Nelson Mandela

Vamos explicar quem foi Nelson Mandela, como foi sua vida e os ideais que ele perseguiu. Além disso, quais são suas características e seu falecimento.

Nelson Mandela
O governo de Mandela se dedicou sistematicamente ao desmantelamento de um Estado racista.

Quem foi Nelson Mandela?

Nelson Mandela, conhecido pelo nome do seu clã original, Madiba, foi um político sul-africano, advogado e ativista antiapartheid que governou a África do Sul de 1994 a 1999 e foi o primeiro presidente negro a assumir o cargo por meio de eleições livres e universais.

Seu governo se dedicou sistematicamente ao desmantelamento de um Estado racista, segregacionista e intolerante, estabelecido pelo chamado apartheid, em vigor desde 1948 de maneira formal, legal e aberta (embora tenha sido implantado extraoficialmente desde o século XIX).

Sob esse sistema, a maioria negra era mantida à margem em termos de direitos sociais e representação política, em favor da minoria branca sul-africana (21% da população) e, sobretudo, dos setores ultraconservadores, descendentes de colonos holandeses e conhecidos como afrikaans.

Mandela é considerado um dos grandes líderes sociais e políticos da humanidade, especialmente pela maneira como administrou o país durante sua presidência, promovendo a reconciliação nacional, superando o ódio racial e os sentimentos de vingança.

Ficou preso durante 27 anos devido ao apartheid, acusado de traição por ter sido um militante ativo na luta pelos direitos raciais e pelo Partido Comunista Sul-Africano.

Biografia de Nelson Mandela

Nelson Mandela
O nome xhosa de Mandela era Rolihlahla.

Nelson Mandela nasceu em Mvezo, na União da África do Sul, em 18 de julho de 1918. Ele pertencia ao grupo étnico xhosa e aos tembu, uma casa real que governou o território (Tembuland ou Tamboekieland) até sua incorporação à Colônia do Cabo após a colônia.

Essa origem muito tradicional fez com que a infância de Mandela transcorresse no âmbito dos ritos, tradições e educação cristã metodista, a igreja onde ele foi batizado com o nome inglês Nelson.

Seu nome xhosa era Rolihlahla, embora ele sempre fosse conhecido como Madiba, o nome específico de seu clã.

De pastor de gado, Mandela enveredou por uma carreira de estudos e formações ocidentais em várias instituições e, a partir de então, já era evidente a sua atenção aos movimentos anti-imperialistas e do Congresso Nacional Africano (ANC), embora mantivesse distância deles.

Mandela soube combinar suas tradições, sua educação ocidental e sua religião cristã.

A militância política de Nelson Mandela

Mandela testemunhou o estabelecimento formal do apartheid como política de Estado na África do Sul a partir de 1948, em eleições exclusivamente brancas nas quais o Partido Nacional Reunificado (Afrikaans) assumiu o poder.

Advogado e membro do CNA, foi líder da Liga da Juventude do Congresso, que mais tarde liderou os esforços para combater a discriminação. Em 1952, era líder do CNA e foi preso em um de seus protestos junto com outros 8 mil ativistas.

A partir de 1955, quando foi libertado, iniciou o movimento para a aprovação da Carta da Liberdade, um documento que pedia a proclamação de um estado multiétnico e democrático. Em vez disso, o apartheid, em 1958, dividiu o país em sete homelands ou bantustões.

A raça negra foi forçada a viver em condições constantemente inferiores: bairros inteiros foram demolidos para expulsar os negros e construir casas para os brancos.

O CNA não ficou de braços cruzados e lançou uma série de protestos e, como nenhuma de suas medidas pacíficas funcionou, começou a se esforçar para treinar militarmente seus companheiros de luta e se engajar (se necessário) em guerrilhas, obtendo apoio internacional de países como a China.

Prisão de Nelson Mandela

Em seu julgamento, Mandela fez um discurso intitulado “Estou pronto para morrer”.

Mandela foi preso em 1962, após um longo histórico de prisões, libertações e proibições de aparições públicas. Também foi julgado por sabotagem e alta traição e condenado à prisão perpétua, apesar dos inúmeros apelos e vigílias internacionais em seu favor.

Foi durante esse julgamento que proferiu seu discurso mais famoso: “Estou pronto para morrer” (três horas de duração), inspirado na famosa frase de Fidel Castro “A história me absolverá”.

Libertação e o fim do apartheid

A pressão internacional após a guerra na fronteira da África do Sul, a falta de apoio dos Estados Unidos e as graves acusações de terrorismo de Estado que pesavam sobre o governo sul-africano levaram inevitavelmente à transição e ao fim do regime racista.

