Método dedutivo

Vamos explicar o que é o método dedutivo, como se originou e a sua classificação. Além disso, quais são as suas principais características e dar exemplos.

método deductivo
No método dedutivo, as conclusões estão contidas nas premissas.

Qual é o método dedutivo?

O método dedutivo ou raciocínio dedutivo é um tipo de raciocínio lógico que se caracteriza por inferir uma conclusão de forma necessária a partir de uma série de premissas.

A validade do argumento ocorre pela forma do argumento, bem como seu caráter de verdade: a verdade das premissas implica a verdade da conclusão. É impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa.

Por exemplo:

Premissa 1. Todos os homens são mortais.
Premissa 2. Sócrates é um homem.
Conclusão. Sócrates é mortal.

Como pode ser visto pelo exemplo, se partirmos da afirmação de que “todos os homens são mortais”, e depois tomarmos um caso particular, no qual afirmamos que “Sócrates é um homem”, devemos necessariamente deduzir que “Sócrates é mortal”.

Se o raciocínio for realizado de forma válida e correta, e se as premissas em que se baseia não só forem válidas, mas também verdadeiras, sempre produzirá resultados válidos e corretos. Para garantir isso, raciocínios do tipo dedutivo são regidos por regras de inferência ou regras de transformação.

Devido à sua forma, validade garantida e proximidade intuitiva (ou seja, se deduz naturalmente), o raciocínio dedutivo é uma das formas de raciocínio mais utilizados na matemática e em muitas outras ciências duras.

Origem do método dedutivo

Descartes
O método dedutivo foi utilizado por filósofos da dimensão de Descartes.

O uso do raciocínio dedutivo é atribuído a Aristóteles, quem fez os primeiros registros particulares de uma forma concreta de raciocínio dedutivo: o silogismo.

No século XVII, filósofos como Descartes, Espinoza e Leibniz reformularam muitas das definições que giravam em torno da lógica inferencial e do raciocínio dedutivo. Destaca-se, especialmente, o trabalho de Descartes pois foi quem redefiniu o método para a constituição formal do conhecimento científico.

Desta forma, o raciocínio dedutivo também serviu de fundamento para a composição do método científico, sem o qual a noção contemporânea de ciência não existiria.

Usos do método dedutivo

O método dedutivo pode ser usado de diferentes maneiras:

  • Dedutivo direto e de conclusão imediata. Estes são casos em que a conclusão é obtida a partir de uma única premissa necessária. Esta premissa é um axioma: é utilizada como ponto de partida aceito pela comunidade científica para desenvolver qualquer teoria. Por exemplo, a lei da causalidade considerada como um axioma sustenta que toda ação é a consequência de uma causa que a antecede.
  • Dedutivo indireto e conclusão mediata. São os casos em que a conclusão é obtida a partir de duas ou mais premissas: uma maior, que contém uma proposição universal, e uma menor, que inclui uma proposição particular. Neste caso, a conclusão é inferida a partir da observação de ambas as premissas. O silogismo é um exemplo de raciocínio de uso indireto e conclusão imediata.

Por que o método dedutivo é importante?

método deductivo - computación
Os fundamentos formais do método dedutivo são encontrados na computação.

O raciocínio dedutivo é uma das formas de raciocínio mais utilizadas na vida cotidiana. É também fundamental para a formulação de certos tipos de lógica, tais como a lógica simbólica ou proposicional.

Na lógica proposicional, por exemplo, estão os fundamentos de sistemas formais como o que deu origem à computação. Isto porque a matemática emprega um raciocínio dedutivo, baseando-se em suas regras fixas e imutáveis.

Características da dedução

Entende-se por dedução a obtenção de conclusões válidas, verificáveis e comunicáveis de uma ou mais premissas de um tipo geral. Por exemplo, para deduzir que de uma premissa que estabelece que p então q, nós temos:

p então q (premissa geral)

p (premissa particular)

q (conclusão particular)

Um raciocínio dedutivo é caracterizado pelo seguinte:

  • Parte de uma premissa geral para ir em direção ao particular.
  • Utiliza raciocínios descendentes.
  • As premissas antecipam a conclusão que elas já contêm em si mesmas.
  • A validade do argumento é dada por sua forma: a verdade das premissas garante a verdade da conclusão.

