria, o mundo foi forçado a assumir um lado entre os Estados Unidos (e o capitalismo) e a URSS (e o socialismo). A América Latina sofria o controle do anticomunismo norte-americano e, nesse sentido, Batista contava com o pleno apoio de seus vizinhos do norte.
Fidel Castro e seu irmão Raúl assumiram o lado contrário. Exilaram-se no México pós-revolucionário e organizaram, em 1955, o Movimento 26 de Julho (M-26-7). Era um grupo guiado pelo pensamento de José Martí, anti-imperialista e focado na queda da ditadura cubana.
Causas da Revolução Cubana
As causas da Revolução podem ser resumidas em:
- O descontentamento das pessoas. A corrupção do regime de Batista não tinha nada para comparar na história da ilha, o que se traduzia no enriquecimento de uma elite cada vez menor, associada aos cassinos e à venda de bebidas alcoólicas, bem como aos interesses americanos.
- A queda do Partido do Povo Cubano. Os militantes da “geração do centenário” eram do partido vencedor das eleições de 1952 e expulso do poder pelo golpe militar de Batista. Isto os levou a ações radicais que, depois, levariam à guerrilha.
- A intervenção norte-americana em Cuba. As políticas de intromissão dos Estados Unidos em Cuba datavam muitas décadas atrás, já que o país norte-americano havia intervindo na própria emancipação cubana em relação à Espanha, reservando-se depois importantes partes de poder dentro de seu governo, direta ou indiretamente. Isto gerou um sentimento antiamericano que empurrou certos partidos para o comunismo.
Início da luta armada
A luta armada começou quando Fidel Castro e suas tropas revolucionárias desembarcaram no sul de Cuba com seu navio Granma, em 2 de dezembro de 1956. Foram recebidos por um exército de 80 mil homens que rapidamente causou estragos nas fileiras revolucionárias.
Dispersos, perdidos e perseguidos, tiveram que se esconder na montanha da Sierra Maestra. Ali, pouco mais de 20 sobreviventes dos 82 iniciais se reorganizaram para realizar incursões guerrilheiras nas posições inimigas.
O governo de Batista divulgou a falsa notícia da morte de Fidel, esperando silenciar o episódio e virar a página. No entanto, os “barbudos” (chamados assim por seu aspecto) estabeleceram uma rádio clandestina chamada de “rádio rebelde”. Dali, convocaram o povo à revolta, somando lentamente cidadãos ao seu exército.
A imprensa internacional divulgou o movimento guerrilheiro e logo Fidel e o seu movimento caíram nas graças do povo cubano.
A conquista do poder
No dia 1º de janeiro de 1959 as tropas revolucionárias entraram em Havana, confirmando a derrota de Batista. O ditador havia fugido da Ilha para os Estados Unidos, pois a queda era previsível há meses.
Uma vez tomado o poder, a guerrilha desarticulou rapidamente o exército cubano e se assumiu como a única força militar nacional. Formou um governo transitório com Manuel Urrutia Lleó como presidente e José Miró Cardona como primeiro-ministro.
Este governo continha tendências muito diferentes em seu seio que não tardaram a enfrentar. Os desacordos se expressavam especialmente em torno das medidas extremas empreendidas pelos revolucionários, como os julgamentos e fuzilamentos sumários, a reforma agrária e o empreendimento de um modelo comunista.
Comunismo
Em 1960, a visita do primeiro-ministro soviético Nikita Khrushchev selou a mudança do governo cubano para o comunismo. Neste momento, chegava-se à máxima tensão de suas relações com os Estados Unidos, devido à desapropriação de empresas americanas em solo cubano.
Neste ano, Fidel visitou a ONU e realizou um discurso de quatro horas contra seus inimigos nos Estados Unidos, os quais acusou de conspirar para matá-lo. Em 1961, as relações diplomáticas entre os dois países foram rompidas.
Em abril do mesmo ano, os Estados Unidos financiaram uma missão com o objetivo de que cerca de 1500 exilados cubanos retomassem o poder em Cuba. Tornou-se conhecida como a “Invasão da Baía dos Porcos” e culminou em uma derrota estrondosa.
Isso selou a inimizade entre os dois governos e levou ao embargo americano sobre Cuba, que passou a depender diretamente da ajuda da União Soviética. Segundo as vozes críticas ao regime, Cuba era então uma ditadura comunista.
Principais líderes
A Revolução era liderada principalmente pelos irmãos Castro: Fidel e Raúl, bem como pelo seu aliado comunista argentino, Ernesto “Che” Guevara. Outros membros importantes da luta foram Camilo Cienfuegos e Huber Matos, ambos cubanos. No entanto, não aceitaram posições de poder, uma vez ganhada a Revolução.
Por que a Revolução Cubana é importante?
A Revolução Cubana serviu de inspiração para outros movimentos revolucionários em diferentes continentes. Além disso, uma vez estabelecido no poder e fundado o Estado socialista, colaborou com as causas revolucionárias da África e da América. Em alguns casos, enviou contingentes armados, como em Angola, no Congo e na Bolívia.
O processo revolucionário instaurou a ditadura comunista em Cuba que perdura até os dias de hoje, embora com algumas mudanças, como o desbloqueio parcial da economia (que tinha permanecido fechada ao mundo capitalista, em especial aos Estados Unidos desde meados do século XX). A partir da adesão ou da crítica ao regime cubano, podem se dividir política, social e ideologicamente todos os intelectuais desta época e das épocas posteriores.
Consequências da Revolução Cubana
As consequências da Revolução Cubana foram:
- O fim da ditadura de Batista em 1959 e a proclamação de um novo governo.
- A transição paulatina de Cuba para um governo comunista sob o comando dos guerrilheiros liderado pelos irmãos Castro.
- A declaração de inimizade com os Estados Unidos e a aliança de Cuba com a União Soviética.
- O início do bloqueio americano à Ilha em 1960.
O “Período especial” cubano
Em 1991 ocorreu a queda da URSS como protetora do bloco socialista do mundo, e assim chegou ao fim a Guerra Fria, o que afetava significativamente Cuba, que ainda sofria o embargo americano. Não podia comercializar livremente ao mesmo tempo que sua principal fonte de alimento e de financiamento acabava de ruir.
Isto significou um período agudo de crise em Cuba. A população sofreu com a fome, com a redução de 36% do PIB, com o colapso do transporte por falta de hidrocarbonetos e com a emigração em massa da forma mais desesperada possível: muitos cubanos arriscaram a vida ao tentar escapar da guerrilha, através de balsas para fugir pelo oceano.
- Continue com: Blocos da Guerra Fria
Referências
- Revolución Cubana em Wikipehttps://es.wikipedia.org/dia
- La Revolución Cubana em https://mihistoriauniversal.com/
- Revolución Cubana en Memoria Chilena, http://www.memoriachilena.cl/
- Antecedentes históricos de la Revolución cubana de 1959 em https://www.izquierdadiario.es/
- Cuban Revolution em https://www.britannica.com/
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