Esse processo começou em 1989 e a libertação de Mandela e a legalização do CNA foram gestos fundamentais no caminho para uma nova África do Sul.

Presidência de Mandela na África do Sul

Mandela-presidente-min
Mandela foi eleito presidente em 1994.

Pela primeira vez em sua história, como resultado de um árduo processo de negociação, a população sul-africana se preparou para as eleições gerais de 1994, sem distinção de raça entre seus eleitores.

Nessas eleições, o candidato do CNA foi Mandela, que lançou uma campanha baseada na reconstrução nacional e na superação das hostilidades que acompanharam as eleições.

Houve grupos radicais como o COSAG, um grupo extremista afrikaner, e o AWB, um grupo de supremacia branca, detonaram dois carros-bomba e mataram 20 pessoas duranteas eleições.

O resultado da eleição foi a vitória do CNA por 62% do total de votos, e Mandela tomou posse como presidente em 1994.

Ideologia política de Nelson Mandela

A ideologia de Mandela era o nacionalismo africano, a principal convicção do CNA, mas ele também professava a democracia social.

Entre suas influências estavam várias correntes de esquerda, como o marxismo e o socialismo científico, de modo que ele sempre se anunciou como inimigo do capitalismo, da propriedade privada da terra e do poder do grande capital internacional. Para muitos, entretanto, Mandela era claramente de filiação comunista.

Reconhecimento de Nelson Mandela

Mandela-sudafrica-min
Mandela foi consagrado como um modelo para a humanidade.

Mandela recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1993, bem como uma série de outros reconhecimentos por seu trabalho para reunificar a África do Sul e evitar que o ódio racial e a vingança comandassem seu governo e destruíssem a possibilidade de convivência.

A cidade de Joanesburgo lhe concedeu suas chaves em 2004 e, em 2013, em comemoração ao Dia da Reconciliação Sul-Africana, foi inaugurada uma estátua de bronze de 9 metros em sua homenagem no Union Buildings.

Além disso, ele recebeu uma série de condecorações nacionais e internacionais, que o consagraram e aos seus ideais como um modelo para a humanidade na busca de um mundo livre de injustiças.

Qualidades de Mandela como líder

A liderança de Mandela é reconhecida pelas seguintes características:

  • Capacidade de persuasão. Mandela era um grande orador que sabia como refletir o sentimento nacional em seus discursos e que compreendia a melhor maneira de se dirigir a uma nação conflituosa e dividida a fim de permitir uma possível reconciliação.
  • Perseverança. Apesar dos 27 anos de prisão, ele nunca parou de divulgar suas ideias e de se preparar para a gigantesca tarefa de acabar com o apartheid.
  • Lealdade. Mandela nunca abandonou seus ideais nem seus companheiros de luta, mesmo quando enfrentou ao lado deles julgamentos injustos e acusações que acabaram levando à sua prisão e condenação.

Valores e virtudes de Nelson Mandela

Nelson-Mandela-sonrisa-min
Mandela foi um exemplo de sensibilidade, tolerância e perdão.

Mandela praticava um cristianismo social que o tornava particularmente sensível ao sofrimento popular e às virtudes da tolerância, da aceitação das diferenças e do perdão (basta dizer que ele não buscou vingança contra aqueles que o aprisionaram por 27 anos), bem como aos valores da igualdade, da fraternidade, da distribuição justa e equitativa da riqueza e do compromisso com a felicidade social.

Falecimento de Nelson Mandela

Mandela faleceu em 5 de dezembro de 2013, aos 95 anos de idade. Foi declarado luto nacional por 10 dias na África do Sul e seus restos mortais foram velados entre 11 e 13 de dezembro e visitados por mais de 90 representantes de alto escalão internacional.

Como citar?

Citar a fonte original da qual extraímos as informações serve para dar crédito aos respectivos autores e evitar cometer plágio. Além disso, permite que os leitores acessem as fontes originais que foram utilizadas em um texto para verificar ou ampliar as informações, caso necessitem.

Para citar de forma adequada, recomendamos o uso das normas ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que é uma entidade privada, sem fins lucrativos, usada pelas principais instituições acadêmicas e de pesquisa no Brasil para padronizar as produções técnicas.

Equipo editorial, Etecé. Nelson Mandela. Enciclopédia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/nelson-mandela/. Acesso em: 5 de novembro de 2024.

Sobre o autor

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur)

Data da última edição: 24 de novembro de 2023
Data de publicação: 24 de novembro de 2023

Esta informação foi útil para você?

Não

    Genial! Obrigado por nos visitar :)