Raciocínio inválido ou sofisma.

Falsedad . método deductivo
Os sofismas são raciocínios que à primeira vista parecem ser verdadeiros, mas não são.

Sofismas ou raciocínios inválidos são entendidos como aqueles raciocínios que aparentemente parecem ser válidos e verdadeiros mas, ao examinar a validade de sua estrutura, observa-se que a verdade da conclusão não é assegurada pela verdade das premissas. São conhecidas também como falácias.

Por exemplo:

Premissa 1. Se está chovendo, está quente.
Premissa 2. Está quente.
Conclusão. Logo, está chovendo.

Neste exemplo, é possível observar como a partir das premissas decorre uma conclusão cuja verdade não é logicamente necessária nem assegurada pelo que a precede: pode acontecer que esteja quente e não esteja chovendo.

Diferenças que existem com o método indutivo

Un científico analiza un documento antiguo.
A indução utiliza observação, registro e o contraste de informações.

O método indutivo é um raciocínio que vai do particular para o geral. Assim, a diferença fundamental entre o método dedutivo e o método indutivo se baseia no percurso lógico que cada um propõe:

  • O método dedutivo parte das premissas gerais a uma conclusão particular. As conclusões estão contidas nas premissas.
  • O método indutivo faz o contrário, ou seja, parte de premissas particulares para tentar extrapolar uma lei geral ou uma conclusão. As conclusões são tiradas de uma formulação de leis a partir de uma generalização.

Além deste movimento lógico, existem outras diferenças de menor formalidade. A indução, por exemplo, utiliza observação, registro e o contraste de informações para construir premissas gerais que servem como base para o que foi enunciado. Neste raciocínio observa-se uma ruptura que nunca pode ocorrer no raciocínio dedutivo: nada pode ser afirmado que não seja resultado de uma consequência lógica do que já foi dito.

Variações do método dedutivo

Há algumas derivações específicas do método dedutivo que são usadas nas ciências formais: o método empírico-analítico, o método hipotético-dedutivo e o raciocínio abdutivo.

  • O método empírico-analítico. É um modelo de pesquisa científica baseado na lógica empírica e na experimentação. Também inclui a observação e replicação controlada de fenômenos naturais, em busca de análise estatística.
  • O raciocínio abdutivo. É aquele que, a partir da descrição de um fato específico sobre o qual se tem conhecimento, chega a qualquer hipótese. Em outras palavras, o raciocínio abdutivo chega a uma provável explicação de um fato diante das premissas que têm ou são conhecidas.
  • O método hipotético-dedutivo. É o modelo de raciocínio que sustenta o método científico. É o caminho da pesquisa que permite um grau de certeza e confiabilidade no conhecimento científico. Para isso, o método hipotético-dedutivo consiste em várias etapas essenciais:
  • Observação da natureza a ser estudada.
  • Criação de uma hipótese que explica seus fenômenos.
  • Dedução de proposições elementares ou consequência da própria hipótese.
  • Verificação experimental da validade das conclusões.

Alguns exemplos do método dedutivo

Podemos pensar em exemplos de raciocínio dedutivo utilizados na vida cotidiana. Por exemplo:

  • A. 1. Os pássaros voam.
    2. O pardal é um pássaro.
    3. O pardal voa.
  • B. 1. Todos os homens são mortais.
    2. Martim é um homem.
    3. Martim é mortal.
  • C. 1. Sempre que chove, há nuvens no céu.
    2. Chove.
    3. Há nuvens no céu.

Referências

Como citar?

As citações ou referências aos nossos artigos podem ser usadas de forma livre para pesquisas. Para citarnos, sugerimos utilizar as normas da ABNT NBR 14724:

ESPÍNOLA, Juan Pablo Segundo. Método dedutivo. Enciclopedia Humanidades, 2023. Disponível em: https://humanidades.com/br/metodo-dedutivo/. Acesso em: 27 abril, 2024.

Sobre o autor

Autor: Juan Pablo Segundo Espínola

Licenciatura em Filosofia (Universidad de Buenos Aires)

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur)

Data da última edição: 8 julho, 2023
Data de publicação: 29 junho, 2023

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